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John Maynard Keynes foi um economista britânico cujos ideais serviram de

influência para a macroeconomia moderna, tanto na teoria quanto na prática.


Ele defendeu uma política econômica de Estado intervencionista, através da
qual os governos usariam medidas fiscais e monetárias para mitigar os efeitos
adversos dos ciclos econômicos - recessão, depressão e booms. Suas idéias
serviram de base para a escola de pensamento conhecida como economia
keynesiana.

Na década de 1930, Keynes iniciou uma revolução no pensamento econômico,


se opondo às ideias da economia neoclássica que defendiam que os mercados
livres ofereceriam automaticamente empregos aos trabalhadores contanto que
eles fossem flexíveis em suas demandas salariais. Após a eclosão da Segunda
Guerra Mundial, as ideias econômicas de Keynes foram adotadas pelas
principais potências econômicas do Ocidente. Durante as décadas de 1950 e
1960, o sucesso da economia keynesiana foi tão retumbante que quase todos
os governos capitalistas adotaram suas recomendações.

A influência de Keynes na política econômica declinou na década de 1970,


parcialmente como resultado de problemas que começaram a afligir as
economias estadunidense e britânica no início da década e também devido às
críticas de Milton Friedman e outros economistas neoliberais pessimistas em
relação à capacidade do Estado de regular o ciclo econômico com políticas
fiscais. Entretanto, o advento da crise econômica global do final da década de
2000 causou um ressurgimento do pensamento keynesiano. A economia
keynesiana forneceu a base teórica para os planos do presidente
estadunidense Barack Obama, do primeiro-ministro britânico Gordon Brown e
de outros líderes mundiais para aliviar os efeitos da recessão.

Em 1999, a revista Time nomeu Keynes como uma das cem pessoas mais
influentes do século XX, dizendo que "sua ideia radical de que os governos
devem gastar o dinheiro que não têm pode ter salvado o capitalismo". Keynes
é amplamente considerado o pai da macroeconomia moderna e, de acordo
com comentaristas como John Sloman, é o economista mais influente do
século XX. Além de ser um economista, Keynes era também um funcionário
público, um patrono das artes, um diretor do Banco da Inglaterra, um
conselheiro de várias instituições de caridade, um escritor, um investidor
privado, um colecionador de arte, e um fazendeiro. De estatura imponente,
Keynes tinha 1,98 metro.
Harry Dexter White, do Tesouro americano, e John Maynard Keynes, na
conferência inaugural dos governadores do Fundo Monetário Internacional, em
1946

O impacto da Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda nos meios


acadêmicos e na formulação de políticas públicas excedeu o que normalmente
seria esperado, até mesmo de pensadores tão destacados como John Maynard
Keynes. A razão para seu extraordinário sucesso, frente a defesa de longo
tempo da "doutrina herdada" e à recepção geralmente negativa nos círculos
não-acadêmicos na época de sua publicação, em 1936, é que a obra tinha
alguma coisa para todos.

Ter-se-ia que volver ao tempo de Adam Smith para encontrar um grau


comparável de persuasão com respeito a política pública; ter-se-ia que volver a
David Ricardo para a espécie de análise rigorosa que inspira o pensador
dedutivo; e a Karl Marx para alguém que atraísse seguidores capazes e
suficientemente zelosos a fim de levar sua mensagem ao mundo.

Parece que a hereditariedade havia destinado a Keynes a fazer uma valiosa


contribuição para o mundo.

Seu pai foi John Neville Keynes, secretário da Universidade de Cambridge,


cuja obra Escopo e Método de Economia Política (1891) é não apenas clássica
em seu campo, mas continua sendo um tratado eminentemente útil sobre o
assunto de metodologia até nossos dias. Sua mãe serviu como prefeita de
Cambridge até 1932. Ambos educaram o filho em Eton e no King’s college,
onde se distinguiu em Matemática, além de estudar os clássicos, Filosofia e
Economia, sendo esta última disciplina ministrada sob as luzes de líderes como
Henry Sidwick e Alfred Marshall.

Em 1906, tendo passado no exame para o serviço civil, seguiu para a Índia
Office, tendo aí permanecido durante dois anos antes de voltar para o King’s
College, onde se especializou no ensino dos Princípios Econômicos de
Marshall. A vida acadêmica, ampliada para incluir tantos os interesses culturais
como pecuniários que proporcionavam uma bela renda adicional, era-lhe
bastante adequada.
Mas ele sempre esteve envolvido em assuntos públicos numa posição ou
outra, particularmente em questões de comércio e finanças. Este aspecto de
sua carreira está em perfeita consonância com sua abordagem
predominantemente pragmática; a economia como ciência pura era-lhe muito
menos interessante do que a economia a serviços de políticas.

Com efeito, a contribuição de Keynes à teoria e pratica de economia política


tem de ser vista em perspectiva, tendo como fundo os anos de guerra e entre-
guerras, a fim de ser plenamente compreendida e apreciada. Estes anos foram
marcados pela interrupção das relações de comércio e do padrão-ouro durante
a Primeira Guerra Mundial, seguindo-se primeiramente a inflação, a
instabilidade da taxa de câmbio e os desequilíbrios do balanço de pagamentos,
e mais tarde pela deflação e desemprego em massa em escala internacional. O
exame teórico desses fenômenos catastróficos e mais importante sob o ponto
de vista de Keynes, as soluções praticas para os problemas criados por estes
mesmos fenômenos estavam na ordem do dia.

Com a irrupção da Segunda Guerra Mundial, Keynes dedicou-se a questões


concernentes às finanças de guerra e ao restabelecimento final do comércio
internacional e de moedas estáveis. Suas idéias sobre estes assuntos foram
oferecidos em um panfleto Como Pagar a Guerra, publicado em 1940, e no
“Plano Keynes” para o estabelecimento de uma autoridade monetária
internacional que ele propôs em 1943. Embora seu plano tenha sido rejeitado,
a proposta que foi adotada em 1944 na conferência de Bretton Woods, da qual
participou como líder na delegação britânica, refletia claramente a influência de
seu pensamento.

Na ocasião de seu falecimento, em princípios de 1946, pouco depois de ter


preparado o acordo de empréstimo americano, ele era o economista líder não
somente da Inglaterra, mas do mundo. Foi um teorista brilhante, mas
considerava a teoria principalmente como um guia para diretrizes de política
econômica. Assim, talvez mais do que qualquer um outro indivíduo, Keynes é o
responsável pelo retorno ao que afinal se conhecia como “economia política”.

Foi casado com a bailarina russa Lídia Lopokova.

Anterior ao pensamento keynesiano, a Microeconomia estuda as relações


individuais entre os vários agentes econômicos. Estabelece que as forças de
oferta e de procura provocariam processos de ajustes para o equilíbrio em
todos os preços e valores, plena utilização dos fatores de produção, e um
preço de equilíbrio para o uso de cada um. Os desvios desses níveis eram
considerados temporários. De modo geral, a análise anterior do preço e do
valor assentava-se em hipóteses baseadas no "laissez-faire" e a aplicação de
tal teoria implicava a perfeita mobilidade dos fatores no seio de uma economia
auto-reguladora. Poder-se-ia exemplificar como casos específicos da
Microeconomia a procura pelo trigo ou o nível salarial de uma determinada
indústria.

Por outra visão, a Macroeconomia cuida dos totais ou agregados. Trata da


renda nacional total, e como a mesma é afetada pelos gastos e poupanças
totais. A Microeconomia está incorporada a esta. Observa o comportamento da
economia total e reconhece que o dano de uma das partes é prejudicial ao
todo. A idéia de fluxo é da mais alta importância pelo fato de que a renda total
nacional da sociedade deve ser mantida em certos níveis para garantir os
níveis considerados desejados pelos intervencionistas de investimentos,
economias e emprego.

É uma espécie de conceito de equilíbrio geral: todo elemento da economia


depende de todos os demais elementos. Contrariando a Microeconomia, não
aceita o laissez-faire, considerando-o, na verdade, uma filosofia inteiramente
indigna de confiança e que pode ser julgada grandemente responsável pelas
violentas perturbações no nível das atividades comerciais e pelo desemprego
subseqüente. Contudo, a Macroeconomia é anterior a Keynes.

J. M. Keynes discordou da lei de Say (que Keynes resumiu como : "a oferta cria
sua própria demanda"). Assim como Thomas Malthus, não acreditava que a
produção de mercadorias gerariam, sempre e obrigatoriamente, demanda
suficiente para outras mercadorias. Poderiam ocorrer crises de superprodução,
como ocorreu na década de 1930. Para ele o livre mercado pode, durante os
períodos recessivos, não gerar demanda bastante para garantir o pleno
emprego dos fatores de produção devido ao "entesouramento" das poupanças.
Nessa ocasião seria aconselhável que o Estado criasse déficits fiscais para
aumentar a demanda efetiva e instituir uma situação de pleno emprego.

A teoria dos ciclos comerciais, seja ela monetária ou não em sua maneira de
apreciar a questão, interessa-se primordialmente pelos problemas das rendas e
empregos flutuantes; esses problemas preocuparam os economistas por
muitos anos. Os estudos primitivos sobre os ciclos comerciais raramente
empregaram muita evidência empírica, mas pelo menos nos Estados Unidos
da América a macroanálise existiu durante meio século. Keynes fez a ênfase
recair inteiramente sobre os níveis de renda, que segundo ele, afetavam os
níveis de emprego, o que constitui, naturalmente, uma ênfase diferente da
encontrada nos estudos anteriores. É provavelmente verídico que toda a
economia keynesiana tenha-se destinado a encontrar as causas e curas para o
desemprego periódico. Keynes não encontrou solução alguma para o problema
em quaisquer trabalhos sobre Economia Política então existentes, sendo os
seus esforços, portanto, grandemente exploratórios. Desviou-se claramente da
maioria das teorias econômicas anteriores, até mesmo da de seu professor,
Alfred Marshall, a qual era considerada pela maior parte dos eruditos quase
sacrossanta. É verdade que muitas de suas idéias combinaram com as dos
economistas anteriores, como Lauderdale, Malthus, Rae, Sismondi, Say,
Quesnay e outros. Keynes combinou suas próprias teorias e os
desenvolvimentos anteriores em uma análise que ocasionou transformações na
Economia aceita em grau que raiou pela revolução.

O objetivo de Keynes, ao defender a intervenção do Estado na economia não


é, de modo algum, destruir o sistema capitalista de produção. Muito pelo
contrário, segundo o autor, o capitalismo é o sistema mais eficiente que a
humanidade já conheceu (incluindo aí o socialismo). O objetivo é o
aperfeiçoamento do sistema, de modo que se una o altruísmo social (através
do Estado) com os instintos do ganho individual (através da livre iniciativa
privada). Segundo o autor, a intervenção estatal na economia é necessária
porque essa união não ocorre por vias naturais, graças a problemas do livre
mercado (desproporcionalidade entre a poupança e o investimento e o "estado
de ânimo" ou o "espírito animal", dos empresários).

Para Keynes, o investimento depende da interação entre a eficiência marginal


do capital e da taxa de juros, deve-se analisar alguns pontos fundamentais de
sua teoria. Keynes não considera, como muitos dos autores neoclássicos, a
taxa de juros como um custo de empréstimo ou de financiamento, nem mesmo
um custo de oportunidade correspondente ao retorno proporcionado pelos
ativos aplicados no mercado financeiro, em relação ao investimento em bens
de capital produtivo e nem a diferença de preço entre bens de capital e bens de
consumo. A taxa de juros, segundo o próprio autor, é “uma medida da
relutância daqueles que possuem dinheiro em desfazer-se do seu controle
líquido sobre ele”. Ou seja, é o prêmio que um agente econômico recebe ao
privar-se de sua liquidez.

Essa preferência pela liquidez de seus ativos por parte dos agentes
econômicos se justifica por causa de incerteza quanto ao futuro dos eventos
econômicos e do resultado futuro dos investimentos passados e presentes. Por
essa razão, os indivíduos preferem manter sua riqueza na forma de dinheiro.

Por isso, segundo Keynes, a taxa de juros representa um limite ao investimento


produtivo, apenas por ser um trade-off do investidor, quando aplica seu capital
em uma ampla carteira de ativos, entre o investimento (capital produtivo) e a
liquidez (capital monetário).

É bastante discutível as razões pelas quais a eficiência marginal do capital


deve ser necessariamente decrescente conforme o volume de investimento. O
que ocorre, segundo Keynes, são expectativas de retornos declinantes com o
nível de investimento para, de um lado, um dado tamanho (ou crescimento) do
mercado, e do outro um crescente risco financeiro associado ao endividamento
e à perda de liquidez.

O declínio da eficiência marginal do capital decorre de sua escassez


decrescente com o volume demandado, como ocorre com qualquer ativo de
capital. Para ativos de capital produtivo, o limite para o investimento é dado
pelo mercado dos bens produzidos com esse capital. O declínio do seu
rendimento marginal se dá devido aos crescentes custos financeiros
decorrentes de amortizações e dívidas contraídas pela empresa investidora, ou
ainda o fluxo de desembolsos para o pagamento desses mesmos bens de
capital, o que reduz a condição de liquidez da empresa. Esses fatores
aumentam os riscos financeiros assumidos pelos investidores, o que faz com
que as suas expectativas de retorno sejam cada vez menores.

Em resumo, Keynes percebe o investimento produtivo como um fenômeno


monetário, ao invés de autores clássicos que desvinculavam poupança de
investimento.A conotação monetária do investimento para Keynes envolve
também em reconhecer que as próprias definições do investimento produtivo e
de preferência pela liquidez encontram-se interligados pela mútua dependência
de expectativas referentes à incerteza frente a acontecimentos futuros.

A peculiaridade das expectativas de longo prazo associadas ao investimento


produtivo está principalmente na maior duração do período de
comprometimento do investidor com ativos produtivos duráveis, isto é, de baixa
liquidez, o que acarreta a dificuldade ou impossibilidade dos erros de correção,
por baixos custos, dos erros de previsão quanto aos futuros da economia e dos
mercados. Torna-se, portanto, essencial para que os agentes econômicos
tomem decisões seguras, buscando minimizar a incerteza.

Porém, como Keynes considera a incerteza uma força endógena ao sistema


capitalista, a solução adotada pelos agentes econômicos que possuem ativos
é, ao invés de eliminar, contornar as incertezas de suas expectativas pelo
recurso da adoção de normas de comportamento convencionais. Essas normas
de comportamento convencionais, segundo Keynes, consistem em “supor que
o presente estado de coisas continuará indefinidamente a menos que haja
razões específicas para esperar mudanças”.

As expectativas de longo prazo não estão sujeitas à revisão repentina, e por


isso não podem ser afetadas pelos resultados futuros, e nem eliminadas. Não
podem haver, portanto, comportamentos cautelosos, na forma de expectativas
adaptativas (e muito menos expectativas racionais), que amenizem as
incertezas e estabilizem os investimentos. Pois, a incerteza é uma
característica intrínseca do sistema capitalista. Ou seja, em suma, a reação
natural dos indivíduos às incertezas quanto aos acontecimentos econômicos
futuros é se guiar por um comportamento convencional, que aplaina o caminho
do investimento por intermédio de um não desprezível componente inercial das
expectativas.

As obras mais famosas de Keynes foram:

• As consequências econômicas da paz (The economic consequences of


peace);
• Tratado sobre a moeda (Treatise on money);
• Teoria geral do emprego, do juro e da moeda (General theory of
employment, interest and money). Tradutor: CRUZ, Mário Ribeiro da.
São Paulo: Editora Atlas, 1992. ISBN 978-85-224-1457-4
• KEYNES, John Maynard. The end of laissez-faire. Amherst, New York:
Prometheus Books, 2004. ISBN 1-59102-268-1 (em inglês)

As suas idéias e as dos seus seguidores foram adotadas por vários governos
ocidentais e também por muitos governos do terceiro mundos. Constituem, até
hoje, a essência da política econômica mantida nos Estados Escandinavos,
cujas populações desfrutam dos melhores padrões de vida do mundo. A sua
influência começou a diminuir a partir dos anos 70 com a ascensão dos
monetaristas, provocada pela crise do dólar norte-americano de 1971, durante
o governo Nixon, quando os Estados Unidos se viram obrigados a interromper
a conversibilidade do dólar em ouro, mas ressurge depois de 1986 com a
publicação do teorema de Greenwald-Stiglitz e o surgimento dos economistas
novo-keynesianos.

Vida pessoal

Os primeiros relacionamentos românticos e sexuais de Keynes foram quase


exclusivamente com homens. Os membros do Grupo de Bloomsbury, do qual
Keynes participava avidamente, eram permissivos em relação à
homossexualidade. Um de seus maiores amantes foi o artista escocês Duncan
Grant, que ele conheceu em 1908. Ele também esteve envolvido com o escritor
Lytton Strachey.

Em 1921 ele se apaixonou com a bailarina russa Lydia Lopokova, uma das
estrelas do Ballets Russes de Serguei Diaguilev. Eles se casaram em 1925, o
que deu origem aos conhecidos versos de autoria desconhecida: "Oh, que
união de beleza e inteligência. Os justos Lopokova e John Maynard Keynes".
De acordo com todas os relatos, a união era feliz, apesar de não ter gerado
filhos – Lydia engravidou em 1927, mas sofreu um aborto espontâneo. Keynes
passou muito tempo incentivando-a a prolongar sua carreira como forma de
compensar a falta de filhos.

Em português

• ALDRIGHI, Dante Mendes. Uma avaliação das contribuições de Stiglitz


à teoria dos mercados financeiros. Rev. Econ. Polit. vol.26 no.1 São
Paulo Jan./Mar. 2006 ISSN 0101-3157
• CARQUEJA, Hernâni O. O Conceito de Riqueza na Análise Económica -
Apontamentos. II Seminário GRUDIS. Faculdade de Economia da
Universidade do Porto, 25/10/2003
• LASTRES, Helena Maria Martins e FERRAZ, João Carlos. Economia da
Informação, do Conhecimento e do Aprendizado, Capítulo I, in:
Informação e globalização na era do conhecimento, Helena M. M.
Lastres, Sarita Albagli (organizadoras). — Rio de Janeiro: Campus,
1999.

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