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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIABETES MELLITUS

Amanda Amorim
Camila Marques
Dayane Rodrigues
Felipe Lima
Marina Corrêa
Rafaela Rezende
Rafaelle Vieira

BELO HORIZONTE
2020
1. Introdução

A diabetes é uma doença considerada integrante do grupo de doenças crônicas não


transmissíveis. A diabetes consiste em um distúrbio metabólico caracterizado por
hiperglicemia persistente, decorrente da deficiência na produção ou ação da insulina
no organismo.
Estima-se que aproximadamente 6% da população brasileira seja diabética e, que
desse total, aproximadamente 47% não sabem que possui a doença. O impacto é
extremamente importante, pois esta associada a complicações crônicas micro e
macrovasculares, aumentando assim a morbidade, redução da qualidade de vida
populacional e elevação da taxa de mortalidade.
A diabetes mellitus é classificada de acordo com a etiologia.

Tabela 1 - Tipos de diabetes


1 DM tipo 1
- Tipo 1A – deficiência de insulina por destruição autoimune das células beta
comprovada por exames laboratoriais;
- Tipo 1B – Deficiência de insulina de natureza idiopática.
2 DM tipo 2: Perda progressiva de secreção insulínica combinada com a resistência a
insulina.
3 DM gestacional: Hiperglicemia de graus variados diagnosticada durante a gestação,
na ausência de critérios de DM prévio.
4 Outros tipos de DM:
- Monogênicos;
- Diabetes neonatal;
- Secundários a endocrinopatias;
- Secundários a doenças do pâncreas exócrino;
- Secundário a infecções;
- Secundário a medicamentos.
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2. Metabolismo do carboidrato
3. Diabetes mellitus tipo I
3.1 Diagnóstico
O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune, poligênica (genética),
decorrente de destruição das células beta pancreáticas, que ocasiona a deficiência
completa na produção de insulina.
É comum ser diagnosticada em crianças, adolescentes e jovens adultos, não se
diferenciando em homens ou mulheres.

É subdividida em Diabetes Mellitus tipo 1A e Diabetes Mellitus tipo 1B, classificado


pela presença ou ausência laboratorial de autoanticorpos circulantes.

Diabetes Mellitus tipo 1:


 Tipo 1A: deficiência de insulina por destruição autoimune das células beta
comprovada por exames laboratoriais.
 Tipo 1B: deficiência de insulina de natureza idiopática(causa desconhecida).

3.1.1 Diabetes Mellitus tipo 1A


Confirmada pela presença de um ou mais anticorpos é a forma mais frequente de
Diabetes Mellitus tipo1. Associa-se que a presença do antígeno leucocitário humano
tenha forte associação com diversos casos, embora a predisposição genética seja
um fator predominante, não se consubstancia unicamente. Fatores ambientais
podem desencadear uma resposta imune como, infecções virais, componentes
dietéticos e certas composições da microbiota intestinal.

Os marcadores de autoimunidade são: anticorpo anti-ilhota (ICA), autoanticorpo anti-


insulina (IAA), anticorpo antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD65),
anticorpo antitirosina-fosfatase IA-2 e IA-2B e anticorpo antitransportador de zinco
(Znt8).

Esses anticorpos precedem a hiperglicemia por meses ou anos em um estado pré-


diabético e quanto maior o número de anticorpos, maior a chance de o indivíduo
desenvolver a doença.
Na fase inicial da DM1 a primeira manifestação clínica é repentina gerando em um
terço dos casos a cetoacidose diabética.

O quadro 1 mostra os estágios do Diabetes mellitus tipo 1 autoimune segundo a


Associação Americana de Diabetes (ADA), baseados nos níveis glicêmicos e na
sintomatologia.

3.1.2 Diabetes
Mellitus tipo 1B
Os casos atribuídos a Diabetes Mellitus tipo 1B é atribuída a casos onde o paciente
não apresenta autoanticorpos na circulação. O diagnostico é muito limitado onde
pode ser confundido com outras formas de DM, pela negatividade dos resultados de
autoanticorpos circulantes. As recomendações clínicas são as mesmas do DM tipo
1A.

3.2 Epidemiologia
O Diabetes Mellitus é um importante e crescente problema de saúde que abrange
não só países em desenvolvimento, pois já tomou uma proporção universal.

A Federação Internacional de Diabetes (IDF) estimou em 2017, que 8,8% da


população mundial com 20 a 79 anos de idade (424,9 milhões de pessoas) vivia com
diabetes. Com possível aumento superior a 628,6 milhões de pessoas até 2045, se
as tendências atuais persistirem.

A organização mundial de saúde (OMS) estima que glicemia elevada é o terceiro


fator de mortalidade prematura, superada apenas pelo uso de tabaco e pressão
arterial elevada. Infelizmente a conscientização sobre o assunto é desprezado por
muitos governos e sistemas de saúde publica.
Os estudos epidemiológicos se baseiam nas alterações glicêmicas, mesmo com
grande variedade de manifestações clinicas e condições associadas. Dentre alguns
mecanismos etiológicos destacam-se, genéticos, imunológicos e ambientais, nas
complicações e curso clinico da diabetes.
Esse distúrbio metabólico apresenta grande heterogeneidade, por isso não é
totalmente claro se as complicações crônicas do diabetes são resultantes da própria
hiperglicemia, ou de condições associadas, como deficiência de insulina, excesso de
glucagon, glicação de proteínas e alterações lipídicas, mudanças da osmolaridade
ou pressão arterial.

Alguns estudos epidemiológicos indicam um papel importante do meio ambiente nos


períodos iniciais da vida, tanto na fase intrauterina como nos primeiros anos de vida.
Indivíduos com baixo peso ao nascer apresentam níveis plasmáticos mais elevados
de pró-insulina o que é indicativo de maior risco para o desenvolvimento de diabetes
tipo 2 ou de síndrome metabólica.

3.3 Exames laboratoriais


Os casos de pré-diabetes ou Diabetes muitas vezes são assintomáticos trazendo a
necessidade de alguns exames laboratoriais para que se confirme o diagnóstico.
São feitos exames de tolerância à glicose como os citados abaixo:

 Glicemia em jejum: coletada em sangue periférico após jejum calórico de no


mínimo 8 horas;
 TOTG (teste oral de tolerância à glicose): previamente à ingestão de 75 g de
glicose dissolvida em água, coleta-se uma amostra de sangue em jejum para
determinação da glicemia; coleta-se outra, então, após 2 horas da sobrecarga
oral. Importante reforçar que a dieta deve ser a habitual e sem restrição de
carboidratos pelo menos nos 3 dias anteriores à realização do teste. Permite
avaliação da glicemia após sobrecarga, que pode ser a única alteração
detectável no início do DM, refletindo a perda de primeira fase da secreção de
insulina;
 Hemoglobina glicada (HbA1c): oferece vantagens ao refletir níveis glicêmicos
dos últimos 3 a 4 meses e ao sofrer menor variabilidade dia a dia e
independer do estado de jejum para sua determinação. Vale reforçar que se
trata de medida indireta da glicemia, que sofre interferência de algumas
situações, como anemias, hemoglobinopatias e uremia, nas quais é preferível
diagnosticar o estado de tolerância à glicose com base na dosagem glicêmica
direta. Outros fatores, como idade e etnia, também podem interferir no
resultado da HbA1c.

3.4 Monitoramento
O especialista pede um exame de sangue que mede a glicemia, o nível de açúcar no
sangue. O teste é feito em jejum. Se o resultado dá igual ou acima de 126 mg/dl
duas vezes seguidas, a pessoa é considerada diabética.
Para sanar as dúvidas, o especialista pode solicitar o teste oral de tolerância à
glicose, também conhecido como curva glicêmica. Ele é parecido com o anterior,
mas, duas horas antes da retirada da amostra sanguínea, o paciente toma um copo
de água com uma solução açucarada.
Depois, a cada trinta minutos, o método é refeito, sempre com a ingestão de glicose
nos intervalos. Isso serve para ver como o organismo se comporta com doses extras
de açúcar.
Se a análise indicar o valor de 200 mg/dl, a doença está comprovada.
Há ainda um método conhecido como hemoglobina glicada, que estima a
concentração de açúcar nos vasos nos últimos três meses.

3.5 Controle glicêmico


Como não existe cura para o diabetes tipo 1, é importante que ele seja controlado.
Por isso, pessoas com diabetes tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina,
com o objetivo de manter o controle da glicemia, além de outras medidas
preventivas, incluindo o uso de medicamentos, alimentação saudável e a prática de
exercícios físicos.
Fumantes são estimulados a deixar o vício, que amplia o prejuízo às artérias. As
bebidas alcoólicas devem ser ingeridas com moderação, porque desregulam as
taxas de glicose e chegam a ocasionar episódios de hipoglicemia, que explicaremos
mais adiante.
Na dieta, uma ótima medida é priorizar os alimentos integrais, ricos em fibra, em
detrimento daqueles com carboidratos simples (pão e massa branca, por exemplo).
Eles ajudam a diminuir a velocidade com que a glicose é liberada no sangue.
O ideal é fazer cinco ou seis refeições ao longo do dia e não ficar sem comer por
muito tempo. A supervisão de um nutricionista auxilia a evitar equívocos.

3.6 Tratamento
O tratamento visa a manutenção dos níveis normais de açúcar no sangue com
acompanhamento regular, insulinoterapia, dieta e exercícios físicos.
 Medicamentos: Insulina.

3.7 Prevenção
A atenção à saúde é um conjunto de ações que auxiliam tanto no propago quanto na
prevenção de doenças e quando o assunto é prevenção devem-se entender os três
tipos de prevenção efetiva. No diabetes mellitus os três tipos de prevenção são de
extrema importância sendo elas:
 Prevenção primária: é a prevenção no início da doença;
 Prevenção secundaria: prevenção das complicações agudas e crônicas da
doença;
 Prevenção terciária: reabilitação e limitação das incapacidades produzidas pelas
complicações do diabetes.
A prevenção primária pouco se aplica ao diabetes tipo 1, pois sua patogênese
ocorre pela destruição das células beta pancreáticas, causada por um processo
autoimune. Muitas intervenções teóricas ainda necessitam de maior estudo para se
provar eficaz, mas a estimulação do aleitamento materno e o evitamento da
introdução do leite de vaca nos primeiros meses de vida se mostraram aceitáveis
por todo o contexto biológico envolvido.
Diversos fatores e hipóteses tentam explicar o desenvolvimento do estresse
causado às células beta como excesso de peso, infecções, deficiências nutricionais,
estresses psicológicos entre outros. E esses estresses que causam essa destruição
autoimune secundária. Sendo assim uma maneira de evitar o diabetes tipo 1 seria
intervir em quaisquer desses mecanismos que causam estresse às células beta.
Nas prevenções secundárias e terciárias o ponto chave seriam hábitos saudáveis
como alimentação equilibrada e exercícios físicos regulares, além dos
monitoramentos glicêmicos e o correto uso de medicações caso sejam prescritas
pelo médico.

4. Diabetes Mellitus Tipo II


O DM tipo II é o de maior incidência entre todos os outros tipos de diabetes,
responsável por aproximadamente 90% dos casos (Barceló e Rajpathak,2001;
Organização Pan-American a de Saúde, 2003). Antigamente, o DM tipo 2 acometia
principalmente, pessoas de m eia idade e idosos, entretanto, o número de casos de
diabetes tipo 2 tem aumentado consideravelmente em grupos mais jovens, incluindo
crianças e adolescentes (WHO, 2003). E caracterizado pela deficiência na síntese e
na secreção de insulina pela célula beta pancreática.

4.1 Diagnóstico
O diabetes mellitus tipo II normalmente e não é diagnosticado até que aconteça
complicações da doença. Afeta todas as idades, prevalecendo em indivíduos de
mais de 40 anos, pois pode ser adquirida com os maus hábitos alimentares e
ausência de exercícios físicos. O seu diagnóstico é complicado, sendo que os
sintomas são polidipsia, polifagia e poliúria, mas não é presente em todos os casos.
Desta forma apenas é confirmado com os teste laboratoriais e de hemoglobina
glicada.

Tabela 2 - Critérios para rastreamento do DM tipo II


Indivíduos com idade < 45; sugere-se rastreamento de DM II em indivíduos
com sobrepesou obesidade e que apresentem mais de um fator de risco para
DM dentre os seguintes:
 Pré-diabetes;
 Histórico familiar;
 Raça/etnia;
 Mulheres com diagnóstico prévio de DMG;
 Histórico de doença cardiovascular;
 HAS;
 HDL-c < 35 mg/dL e/ou Tg > 250 mg/dL;
 Sindrome dos ovários policísticos;
 Sedentarismo;
 Acantose nigricans.
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4.2 Epidemiologia
Aproximadamente metade dos óbitos entre as pessoas com DM-2 são ocasionadas
por conta das Doenças cardiovasculares.
Acomete mais frequentemente pessoas acima do peso, costuma vir acompanhado
de hipertensão arterial sistêmica, ou pressão alta.
A doença cursa com uma alta morbimortalidade, com perda importante na qualidade
de vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou em 1997 que, após 15
anos de doença, 2% dos indivíduos acometidos estarão cegos e 10% terão
deficiência visual grave. Além disso, estimou que, no mesmo período de doença, 30
a 45% terão algum grau de retinopatia, 10 a 20%, de nefropatia, 20 a 35%, de
neuropatia e 10 a 25% terão desenvolvido doença cardiovascular

4.3 Exames laboratoriais

De acordo coma Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) os critérios para


diagnóstico são:

 Glicose em jejum: maior ou igual a 126mg/dL; ¹


 Glicose 2 horas após sobrecarga com 75 g de glicose (mg/dL) maior ou igual
a 200mg/dl; ¹
 Glicose ao acaso: = 200 com sintomas inequívocos de hiperglicemia (poliúria,
polidipsia, polifagia e emagrecimento). Nesse caso não há necessidade de
repetir o exame; ¹
 Dosagem de hemoglobina glicada (HbA1c): maior ou igual a 6,5. 

4.4 Monitoramento
Para saber se o tratamento está funcionando, um exame é repetido a cada três
meses: a hemoglobina glicada, que mostra a variação da glicose no sangue no
período.
Também é recomendável fazer todo ano um exame de fundo de olho para flagrar
eventuais encrencas na retina. Vale ainda checar a cada 12 meses se os rins estão
ok, com exame de urina coletada ao longo de 24 horas. Exames de colesterol,
triglicérides e pressão arterial também são essenciais.

4.5 Controle glicêmico


Esse controle é feito por um aparelhinho chamado glicosímetro ou, mais
recentemente, com sensores instalados no braço da pessoa. No método mais
antigo, você faz um furinho no dedo, põe uma gota de sangue numa fita e, cinco
segundos depois, vê o resultado aparecer no visor.
É esse número que orienta a quantidade de insulina a ser injetada ou quanto de
carboidrato se pode comer em determinado momento. Com isso, evitam-se os
temidos picos glicêmicos e também a hipoglicemia.
A frequência de uso do aparelho depende do grau de estabilidade do diabetes, mas,
em geral, a checagem acontece antes e depois das refeições e ao dormir. Os limites
ideais devem ser debatidos com o profissional de saúde.

4.6 Tratamento
4.6.1 Farmacológicos

Em geral, o médico receita remédios conhecidos como antidiabéticos orais. São


diversas classes, que atuam em várias frentes metabólicas para regular a glicemia.
Muitas vezes, o profissional faz uma associação entre as classes de fármacos para
otimizar o efeito. A metformina, por exemplo, ajuda a vencer a resistência periférica
à insulina. Outros medicamentos, por sua vez, estimulam direta ou indiretamente a
produção do hormônio pelo pâncreas.
Muitas vezes, o diabetes tipo 2 evolui a ponto de ser preciso repor a insulina com
injeções do hormônio sintético. Nesses casos, o endocrinologista montará o
esquema de aplicação e orientará como guardar e transportar o medicamento, bem
como cuidados na hora de aplicar.
As consultas servirão para fazer o ajuste das doses e estabelecer a associação
correta entre os tipos de insulina — de ação rápida, ultrarrápida, intermediária e
basal — de acordo com as refeições.
4.6.2 Não farmacológicos:

Tudo começa com a recomendação para o diabético manter estilo de vida saudável,
com exercícios físicos incluídos. Fumantes são estimulados a deixar o vício, que
amplia o prejuízo às artérias. A bebida alcoólica deve ser moderada, porque pode
desregular as taxas de glicose e ocasionar episódios de hipoglicemia.
A dieta é componente importante no controle da doença. A orientação geral é não
abusar das fontes de carboidrato e de gordura. Outra medida que deve ser seguida
à risca é priorizar, sempre que possível, os alimentos integrais, ricos em fibra, em
detrimento daqueles com carboidratos simples (pão e massa branca, por exemplo).
Eles ajudam a diminuir a velocidade com que a glicose é liberada para o sangue.
Doces não estão completamente vetados, mas o controle do açúcar deve ser mais
rígido. Ele não está proibido, porém adoçantes são alternativas menos
preocupantes.
E atenção ao comprar alimentos diet: é preciso ter certeza de que o nutriente
retirado desses produtos foi mesmo o açúcar.
O acompanhamento médico e os exames laboratoriais mostrarão se as escolhas
certas na hora de se alimentar, a prática de exercício e o tratamento indicado pelo
especialista estão conseguindo conter a doença ou se não há complicações à vista.

4.7 Prevenção
O controle do sobrepeso é a principal estratégia para prevenção da hiperglicemia e
do diabetes tipo 2 entre as pessoas não doente, pois os hábitos dietéticos e a
inatividade física, que contribuem para a obesidade, destacam-se como os principais
fatores de risco. A prática de exercícios físicos e mudanças alimentares são
primordiais, pois ajudam a manter o nível de açúcar no sangue controlado e auxilia
no emagrecimento.

5. Diabetes gestacional
A DMG é a intolerância a glicose que surge durante e gravidez, em graus diferentes,
dependendo persistir após o parto ou não.
Considera-se ideal que mulheres grávidas realizem exames para investigação de
diabetes no primeiro trimestre da gravidez, durante as consultas pré-natais, caso
confirmado o diagnóstico, as mulheres devem ser consideradas como tendo DM
preexistente.
A DM pode acarretar em mal formação fetal ou outras complicações neonatais.

Os valores de glicemia em jejum durante a gestação difere das demais, sendo


considerado normal < 92 mg/dL em qualquer fase da gravidez, valores acima de 92
até 126 mg/dL são diagnóstico para a doença.

Sugere-se que toda gestante sem diagnóstico reconhecido de diabetes seja


submetida a TOTG com 75g de glicose após jejum calórico de no mínimo 8 horas,
entre 24 e 28 semanas de gestação, com coleta de glicose em jejum, 1 e 2 horas
após sobrecarga, conforme recomendação da OMS.

Tabela 3 - Recomendações para rastreamento de DMG na gestação segundo a


OMS.
Na primeira consulta de pré-natal, recomenda-se avaliar as mulheres quanto à
presença de DM prévio, não diagnosticado e francamente manifesto. O
diagnóstico de DM será feito se um dos testes a seguir apresentar-se alterado:
• Glicemia em jejum ≥ 126 mg/dL;
• Glicemia 2 horas após sobrecarga com 75 g de glicose ≥ 200 mg/dL;*
• Glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL na presença de sintomas;
• Confirmação será feita pela repetição dos exames alterados, na ausência de
sintoma.
Sugere-se que seja feita dosagem de glicemia de jejum em todas as mulheres
na primeira consulta de pré-natal
Mulheres sem diagnóstico de DM, mas com glicemia de jejum ≥ 92 mg/dL,
devem receber diagnóstico de DMG
Toda mulher com glicemia de jejum < 92 mg/dL inicial deve ser submetida a
teste de sobrecarga oral com 75 g de glicose anidra entre 24 e 28 semanas de
gestação, sendo o diagnóstico de diabetes gestacional estabelecido quando
no mínimo um dos valores a seguir encontrar-se alterado: • Glicemia em jejum
≥ 92 mg/dL; • Glicemia 1 hora após sobrecarga ≥ 180 mg/dL; • Glicemia 2 horas
após sobrecarga ≥ 153 mg/dL.
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6. Complicações associadas a diabetes mellitus
6.1 Complicações agudas
6.1.1 Cetoacidose diabética
Produção de ácidos sanguíneos [cetonas] em excesso
É a condição clínica aguda que mais caracteriza o diabetes mellitus, sendo ela a
primeira manifestação dos diabéticos jovens.
Esta condição surge em decorrência de alterações metabólicas de carboidratos,
lipídeos e proteínas, acompanhadas de desequilíbrio hidroeletrolítico de intensidade
variável e acidose metabólica com ânion gap elevado (corpos cetônicos e lactato).
Dessa forma, a eliminação de corpos cetônicos pela urina carrega consigo cátions
como sódio, potássio, magnésio, agravando esse desequilíbrio.
Seus sinais mais comuns são: dores abdominais, náuseas, vômitos, hálito cetônico e
respiração de Kussmaul (rápida e profunda), diminuição da elasticidade da pele,
taquicardia, letargia, hipotensão e alterações do estado de consciência.
A diminuição da filtração glomerular concomitante leva ao aumento da uréia no
sangue.
Do ponto de vista de eletrólitos, a acidose e a diminuição da função renal são fatores
de elevação do potássio no comportamento extracelular e vascular, no entanto,
existe uma perda do potássio total do organismo. Em relação ao sódio, este pode
apresentar-se em nível baixo, normal ou mesmo elevado, apesar da perda de água
em relação ao sódio. Devem-se procurar fatores desencadeantes e pesquisa de
infecção, com coleta de material para análise urinária, urocultura e hemocultura.

6.1.2 Coma Hiperosmolar


Deriva fundamentalmente da hiperosmolaridade, que tem como causa inicial a
hiperglicemia acentuada. Ao contrário da cetoacidose, o coma hiperosmolar é
encontrado principalmente em indivíduos idosos e portadores de diabetes tipo adulto
muito embora tenha sido relatado em criança.
É resultante das perturbações hidroeletrolíticas advindas da hiperglicemia No
entanto, não é representada apenas pela hiperglicemia, a concentração de íons de
sódio é também um fator fundamental.
Algumas diferenças entre a cetoacidose diabética e o coma hiperosmolar são
mostradas abaixo:

Tabela 4 – Diferença entre cetoacidose diabetica e coma hiperosmolar


Características Cetoacidose Coma Hiperosmolar
Tipo de diabetes Juvenil Adulto
Cetonemia Acentuada Mínima ou ausente
Cetonúria Presente Mínima ou ausente
Potássio sérico Normal ou aumentado. Diminuído (potássio
Entretanto o pool total se corporal total)
encontra diminuído.
Hiperglicemia Presente, > 250 mg/dL Acentuada, > 600 mg/dL
Sódio Pode estar diminuído Aumentado, normal ou
diminuído, depende da
fase evolutiva do paciente
Osmolaridade > 300 mOsm/Kg > 330 mOsm/Kg
plasmática
Gasometria Acidose Alcalose
Uréia Elevada, devido a Elevado, devido a
depleção volumétrica diminuição da perfusão
renal e da hipovolemia
Hemograma Leucocitose, mesmo sem Elevação do hematócrito e
infecção hemoglobina em
decorrência da
desidratação.
Obs: A insulina aumenta a incorporação de potássio pelas células e, desta
forma, a cetoacidose diabética interfere no equilíbrio deste ion, nao sendo raro
um encontro de hipopotassemia nesse tipo de complicação aguda,
ocasionando alterações cardiovasculares.
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6.1.3 Hipoglicemia
É uma síndrome clínica de causas diversas que se caracteriza pela concentração de
glicose fora dos parâmetros da faixa de jejum. Pode ocorrer no diabetes tipo I e tipo
II, havendo a neuroglicopenia quando a concentração de glicose é menor que 50
mg/dL.
As manifestações clínicas podem ser divididas em duas categorias:

 Um conjunto derivado de uma resposta simpática com liberação de epinefrina


(ativação adrenérgica) com tremores, sudorese, taquicardia, piloereção,
vômito, fome intensa, palidez.
 Um conjunto derivado da disfunção do sistema nervoso central
(neuroglicopenia) com distúrbios do comportamento, depressão,
manifestações neurológicas, convulsões e coma.
 A repetição de quadros hipoglicêmicos pode levar a danos neurológicos
irreversíveis.

A hipoglicemia está dividida em dois grupos: hipoglicemia pós-prandial e


hipoglicemia de jejum.
 A pós-prandial é a mais comum e é causada por uma liberação exagerada de
insulina, após refeição, com leves sintomas adrenérgicos. O tratamento
utilizado usualmente são refeições pequenas e frequentes , ao invés de
grandes refeições.
 A hipoglicemia de jejum, apesar de rara, é sugestivo de problema clínico
sério, podendo resultar de uma redução na velocidade de produção pelo
fígado.

As causa mais frequentes de hipoglicemia são:


- hipoglicemia induzida pelo etanol, por drogas
- Terapia insulínica
- Hipoglicemiantes orais
- insulinoma
- neoplasias extra pancreática
- doença hepática maciça
- insuficiência do córtex supra-renal
- hipopituitarismo (diminuição do hormônio do crescimento - GH)
- hipoglicemia autoimune
- hipoglicemia factícia

O diagnóstico laboratorial da hipoglicemia é realizado através da glicemia de jejum,


teste de tolerância por 5 horas após refeição (reativa), anticorpos anti insulina e
dosagem de insulina plasmática.

6.2 Complicações crônicas


6.2.1 Retinopatia
É caracterizada como a deterioração progressiva da circulação retiniana, é
considerada a principal causa de cegueira nos pacientes diabéticos. É importante
ressaltar que diabetes também se associa com a catarata, levando a uma perda
mais rápida da visão nos pacientes diabéticos.

6.2.2 Microangiopatia
São lesões degenerativas dos vasos de pequeno calibre, como os capilares,
caracterizadas pelo engrossamento da membrana basal destes vasos.

6.2.3 Nefropatia
A insuficiência renal é a principal causa de morte nos pacientes diabéticos e das
modificações no contexto metabólico do paciente diabético dependente da insulina.
O rim afetado pode diminuir a velocidade de degradação da insulina, sendo
necessário modificar a dieta, dose e hora da administração de insulina e atividade
física.

6.2.4 Neuropatia
Uma disfunção dos nervos periféricos, resulta de uma combinação de alterações
vasculares e estruturais dos tecidos. Os pacientes diabéticos apresentam,
teoricamente, anormalidades no sistema nervoso autônomo e periférico. Algumas
lesões podem ser secundária a uma vasculopatia diabética e outras a uma
patogenia aparentemente metabólica. Os mecanismos da lesão nervosa incluem:
aumento do sorbitol, deficiência de mionositol, glicação das proteínas, defeitos na
síntese da mielina e anormalidades anatômicas nas arteríolas.

7. Conclusão
A falta de tempo para se ter uma boa alimentação e praticar exercícios físicos,
vinculada a praticidade de alimentos prontos e rápidos de fazer, tem aumentado
cada vez mais a incidência da doença no país. Grande parte da população não
possui conhecimento da gravidade da diabetes, gerando assim um descaso e falta
de cuidado dos pacientes já diagnosticados, acarretando em uma piora da qualidade
de vida e consequentemente da expectativa de vida. É importante que os
profissionais da área da saúde aconselhem os pacientes a procurar ajuda medica e
realizar o monitoramento da glicemia, para que cada vez menos pessoas sejam
prejudicadas e/ou mal orientadas quanto ao tratamento.

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