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Módulo 2

Aquisição de Dados

2.1. Sistema de Aquisição de Dados

A aquisição de dados é a coleta de informação para fins de armazenamento e uso


posterior, como análise dos dados e consequente controle e monitoração do processo.
Nas aplicações industriais, a aquisição de dados deve ser em tempo real, ou seja, o
sistema deve ter a habilidade de coletar os dados ou fazer uma tarefa de controle dentro
de uma janela aceitável de tempo. A duração da janela de tempo depende de quão
rapidamente o sistema deve responder, que é uma função da velocidade e exatidão
requeridas para uma dada aplicação.
O equipamento usado para coletar dados é chamado de sistema de aquisição de dados.
Este sistema é tão utilizado, que vários fabricantes de equipamentos o oferecem em
pacotes mais ou menos padronizados, combinando o controle supervisório e aquisição
de dados (SCADA – Supervisory Control And Data Aquisition), rivalizando em
aplicações com os sistemas digitais de controle distribuído (SDCD) ou os controladores
lógico programáveis (CLP).
Tal sistema funciona como uma interface entre o ambiente real de parâmetros físicos do
processo, que é analógico e o ambiente do computador, que é digital. O diagrama de
blocos mostra os elementos mais comumente usados em um sistema industrial de
aquisição de dados.

Os sensores medem as variáveis interessantes do processo. Os elementos de


condicionamento do sinal são necessários para converter as saídas dos sensores para
uma faixa de sinal comum, tipicamente entre 0 e 5 V. Os sinais condicionados são
entrada para um multiplexador de vários canais. O sinal de saída do multiplexador é
passado para um circuito sample e hold e um conversor analógico para digital. O
conversor analógico para digital dá um sinal de saída digital paralela que passa para
uma das interfaces de entrada paralelas do microcomputador. O sinal de saída digital
pode também ir para um display digital, onde é apresentado valor de todas as variáveis
medidas, uma de cada vez, mostrada seqüencialmente ou quando comandado pelo
operador.

2.2. Sensores

Os dados coletados para os sistemas de aquisição de dados são usualmente analógicos,


referentes ao valor numérico de algum parâmetro físico não elétrico, como pressão,
temperatura, vazão, nível etc. O objetivo do sensor é converter o sinal não elétrico para
um sinal elétrico equivalente. O diagrama de blocos de um sensor é mostrado na Figura.

As funções do sensor no sistema de aquisição de dados são as de:


1. sentir a presença, tamanho, variação e a freqüência da quantidade medida
(mensurando).
2. Fornecer uma saída elétrica que tenha dados quantitativos exatos acerca do
mensurando.
Os sensores podem ser classificados de acordo com o princípio elétrico envolvido em
sua operação, tais como:
1. Sensor passivo que requer uma fonte externa de alimentação ou excitação.
2. Sensor ativo que não requer uma fonte externa de alimentação.

2.3. Circuitos condicionadores de sinal

A função do sensor é a de simplesmente identificar e quantificar algum parâmetro físico


que varia de algum modo, com o tempo e com o espaço. Como o sistema de aquisição
de dados requer valores exatos, lineares, não modificados ou não influenciados por
outras variáveis e estas características nem sempre são apanágio dos sensores, é
necessário colocar uma interface entre o sensor e o sistema de aquisição de dados para
melhorar o formato dos sinais de saída dos sensores.
Estes circuitos são chamados de condicionadores de sinal e fazem as alterações
necessárias nos sinais analógicos gerados pelos sensores antes que eles sejam
introduzidos no sistema de aquisição de dados. Os tipos mais usados de condicionadores
de sinal são:
1. transmissor
2. buffer (casamento)
3. filtro
4. amplificador
5. conversor
6. linearizador

2.4. Multiplexação

No sistema convencional de medição, tem se o valor de uma única variável apresentado


ao observador, ou seja, o sistema tem uma única entrada e uma única saída. Porém, nas
aplicações de aquisição de dados é necessário conhecer simultaneamente os valores
medidos de muitas variáveis associadas com um determinado processo, máquina ou
situação. Exemplos são medições de vazões, níveis, pressão, temperatura e composições
de coluna de destilação, medições de temperatura em diferentes pontos de um reator,
componentes de velocidade e aceleração de um avião. Na prática, é extremamente caro
ter vários sistemas independentes. A solução econômica é ter um único sistema de
aquisição de dados com várias entradas e várias saídas. Porém, vários elementos são
compartilhados no tempo entre as diferentes entradas das variáveis medidas.
Esta técnica de compartilhar sinais no tempo é chamada de multiplexação (ou
multiplexagem).

Multiplexador (MUX) é simplesmente um arranjo especial de chaves que permite


muitos canais de entrada serem operados por um único dispositivo, geralmente um
indicador, registrador ou computador do sistema de aquisição de dados (com um
conversor A/D como interface). O controle deste chaveamento para selecionar
determinado canal, em dado momento, pode ser feito por programa (software) ou
equipamento (hardware) auxiliar.
Sob outro enfoque, multiplexador é um circuito eletrônico com dois ou mais terminais
de entrada e um terminal de saída. Se um multiplexador é usado em um sistema de
aquisição de dados, somente um conversor analógico para digital é necessário e se usa
um modo com compartilhamento de tempo. Quando não se usa o multiplexador, é
necessário um conversor A/D para cada entrada analógica. Como o conversor analógico
para digital geralmente representa a parte mais cara do sistema de aquisição de dados, a
multiplexação geralmente representa uma grande economia de custo.
2.5. Amostragem de dados

Nos sistemas de aquisição de dados são usadas técnicas de amostragem de dados para
converter sinais analógicos em digitais. Isto implica que enquanto os dados podem ser
registrados em uma forma regular, eles não são coletados continuamente, mas em
intervalos definidos. Assim, há intervalos de tempo entre a coleta sucessiva e periódica
dos dados. Em geral, não se tem conhecimento da informação faltante nem se pode
prever a quantidade destes dados que não foram coletados. Sob determinadas condições,
pode se assumir que os dados faltantes caem em uma linha reta entre os dados
conhecidos coletados.
O teorema de Nyquist define a relação necessária entre a maior freqüência contida em
uma forma de onda e a mínima velocidade de amostragem requerida. Nyquist estabelece
que a taxa de amostragem deve ser maior do que duas vezes a maior freqüência do
componente contido dentro do sinal de entrada. O perigo de fazer amostragem abaixo da
taxa recomendada é o grande erro resultante.
Quando a amostra é feita em freqüência baixa pode se ter conclusões totalmente erradas
acerca da composição do sinal. Na prática, há limites para a máxima velocidade de
amostragem, determinada pela característica do conversor A/D usado.

2.6. Circuito sample e hold

Em geral, a amplitude do sinal analógico varia continuamente com o tempo. Quando se


quer converter um sinal analógico em digital, num determinado momento, ele deve ser
parado e ficar constante. Assim, desenvolveu-se o circuito de sample e hold (amostra e
mantém) para congelar ou manter constante o sinal analógico durante o período de
conversão para digital.
O circuito sample e hold é essencialmente um circuito de memória de tensão que
armazena uma tensão de entrada em um capacitor de alta qualidade. A função de um
circuito sample e hold é tomar uma amostra de curta duração de um sinal de entrada que
varia rapidamente e manter esta amostra para um conversor analógico para digital. Um
circuito sample e hold típico é mostrado na Figura abaixo. O amplificador A1 é um
buffer com alta impedância de entrada para reduzir a carga do estagio anterior e baixa
impedância de saída para permitir a carga muito rápida do capacitor de hold.

A chave deve ser de ação rápida e de alta qualidade como uma porta de transmissão
CMOS. O capacitor deve ser um dispositivo de baixa corrente de vazamento e
característica de baixa absorção dielétrica. Geralmente o capacitor é de polestireno,
polipropileno ou teflon. O amplificador de saída que age como buffer para a tensão no
capacitor de hold.
Os circuitos sample e hold são partes integrantes também do controlador digital e de
qualquer outro sistema eletrônico que tenha amostragem de dados para sua coleta.

2.7. Conversor analógico para digital

O conversor A/D transforma a informação analógica original em dados digitais


correspondentes e apropriados para uso em sistemas digitais. Como os processos
contínuos possuem muitos sinais analógicos (medições das variáveis pressão,
temperatura, vazão, nível e análise) e como os sistemas de aquisição de dados
atualmente são digitais, é mandatório o uso do conversor A/D nestes sistemas práticos.

Há vários métodos para converter sinais analógicos em digitais, diferindo na precisão,


custo, taxa de conversão e susceptibilidade ao ruído.
As quatro principais técnicas usadas na conversão analógica para digital são:

1. tensão para freqüência


2. simultânea
3. rampa
4. aproximações sucessivas.

Independente da técnica usada, quase todo conversor A/D com bom desempenho inclui
circuito de condicionamento de sinais, sample e hold, amplificadores operacionais,
multiplexador, circuitos de temporização e sincronismo. Também todos conversores
A/D operam particionando a faixa total da entrada analógica em um número fixo de
degraus digitais discretos. Esta operação é conhecida como digitalização ou
quantização. Um diferente código digital corresponde a cada um dos degraus (valores
analógicos). Os códigos digitais consistem de n bits. Como cada bit é binário, ele pode
ter um de dois estados possíveis: 0 ou 1.
O método simultâneo de conversão analógico para digital é o mais rápido disponível.
Porém, ele requer o uso de vários circuitos comparadores. Como regra geral, o numero
de comparadores é 2n – 1, onde n é o número de bits na saída digital. Por exemplo, dois
bits digitais permitem definir quatro faixas de uma tensão de entrada analógica, porque
quatro combinações de 1 e 0 são possíveis com dois bits digitais. De acordo com a
expressão 2n – 1, são necessários três comparadores para conseguir a conversão.
2.8. Exercícios Teóricos e Práticos

1 – Defina Sistema de Aquisição de Dados.

2 – Conforme o diagrama em blocos de um sistema de aquisição de dados, quais os


elementos que o compõem?

3 - Qual o objetivo de um sensor?

4 – Como estão classificados os sensores?

5 – Para que servem os circuitos condicionadores de sinal?

6 – Cite um tipo de circuito condicionador de sinal.

7 – No ponto de vista econômico, porque é importante os sistemas de aquisição


industriais possuírem MUX?

8 – O que define o Teorema de Nyquist na amostragem.

9 – Para que serve o cirtuito sample hold?

10 - Calcule a resolução de um conversor A/D de 8 bits que deve ser utilizado para
sinais analógicos na faixa de 0 a 5 Vcc.

11 - O conversor do exercício anterior apresenta em sua saída uma palavra binária de


01001101. Qual o valor de tensão medido pelo conversor?

12 - Agora, descubra qual a palavra binária fornecida pelo A/D para uma tensão lida de
3,5V?

13 - Um transmissor de pressão, pertencente ao sistema de aquisição de dados, fornece


a corrente de 8mA ao conversor A/D do CLP. Sabendo-se que esse conversor é de 12
bits, qual a palavra binária apresentada pelo A/D e o respectivo valor em decimal
armazenado na variável de endereço analógico do CLP?

14 - A temperatura medida em um tanque é de 35ºC. Sabendo-se que a faixa de


temperatura calibrada no transmissor de temperatura é de 25º a 75ºC, para um loop de
corrente de 4 a 20 mA e um conversor A/D de 10 bits. Calcule o valor em decimal que
representa essa grandeza medida na memória do CLP?

15 - Utilizando um transmissor de nível que mede um tanque de 0 a 1500L com loop de


corrente de 4 a 20mA e um conversor A/D de 12 bits. Aplique uma equação que irá
converter o valor decimal na memória do CLP para valor real em litros para ser
apresentado na IHM.

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