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Ao entregar um projeto estrutural, você está oficializando que a partir daquele momento, você é o
idealizador daquela estrutura, e portanto corresponsável por ela, e que tudo o que estiver escrito ali
deve ser seguido conforme especificado. Ao mesmo tempo, você está entregando um documento
que pode mexer com sua reputação (para o bem ou para o mal), podendo ser o melhor cartão de
visitas para alavancar sua clientela, ou então um atestado de incompetência.
Por isso, hoje vou falar sobre os itens que eu considero essenciais em um projeto estrutural, para
que você não caia em alguns erros aparentemente banais, mas que podem causar estragos
enormes, tanto físicos quanto à sua carreira.
Um dos erros mais comuns: O projetista especifica o perfil, mas não especifica o material, ou pior,
especifica algo que ou não existe, ou pelo menos não existe no mercado.
Você deve inserir um campo na tabela da sua lista de materiais para especificar o material, para não
abrir margem para problemas futuros. O problema mais comum é o calculista especificar um perfil
formado a frio e não especificar o material, deixando o executor livre para escolher o material que ele
quiser. Perfis formados a frio são fabricados à partir de chapas de várias classificações e vão desde
o SAE1008 com limite de escoamento próximo de 180 MPa até o patinável USI-SAC300. Se você
calcular com um SAE-1020 que possui 240 MPa e não especificar isso, o construtor pode comprar
qualquer um, com limites de escoamento menores e assim, no caso de haver um sinistro, o
responsável é quem não especificou.
Também é uma questão que denuncia a inexperiência do projetista: um executor experiente sabe
que apesar de ser possível encontrar chapas dobradas A36, não é tão fácil adquirir nas lojas de aço,
e que fornecedores como a Gerdau entregam SAE1020, e outros fornecedores costumam trabalhar
com os SAE 1008, SAE 1010 e SAE 1012 normalmente.
Então se no projeto está A36 para um perfil formado a frio, errado não está, mas o fabricante vai ter
mais dificuldade para encontrar esse material, e quando ver o seu projeto vai saber que não se trata
de um projetista que conhece bem o que está disponível no mercado. Logo, as chances de ele te
contratar no futuro serão menores, afinal os fabricantes reconhecem os melhores calculistas.
Outro erro comum é especificar perfis W em ASTM A36. Esse erro torna óbvio que o autor do projeto
não tem noção que esses perfis no nosso mercado são entregues em ASTM A572-Gr 50, podendo
ter variações sob encomenda, mas que isso é algo para obras gigantescas. Novamente, um executor
experiente sabe disso, e quando se depara com um projeto assim já sabe que o calculista não é do
ramo.
Essa é uma boa prática que eu recomendo muito: em uma das folhas do projeto deixe claro quais
foram as cargas permanentes e sobrecargas que podem ser adicionadas à estrutura.
Cargas permitidas:
Dessa forma você não deixa dúvidas a respeito do que pode ser instalado na estrutura, e ninguém
poderá reclamar que não sabia de nada.
3 - Especifique as soldas.
É importante especificar as soldas em projeto. Mesmo que seja uma especificação típica, deixe claro
qual será o tipo de solda (filete, penetração total, penetração parcial), a espessura da perna, o
comprimento e principalmente, o material do metal de solda (E60XX, E70XX, E80XX). É claro que
um detalhe típico é permitido e facilita a vida do calculista mas dificulta a vida do fabricante, afinal se
você colocar um detalhe indicando que todas as soldas devem ser de filete, espessura 5mm e em
todo contorno usando metal de solda E70XX, ele vai ter que fazer aquilo em todas as peças, e
existem casos em que fazer isso seria um tremendo desperdício, poderia se fazer uma solda
intermitente, com metal de solda E60, intercalada para evitar empenamento, etc.
Sempre tenha em mente que o processo de soldagem exige um profissional qualificado e habilidoso,
e consome insumos, que não é barato para o fabricante.
Portanto, ao especificar somente as soldas necessárias, nem mais, nem menos, faz você ganhar
muitos pontos com o seu cliente, consolidando seu nome no mercado.
Às vezes nos deparamos com algumas peças que são difíceis de representar em 2D, e pode ser que
o executor perca muito tempo para compreender do que se trata, ou pior, pode ser que entenda
errado. Se para nós engenheiros muitas vezes no conforto dos nossos escritórios já é difícil
interpretar alguns detalhes de tantos recortes e reentradas que possuem, imagine para o profissional
sob pressão na fábrica ou no campo. Portanto, quando perceber que um detalhe vai exigir mais de
10 segundos para ser interpretado, puxe uma vista isométrica, pense em facilitar a vida do fabricante
sempre. Um fabricante que gostar do seu trabalho vai te contratar 1000 vezes depois do primeiro
projeto, pois sabe que você entende o que ele sofre e sabe dar o remédio que ele precisa.
5 - Capriche no carimbo.
Se você pensa que o seu projeto é visto somente pelo fabricante, se engana. O projeto estrutural é
enviado para os revendedores de aço, vai para os escritórios de arquitetura para fazer
compatibilização com outras disciplinas, vai para os executores de fundações, calhas, alvenaria...
enfim, seu trabalho passa pelas mãos de muita gente importante. É nessa hora que você deve ter
um carimbo bem feito, com um bom logotipo, seu número de telefone, e-mail e é claro, um BELO
DESENHO que dê vontade de emoldurar e colocar na parede de tão bonito e detalhado que está.
Esse é o seu MELHOR e mais poderoso cartão de visitas, não existe outro que seja tão eficaz em
consolidar seu nome no mercado quanto uma folha A1 bem feita com seu nome e telefone no
carimbo.