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AO DOUTO JUÍZO DA ____ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE BARRA

MANSA, RJ.

CÁTIA CRISTINA DOS SANTOS, brasileira, casada, do


lar, portadora da cédula de identidade n. 08.748.730-2, expedida pelo IFP/RJ, e
inscrita no CPF sob o n. 941.319.297-91, residente e domiciliada na Rua Francisco
Vilela Arantes, n. 57, Cotiara, Barra Mansa, RJ, CEP. 27.347-430, vem, à presença
de Vossa Excelência, por seu procurador abaixo assinado, com escritório na
Avenida Joaquim Leite, n. 380, Edifício Pio XII, 4º andar, sala 423, Centro, Barra
Mansa, RJ, CE. 27-330-043, propor a presente

AÇÃO DE ALIMENTOS

em face de JOÃO ROCHA DE SOUZA NETO, brasileiro, casado, servidor público,


portador da cédula de identidade desconhecida, e inscrito no CPF sob o n.
007.636.727-42, residente e domiciliado na Rua Francisco Vilela Arantes, n. 57,
casa 01, Cotiara, Barra Mansa, RJ, CEP. 27.347-430, pelos fatos e fundamentos
que passa a expor:

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente, afirma, sob as penas do artigo 98 e


seguintes da Lei n. 13.105 de 2015, que não possui condições para arcar com as
custas processuais e honorários advocatícios, sem o prejuízo de seu próprio
sustento e de sua família, razão pela qual faz jus aos benefício da GRATUIDADE
DA JUSTIÇA.

DOS FATOS

A Requerente é casada com o Requerido desde o dia 00


de ................. de 19??, isto é; há mais de 00 (.............................) anos, sob o
Regime de Comunhão Parcial de Bens, conforme Certidão de Casamento
acostada.
No entanto, a Requerente encontra-se separada de fato
do Requerido há aproximadamente 00 (...........) meses, não havendo possibilidade
de reconciliação.

Em virtude da separação, a Requerente encontra-se


sem condições financeiras para arcar com suas despesas básicas e inerentes, para
se manter com o mínimo de dignidade, provendo seu próprio sustento.

É válido ressaltar que a Requerente, desligou-se


completamente da atividade laborativa que exercia na empresa ..........., no ano de
19??, conforme consta a anotação na CTPS que segue acostada.

Assim, desde a época acima declinada, a Requerente


dedica-se, única e exclusivamente as atividades do lar, ao ex-marido e aos filhos
advindos na constância da união, restando, assim, comprovada sua dependência
econômica junto ao Requerido depois da ruptura do casamento, sendo que tal fato
agravou, ainda mais, visto que seu último exercício de atividade laborativa se deu
em 00/00/0000, com o consequente desligado ocorrido em 00/00/0000.

Desta forma, resta comprovado que, desde aquela


época, a Requerente não mais exerceu qualquer tipo de atividade laborativa e,
assim sendo, a mesma não tem nenhuma potencialidade para o exercício de
atividade laborativa remunerada em razão da idade e também do longo período
que se encontra afastada do mercado de trabalho, o que é o suficiente para
comprovar que mesma necessita da pensão alimentícia.

Outro fato de extrema relevância é que, na constância


do casamento, adveio o nascimento do filho LEONARDO SANTOS ROCHA,
nascido em 04/11/2017, conforme Certidão de Nascimento acostada, sendo certo
que o mesmo é acometido por uma doença denominada CROMOSSOMOPATIA
(CID:F71), sendo o mesmo TOTALMENTE DEPENDENTE de sua genitora, ora
Requerente, conforme demonstram os documentos acostados.

Sendo assim, diante da doença que acomete seu filho, a


Requerente não pode, mesmo que quisesse exerce algum tipo de atividade, haja
vista que dedica-se, exclusivamente, para tratar e cuidar do incapaz.

Outrossim, afirma a Requerente que a mesma é a única


responsável por cuidar, zelar e suportar os afazeres de mãe e cuidadora, em fazer
todas as atividades necessárias ao bem estar do filho, tendo em vista que o mesmo
é completamente incapaz e dependente.

Ressalta-se, ainda que a Requerente faz em favor do


seu filho incapaz todas e quaisquer atividades e/necessidades diárias, rotineiras e
básicas inerentes a vida de qualquer ser humano, tais como; dar banho, o alimenta,
troca sua roupa, coloca para dormir, o levanta pela manhã, leva e o acompanha,
todos os dias da semana, sendo as vezes em mais de uma ocasião ao dia, para
realização de consultas e tratamentos médicos, tais como; HIDROTEPARAPIA,
ECOTERAPIA, dentre outras.
Desta forma, em razão da doença que acomete seu
filho, a Requerente não possui nenhum tipo de condições de exercer qualquer tipo
de atividade laborativa, tendo em vista que desde o nascimento do seu filho
LEONARDO, dedica-se sua vida para o mesmo, ante sua dependência total,
conforme demostra o Laudo Médico acostado.

Assim sendo, resta claro e evidente que a Requerente


não tem condições de exercer a atividade laborativa na única função de sabe se
submeteu ao longo da constância do casamento e que sabe desempenhar, qual
seja; a de doméstica, devido aos problemas de saúde adquiridos na constância do
casamento.

Se não bastasse, não se pode olvidar, ademais, que a


Requerente já possui uma idade considerável, conta atualmente com 49 (quarenta
e nove) anos de idade e que sua formação acadêmica simples, cujo seu grau de
escolaridade é ??ª série incompleta do antigo ????º grau, hoje ??º ano do ensino
fundamental, e pouco preparo profissional não lhe permite empreender uma
atividade e/ou função que aufira um rendimento razoável, uma vez que, ao longo
de grande parte do período que esteve casada com o Requerido desempenhou
somente a função de mãe e dona de casa.

A Requerente não possui condições financeiras de arcar


sozinha com todas as suas despesas mensais, que são as mais básicas possíveis,
e inerentes a sua faixa de idade, ante ao fato de não possuir quaisquer proventos,
devido aos fatos acima declinados.

Por outro lado o Requerido é pessoa que goza de


situação financeira estável e bastante confortável, sendo o mesmo servidor público
junto a EBCT - EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS
(CORREIOS), percebendo uma remuneração mensal aproximada de R$ 5.300,00
(cinco mil e trezentos reais), de modo que possui plenas e totais condições de
arcar com a pensão alimentícia, no “quantum” pleiteado.

Desta forma, diante do quadro em tela, resta


comprovada a NECESSIDADE da Requerente na obtenção dos alimentos, que
serão destinados para mantença da sua subsistência, além de estar comprovada a
POSSIBILIDADE de o Requerido arcar com o pensionamento em favor da mesma,
no “quantum” pleiteados na exordial, estando observado o trinômio
POSSIBILIDADE x RAZOABILIDADE x NECESSIDADE.

DO DIREITO
A obrigação alimentar encontra respaldo no artigo 1.694
do Código Civil de 2002, o qual prescreve que:
"Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros
pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para
viver de modo compatível com a sua condição social,
inclusive para atender às necessidades de sua educação".
        
Igualmente, é da lição de Cahali (2002) que “constituem
os alimentos uma modalidade de assistência imposta por lei, de ministrar os
recursos necessários à subsistência, à conservação da vida, tanto física como
moral e social do indivíduo (...)” (CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. 4. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 16).

Nesse norte e considerando a dificuldade da Requerente


em continuar a prover seu sustento tão só pelos frutos dos seus parcos e irrisórios
rendimentos, ante a superveniência da total incapacidade laborativa da mesma em
razão da doença que a acomete, conforme demonstram claramente os laudos
exames acostados aos autos, é plausível que o Requerido contribua com valores
para com a conservação de suas condições físicas, morais e sociais.

Não se pode olvidar, ademais, que a Requerente já


possui uma idade considerável, conta atualmente com 49 (quarenta e nove) anos
de idade e que sua formação acadêmica simples, cujo seu grau de escolaridade
é ??ª série incompleta do antigo ????º grau, hoje ??º ano do ensino fundamental, e
pouco preparo profissional não lhe permite empreender uma atividade e/ou função
que aufira um rendimento razoável, uma vez que, ao longo de grande parte do
período que esteve casada com o Requerido desempenhou somente a função de
mãe e dona de casa.

  Assim, à luz do art. 1.694, § 1º CC/02, que aduz que “os


alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e
dos recursos da pessoa obrigada” e dos ditames do art. 1.695, do mesmo
diploma, onde se afirma serem “devidos os alimentos quando quem os
pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à
própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem
desfalque do necessário ao seu sustento”.

A relação conjugal traz consigo o dever de assistência


mútua. Neste sentido, o art. 1.694 do Código Civil prevê a possibilidade da
estipulação de alimentos provisórios ao cônjuge que, dissolvida a sociedade
conjugal, deles necessite.” (Agravo de Instrumento n. 2009.066417-9, de Jaraguá
do Sul, rel. Des. Sérgio Izidoro Heil, j. 6.5.10).

Outrossim, a Requerente encontra amparo legal no


artigo 1.695 do Código Civil que diz:

“Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem


os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover,
pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem
se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque no
necessário ao seu sustento.”

Finalmente, sem conhecimento preciso dos ganhos


atuais do Requerido, devido à difícil relação entre o casal, pleiteia a Requerente o
percentual de 30% (trinta por cento) de seus rendimentos brutos, deduzindo os
descontos fiscais e previdenciários, na hipótese de atividade laborativa com vínculo
empregatício ou com o percentual de 70% (setenta por cento) do salário mínimo
vigente, a título de pensão alimentícia.

DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPATÓRIA

Em que pese a presente demanda para satisfazer o


interesse da Requerente, convém salientar que esta não pode esperar pelo
provimento Jurisdicional, tendo em vista que suas necessidades são perenes e
urgentes, tanto pela idade avançada, bem como pelo fato da mesma dedicar-se
tempo integral do seu dia ao filho LEONARDO, que é totalmente seu dependente
por ser acometido pela raríssima doença chamada CROMOSSOMOPATIA
(CID:F71), conforme faz prova toda documentação acostada.

Com isso, a concessão da TUTELA DE URGÊNCIA


para que a Requerente tenha sua satisfação atendida é medida que se impõe,
sob pena de ter sérios prejuízos materiais, especialmente no que se refere à
saúde da mesma.

Nesse sentido, o art. 300 do Novo Código de Processo


Civil, é expresso ao afirmar que:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida


quando houver elementos que evidenciem a probabilidade
do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.

§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz


pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória
idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir
a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.

A Requerente não possui condições financeiras de arcar


sozinha com todas as suas despesas mensais, que são as mais básicas possíveis,
e inerentes a sua faixa de idade, diante da sua mísera aposentadoria, que é única
fonte de renda e de onde aufere os parcos rendimentos, está comprovada sua
NECESSIDADE em receber os alimentos, restando, também, comprovada a
POSSIBILIDADE do Requerido arcar com os alimentos no “quantum” pleiteados,
eis que este é pessoa que goza de situação financeira estável, bem como a
RAZOABILIDADE do valor a ser pago pelo Alimentante, tendo em vista que o
mesmo servidor público junto a EBCT - EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS
E TELÉGRAFOS (CORREIOS), percebendo uma remuneração mensal
aproximada de R$ 5.300,00 (cinco mil e trezentos reais), o que está assim
comprovado o JUÍZO DE PROBABILIDADE DE DIREITO.

Estando a Requerente impossibilitada de arcar sozinha


com o valor mensal das despesas básicas e inerentes a sua faixa de idade, na
mantença do seu próprio sustento, bem como pelo fato da mesma dedicar-se
tempo integral do seu dia ao filho LEONARDO, que é totalmente seu dependente
por ser acometido pela raríssima doença chamada CROMOSSOMOPATIA
(CID:F71), está comprovado que a demora para a decisão final do feito poderá
causar-lhe dano irreparável ou de difícil reparação, principalmente no que se refere
à riscos consideráveis à sua saúde, não havendo dúvidas a presença do PERIGO
DE DANO OU RISCO AO RESULTADO ÚTIL DO PROCESSO.

Desta forma, a Requerente requer a concessão da


TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA sem a oitiva prévia da parte contrária,
conforme (CPC/2015, art. 9º, parágrafo único, inc. I c/c 300, § 2º).

Diz ainda, o artigo 9º do CPC/2015, “in verbis”:

Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes


sem que ela seja previamente ouvida.

Parágrafo Único - O disposto no caput não se


aplica:

I - à tutela provisória de urgência;

Assim, a concessão da tutela de urgência antecipatória,


no sentido de definir provisoriamente, alicerçados no artigo supracitado, alimentos
à Requerente, no “quantum” pleiteados na exordial, é medida que se impõe, com
vistas a salvaguardar os interesses da Alimentanda até a decisão final do
presente feito.

Dessa maneira, está mais que demonstrado pela


Requerente, um fato concreto e objetivo, configurando-se assim os dois requisitos
da tutela provisória de urgência com relação aos seus problemas enfrentados,
como ora já descritos anteriormente.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, Requer:

a) a concessão dos benefícios da Gratuidade de Justiça;


b) a oitiva do Ministério Público;
c) a concessão da TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPATÓRIA,
para fixação dos alimentos provisórios, no percentual equivalente a 30% (trinta por
cento) dos rendimentos brutos do Requerido, na hipótese de atividade laborativa
com vínculo empregatício, deduzindo somente os descontos fiscais e
previdenciários obrigatórios, incidindo sobre horas extras, seguro desemprego,
abonos, férias, 13º salário, cartão alimentação, participação nos lucros e demais
verbas rescisórias, com retenção de idêntico percentual sobre as contas de FGTS
e PIS/ PASEP, para suprir eventual inadimplência, a serem descontados em folha
de pagamento, e depositados em conta corrente a ser aberta em nome da
Requerente, até o 5° dia útil de cada mês, ou com o percentual de 70% (setenta
por cento) do salário mínimo nacional vigente, na hipótese de atividade laborativa
sem vínculo empregatício, a ser pago até o dia 10 de cada mês, mediante contra
recibo ou depósito bancário, em conta a ser aberta por determinação judicial, a ser
informada em momento oportuno;

d) a citação do Requerido, para, querendo, contestar a presente


ação, no prazo legal, sob pena dos efeitos da revelia;

e) expedição de ofício a EBCT - EMPRESA BRASILEIRA DE


CORREIOS E TELÉGRAFOS (CORREIOS) - VOLTA REDODA/RJ, estabelecido
na Avenida Paulo de Frontin, n. 897, Aterrado, Volta Redonda, RJ, CEP. 27.215-
971, para que este encaminhe ao setor competente e/ou efetue os devidos
descontos do servidor/funcionário JOÃO ROCHA DE SOUZA NETO, a título de
alimentos, em favor da Requerente;

f) a expedição ao Banco do Brasil, agência Barra Mansa/RJ,


determinando abertura de conta corrente em nome da Requerente;

g) a expedição de ofício ao órgão competente para que forneça o


número do RG do Requerido, tendo em vista que a Requerente o desconhece,
caso seja o entendimento deste R. Juízo;

h) a condenação do Requerido ao pagamento das custas


processuais e dos honorários advocatícios, estes na base de 20% (vinte por cento),
sobre o valor da causa;

i) ao final, seja julgado PROCEDENTE o pedido, convertendo os


Alimentos Provisórios em Definitivos, no “quantum” acima postulados.

DAS PROVAS

Protesta por todos os meios de prova em direito


admitidos, especialmente, a documental, a testemunhal, a pericial, o depoimento
pessoal do Requerido, e as demais que se fizerem necessárias para o deslinde da
lide.
DA AUDIÊNCIA DE AUTOCOMPOSIÇÃO

A Requerente opta pela não realização de audiência de


conciliação ou mediação para possível ajuste de cláusulas e condições pertinentes
a lide, tendo em vista que diante da intransigência por parte do Requerido, a
mesma, possivelmente, restará infrutífera.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à presente causa o valor de R$19.080,00


(dezenove mil e oitenta reais).

Nestes Termos,

P. Deferimento.

Barra Mansa, RJ, 22 de novembro de 2017.

LEONARDO SOUZA SILVEIRA


OAB/RJ N. 110.824

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