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Formação Inicial e
Continuada
+
IFMG
Adilson Ribeiro de Oliveira
Ana Paula Mendes Alves de Carvalho
Denise Giarola Maia
Thaís Oliveira de Souza
Belo Horizonte
Instituto Federal de Minas Gerais
2021
© 2021 by Instituto Federal de Minas Gerais
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2021
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Sobre o material
Formulário de
Sugestões
Abraços,
Adilson, Ana Paula, Denise e Thaís
Apresentação do curso
Este curso está dividido em três semanas, cujos objetivos de cada uma são
apresentados, sucintamente, a seguir.
Os ícones são elementos gráficos para facilitar os estudos, fique atento quando
eles aparecem no texto. Veja aqui o seu significado:
Objetivos
Nesta semana, iremos estudar as características do texto
dissertativo-argumentativo e as especificidades do gênero
textual redação do Enem.
Conforme já foi explicado, nosso curso de “Redação para o Enem” é dividido em três
módulos de 10 horas cada, distribuídos em três semanas de estudos. Neste primeiro módulo,
vamos estudar os aspectos que configuram a redação do Enem, suas características e
especificidades, dando destaque ao texto dissertativo-argumentativo, sua estrutura e suas
propriedades. Além disso, vamos procurar entender como é organizada e como funciona
essa prova de redação, quais competências são avaliadas e o que significam essas
competências. Durante a caminhada, vamos também avaliar o aprendizado, por meio de
exercícios e testes variados.
Pronto(a) para adentrar esse universo ou se aperfeiçoar naquilo que já sabe,
seguindo o passo a passo que preparamos para você? Então vamos lá!
15
aperfeiçoamento de competências para a produção do tipo textual que caracteriza esse
gênero.
16
3) selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e
argumentos em defesa de um ponto de vista;
4) demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a
construção da argumentação;
5) elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando
respeito aos direitos humanos.
Todas essas cinco competências de escrita, embora estejam muito relacionadas entre
si, são avaliadas separadamente, valendo 200 pontos cada uma e totalizando 1000 pontos
para a nota final. Ao longo desta apostila, será possível compreender todas elas de forma
mais detalhada e também como alcançar uma boa pontuação em cada uma.
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1.2. Gêneros textuais e tipos textuais: afinal, qual a diferença?
Para uma boa apropriação dos aspectos que caracterizam a redação do Enem, é
muito importante ter uma noção sobre o que é um gênero textual e sobre o que é um tipo
textual. Desse modo, nesta seção de estudos, vamos procurar esclarecer essa distinção,
mas sem entrar em aprofundamentos teóricos e polêmicas em torno dela. Nosso objetivo é
apenas o de tornar mais acessível os conceitos, de modo que você possa se apropriar com
mais segurança das competências necessárias à redação do Enem e/ou aperfeiçoar seus
conhecimentos a esse respeito. Então, para facilitar nossos estudos, vamos simplificar a
discussão apenas apontando aspectos mais gerais que ajudem você a compreender a
distinção entre gêneros e tipos textuais, de forma simples e objetiva.
Comecemos por dizer que, nas nossas interações diárias, servimo-nos de textos para
a comunicação com/entre as pessoas e que eles atendem a objetivos, situações,
interlocutores variados. Por isso mesmo, eles apresentam características e especificidades
que procuram atender às mais variadas necessidades comunicativas do nosso dia a dia.
Já que atendem a variadas necessidades comunicativas, esses textos são
organizados, estruturados e veiculados de modo bem característico para cumprir esse
objetivo comunicativo e “funcionar” bem nas práticas comunicativas em que estamos
inseridos quando fazemos uso dos textos, tanto quando os produzimos como quando os
lemos. Ou seja, simplificando: os textos apresentam características específicas dependendo
dos objetivos para os quais são produzidos. Por exemplo: uma bula de remédio apresenta
algumas características que lhes são próprias, que nos permitem dizer que se trata de uma
bula. Algumas dessas características estão relacionadas ao conteúdo (informações e
instruções sobre uso de um medicamento), outras estão relacionadas à linguagem (formal,
técnica, descritiva, instrutiva, objetiva), outras, ainda, à estrutura do texto (as informações e
orientações são apresentadas numa determinada ordem, normalmente em letras pequenas
para haver muita informação em pouco espaço). Tudo isso conjugado – e articulado a outros
aspectos – faz com que o texto possa ser chamado de bula, ou bula de remédio. É isso que
chamamos de gênero textual. De modo bem simplificado, então, gêneros textuais são os
“nomes” dados aos diversos textos que circulam na sociedade: carta, cartaz, outdoor,
manual de instruções, notícia, artigo, livro didático, boletim de ocorrência, apostila didática
(como esta que você está lendo agora), e-mail, relatório, poema, diário, piada, charge,
fábula, entre tantos outros que fazem parte das nossas interações comunicativas diárias.
São realmente muitos! Listamos aqui apenas alguns como exemplificação, pois há uma
infinidade de outros gêneros textuais circulando na sociedade.
Basta pararmos um pouco para pensar e constatarmos a quantidade de situações
comunicativas a que estamos expostos todos os dias ao longo da nossa vida e constatarmos
que realmente há uma infinidade de textos com os quais nós lidamos o tempo todo, em
contextos e ambientes variados, com objetivos e finalidades variados, usando formas
variadas também de linguagem que sejam mais eficientes para cada caso, para cada
situação comunicativa. Ou seja: cada gênero textual cumpre uma função social definida,
bem específica.
Justamente porque atendem a necessidades e contextos comunicativos bem
definidos, os gêneros textuais evoluem, ou seja, vão sofrendo modificações ao longo do
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tempo para atenderem às mudanças que vão ocorrendo também nas situações
comunicativas, nos recursos que são utilizados nas interações, entre outros fatores. Por
exemplo: o gênero textual carta, que era muito utilizado no passado, com o advento e
aperfeiçoamento das tecnologias digitais de comunicação, começaram a ser
“transformadas”, digamos assim, em outro gênero, o e-mail, que dispensa o uso de papel,
de caneta e de postagem pelos Correios, visto que são enviados eletronicamente. Apesar
dessa “transformação”, alguns elementos linguísticos e textuais permanecem: o remetente,
o destinatário, as saudações, entre outros.
Para ilustrar essa discussão, vamos analisar um gênero textual muito conhecido e
que faz parte da nossa vida de forma muito marcante, a receita culinária. Vejamos um
exemplo a seguir:
INGREDIENTES
MODO DE PREPARO
1. Pré-aqueça o forno a 180 ºC (temperatura média).
2. Com um pedaço de papel toalha (ou pincel), unte com manteiga uma forma de bolo, com
furo no meio, de 25 cm de diâmetro - tente fazer uma camada bem fina. Polvilhe com
farinha e chacoalhe bem para espalhar. Bata sobre a pia para retirar o excesso.
3. Numa tigela separada, quebre um ovo de cada vez e transfira para o copo do
liquidificador - se um estiver estragado você não perde toda a receita. Junte o óleo, o
açúcar e o leite. Bata até ficar liso, por cerca de 5 minutos.
4. Transfira a mistura para uma tigela grande. Junte o fubá e a farinha, passando pela
peneira. Com um batedor de arame, mexa delicadamente até a massa ficar lisa. Por
último, misture o fermento, as sementes de erva-doce e o sal.
5. Despeje a massa do bolo na forma untada e nivele com uma espátula. Leve ao forno
preaquecido e deixe assar por cerca de 30 minutos. Para saber se o bolo está assado:
espete um palito na massa, se sair limpo é sinal que o bolo está pronto; caso contrário,
deixe por mais alguns minutos até que asse completamente.
6. Retire do forno e deixe esfriar por 15 minutos antes de desenformar. Sirva em
temperatura ambiente.
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Como podemos notar, o texto “RECEITA DE BOLO DE FUBÁ” apresenta algumas
características que são bem específicas de uma receita culinária, tendo em vista
principalmente os seus objetivos. Observe que ele está articulado a uma imagem, que é
dividido em duas partes (INGREDIENTES e MODO DE PREPARO), que essas duas partes
apresentam recursos linguísticos e textuais bem específicos: a parte de INGREDIENTES,
obviamente, apresenta uma lista de produtos que serão utilizados para a execução da
receita; a parte MODO DE PREPARO explica os passos que o leitor deve seguir para
executar a receita. Na lista de ingredientes, há especificação de quantidades necessárias
dos produtos, que foram colocados um abaixo do outro, sem apresentar detalhes sobre as
suas funções, por exemplo. Já na parte dedicada ao modo de preparo, há a apresentação
de uma sequência de passos a serem seguidos para a realização da receita, com
informações mais detalhadas e explicações sobre alguns procedimentos. Há o emprego
recorrente de verbos no modo imperativo, para caracterizar as instruções a serem seguidas
(pré-aqueça, unte, reserve, transfira, despeje, sirva, entre outros). As frases são curtas e
servem como orientação para o leitor proceder na realização de uma tarefa. Enfim, há o
emprego de determinadas formas linguísticas e textuais que são apropriadas para este
gênero textual – a receita culinária – e não para outros.
Bom, neste ponto, é importante destacar que para a constituição dos gêneros são
empregadas determinadas sequências textuais, determinados recursos linguísticos que
caracterizam o que chamamos de tipos textuais. Então, já podemos tirar algumas conclusões
sobre a diferença entre gêneros textuais e tipos textuais. De forma bem resumida, podemos
dizer que os gêneros textuais são os próprios textos, ou seja, são os textos que cumprem
uma determinada função social na situação comunicativa. Por exemplo: a receita culinária
cumpre a função comunicativa de orientar o leitor na execução de um prato (um bolo de
fubá, no exemplo dado anteriormente), fornecendo informações sobre os ingredientes a
serem utilizados e explicações sobre a forma de fazer, sobre como executar a receita. Já os
tipos textuais referem-se à estrutura dos textos, ao modo como eles estão organizados, ao
vocabulário, aos tipos de sequências linguísticas usadas para finalidades diversas: contar,
descrever, argumentar e informar são as principais. Assim, dependendo dessas finalidades,
os tipos textuais podem ser classificados basicamente como: narrativo, descritivo,
dissertativo (expositivo e argumentativo), explicativo (injuntivo e prescritivo).
Mas qual a finalidade de cada tipo textual? Como saber de que tipo textual se trata?
Bom, vamos lá! Antes de tudo, precisamos ter em mente que um mesmo texto pode
apresentar tipos textuais variados, ou seja: um mesmo texto pode apresentar passagens de
várias tipologias textuais. Não se esqueça disso, pois será uma informação muito importante
quando estivermos tratando da redação do Enem especificamente.
Vejamos os principais tipos textuais e suas características:
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TEXTO DESCRITIVO: a principal finalidade do texto descritivo é detalhar aspectos de
um determinado lugar, de um objeto, de uma pessoa, de um acontecimento ou qualquer
outra coisa sobre a qual se queira transmitir impressões, características, qualidades. É muito
comum que os textos descritivos sejam utilizados para “complementar” outros tipos de texto.
Por exemplo: em um texto narrativo, pode ser que o narrador queira descrever as
características do lugar onde se passa a história.
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Atenção: Um mesmo texto pode apresentar passagens
e características de mais de um tipo textual. Ou seja:
mais de um tipo textual (o descritivo e o injuntivo, por
exemplo) pode ser utilizado na composição de um
gênero textual. A receita culinária, por exemplo,
apresenta sequências descritivas e injuntivas
basicamente.
Notou como não é tão difícil? Se ainda tem alguma dúvida, não se preocupe! Você
pode rever as explicações e, também, à medida que formos avançando nos estudos, com
atenção e dedicação, cada vez mais você começará a se apropriar das características
apresentadas e, ao final, terá um bom conhecimento a respeito da redação do Enem. Para
haver um domínio eficiente desses conteúdos tratados até aqui, é muito importante que você
exercite. Então, após termos conhecido quais são as principais diferenças entre gênero
textual e tipo textual, podemos exercitar um pouco.
Agora, já podemos começar a tratar do que mais nos interessa em nossos estudos
deste módulo: O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO. Conforme já dissemos
anteriormente, é este o tipo de texto cobrado na redação do Enem.
Vamos lá?
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Atenção: Na próxima seção deste módulo, vamos dar
atenção especial à redação do Enem como gênero. Por
enquanto, vamos tratar do tipo textual que constitui o
gênero redação do Enem. Embora haja muitas
controvérsias sobre se e como identificar a redação do
Enem como um gênero, vamos simplificar as coisas e
dizer apenas que a redação do Enem é um gênero
constituído por meio do tipo dissertativo-argumentativo.
Na próxima seção, explicaremos mais detalhadamente
esse aspecto.
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Assim, o autor do texto dissertativo-argumentativo, diante do tema sobre o qual ele
vai discorrer, deve primeiramente tomar uma posição, apresentar um ponto de vista sobre
esse tema e, em seguida, deve procurar convencer o leitor, utilizando elementos que ajudem
a justificar o seu ponto de vista, ou seja, utilizando argumentos. Os argumentos podem ser
constituídos, por exemplo, de fatos, dados estatísticos, exemplificações, que ajudem a
comprovar a tese defendida.
Em geral, a tese é apresentada na introdução do texto, e os argumentos, no
desenvolvimento. Não há uma regra sobre quantidades de parágrafos para o texto
dissertativo-argumentativo, mas, em geral, ele é estruturado em torno de quatro ou cinco
parágrafos: um parágrafo para a introdução; dois ou três para o desenvolvimento; um para
a conclusão. Mas lembre-se: isso não é uma regra. O que acontece normalmente é que um
parágrafo é suficiente para a apresentação da tese na introdução, cada parágrafo do
desenvolvimento é suficiente para cada argumento selecionado pelo autor, e um parágrafo
é suficiente para a conclusão.
Assim, teríamos um esquema mais ou menos assim para o texto dissertativo-
argumentativo:
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
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Atenção: Este é apenas um esquema ilustrativo. Como
dissemos, não há uma regra para a quantidade de
parágrafos do texto dissertativo-argumentativo, mas na
redação do Enem é uma boa sugestão, devido ao
número de linhas disponíveis para o texto.
Todo esse percurso deve ser feito utilizando-se uma linguagem impessoal e de
acordo com a norma culta da língua portuguesa. Isso quer dizer que deve ser evitada a
pessoalidade do discurso, ou seja, o uso da primeira pessoa gramatical (eu, nós) e que a
escrita deve seguir as regras da gramática normativa da língua portuguesa.
Para finalizar esta seção de estudos sobre o texto dissertativo-argumentativo, vamos
analisar uma redação que recebeu nota mil no Enem 2018. Ou seja, vamos ver como tudo
isso funciona na prática.
O texto escolhido foi produzido por Carolina Mendes Pereira e está disponível na
CARTILHA DO PARTICIPANTE DO ENEM 2019. O tema é “Manipulação do comportamento
do usuário pelo controle de dados na internet”.
Em sua canção “Pela Internet”, o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a quantidade de
informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus usuários. No entanto, com
25
o avanço de algoritmos e mecanismos de controle de dados desenvolvidos por empresas de
aplicativos e redes sociais, essa abundância vem sendo restringida e as notícias, e produtos
culturais vêm sendo cada vez mais direcionados – uma conjuntura atual apta a moldar os
hábitos e a informatividade dos usuários. Desse modo, tal manipulação do comportamento
de usuários pela seleção prévia de dados é inconcebível e merece um olhar mais crítico de
enfrentamento.
Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz de
limitar a própria cidadania do indivíduo. Acerca disso, é pertinente trazer o discurso do
filósofo Jürgen Habermas, no qual ele conceitua a ação comunicativa: esta consiste na
capacidade de uma pessoa em defender seus interesses e demonstrar o que acha melhor
para a comunidade, demandando ampla informatividade prévia. Assim, sabendo que a
cidadania consiste na luta pelo bem-estar social, caso os sujeitos não possuam um pleno
conhecimento da realidade na qual estão inseridos e de como seu próximo pode desfrutar
do bem comum – já que suas fontes de informação estão direcionadas –, eles serão
incapazes de assumir plena defesa pelo coletivo. Logo, a manipulação do comportamento
não pode ser aceita em nome do combate, também, ao individualismo e do zelo pelo bem
grupal.
Em segundo lugar, vale salientar como o controle de dados pela internet vai de
encontro à concepção do indivíduo pós-moderno. Isso porque, de acordo com o filósofo pós-
estruturalista Stuart-Hall, o sujeito inserido na pós-modernidade é dotado de múltiplas
identidades. Sendo assim, as preferências e ideias das pessoas estão em constante
interação, o que pode ser limitado pela prévia seleção de informações, comerciais, produtos,
entre outros. Por fim, seria negligente não notar como a tentativa de tais algoritmos de criar
universos culturais adequados a um gosto de seu usuário criam uma falsa sensação de livre-
arbítrio e tolhe os múltiplos interesses e identidades que um sujeito poderia assumir.
Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar essa problemática. Para tanto,
as instituições escolares são responsáveis pela educação digital e emancipação de seus
alunos, com o intuito de deixá-los cientes dos mecanismos utilizados pelas novas
tecnologias de comunicação e informação e torná-los mais críticos. Isso pode ser feito pela
abordagem da temática, desde o ensino fundamental – uma vez que as gerações estão,
cada vez mais cedo, imersas na realidade das novas tecnologias –, de maneira lúdica e
adaptada à faixa etária, contando com a capacitação prévia dos professores acerca dos
novos meios comunicativos. Por meio, também, de palestras com profissionais das áreas da
informática que expliquem como os alunos poderão ampliar seu meio de informações e
demonstrem como lidar com tais seletividades, haverá um caminho traçado para uma
sociedade emancipada.
Figura 2: Redação Nota 1000/Enem 2018.
Fonte: BRASIL/INEP (2019). A redação do Enem 2019: cartilha do participante. Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2019/redacao_enem2019_cartilha_participant
e.pdf. Acesso em: 25 jul. 2020.
Com relação à estrutura, note que a redação apresenta quatro parágrafos: um para a
introdução; dois para o desenvolvimento; um para a conclusão. Retomando o esquema
apresentado anteriormente, podemos sintetizar a redação da seguinte maneira:
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INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
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Atividade: Antes de passar para a próxima seção de
estudos deste módulo, vá até a sala virtual e resolva os
“Exercícios de avaliação da aprendizagem #3”.
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Dica do Professor: No site do Inep, você encontra todas
as propostas e manuais de anos anteriores, com
exemplos de redações que obtiveram nota 1000.
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Figura 3: Proposta de redação do Enem.
Fonte: BRASIL/INEP (2019). A redação do Enem 2019: cartilha do participante. Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2019/redacao_enem2019_cartilha_participant
e.pdf. Acesso em: 25 jul. 2020.
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As propostas de redação do Enem seguem sempre o mesmo formato todo ano. Após
a leitura atenta da proposta de redação do Enem 2018, que acaba de ser apresentada, você
deve ter notado que o primeiro elemento que aparece são as INSTRUÇÕES PARA A
REDAÇÃO, as quais orientam sobre os procedimentos que devem ser seguidos e algumas
explicações sobre as situações que levam à nota zero. Em seguida, são apresentados os
TEXTOS MOTIVADORES, ou seja, textos que dialogam com o tema sobre o qual você
deverá escrever. São textos de gêneros variados, em linguagem verbal e não verbal, que
apresentam perspectivas, opiniões, dados, informações sobre o tema. Finalmente, é
apresentada a PROPOSTA DE REDAÇÃO em si, na qual há o comando para a escrita da
redação, com orientações sobre o tipo de texto (dissertativo-argumentativo) e a modalidade
escrita a ser utilizada (formal, ou seja, de acordo com a norma padrão da língua portuguesa),
o tema a ser discutido (no caso da proposta do Enem 2018, “Manipulação do
comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”) e uma instrução para
que se apresente uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Tratando mais especificamente dos textos motivadores, pois são muito importantes
para ajudar na abordagem a ser feita na redação, note que foram apresentados quatro textos
versando sobre várias dimensões do tema:
• o Texto I é um fragmento de reportagem que discute o funcionamento de
algoritmos em aplicativos e programas que se concentram na construção de um
universo cultural personalizado para o usuário;
31
• o Texto II é um fragmento de artigo que discute o processo de controle de
conteúdo informacional, apontando que esse controle parte das indicações dos
usuários, é mediado por moderadores e decidido por algoritmos;
• o Texto III é um infográfico que mostra estatísticas do ano de 2016 sobre o
acesso à internet por gênero, faixa etária e finalidade;
• o Texto IV é um fragmento de artigo que mostra como a filtragem de informações
pelos sistemas pode gerar a ilusão de liberdade de escolha para o usuário.
TEMA
TESE
ARGUMENTOS
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
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Tudo isso que foi visto até aqui é avaliado na redação do Enem por meio da
observação de cinco competências, que valem, cada uma, 200 pontos, totalizando os 1000
pontos que valem a redação, como já foi explicado anteriormente. Essas cinco competências
serão estudadas detalhadamente nos módulos seguintes, mas já podemos adiantar um
pouco sobre como elas são avaliadas.
Competência 1
• Na competência 1 é avaliado o domínio da norma culta da língua
portuguesa: pontuação, acentuação, ortografia, regência,
concordância, entre outros aspectos.
Competência 2
• Na competência 2 é avaliada a estrutura do texto dissertativo-
argumentativo e a abordagem do tema, verificando se o texto
apresenta as características do texto dissertativo-argumentativo e
se o tema foi adequadamente discutido.
Competência 3
• Na competência 3 é avaliada a organização textual dos
argumentos, tendo em vista sua seleção, sua relação e sua
interpretação, verificando se eles são adequados e pertinentes.
Competência 4
• Na competência 4 é avaliada a utilização de mecanismos de
coesão na construção da argumentação: emprego de recursos
coesivos, tais como as conjunções e os pronomes, por exemplo.
Competência 5
• Na competência 5 é avaliada a proposta de intervenção social,
que deve conter cinco elementos essenciais: o agente, a ação, o
modo/meio, o efeito e o detalhamento da proposta.
Finalmente, chegando ao final dos estudos deste módulo, propomos que você leia e
analise a redação a seguir, escrita por Mattheus Martins Wengenroth Cardoso, sobre o tema
do Enem de 2018 e que tirou nota 1000 no exame. Este é um exercício de aprofundamento
da aprendizagem. Vamos lá?
Leia a redação uma primeira vez com bastante atenção, mas sem se preocupar em
analisá-la. Depois, volte a ela, relendo cuidadosamente e procurando responder às
seguintes questões:
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• A redação exemplifica bem os estudos que fizemos sobre as características do
texto dissertativo-argumentativo? Por quê?
• O autor discutiu adequadamente o tema proposto?
• Qual a tese do autor? Em que parágrafo ela é apresentada?
• Qual o primeiro argumento que o autor utiliza para defender a sua tese? Em qual
parágrafo ele é apresentado?
• Qual o segundo argumento? Em qual parágrafo ele é apresentado?
• Qual a proposta de intervenção social que o autor apresenta? Ela respeita os
direitos humanos?
34
Figura 4: Redação Nota 1000 no Enem 2018.
Fonte: BRASIL/INEP (2019). A redação do Enem 2019: cartilha do participante. Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2019/redacao_enem2019_cartilha_participant
e.pdf. Acesso em: 25 jul. 2020.
35
36
Semana 2 – Domínio da norma culta e mecanismos de
coesão: compreendendo e aperfeiçoando as competências
I e IV da redação do Enem
Objetivos
Nesta semana, iremos estudar, de forma mais específica, sobre as
competências I e IV da redação do ENEM, quais sejam: domínio da
norma culta e mecanismo de coesão.
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É, então, muito importante conhecer, com detalhes, quais aspectos são avaliados nos
cinco níveis dessas competências, não é mesmo? É o que faremos nas próximas seções.
Vamos lá?
38
vírgula no lugar de um ponto final que deveria indicar o fim da frase (justaposição), o que
interfere na qualidade da estrutura sintática. A frequência com que essas falhas ocorrem no
texto e o quanto elas prejudicam sua compreensão como um todo é que ajudará a definir o
nível que uma redação deve ser avaliada.
Para que você não tenha problemas de estrutura sintática em seu texto,
apresentamos, seguir, aqueles considerados mais comuns.
Truncamento de períodos
Truncamento de períodos é uma falha sintática em que pode ocorrer (i) separação da
oração principal e oração subordinada, (ii) separação de duas orações coordenadas ou,
ainda, (iii) separação de períodos, frases ou partes de uma oração que deveriam constituir
um único período. Vejamos:
(i) Quando a família e a escola se unem. As crianças são as principais
favorecidas.
(ii) As crianças estavam frequentando a escola regularmente. Mas não estavam
fazendo as tarefas escolares em casa.
(iii) Nos séculos anteriores ao século XXI. As crianças não iam para a escola antes
dos 6 anos de idade.
39
• Crianças em idade escolar, geralmente, têm atividades de fixação da aprendizagem
para serem feitas em casa. Em virtude disso, é muito importante que os pais fiquem
atentos ao comportamento das crianças durante a realização dessas tarefas.
(i) Crianças em idade escolar são fortemente influenciadas pelas as atitudes dos
professores.
(ii) É importante que os pais fiquem atentos comportamento das crianças durante a
realização de tarefas.
No primeiro exemplo, temos uma falha de estrutura sintática por excesso, já que
ocorre repetição de elementos sintáticos, isto é, há a repetição do artigo definido ‘as’ na
expressão ‘pelas as redes’, visto que já existe um artigo na contração ‘pelas’ (preposição
‘por’ + artigo ‘as’). Já, no segundo caso, há uma falha de estrutura sintática por ausência de
um elemento sintático, visto que a expressão ‘fiquem atentos comportamento das crianças’
deveria ser, na verdade, ‘fiquem atentos ao comportamento das crianças’.
2.1.2 Os desvios
40
Dica do Professor: Visite a página oficial da Academia
Brasileira de Letras (link). Lá, além de informações sobre
o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, você
encontrará o VOLP, Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa, em que, por meio de uma ferramenta de
busca, é possível verificar a grafia atualizada das
palavras.
Desvios gramaticais
Os desvios gramaticais, por sua vez, dizem respeito a questões que estão menos
relacionadas à observação de palavras de forma isolada; referem-se, por outro lado, a
problemas gerados pelo estabelecimento indevido de relações entre elas, conforme as
regras da gramática normativa, tais como:
1. regência;
2. concordância;
3. pontuação;
4. paralelismo sintático;
5. emprego de pronomes ou colocação pronominal; e
6. crase.
• Nos séculos anteriores (1) o século XXI (3) as crianças não iam para a escola
antes dos 6 anos de idade. Contemporaneamente, no entanto, elas vão antes
mesmo dos 4 anos, que é a idade mínima obrigatória. Assim, aprende (2), desde
cedo, além de (5) relacionar com outra (2) crianças, o que pode ser chamado de
socialização, conhecimentos básicos necessários a (6) introdução e (4)
consolidação do processo de ensino e aprendizagem. Para que isso ocorra de
forma efetiva é muito importante que haja a participação dos pais, visto que (3)
quando a família e a escola (5) unem (3) as crianças são as principais favorecidas.
41
concordância verbal (2 = aprendem) e nominal (2 = outras), crase (6 = à introdução) e,
também, quanto ao emprego de pronomes (5 = se relacionar; 5 = se unem) e paralelismo
sintático (4 = à consolidação). Assim, sem desvios gramaticais, o parágrafo ficaria reescrito
da seguinte forma:
• Nos séculos anteriores ao século XXI, as crianças não iam para a escola antes
dos 6 anos de idade. Contemporaneamente, no entanto, elas vão antes mesmo
dos 4 anos, que é a idade mínima obrigatória. Assim, aprendem, desde cedo,
além de se relacionar com outras crianças, o que pode ser chamado de
socialização, conhecimentos básicos necessários à a introdução e à consolidação
do processo de ensino e aprendizagem. Para que isso ocorra de forma efetiva é
muito importante que haja a participação dos pais, visto que, quando a família e
a escola se unem, as crianças são as principais favorecidas.
42
Atividade: Antes de continuar os estudos deste módulo,
vá até a sala virtual e resolva os “Exercícios de avaliação
da aprendizagem #5).
Note que a expressão em negrito (por isso) promove uma ligação entre a primeira
parte da frase (também chamada de período), “A prova estava fácil”, e a segunda, “os alunos
conseguiram boas notas”. Ao mesmo tempo em que faz essa ligação, a expressão “por isso”
indica uma CONCLUSÃO: os alunos conseguirem boas notas é uma conclusão que se tira
do fato de a prova estar fácil, não é mesmo? Esse mecanismo de coesão chama-se
“conjunção”, um dos tipos de mecanismos de coesão. Além das conjunções, há vários outros
mecanismos coesivos, como os pronomes, por exemplo. Vejamos mais um exemplo:
Note que a palavra em negrito (eles) retoma o termo “os alunos”, promovendo uma
articulação entre os dois períodos, ou seja, as duas frases. Diferentemente de expressar
uma relação de sentido entre elas, o pronome pessoal “eles” faz uma retomada de um termo
anterior, de modo a dar progressão ao texto e evitar uma repetição. Esse tipo de coesão
também pode ser obtido por meio da utilização de palavras sinônimas ou quase sinônimas,
por exemplo. Veja:
3) Os alunos conseguiram boas notas nas provas, o que foi possível graças ao seu esforço
e à sua dedicação, características marcantes desses estudantes.
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Note como a palavra “estudantes” retoma o termo “alunos”, evitando uma repetição
e garantindo a progressão do texto.
A essa altura, podemos lembrar que, além dos tipos de mecanismos coesivos, há
também várias formas de se construir a coesão textual. No entanto, para simplificar nossos
estudos, nesta apostila vamos nos dedicar somente a uma parte deles, enfocando mais
atentamente aqueles que normalmente causam mais dificuldade e ao mesmo tempo são
muito valorizados na avaliação da redação do ENEM, ou seja, vamos focalizar os
mecanismos de coesão que funcionam também como operadores argumentativos e que
auxiliam justamente na construção da argumentação.
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LISTA DE OPERADORES ARGUMENTATIVOS E EXEMPLIFICAÇÃO
O emprego adequado dos mecanismos coesivos ajuda inclusive a obter uma boa nota na
competência 3.
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A construção da argumentação depende muito do bom emprego de mecanismos
coesivos, portanto é preciso um bom domínio desses elementos.
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8) Operadores que indicam ratificação ou explicação de enunciados anteriores
Por fim, deixamos algumas dicas que podem ser úteis na utilização dos mecanismos
de coesão e que, consequentemente, ajudam na construção da unidade textual, que é um
aspecto muito importante para a qualidade do texto dissertativo-argumentativo:
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Evite repetições, substituindo termos e
expressões por pronomes, por advérbios,
por sinônimos!
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Semana 3 – Estratégias textuais e argumentativas:
compreendendo e aperfeiçoando as competências II, III e V
Objetivos
Nesta semana, iremos estudar o repertório sociocultural, as
estratégias argumentativas e a proposta de intervenção social,
que correspondem às competências II, III e V da redação do
Enem.
A competência II é uma das mais importantes da redação do ENEM, por isso é preciso
que você tenha uma atenção redobrada a esse item de avaliação na hora de escrever seu
texto. Você deve estar se perguntando: por quê? Primeiro, porque seu texto precisa
demonstrar que você compreendeu a proposta de redação. Isso significa que ele deve
discutir a questão social (ou problema) presente na frase temática.
Em síntese, você precisa abordar o tema. Essa é uma condição mínima para que seu
texto seja avaliado. Isso também é válido para o tipo de texto (dissertativo-argumentativo),
sob pena de a redação receber nota zero.
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Atenção: Na grade de avaliação da redação do Enem,
note que a competência II é a única em que o
participante não pode receber nota zero. Isso porque se
o candidato abordar apenas o assunto, ou outro tema, a
redação já é eliminada do processo de avaliação. Na
proposta de 2018, um texto que aborde exclusivamente
tecnologia, ou mídia, sem mencionar as palavras-chave
da frase temática, é avaliado como “fuga ao tema”. Essa
anulação também ocorre se ele abordar o tema, porém
desenvolvendo-o em outro tipo de texto, como, por
exemplo, em um relato pessoal, no qual há
predominância do tipo narrativo.
Para que você atinja as notas mais altas nessa competência (essa é a sua meta,
certo?), é necessário que seu texto apresente, além da abordagem completa do tema e das
três partes do texto, um repertório sociocultural produtivo. Mais para frente, explicaremos
mais detalhadamente como você pode aplicar conceitos de várias áreas dos conhecimentos
para desenvolver o tema de forma plena e consistente.
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Continuando, a competência II é ainda central, porque é a partir dela que as
competências III e V se orientam e se organizam. Tomemos como exemplo uma das partes
do texto dissertativo-argumentativo, o desenvolvimento. Revisando o que foi dito no módulo
1, é importante que a redação apresente argumentos, pelo menos dois, cada qual em um
parágrafo distinto. Desse modo, na competência II, os argumentos indicados serão avaliados
apenas sob o ponto de vista estrutural, ou seja, se há ou não argumentos no texto, sem
considerar a qualidade deles como a diversidade de estratégias utilizadas (estudaremos
esse aspecto também em uma seção específica). Por outro lado, isso é feito na competência
III, que avalia essa seleção, relação, organização e desenvolvimento dos argumentos em
defesa de um ponto de vista. Consequentemente, para que o texto apresente informações,
fatos e opiniões relacionadas ao tema, é necessário, como previsto na competência II, que
sua abordagem seja completa.
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Atenção: A Cartilha do Participante de 2018 explica que
projeto de texto “é o planejamento prévio à escrita da
redação. É o esquema que se deixa perceber pela
organização estratégica dos argumentos presentes no
texto. É nele que são definidos quais os argumentos que
serão mobilizados para a defesa de sua tese, quais os
momentos de introduzi-los e qual a melhor ordem para
apresentá-los, de modo a garantir que o texto final seja
articulado, claro e coerente”. (p.19)
Isso mesmo, antes de começar a escrita efetiva da redação, você precisa ler os textos
que foram disponibilizados na folha da proposta, pois a finalidade deles é justamente nortear
a sua escrita, oferecendo-lhe caminho(s) argumentativo(s). Assim, nada de já partir para a
escrita, sem ter um rumo claramente definido para onde você quer chegar com suas ideias.
Combinado?
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Como foi dito no módulo 1, os textos motivadores são textos de gêneros variados que
dialogam com a frase temática da proposta e apresentam perspectivas, opiniões, dados,
informações sobre o tema. Por isso a leitura deles é indispensável. Assim, antes mesmo de
iniciar a leitura, passe rapidamente os olhos pelos textos motivadores, observe sua
configuração, identifique seu gênero, seu autor, a data e o local de publicação e/ou
circulação. Durante a leitura, marque os trechos que contenham opinião, dados e/ou
informação principal sobre o tema. Depois, releia novamente os textos motivadores,
interpretando o que foi selecionado por você, ou seja, busque responder, por exemplo: o que
o texto diz sobre o tema? Por que o autor menciona esse dado? O que esse dado revela?
Essa opinião contraria ou confirma a questão social (problema) presente no tema? Tomemos
o texto I da proposta de redação de 2018.
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Figura 7: Exemplo de resumo anotado ao lado do texto motivador.
Fonte: elaborada pelos autores.
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Figura 8: Dicas de como utilizar os textos motivadores na redação.
Fonte: elaborada pelos autores.
Vejamos como Carolina Mendes Pereira, cuja redação foi reproduzida no módulo 1,
parece utilizar o texto motivador I, no 3º parágrafo de sua redação, que obteve nota 1000.
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Figura 9: Trecho de texto motivador.
Fonte: Imagem elaborada pelos autores a partir de redação publicada na Cartilha do participante 2019.
BRASIL/INEP (2019). A redação do Enem 2019: cartilha do participante. Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2019/redacao_enem2019_cartilha_participant
e.pdf. Acesso em: 25 jul. 2020
Além do uso inteligente dos textos motivadores, para que sua redação tenha uma boa
argumentação, é necessário diversificar os tipos de argumentos ou estratégias
argumentativas. A seguir, enumeramos algumas delas:
1. alusões históricas;
2. causa-consequência;
3. citações de autoridade;
4. comparações entre fatos, situações, épocas ou lugares distintos;
5. dados estatísticos;
6. declaração inicial;
7. definição;
8. evidências;
9. exemplos;
10. oposição ou contraste;
11. pequenas narrativas ilustrativas;
12. pergunta(s).
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Para finalizarmos esta seção, é importante frisar que, após selecionar e interpretar
informações, fatos, opiniões e argumentos dos textos motivadores, é preciso que você os
relacione às suas experiências de vida e aos conhecimentos adquiridos ao longo de toda a
sua formação escolar. Também que você organize seus argumentos de maneira coerente e
independente desses textos motivadores, evidenciando, assim, sua autoria.
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Direito, Administração, Medicina, Jornalismo, Cinema, Literatura, entre outras. Veja no
quadro, a seguir, o que pode ser considerado repertório legitimado por essas Áreas.
• referência aos meios de comunicação conhecidos, como redes sociais, mídia, jornais (O Globo,
Revista Veja, Rede Globo, Folha de S. Paulo etc.)
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e tecnologia”. Então, o que você, participante da prova do Enem, poderá fazer é construir
seu repertório também a partir do eixo temático.
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Na figura acima, você pode observar como a autora dessa redação conseguiu
articular bem o repertório ao argumento desenvolvido no parágrafo.
O Ensino Médio tem como finalidade dar continuidade aos estudos, aprofundando os
conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, além disso preparar o jovem para o
trabalho e para uma participação engajada na sociedade, de modo que ele exerça sua
cidadania e transforme o mundo em que vivemos em um lugar melhor para todos. Por isso
a prova do ENEM coloca essa exigência ao participante de pensar e propor uma “intervenção
social” para o problema apresentado no tema. Isso não significa elaborar uma proposta com
a pretensão de solucioná-lo (o que seria uma tarefa difícil!), mas sim apresentar uma
iniciativa para minimizá-lo. Logo, a proposta configura-se como uma manifestação do desejo
do participante de que uma ação seja executada, por um determinado meio/modo, e por
agentes sociais, e que essa tenha um efeito nesse combate, ou enfrentamento do
problema. Esses elementos, em destaque, são aqueles que precisam constar em sua
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proposta para que essa seja vista como de fato existente no texto e como uma iniciativa
efetiva e prática. Vejamos cada um desses elementos em particular.
1. AÇÃO: diz respeito ao que deve ser feito (seja a nível individual, familiar, comunitário,
social, político, governamental e mundial). É a partir desse elemento que todos os outros se
organizam.
2. AGENTE: corresponde aos atores sociais, isto é, quem executará a ação que se propõe.
3. MODO/MEIO: está relacionado à maneira e/ou aos recursos pelos quais a ação é
realizada, ou seja, a como se executará, ou por meio de quê.
Além desses quatro elementos, espera-se que, para uma formulação mais concreta e
mais elaborada da proposta de intervenção, outras informações sejam acrescentadas, ou
seja, que haja um detalhamento.
Agora que você já sabe o que é a proposta de intervenção, vejamos como você pode
elaborá-la em seu texto. A seguir, apresentamos um esquema, em que ela se situa no último
parágrafo.
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Figura 10: Esquema de proposta de intervenção social.
Fonte: Imagem elaborada pelos autores.
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Figura 11: Exemplo de estrutura do parágrafo de conclusão com proposta de intervenção.
Fonte: Imagem elaborada pelos autores a partir de uma redação publicada na Cartilha do participante 2019.
BRASIL/INEP (2019). A redação do Enem 2019: cartilha do participante. Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2019/redacao_enem2019_cartilha_participant
e.pdf. Acesso em: 25 jul. 2020.
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Finalmente, desejamos que tenham realizado um bom curso e que tenham
desenvolvido e/ou aperfeiçoado suas competências para a produção do texto dissertativo-
argumentativo cobrado na redação do Enem e aproveitamos para incentivá-lo a conhecer
também outras oportunidades de cursos online gratuitos ofertados na Plataforma +IFMG.
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Referências
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Currículos do autor e das autoras
Adilson Ribeiro de Oliveira é professor de Língua Portuguesa e Literatura no IFMG –
Campus Ouro Branco, onde atua nos diversos níveis e modalidades de ensino. Tem
doutorado em Letras (Linguística e Língua Portuguesa) e uma larga experiência no
ensino de redação.
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Glossário de códigos QR (Quick Response)
Mídia digital
Mídia digital Videoaula:
Videoaula: “Domínio “Abordagem do
da norma culta e tema, repertório
mecanismos de sociocultural e
coesão” estratégias
argumentativas”
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Plataforma +IFMG
Formação Inicial e Continuada EaD