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DIREITO PENAL MILITAR

CONCURSO DE PESSOAS

Por Fernanda Evlaine e Bruna Daronch


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SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................................................................3
2. CONCURSOS DE PESSOAS NO CPM..................................................................................................4
3. DISPOSITIVOS PARA O CICLOS DE LEGISLAÇÃO...............................................................................8
4. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA...............................................................................................................8
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ATUALIZADO EM 09/07/2017

CONCURSO DE PESSOAS

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

A doutrina menciona a existência de 03 (três) diferentes teorias a respeito do concurso de


pessoas. Essas teorias buscam explicar se o autor e partícipe de uma mesma infração penal
responderão pelo mesmo tipo penal ou não. Vejamos os principais pontos de cada uma e a sua
aplicação voltada ao Direito Penal Militar:

É a regra adotada pelo Código Penal Militar. Os agentes respondem pelo


Teoria Monista
mesmo crime, na medida de suas culpabilidades.
Distingue o crime praticado pelo autor daquele perpetrado pelo partícipe. Em
outros termos, o partícipe sempre incidirá em um tipo penal, enquanto que o
autor incidirá necessariamente em outro.
Teoria Dualista Não é a regra no Direito Penal Militar, sendo adotada excepcionalmente, como
no caso do crime de incitamento. Aquele que incita o motim responde pelo
crime do art. 155, CPM, enquanto que o amotinado responde pelo art. 149 do
CPM.
Cada agente responde por um crime diferente. Excepcionalmente é adotada
pelo Código Penal Militar.
Teoria Pluralista
Os crimes de corrupção passiva e ativa, previstos nos arts. 308 e 309 do CPM,
respectivamente, configuram exceção à regra monista do Direito Penal Militar.

Além disso, é importante ter em mente os requisitos para o concurso de pessoas segundo a
Teoria Monista, vejamos:

a) Pluralidade de pessoas e de condutas;


b) Relevância causal de cada conduta;
c) Liame subjetivo ou psicológico;

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
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jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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d) Identidade do ilícito penal;

2. CONCURSO DE PESSOAS NO CPM

2.1. PRINCIPAIS PONTOS:

O artigo 53 do Código Penal Militar adota a teoria monista (unitária ou igualitária).

CPM, Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas.

A teoria monista é desdobramento lógico da conditio sine qua non (Art. 29, CPM). Neste ponto,
não há diferença do Direito Penal comum.

§ 1º A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos outros, determinando-


se segundo a sua própria culpabilidade. Não se comunicam, outrossim, as condições ou circunstâncias
de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

Assim, observa-se que o CPM adota a teoria monista temperada (mitigada), pois faz a
diferenciação da pena na medida da culpabilidade de cada um, estabelecendo inclusive uma atenuante
para a participação de menor importância. Dessa forma, a culpabilidade segue a garantia
constitucional da individualização da pena. Frisa-se que se trata de uma teoria monista temperada,
pois em uma teoria monista pura não haveria diferença entre autoria e participação.

(Analista Judiciário/STM/2004 – CESPE) O CPM, ao estabelecer que aquele que, de qualquer modo
concorrer para o crime incidirá nas penas a este cominadas, adotou, em matéria de concurso de
pessoas, a teoria monista.2

Concurso de Pessoas
CP CPM
Art. 29, caput - Quem, de qualquer modo, Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para
concorre para o crime incide nas penas a este o crime incide nas penas a este cominadas.
cominadas, na medida de sua culpabilidade.

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Correto!
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(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Art. 53, § 1º A punibilidade de qualquer dos
concorrentes é independente da dos outros,
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as
determinando-se segundo a sua própria
condições de caráter pessoal, salvo quando
culpabilidade. Não se comunicam, outrossim, as
elementares do crime.
condições ou circunstâncias de caráter pessoal,
salvo quando elementares do crime.

2.2. AGRAVANTES NO CONCURSO DE PESSOAS:

O art. 53, §2º elenca as situações onde a pena será agravada no concurso de pessoas:

Art. 53, § 2° A pena é agravada em relação ao agente que:


I - promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;
II - coage outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade, ou não punível em
virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.

Assim como demais as agravantes/atenuantes previstas no CPM sem quantum expresso, a


hipótese do art. 53, §2º acarretará a majoração da pena em 1/5 até 1/3.

Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum,
deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada ao crime.

2.3. PARTICITAPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA:

Participação de Menor Importância


CP CPM
Art. 29, § 1º - Se a participação for de menor Art. 53, § 3º A pena é atenuada com relação ao
importância, a pena pode ser diminuída de um agente, cuja participação no crime é de somenos
sexto a um terço. importância.

No art. 53, §3º do CPM, que prevê a participação de menor importância, temos mais uma
diferença do Direito Penal Militar se comparado ao Direito Penal comum. Enquanto que no CP o
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instituto é causa de diminuição de pena que varia de 1/6 até 1/3, no CPM a participação de menor
importância é atenuante, que poderá reduzir a pena de 1/5 até 1/3.

Outro ponto que merece atenção é a cooperação dolosamente distinta, que se encontra
prevista no art. 29, §2º do CP, mas que não encontra tipificação expressa no CPM.

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais
grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).

#DEOLHANADOUTRINA: Marcelo Uzeda afirma que: “Embora o Código Penal Militar não tenha feito
menção expressa à cooperação dolosamente distinta, prevista no art. 29, §2º, do Código Penal
comum, boa parte da doutrina entende que seria cabível a aplicação subsidiária dessa disposição na
esfera militar, sob pena de operar-se odiosa responsabilidade penal objetiva.”.

2.3. CABEÇAS:

É instituto mais importante dentro do concurso de pessoas, encontra previsão no art. 53, §4º e
§5º do CPM:

CPM, Art. 53. (...)


§ 4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que dirigem,
provocam, instigam ou excitam a ação.
§ 5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes considerados
cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial.

Nos crimes de concurso necessário (ex: motim ou revolta), o cabeça é aquele que exerce a
função de liderança. O §5º estabelece que, em qualquer hipótese, o cabeça será o oficial quando
delinquir juntamente com inferiores. Estes também são considerados cabeças quando exercem função
de oficial (exemplo: um sargento comandando o pelotão, pela falta de oficiais).

O enquadramento do sujeito como cabeça tem efeitos práticos na punibilidade, previstos em


outros dispositivos penais, como, por exemplo, no crime de amotinamento (art. 182, CPM), que lhe
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comina pena mais severa. Inexistindo norma específica, aplica-se a agravante genérica do art. 53, §2º
do CPM.

Vejamos os crimes do CPM que possuem previsão de aumento para cabeças:

Art. 142. Tentar:


I - submeter o território nacional, ou parte dele, à
soberania de país estrangeiro;
II - desmembrar, por meio de movimento armado
ou tumultos planejados, o território nacional,
desde que o fato atente contra a segurança
Tentativa contra a soberania do Brasil
externa do Brasil ou a sua soberania;
III - internacionalizar, por qualquer meio, região
ou parte do território nacional:
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos, para os
cabeças; de dez a vinte anos, para os demais
agentes.
Motim Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:
I - agindo contra a ordem recebida de superior,
ou negando-se a cumpri-la;
II - recusando obediência a superior, quando
estejam agindo sem ordem ou praticando
violência;
III - assentindo em recusa conjunta de obediência,
ou em resistência ou violência, em comum,
contra superior;
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica
ou estabelecimento militar, ou dependência de
qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave,
navio ou viatura militar, ou utilizando-se de
qualquer daqueles locais ou meios de transporte,
para ação militar, ou prática de violência, em
desobediência a ordem superior ou em
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detrimento da ordem ou da disciplina militar:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com
aumento de um terço para os cabeças.
Art. 149, Parágrafo único. Se os agentes estavam
armados:
Revolta
Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com
aumento de um terço para os cabeças.
Art. 182. Amotinarem-se presos, ou internados,
perturbando a disciplina do recinto de prisão
Amotinamento militar:
Pena - reclusão, até três anos, aos cabeças; aos
demais, detenção de um a dois anos.

(Analista Judiciário/STM – CESPE) Considerando-se que, em relação ao concurso de agentes, o CPM


possui disciplinamento singular, entendendo o “cabeça” como o líder na prática de determinados
crimes, é correto afirmar que, havendo participação de oficiais em crime militar, ainda que de menor
importância, para todos os efeitos penais, eles devem ser considerados como “cabeças”. 3

#OLHAOGANCHO: Em tempo de guerra, os cabeças dos crimes de motim, revolta ou conspiração


podem ser punidos com a morte (art. 368, CPM).

3. DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO
Código Penal Militar Arts. 53º e 54º

4. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Esse material é uma fusão das seguintes fontes:

1. Anotações pessoais de aulas de diversas fontes.


2. Direito Penal Militar, coleção Sinopses – Marcelo Uzeda – Editora Juspodivm.

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Correto!

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