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REGISTRO DE IMÓVEIS II
Autoria
Prof. Alison Cleber Francisco
Revisão
Prof. Jeferson Alexandre Gramasco
SUMÁRIO
TEMA 01............................................................................................................ 5
Garantias reais e sua relação com o registro de imóveis
TEMA 02.......................................................................................................... 33
Incorporação e condomínio no registro de imóveis
TEMA 03.......................................................................................................... 53
Parcelamento do solo urbano
TEMA 04.......................................................................................................... 78
Retificação e georreferenciamento
Registro de Imóveis II 3
Apresentação da disciplina
Bons estudos!
4 Registro de Imóveis II
TEMA 01
GARANTIAS REAIS E SUA RELAÇÃO
COM O REGISTRO DE IMÓVEIS
Objetivos
Registro de Imóveis II 5
Introdução
1. Noções gerais
6 Registro de Imóveis II
Como mostra PEREIRA (2018, p. 281)1, “a execução sobre os bens do de-
vedor constitui, pois, garantia para o credor. Diz-se que é a garantia geral
ou garantia comum, que se efetiva mediante os meios técnicos (penhora,
sequestro, arresto)”. Essa espécie de garantia é conhecida como pessoal
ou fidejussória.
Registro de Imóveis II 7
ainda que este tenha promovido a cobrança; 2) direito de sequela, ou
seja, ainda que o proprietário aliene o bem, este continuará afetado à
dívida; mas o adquirente do imóvel hipotecado, desde que não se tenha
obrigado pessoalmente a pagar a dívida ao credor hipotecário, poderá
exonerar-se da hipoteca, abandonando-lhe o imóvel3; 3) direito de excus-
são, que significa que vencida e não paga a dívida, o credor poderá levar
à praça, por via judicial, o bem dado em garantia; 4) indivisibilidade, isto
é, o pagamento parcial não libera o bem proporcionalmente; enquanto
perdurar a existência da dívida, o bem continua a garanti-la em sua to-
talidade, ainda que pendente uma única parcela, afastando a alegação
de excesso de garantia, salvo quitação parcial do credor, ou disposição
expressa contida no título que constituiu a garantia.
8 Registro de Imóveis II
confere valor inestimável aos dados que são publicados nas certidões:
são dotados de certeza do que se encontra registrado e de presunção de
sua veracidade, e atestam de forma clara quais são os ônus que afetam o
bem imóvel.
(...)
Registro de Imóveis II 9
O que se deseja mostrar, por meio dos citados artigos, é que a falta de in-
dividualização precisa (especialização) do bem, descaracteriza a garantia
real. No máximo haverá uma obrigação pessoal entre credor e devedor.
3. Hipoteca
Regulada pelo Código Civil (CC), artigos 1.473 a 1.505, pelo Código
de Processo Civil (CPC), art. 495, e pela Lei de registros públicos (Lei n.
6.015/73).
Segundo PEREIRA (2018, p. 324)4, pode ser constituída para garantir qual-
quer dívida, seja atual ou futura, condicional, a termo ou pura e simples.
Na garantia de dívida futura, deverá ser estabelecido o valor máximo da
obrigação garantida (como exemplo, o contrato de mútuo em que o de-
vedor pode utilizar do dinheiro como bem quiser, em retiradas parciais
no valor que necessitar, durante o prazo de um ano, no limite máximo de
duzentos mil reais). Entretanto, PEREIRA (2018, p. 325)5 lembra que não
tem nexo hipoteca incidente em bens futuros.
10 Registro de Imóveis II
mais a hipoteca); 2) direitos, como o domínio direto e o domínio útil, o
direito de uso especial para fins de moradia, o direito real de uso e a pro-
priedade superficiária (estudados na disciplina de Registro de Imóveis I);
3) estradas de ferro; 4) jazidas, minas e outros recursos minerais; 5)
por conveniência econômica do legislador, as aeronaves e navios, ape-
sar de serem coisas móveis.
I–Às pessoas de direito público interno (art. 41) sobre os imóveis pertencen-
tes aos encarregados da cobrança, guarda ou administração dos respecti-
vos fundos e rendas.
II–Aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núp-
cias, antes de fazer o inventário do casal anterior.
7
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios
jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de
valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Registro de Imóveis II 11
IV–Ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre
o imóvel adjudicado ao herdeiro reponente.
12 Registro de Imóveis II
garantia, devendo o valor da indenização ser liquidado e executado nos
próprios autos.
8
Art. 1.425 do Código Civil.
9
Art. 1.475 do Código Civil.
10
Parágrafo único do art. 1.428, Código Civil.
11
Art. 1.476 do Código Civil.
Registro de Imóveis II 13
preferência, de forma que os credores anteriores têm preferência no pa-
gamento da dívida: o credor de primeira hipoteca prefere ao credor de
segunda hipoteca, que prefere ao credor de terceira hipoteca, e assim por
diante. Todas serão registradas na matrícula do imóvel, sendo que, em re-
gra, o registrador deverá observar a ordem das hipotecas. Dessa forma,
não poderá registrar a terceira hipoteca antes de registrar a segunda, as-
sim como não poderá registrar esta antes de registrar a primeira. Veja-se
a propósito o art. 189 da Lei n. 6.015/73:
Art. 189–Apresentado título de segunda hipoteca, com referência expressa à
existência de outra anterior, o oficial, depois de prenotá-lo, aguardará durante
30 (trinta) dias que os interessados na primeira promovam a inscrição. Esgotado
esse prazo, que correrá da data da prenotação, sem que seja apresentado o
título anterior, o segundo será inscrito e obterá preferência sobre aquele.
14 Registro de Imóveis II
convencional; 5) pela remição; 6) pela arrematação ou adjudicação, mas,
nesse caso, não extinguirá a hipoteca registrada se o credor não foi no-
tificado judicialmente do ato de arrematação ou adjudicação, não tendo
participado da execução.
Apesar das situações previstas acima, que extinguem a hipoteca de fato, ape-
nas se extinguirá de direito com a averbação no Registro de Imóveis do can-
celamento do registro, à vista da respectiva prova15. Assim, a situação de fato
não extingue automaticamente a hipoteca, devendo ser promovido o cance-
lamento de sua inscrição no registro de imóveis. Enquanto o referido cance-
lamento não for averbado, o imóvel hipotecado não estará livre desse ônus.
4. Anticrese
Registro de Imóveis II 15
Assim, o credor anticrético pode alugar o imóvel dado em garantia, man-
tendo-o nesse estado até ser pago da dívida, possuindo ainda, em seu
favor, direito de retenção sobre o bem (art. 1.506, §2º, do CC).
16 Registro de Imóveis II
5. Penhor
18
Art. 1.432, c/c art. 127, II, e art. 130 da Lei n. 6.015/73.
Registro de Imóveis II 17
apenhados, pessoa em poder de quem ficam, espécie do título, condições
do contrato, data e número de ordem19.
18 Registro de Imóveis II
b.4) Penhor especial de veículos: tem como objeto veículos emprega-
dos em qualquer espécie de transporte ou condução27, devendo ser re-
gistrado no cartório de títulos e documentos do domicílio do devedor,
além de ser anotado no certificado de propriedade do veículo28.
c) Penhor legal: estabelece o art. 1.467 do CC, que são credores pignora-
tícios, independentemente de vontade das partes: 1) os hospedeiros, ou
fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, jóias
ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas
respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que
aí tiverem feito; 2) o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens
móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio,
pelos aluguéis ou rendas. Essa espécie de penhor tem sua publicidade
decorrente da própria lei (publicidade legal), dispensando registro.
Registro de Imóveis II 19
cancelamento feita no registro competente30 (registro de imóveis, de títu-
los e documentos, ou certificado de veículo).
6. Alienação fiduciária
Regulada pelos art. 1.361 a 1.368-B do CC, pela Lei n. 9.514/97, que trata
da alienação fiduciária de coisa imóvel, pelo Decreto-lei n. 911/69, que tra-
ta da alienação fiduciária de coisa móvel, e pela Lei n. 6.015/73, que cuida
do registro.
20 Registro de Imóveis II
e estudaremos, nessa aula, apenas a alienação fiduciária de bens imóveis
e sua relação com o registro de imóveis, uma vez que a alienação fiduci-
ária sobre bens móveis tem seu registro no Cartório de Títulos e docu-
mentos31. A partir de agora, todo o estudo aqui desenvolvido será sobre a
alienação fiduciária de coisa imóvel.
De acordo com o art. 22, §1º da Lei n. 9.514/97, podem ser objeto de
alienação fiduciária: 1) propriedade plena; 2) bens enfitêuticos, hipótese
em que será exigível o pagamento do laudêmio, se houver a consolida-
ção do domínio útil no fiduciário; 3) o direito de uso especial para fins de
moradia; 4) o direito real de uso, desde que suscetível de alienação; 5) a
propriedade superficiária. O objeto pode ser um imóvel construído ou em
construção32, ou mesmo um terreno, segundo LOUREIRO (2013, p. 551).
Registro de Imóveis II 21
o contrato deverá conter cláusulas que transcrevam o procedimento da
consolidação da propriedade em favor do credor, na hipótese de inadim-
plemento da dívida e ausência de purgação de mora.
22 Registro de Imóveis II
O credor pode ceder seus direitos fiduciários a outro credor, por meio de
contrato de cessão de direitos fiduciários. O devedor fiduciante também
pode ceder seus direitos e obrigações a outro devedor, desde que haja
expressa anuência do credor fiduciário36.
36
Art. 29 da Lei n. 9.514/97.
Registro de Imóveis II 23
PARA SABER MAIS
As mudanças na alienação fiduciária de imóvel. Algumas al-
terações trazidas pela Lei n. 13.465/17 estão disponíveis em:
<https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/as-mudan-
cas-na-alienacao-fiduciaria-de-imovel-21082017>. Acesso
em: 08 jan. 2019.
37
Art. 25, §2º, da Lei n. 9.514/97.
24 Registro de Imóveis II
alienação fiduciária), de imóvel que já esteja alienado fiduciariamen-
te, como ocorre na hipoteca?
7. Considerações finais
Registro de Imóveis II 25
• A hipoteca, a anticrese e a alienação fiduciária são registradas no
Livro 2 – registro geral do Cartório, onde situado o imóvel.
LINK
Alienação Fiduciária de Bens Imóveis em segundo grau?, es-
crito por Melhim Namem Chalhub e Afranio Carlos Camargo
Dantzger. Disponível em: <https://www.jota.info/opiniao-e-
-analise/artigos/as-mudancas-na-alienacao-fiduciaria-de-i-
movel-21082017>. Acesso em: 08 jan. 2019.
26 Registro de Imóveis II
Glossário
39
PELUSO, Cezar,–Coord. et al., Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Manole, 2007.
40
TARTUCE. Flávio. Manual de direito civil - volume único. 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018.
41
TARTUCE. Flávio. Manual de direito civil - volume único. 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método,
2018. p. 1035.
Registro de Imóveis II 27
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 1
1. (2018–VUNESP–TJ-SP–Titular de Serviços de Notas e de
Registros – Provimento–adaptada). No âmbito dos Direitos
Reais de Garantia, previstos no Código Civil, é correto afir-
mar que o direito de preferência:
a) É absoluto, não sofrendo exceções por outras leis.
b) É uma característica presente em todos os direitos
reais de garantia.
c) É extinto, caso o devedor venha a cair em insolvência
ou falir.
d) Encerra a noção do vínculo real a que se prende.
e) Os direitos reais de garantia não conferem direito de
preferência.
28 Registro de Imóveis II
outra hipoteca sobre ele, salvo se houver concordância
do titular do crédito garantido pela primeira hipoteca.
Registro de Imóveis II 29
custear sua faculdade e seu mestrado no exterior.
b) A herança que Helena receberá de sua mãe, que está
internada na UTI, em coma.
c) A hipoteca integral de um imóvel do qual é uma das
proprietárias, juntamente com suas duas outras
irmãs, que, no entanto, não concordam com esse
oferecimento.
d) O penhor sobre as valiosas joias que são de proprieda-
de de sua mãe, que não estão sendo usadas, uma vez
que ela se encontra internada no hospital, em coma.
e) Alienação fiduciária de segundo grau.
30 Registro de Imóveis II
d) O bem dado em garantia, com suas especificações.
e) Cláusula que impede o bem de ser vendido a terceiro.
Referências bibliográficas
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Registros Públicos: teoria e prática. 4. ed. São Paulo:
Método, 2013.
PASSARELLI, Luciano. É possível constituir alienação fiduciária em segundo grau?
Luciano Passarelli, 20 jul. 2012. Disponível em: <https://lucianopassarelli.wordpress.
com/2012/07/20/e-possivel-constituir-alienacao-fiduciaria-em-segundo-grau/>.
Acesso em: 19 set. 2018.
PELUSO, Cezar,–Coord. et al. Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência.
São Paulo: Manole, 2007.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: direitos reais. Vol IV. 26ª
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
TARTUCE. Flávio. Manual de direito civil – volume único. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2018.
Gabarito – Aula 01
Questão 1 – alternativa B.
Questão 2 – alternativa C.
Registro de Imóveis II 31
cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que ti-
ver, independentemente da concordância dos demais. (tópicos 1 e 3
dessa aula).
Questão 3–alternativa A.
Questão 4–alternativa B.
Questão 5–alternativa D.
32 Registro de Imóveis II
TEMA 02
INCORPORAÇÃO E CONDOMÍNIO NO
REGISTRO DE IMÓVEIS
Objetivos
Registro de Imóveis II 33
Introdução
1. Noções gerais
34 Registro de Imóveis II
1.1. Condomínio voluntário, comum, tradicional ou ordinário
A parte ideal titularizada por cada um pode ser alienada livremente, res-
peitado o direito de preferência dos demais condôminos em igualdade de
condições com terceiro.
Estabelece o art. 1.320 do CC, que a todo tempo qualquer um dos condô-
minos pode promover a divisão do condomínio, extinguindo-o.
Registro de Imóveis II 35
Diferentemente daqueles, o condomínio edilício, por sua especificidade, é
regulado no CC em capítulo apartado, nos artigos 1.331 ao 1.358-A, e tam-
bém pela Lei n. 4.591/64, tendo procedimento específico para sua criação.
Cada unidade autônoma é vinculada a uma fração ideal nas áreas comuns
e no terreno onde se assenta o condomínio, de forma absolutamente in-
separável. A vinculação é imposta por lei, tendo natureza propter rem.
Essa espécie de condomínio pode surgir de duas maneiras: 1) por ato inter
vivos, a) por meio de prévia incorporação e posterior instituição e especi-
ficação de condomínio, ou b) por meio de instituição de especificação de
condomínio sem passar pela incorporação; 2) por testamento.
2. Incorporação imobiliária
36 Registro de Imóveis II
No Brasil, a incorporação imobiliária é regida pela Lei n. 4.591/1964.
2.1. Incorporador
Registro de Imóveis II 37
afetados à consecução das obras e entrega das unidades as adquirentes
(art. 31-A), respondendo tão somente por dívidas e obrigações da respec-
tiva incorporação.
38 Registro de Imóveis II
c) Histórico dos títulos de propriedade do imóvel, abrangendo os
últimos vinte anos, acompanhado de certidão dos respectivos
registros.
d) Projeto de construção devidamente aprovado pelas autoridades
competentes.
e) Cálculo das áreas das edificações, discriminando, além da global,
a das partes comuns, e indicando, para cada tipo de unidade, a
respectiva metragern de área construída.
f) Certidão negativa de débito para com a Previdência Social, quando
o titular de direitos sobre o terreno for responsável pela arrecada-
ção das respectivas contribuições.
g) Memorial descritivo das especificações da obra projetada, segun-
do modelo a que se refere o inciso IV, do art. 53, desta Lei.
h) Avaliação do custo global da obra, atualizada à data do arquiva-
mento, calculada de acordo com a norma do inciso III, do art. 53,
com base nos custos unitários referidos no art. 54, discriminando-
-se, também, o custo de construção de cada unidade, devidamente
autenticada pelo profissional responsável pela obra.
i) Discriminação das frações ideais de terreno com as unidades
autônomas que a elas corresponderão.
j) Minuta da futura convenção de condomínio, que regerá a edifica-
ção ou o conjunto de edificações.
l) Declaração em que se defina a parcela do preço de que trata o
inciso II, do art. 39.
m) Certidão do instrumento público de mandato, referido no § 1º do
artigo 31.
n) Declaração expressa em que se fixe, se houver, o prazo de carên-
cia (art. 34).
o) Atestado de idoneidade financeira, fornecido por estabelecimen-
to de crédito que opere no país há mais de cinco anos.
p) Declaração, acompanhada de plantas elucidativas, sobre o número
de veículos que a garagem comporta e os locais destinados à guar-
da dos mesmos. (Alínea incluída pela Lei n. 4.864, de 29.11.1965).
Registro de Imóveis II 39
O registro da incorporação é válido por cento e oitenta dias (art. 12 da
Lei n. 4.864/65), tempo em que se aguardará sua concretização, isto é,
durante esse prazo deverá ocorrer a venda ou promessa de venda de ao
menos uma unidade, contratação de empresa para erguer o empreendi-
mento, obtenção de financiamento ou fim do prazo de carência43.
Acaso nada disso ocorra (ou seja, não haja concretização do empreendi-
mento), passados os 180 dias o incorporador deverá renovar todos aque-
les documentos, para que possa negociar as futuras unidades, revalidan-
do o registro por igual prazo.
43
Carência é o prazo estabelecido pelo próprio incorporador, pelo máximo de cento e oitenta dias, no qual reser-
va-se o direito de desistir do empreendimento (art. 34, da Lei n. 4.591/64). Não se confunde com o prazo legal de
validade do registro, que também é de cento e oitenta dias, mas relacionado à atualização dos documentos.
44
Art. 66 da Lei n. 4.591/64.
40 Registro de Imóveis II
§ 1º Se o incorporador não requerer a averbação (VETADO) o construtor
requerer (VETADO), sob pena de ficar solidariamente responsável com o
incorporador perante os adquirentes.
A instituição pode ocorrer por ato inter vivos, mediante escritura pública
ou instrumento particular, desde que sejam assinados por todos os pro-
prietários do imóvel ou por testamento.
Registro de Imóveis II 41
4. Convenção de condomínio
42 Registro de Imóveis II
de contas do síndico e, eventualmente, eleger o substituto do síndico e
alterar o regimento interno48) ou extraordinária (reúne qualquer tempo
para deliberar sobre assuntos não atribuídos à assembleia ordinária); c) o
conselho fiscal, órgão auxiliar financeiro cuja existência não é obrigató-
ria, mas poderá estar prevista na convenção de condomínio, sendo com-
petente para dar parecer sobre as contas do síndico49.
Registro de Imóveis II 43
cor da fachada, das partes e esquadrias externas; 4) dar às suas partes
a mesma destinação que tem a edificação e não as utilizar de maneira
prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores ou aos
bons costumes.
44 Registro de Imóveis II
votação unânime em assembleia, segundo PELUSO (2007, p. 1235)55; (3 por
confusão, quando uma só pessoa titularizar todas as frações ideais; (4 por
desapropriação total, nesse caso, a indenização será repartida na propor-
ção das frações ideais titularizadas por cada condômino; como o prédio
todo será de titularidade de uma única pessoa, o Poder Público, fica extinto
o condomínio por ausência de pluralidade de proprietários.
7. Condomínio de lotes
A novidade ficou por conta da Lei n. 13.465/2017, que introduziu o art. 1.358-
A no CC, e modificou dispositivos da Lei n. 6.766/79 (Lei de Parcelamento
do Solo Urbano, que regulamenta a implantação de loteamentos e des-
membramentos), a saber: alterou o art. 2º, incluindo o §7º; alterou o art.
4º, incluindo o §4º; e acrescentou o art. 36-A.
55
PELUSO, Cezar,–Coord. et al., Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Manole, 2007.
Registro de Imóveis II 45
apartamentos e casas. O condômino adquire um lote que poderá ser
construído futuramente, e não uma unidade já construída.
46 Registro de Imóveis II
Caso o interesse público seja limitado a uma ou algumas unidades
autônomas, poderia o ente estatal promover a desapropriação par-
cial do prédio submetido a condomínio? A resposta deve ser positiva.
56
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: direitos reais. Vol IV. 26ª ed. Rio de Janeiro: Foren-
se, 2018.
57
PELUSO, Cezar, - Coord. et al., Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Manole, 2007.
Registro de Imóveis II 47
• O condomínio edilício diferencia-se dos demais por se cons-
tituir de propriedades exclusivas e propriedades em comum,
simultaneamente.
Glossário
48 Registro de Imóveis II
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 2
1. (TJ-MG–Cartórios–EJEF–2008–Titular de Serviços de Notas
e de Registros). Considera-se constituído o “Patrimônio de
afetação”:
a) Com a lavratura da respectiva escritura pública em
tabelionato de Notas.
b) Com o registro da escritura, que o houver constituí-
do, no Registro de Imóveis.
c) Mediante averbação, noticiando-se sua existência.
d) Pelo registro do processo de incorporação imobiliá-
ria, no Registro de Imóveis.
Registro de Imóveis II 49
no mínimo, 2/3 das frações ideais que compõem o
condomínio.
50 Registro de Imóveis II
as unidades autônomas que a elas corresponderão,
é item que deverá constar dos documentos apresen-
tados ao registrador de imóveis para o registro da
incorporação.
d) A descrição das unidades autônomas e a indicação
das áreas comuns é item dispensável no instrumento
de instituição de condomínio.
Referências bibliográficas
GOMES, Orlando. Direitos Reais. 19ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Registros Públicos: teoria e prática. 4. ed. São Paulo:
Método, 2013.
PELUSO, Cezar,–Coord. et al., Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência.
São Paulo: Manole, 2007.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: direitos reais. Vol IV. 26ª
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
TARTUCE. Flávio. Manual de direito civil – volume único. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2018.
Gabarito – Aula 02
Questão 1 – alternativa C.
Questão 2 – alternativa D.
Questão 3 – alternativa A.
Registro de Imóveis II 51
Resolução: Registro Auxiliar (Livro n° 3) (tópico 3 dessa aula).
Questão 4 – alternativa C.
Questão 5 – alternativa C.
52 Registro de Imóveis II
TEMA 03
PARCELAMENTO DO SOLO URBANO
Objetivos
Registro de Imóveis II 53
Introdução
Contudo, antes dessa lei, existiam outras leis que regulavam situações
similares, mas de forma diversa.
Como não há declaração expressa daquilo que foi revogado, deve ser
verificada cada disposição do ordenamento. Destarte, deve o intérpre-
te contrapor as disposições da Lei n. 6.766/79 aos termos do Decreto-
Lei n. 58/37 (que dispõe sobre loteamento rural e venda de terrenos
para pagamento em prestações), do Decreto n. 3.079/38 (que regu-
lamenta o decreto lei anterior), o Decreto-Lei n. 745/69 (que dispõe
sobre os contratos a que se refere o art. 22 do Decreto-Lei n. 58/37,
54 Registro de Imóveis II
determinando a interpelação prévia para constituição em mora do de-
vedor em imóveis não loteados, concedendo prazo de quinze dias para
a purgação da mora), a Lei n. 6.014/73 (que dispõe sobre adjudicação
compulsória e seu procedimento perante a justiça), e o Decreto-Lei n.
271, de 1967.
[...]
[...]
Registro de Imóveis II 55
submete à legislação Estadual (art. 24, I, da CF/8858), Municipal (art. 30, VIII,
da CF/8859) e do Distrito Federal.
58
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I–Direito tribu-
tário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico.
59
Art. 30. Compete aos Municípios:
[...]
VIII– Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso,
do parcelamento e da ocupação do solo urbano.
60
GALHARDO, João Baptista. O registro do parcelamento do solo para fins urbanos. Porto Alegre: IRIB: S. A.
Fabris, 2004.
61
Art. 2º, §2º da Lei n. 6.766/79.
56 Registro de Imóveis II
2. Por desmembramento especial: considera-se desmembramento
a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com apro-
veitamento do sistema viário existente, desde que não implique
na abertura de novas vias e logradouros públicos, nem no prolon-
gamento, modificação ou ampliação dos já existentes62. Também
é regido pela Lei n. 6.766/79 e, portanto, no registro de imóveis é
obrigatório o registro especial. Perceba que o traço diferenciador
entre loteamento e desmembramento é o seguinte: nesse ocorre
o aproveitamento da infraestrutura já existente no local, particu-
larmente as vias públicas; naquele, inexiste a infraestrutura, que
deverá ser criada.
Registro de Imóveis II 57
Municipal e croquis. Será praticado um ato de averbação na
matrícula do imóvel, noticiando o desmembramento e conse-
quente encerramento dessa matrícula; serão abertas matrículas
para agasalhar os lotes resultantes do parcelamento e, na sequ-
ência, será lançada averbação (uma em cada matrícula aberta),
justificando que referida matrícula é oriunda de desmembra-
mento. No entanto, se o desmembramento resultar em número
de lotes superior a dez, obrigatoriamente deverá ser aplicada a
Lei n. 6.766/79, e, nesse caso, estaremos diante daquela espé-
cie de desmembramento especial, que exige registro especial.
A diferença reside apenas na quantidade de lotes resultantes.
Assim, você deverá verificar as normativas de seu Estado, a fim
de conhecer os critérios objetivos utilizados para se dispensar
a aplicação da Lei de Parcelamento, daí retirando o conceito de
desmembramento comum (aquele que dispensa o registro espe-
cial). Imóveis rurais também podem sofrer desmembramento
comum, desde que respeitada a fração mínima de parcelamento,
ou seja, é vedada a parcela com área superficial menor que a fra-
ção mínima indicada no CCIR do referido imóvel rural.
58 Registro de Imóveis II
Também deverá respeitar os requisitos mínimos estabelecidos no art. 4º
da LRP, entre outros:
a) As áreas deixadas pelo parcelador, destinadas às vias de circulação,
a implantação de equipamento urbano e comunitário, e espaços
livres de uso público, devem ser proporcionais ao adensamento
populacional gerado (proporcionais à densidade de ocupação)
previsto pelo plano diretor ou aprovado por lei municipal para a
zona em que se situem; consideram-se comunitários os equipa-
mentos públicos de educação, cultura, saúde, lazer e similares, e
urbanos, os equipamentos públicos de abastecimento de água,
esgoto, energia elétrica, coletas de águas pluviais, rede telefônica
e gás canalizado.
b) Os lotes não poderão conter área superficial menor de 125m², nem
frente com menos de cinco metros, salvo quando o loteamento se
destinar a urbanização específica ou edificação de conjuntos habi-
tacionais de interesse social.
c) Ao longo das águas correntes e dormentes, rodovias e ferrovias,
será obrigatória a reserva de uma faixa não edificável (faixa non
aedificandi) de no mínimno quinze metros de cada lado.
d) O parcelamento para fins urbanos deve ser instalado em zonas
urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, defi-
nidas no plano diretor ou na lei municipal.
e) O terreno a ser parcelado não pode: 1) ser alagadiço e sujeito a
inundação, antes de tomadas as providências para assegurar o
escoamento das águas; 2) ter sido aterrado com material nocivo
à saúde; 3) ter declividade igual ou superior a 30%; 4) ser área de
preservação ecológica64.
Registro de Imóveis II 59
examinará todos aqueles aspectos ambientais e urbanísticos, bem como
o respeito às diretrizes por ela traçadas. Assim dispõe o art. 12 da Lei de
Parcelamento do solo:
Art. 12. O projeto de loteamento e desmembramento deverá ser aprova-
do pela Prefeitura Municipal ou pelo Distrito Federal, quando for o caso, a
quem compete também a fixação das diretrizes a que aludem os arts. 6º e
7º desta Lei, salvo a exceção prevista no artigo seguinte.
60 Registro de Imóveis II
Parágrafo único–No caso de loteamento ou desmembramento localizado
em área de município integrante de região metropolitana, o exame e a anu-
ência prévia à aprovação do projeto caberão à autoridade metropolitana.
Registro de Imóveis II 61
Prefeitura Municipal ou Distrito Federal, quando for o caso de parcela-
mento nele implantado.
66
Art. 18 da Lei n. 6.766/79.
62 Registro de Imóveis II
universal, parcial ou separação obrigatória de bens (não separação con-
vencional de bens).
Por esse motivo, o registro deverá ser negado se houver certidões positi-
vas de tributos não pagos relativos ao imóvel, ações reais a ele relativas,
e ações penais contra o parcelador por crime contra o patrimônio ou por
crime contra a administração pública, na comarca de seu domicílio ou da
situação do imóvel.
Registro de Imóveis II 63
c) Encontrada em ordem, o registrador comunicará a Prefeitura ou
Distrito Federal acerca do registro, e fará publicar edital do pedido
de registro, em três dias consecutivos em jornal de grande circu-
lação na cidade, acompanhado de um pequeno desenho com a
localização da área onde implantado o parcelamento, e aguardará
o prazo de quinze dias, contados a partir da publicação do último
edital, para eventual impugnação.
d) Não havendo impugnação, o oficial formalizará imediatamente o
registro e comunicará, por certidão, o seu registro à prefeitura.
e) Se houver impugnação, o Oficial de Registro de Imóveis intima-
rá o requerente e a Prefeitura Municipal ou o Distrito Federal,
para que se manifestem em cinco cinco dias, e enviará o pro-
cesso ao juiz corregedor, que ouvirá o Ministério Público em
cinco dias.
f) Em seguida, o juiz decidirá, devendo remeter ao interessado às
vias ordinárias caso a matéria exija maior indagação.
70
Art. 22 da Lei n. 6.766/79.
71
Art. 22, parágrafo único, da Lei n. 6.766/79.
64 Registro de Imóveis II
3.3. Fraude à Lei de Parcelamento do solo e o papel do registro
de imóveis
Registro de Imóveis II 65
3.4. Dos crimes
66 Registro de Imóveis II
o pedido será remetido ao juiz corregedor para homologação, ouvido o
Ministério Público.
76
Art. 26 da Lei n. 6.766/79.
77
Lembre-se de que a minuta do contrato padrão é um dos documentos exigidos pelo art. 18 da Lei de Parce-
lamento, que deve ser apresentado ao registro de imóveis, conforme estudamos no tópico 3 dessa aula.
Registro de Imóveis II 67
Tais contratos poderão ser registrados na matrícula do imóvel78. A Súmula
239 do STJ79 torna clara a regra segundo a qual os contratos de promessa de
compra e venda, registrados ou não, conferem direito a adjudicação com-
pulsória (ação manejada na hipótese de o compromissário comprador ter
quitado a dívida e o parcelador se recusar a outorgar a escritura definitiva
de venda e compra). No entanto, o registro se faz interessante na medida
em que confere direito real ao compromissário comprador, oponível erga
omnes, e do qual resulta direito de sequela. A ausência do registro mantém
a obrigação pessoal somente entre as partes, e facilita a hipótese de o par-
celador promover a venda do imóvel (já compromissado) a outro compra-
dor, que acabe por registrar seu título antes do promissário comprador.
68 Registro de Imóveis II
mais de 1/3 do preço ajustado: em caso positivo, lançará averbação de
cancelamento na matrícula, incluindo em seu texto a quantia paga e o
fato de ter sido pago mais de 1/3 do preço, caso em que o parcelador so-
mente poderá alienar o lote se comprovar a restituição ao comprador do
valor pago por ele81; se não, apenas lançará averbação de cancelamento
na matrícula, sem nenhuma menção a esse fato, caso em que o parcela-
dor poderá alienar livremente o imóvel.
No entanto, é preciso atentar que tal critério deve estar aliado a ou-
tras formas de avaliação, que pode ser usado de forma indevida e
maliciosa, abrindo espaço para reparcelamentos sucessivos.
81
Art. 35 da Lei de Parcelamento.
82
Art. 26, §6º da Lei de Parcelamento.
Registro de Imóveis II 69
o limite de dez, em desmembramentos sucessivos. Se assim o regis-
trador proceder e averbar, ao final, teremos a instalação de um lote-
amento ou desmembramento especial sem atendimento às exigên-
cias da Lei n. 6.766/79.
5. Considerações finais
70 Registro de Imóveis II
comercialização dos lotes.
Glossário
83
Art. 2º, §§4º e 5º da Lei n° 6.766/79.
84
CASSETTARI, Christiano–Coord. et al., Registro de Impoveis III: procedimentos especiais. 3ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2018. (Coleção Cartórios).
Registro de Imóveis II 71
implantados em áreas de preservação permanente, de acordo com
CASSETTARI (2018, p. 142)85.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 3
1. Qual o ato a ser praticado pelo registrador de imóveis na
matrícula objeto de parcelamento, no caso de pedido de
desmembramento comum que não ultrapasse três lotes?
a) Registro de loteamento.
b) Registro especial.
c) Averbação, noticiando o desmembramento e encer-
ramento da matrícula.
d) Inscrição.
e) Registro de desmembramento.
85
CASSETTARI, Christiano–Coord. et al., Registro de Impoveis III: procedimentos especiais. 3ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2018. (Coleção Cartórios).
72 Registro de Imóveis II
e) As condutas do loteador e do registrador não confi-
guram crime.
Registro de Imóveis II 73
a documentação e encontrada em ordem, o Oficial
do Registro de Imóveis encaminhará comunicação à
prefeitura e fará publicar, em resumo e com peque-
no desenho de localização da área, edital do pedido
de registro em 5 dias consecutivos, podendo este ser
impugnado no prazo de 15 dias contados da data da
última publicação.
b) À prefeitura, dentro de 180 dias, que analisará a docu-
mentação e, encontrada em ordem, fará publicar, em
resumo e com pequeno desenho de localização da
área, edital do pedido de registro em 3 dias consecu-
tivos, podendo este ser impugnado no prazo de 15
dias contados da data da última publicação, envian-
do após o registro imobiliário para que proceda ao
registro.
c) Ao registro imobiliário dentro de 180 dias e, examina-
da a documentação e encontrada em ordem, o Oficial
do Registro de Imóveis encaminhará comunicação à
prefeitura e fará publicar, em resumo e com peque-
no desenho de localização da área, edital do pedido
de registro em 3 dias consecutivos, podendo este ser
impugnado no prazo de 15 dias contados da data da
última publicação.
d) Ao Ministério Público, dentro de 180 dias, para que
analise a documentação apresentada e se mani-
feste no prazo de 5 dias, enviando após o registro
imobiliário para que proceda ao registro e em segui-
da à Prefeitura que fará publicar, em resumo e com
pequeno desenho de localização da área, edital do
pedido de registro em 3 dias consecutivos.
e) Ao Ministério Público, dentro de 30 dias, para que
analise a documentação apresentada e se manifeste
no prazo de 15 dias, enviando após o registro imo-
biliário para que proceda ao registro e, em seguida,
à Prefeitura, que fará publicar, em resumo e com
74 Registro de Imóveis II
pequeno desenho de localização da área, edital do
pedido de registro em 5 dias consecutivos.
Registro de Imóveis II 75
Referências bibliográficas
Gabarito – Aula 03
Questão 1–alternativa C.
Questão 2–alternativa D.
Questão 3–alternativa C.
Questão 4–alternativa C.
76 Registro de Imóveis II
dias consecutivos, podendo este ser impugnado no prazo de 15 dias
contados da data da última publicação (tópico 3.1, item c dessa aula).
Questão 5–alternativa B.
Registro de Imóveis II 77
TEMA 04
RETIFICAÇÃO E
GEORREFERENCIAMENTO
Objetivos
78 Registro de Imóveis II
Introdução
Por forma oblíqua, o objetivo é gerar maior segurança aos limites dos
imóveis lindeiros, aos credores e aos devedores, uma vez que os imó-
veis dados em garantia contarão com grande precisão nos seus limites,
podendo assim receber melhor avaliação no momento da concessão
de crédito.
1. Da retificação
Registro de Imóveis II 79
“Isto se faz tendo em vista que a segurança jurídica do nosso sistema se
funda justamente nesta fé de que o registro exprimirá a realidade, e, caso
assim não o seja, o interessado terá como exigir que se restabeleça esta
correspondência”, segundo CASSETTARI (2018, p. 13)86, que se fará por
meio da retificação.
80 Registro de Imóveis II
Feitas essas observações, nos lindes desse nosso estudo, a ênfase recairá
sobre a retificação administrativa perante o cartório, de dados relativos
ao imóvel.
Registro de Imóveis II 81
g) Inserção ou modificação dos dados de qualificação pessoal das partes,
comprovada por documentos oficiais, ou mediante despacho judicial quan-
do houver necessidade de produção de outras provas.
[...]
82 Registro de Imóveis II
Possui interesse jurídico a pessoa que poderá ter seus direitos afetados
diretamente pelo deslinde da retificação, a exemplo do promitente com-
prador, do herdeiro com inventário pendente, ou do adquirente com títu-
lo ainda não registrado.
Imagine dois vizinhos, em que um deles vende ao outro uma pequena par-
cela de seu imóvel. Com intuito de escapar do desdobro, do pagamento do
imposto sobre transmissão de bens imóveis, e da lavratura da escritura de
compra e venda, aquele que adquiriu o imóvel promove a retificação apuran-
do área maior que a existente na matrícula; o vizinho vendedor, apresenta
sua anuência declarando que o imóvel daquele não invade sua área. Uma
retificação com tal finalidade deve ser obstada pelo registro de imóveis.
Esse é um dos motivos pelos quais afirmamos no tópico 1.2. que o êxito
do pedido de retificação deve estar embasado em elementos tabulares,
ou seja, constantes das matrículas envolvidas.
Registro de Imóveis II 83
1.2.3. Documentos necessários
Por fim, também se faz necessário o laudo de valor venal (se o imóvel for
84 Registro de Imóveis II
urbano) ou o DIAC/ DIAT, contendo o valor venal (se o imóvel for rural),
para o cálculo das custas do cartório.
1.2.4. Confrontantes
Registro de Imóveis II 85
No condomínio geral de que tratam os arts. 1.314 e seguintes do Código
Civil, bastará a anuência de apenas um condômino. Isso significa dizer
que se o imóvel confrontante pertencer a várias pessoas em condomí-
nio ordinário, a anuência poderá ser prestada por qualquer uma delas,
sendo desnecessária a anuência de todas. No condomínio edilício, de
que tratam os arts. 1.331 e seguintes do CC, a anuência deverá ser
prestada pelo síndico ou pela Comissão de Representantes; se o con-
frontante for pessoas jurídica, a anuência deverá ser prestada pelo seu
representante contratual; se for um menor, quem anui será seu repre-
sentante legal.
[...]
86 Registro de Imóveis II
O reconhecimento pode ser feito por semelhança. A anuência do confron-
tante o vincula, mas não o impossibilita de ingressar judicialmente para
impugnar. Todavia, a anuência tornará a descrição do imóvel um ato jurí-
dico presumidamente válido, que, para ser desconstituído, necessitará se
provar que houve um vício que leve à invalidade do mesmo, por nulidade
ou anulabilidade, de acordo com a teoria dos negócios jurídicos.
3. Bens dominicais, que não são utilizados pelo povo nem pela
administração, mas que constituem o patrimônio das pessoas jurí-
dicas de direito público, como bens do patrimônio disponível ou do
domínio privado das pessoas jurídicas de direito público interno.
91
MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 21 ed. Belo Horizonte: Fórum, 2018.
92
Art. 99 do Código Civil.
Registro de Imóveis II 87
Diversamente dos dois anteriores, estes não se encontram afetados
à uma destinação pública específica.
A partir dessa noção, é importante não confundir vias públicas com servi-
dões de passagem, e essas últimas com a passagem forçada.
Servidões de Passagem são direitos reais sobre imóveis alheios que não
lhe retiram a propriedade, apenas restringem seu uso. A área da servidão
de passagem, diversamente das vias públicas, deve estar incluída na área
do prédio serviente, sendo descrita e caracterizada na matrícula apenas
para especificação da parte do imóvel que está sujeita ao ônus, de acor-
do com CASSETTARI (2018, p. 36)94. Assim, a retificação da área do prédio
93
MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 21 ed. Belo Horizonte: Fórum, 2018.
94
CASSETTARI, Christiano–Coord. et al., Registro de Imóveis III: procedimentos especiais. 3ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2018. (Coleção Cartórios).
88 Registro de Imóveis II
serviente sobre a qual recai a servidão, importará também na retificação
da descrição da servidão, a fim de localizá-la na área retificada.
Registro de Imóveis II 89
A desapropriação desfigurou a forma originária do imóvel, de forma que
a descrição do seu remanescente (medidas perimetrais) tornou-se, ago-
ra, incerta.
Por essa razão, o art. 213, II, § 7º, da Lei n. 6.015/73, estende o procedimen-
to retificatório para que se faça a apuração do remanescente do imóvel:
Art. 213, II, § 7º Pelo mesmo procedimento, previsto neste artigo, poderão
ser apurados os remanescentes de áreas parcialmente alienadas, caso em
que serão considerados como confrontantes tão somente os confinantes
das áreas remanescentes.
90 Registro de Imóveis II
3. Em seguida, o registrador expedirá as notificações aos confrontan-
tes, via correio (por Aviso de Recebimento -AR) ou via cartório de
títulos e documentos. “A notificação será dirigida ao endereço do
confrontante constante do Registro de Imóveis, podendo ser dirigi-
da ao próprio imóvel contíguo ou àquele fornecido pelo requerente;
não sendo encontrado o confrontante ou estando em lugar incerto
e não sabido, tal fato será certificado pelo oficial encarregado da
diligência, promovendo-se a notificação do confrontante mediante
edital”99, que será publicado por duas vezes em jornal de grande cir-
culação na Comarca. A lei não fala a frequência com que devem ser
feitas as publicações desses editais, menciona apenas a quantida-
de de duas vezes, desde que dentro dos quinze dias. O prazo para
impugnação da notificação, feita pelos Correios, conta a partir da
juntada do AR ao processo. Dessa forma, também a notificação feita
por títulos e documentos, cujo prazo conta-se da juntada do certifi-
cado ao processo. A partir de quando começaria a contar o prazo de
impugnação no caso de notificação via edital? Aplica-se a analogia
com o processo judicial, especificamente a parte final do inciso III,
do art. 257 do Código de Processo Civil (CPC), fluindo o prazo a partir
da primeira publicação, e não da última.
99
Art. 213, §3º da Lei n. 6.015/73.
Registro de Imóveis II 91
5. Se houver impugnação, o registrador fará sua juntada ao proces-
so e expedirá intimação ao requerente e profissional habilitado,
dando ciência.
5.1. O registrador abrirá prazo para que haja composição entre as partes.
5.2. Havendo composição entre eles, o registrador fará a averbação da
retificação.
5.3. Não havendo composição, o registrador remeterá o processo de
retificação ao juízo corregedor para análise.
5.4. Caso o juiz julgue a impugnação e determine a continuidade do
processo, estando tudo o mais em ordem, o registrador averbará a
retificação na matrícula.
5.5. Caso o juiz acate a impugnação e negue prosseguimento à retifi-
cação, o registrador devolverá os documentos ao interessado, sem
averbar a retificação.
2. Georreferenciamento
[...]
92 Registro de Imóveis II
proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro
módulos fiscais.
100
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Registros Públicos: teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Método, 2013.
Registro de Imóveis II 93
Na atualidade, para o desenvolvimento dessa atividade certificatória,
o INCRA criou o sistema informatizado denominado como Sistema de
Gestão Fundiária (SIGEF), acessível pelo profissional habilitado e pelo car-
tório de registro de imóveis, por meio de site mantido na internet. A esse
sistema, compete verificar a existência de superposição de imóveis rurais
e emitir o certificado de georreferenciamento.
94 Registro de Imóveis II
I–Noventa dias, para os imóveis com área de cinco mil hectares, ou superior.
II–Um ano, para os imóveis com área de mil a menos de cinco mil hectares.
VII–Vinte e dois anos, para os imóveis com área inferior a vinte e cin-
co hectares.
[...]
§ 3º Ter-se-á por início de contagem dos prazos fixados nos incisos do caput
deste artigo a data de 20 de novembro de 2003.
Registro de Imóveis II 95
Art. 225–Os tabeliães, escrivães e juízes farão com que, nas escrituras e nos
autos judiciais, as partes indiquem, com precisão, os característicos, as con-
frontações e as localizações dos imóveis, mencionando os nomes dos con-
frontantes e, ainda, quando se tratar só de terreno, se esse fica do lado par
ou do lado ímpar do logradouro, em que quadra e a que distância métrica
da edificação ou da esquina mais próxima, exigindo dos interessados certi-
dão do registro imobiliário.
[...]
§ 3° Nos autos judiciais que versem sobre imóveis rurais, a localização, os limi-
tes e as confrontações serão obtidos a partir de memorial descritivo assina-
do por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade
Técnica (ART), contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limi-
tes dos imóveis rurais, geo-referenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro
e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de
custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da
área não exceda a quatro módulos fiscais.
Por fim, em 4 de junho de 2019, foi publicada a Lei n. 13.838, que acrescen-
tou o § 13 ao art. 176 da Lei n. 6.015/73. Essa lei estabeleceu o seguinte:
“Art.176.....................................................................................................................
..................................................................................................................................
96 Registro de Imóveis II
Assim, para que a nova descrição seja assentada na matrícula do
imóvel, o §13 do art. 176 da Lei nº 6.015/73, acrescentado pela Lei n.
13.838/2019, dispensou a anuência dos confrontantes, desde que o
requerente declare expressamente que respeitou os limites e as con-
frontações já existentes. Isso significa que, havendo tal declaração, o
cartório deverá realizar o assento com dispensa do procedimento re-
tificatório, ou seja, não será caso de retificação de área, mas de mera
atualização descritiva.
Por fim, o normativo recomenda que, nas retificações em que houver in-
serção ou alteração de medida perimetral de que resulte, ou não, altera-
ção da área até então constante na matrícula, os oficiais de registro de
imóveis continuem exigindo a anuência dos confrontantes, nos termos do
art. 213, inciso II da LRP.
Registro de Imóveis II 97
2.2. Procedimento do georreferenciamento
98 Registro de Imóveis II
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
Em regra sim, uma vez que referido procedimento permite uma es-
pécie de contraditório, que se dá por meio de oportunizar a todos os
confrontantes do imóvel retificando, a possibilidade de discordância
(impugnação) ou anuência com as dívidas do levantamento retificató-
rio elaborado pelo profissional habilitado, conforme estudamos acima.
Registro de Imóveis II 99
Contudo, a doutrina adverte que registrador e notário deverão distin-
guir duas formas de transferência, segundo SILVA (2013, p. 433-434)102:
1) aquela necessária para corrigir a divisa, hipótese em que bastará a
apresentação de planta e memorial descritivo das divisas envolvidas;
2) a outra intencional, independente da correção, hipótese na qual se
caracteriza o desdobro (desmembramento comum) e, por tal motivo,
além da planta e memorial descritivo, a escritura deverá vir instruída
com aprovação da Prefeitura Municipal, contendo descrição da área
destacada (aquela objeto da transferência), da área remanescente, e
da área unificada (área do imóvel vizinho somada à area transferida).
101 102
3. Considerações finais
101
CASSETTARI, Christiano - Coord. et al., Registro de Imóveis III: procedimentos especiais. 3ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2018. (Coleção Cartórios).
102
SILVA, Ulysses da. Direito Imobiliário: o registro de imóveis e suas atribuições. 2ª ed. Porto Alegre: Sergio
Antonio Fabris Editor, 2013
Glossário
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 4
1. (IESES–Notário e Registrador – TJ/RS – Remoção–2013 – al-
terada). A respeito do georreferenciamento, assinale a al-
ternativa correta:
I. Nos casos de desmembramento, parcelamento ou
remembramento de imóveis rurais, a identificação do
imóvel rural será obtida a partir de memorial descriti-
vo, assinado por profissional habilitado e com a devida
Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), contendo
as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos
imóveis rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésico
Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo
INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos
proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área
103
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Registros Públicos: teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Método, 2013.
Referências bibliográficas
Gabarito – Aula 04
Questão 1–alternativa C.
Questão 2–alternativa D.
Questão 3–alternativa B.
Questão 4–alternativa C.
Questão 5–alternativa E.