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Minha história
Há quatro anos (em 2016), quando meu filho, João Artur, nasceu, eu
recebi o diagnóstico de APLV dele e isso mudou a minha vida por
completo. Meu filho tinha apenas 20 dias de vida.
O João Artur era IgE Nâo Mediado para a proteína do leite, reagia ao leite
materno e a traços domésticos e tinha, sobretudo, reações
gastrointestinais fortíssimas.
Com um ano e dois meses de vida, ele adquiriu a tolerância à proteína do
leite de vaca! Contudo, o caminho até aqui não foi fácil.
Trajetória
Sim, eu era nutricionista. Sim, eu
tive aulas teóricas sobre alergia
alimentar na faculdade. Não, eu
não estava pronta para lidar com
a alergia alimentar do meu filho!
Recebi, da gastropediatra, o
clássico conselho: "retire leite e
derivados da dieta". Nós, que
somos mães de APLV, sabemos
muito bem que não é assim que
funciona na prática - e quem
dera se fosse.
Eu vi que o dia a dia exigia muitos outros conhecimentos práticos que eu
ainda
. não tinha. Cheguei à conclusão de que eu precisava adquirir mais
conhecimento para contribuir efetivamente com o tratamento do meu
filho
E, assim, eu mergulhei de cabeça nessa missão: corri atrás de mais
conhecimentos (utilizando da minha base em Nutrição); estudei muito
sobre o assunto; li inúmeros artigos; troquei experiências com mães nas
minhas redes sociais; procurei profissionais que me ajudassem
efetivamente na dieta de restrição etc... Até que montei o meu próprio
método - responsável por estabilizar meu filho e curá-lo.
Hoje
Hoje eu sou muito grata à alergia do meu filho, porque, com ela, eu
identifiquei o propósito e a missão da minha vida: fazer a diferença para
outras pessoas, através da minha profissão.
Eu mudei totalmente o foco da minha carreira para o atendimento de
bebês alérgicos e crianças alérgicas. Realizo um atendimento totalmente
virtual em todas as regiões do Brasil e no exterior também.
Descobri que o que eu faço é uma troca contínua de aprendizado e é
justamente isso que eu proponho que façamos diariamente na nossa
comunidade.
Conteúdo
O que é introdução alimentar?
Ao que se atentar na introdução
alimentar do seu filho
Orientações para uma boa
introdução alimentar
Pontos de atenção em relação a
alguns tipos de alimentos
Perguntas e respostas
POR QUÊ?
Eu escolhi esse tema para a aula de hoje, porque ele é extremamente
pedido por vocês, mamães, e porque eu sei que ele traz muitas dúvidas.
LEMBRE-SE
Nunca dispense a consulta médica, apenas com base no que você
aprender sozinha. Consulte sempre um profissional, que avaliará seu caso
de forma individual!
Introdução alimentar
O QUE É INTRODUÇÃO ALIMENTAR?
Introdução Alimentar é como comumente chamamos a fase em que
um bebê começa a incorporar, em sua alimentação, outros alimentos
além do leite materno. De acordo com a OMS (Organização Mundial
da Saúde) e o Ministério da Saúde, esse período tem início nos seis
meses de vida do bebê.
Antes de mais nada, precisamos destacar que a introdução alimentar é
uma fase muito nova na vida do bebê. Vamos ao quadro comparativo:
ANTES X DEPOIS
O bebê está acostumado ou ao Alimentos muito diferentes:
aleitamento materno ou ao uso texturas, cheiros, formas, gostos,
de fórmula (mamadeira); cores etc;
O alimento do bebê é líquido, A posição que o bebê receberá
ou seja, não há necessidade de o alimento é totalmente
mastigar; diferente (uma cadeira, na
A forma de receber o alimento é maioria das vezes);
muito ligada à mãe/quem Acessórios serão introduzidos -
alimenta o bebê: colo, cheiro, colheres, pratos infantis (muito
posição (deitado ou inclinado); diferente do bico da
O bebê já se acostumou ao mamadeira ou do seio da mãe);
cheiro e ao gosto do leite O alimento não é mais
materno/da fórmula (sabemos totalmente líquido (haverá os
que o leite materno tem primeiros estímulos da
oscilações com base nas deglutição com a
necessidades da criança - movimentação do maxilar);
quantidades de gordura,
proteína, anticorpos etc).
Um mundo novo
Eu sei que nós, mães, criamos expectativas.
Nós queremos que nossos filhos, já de cara, comam
um prato inteiro de comida! Sinto em dizer, mas
na grande maioria das vezes não é isso que
acontece.
É claro que existem as exceções, que aceitam bem
esse novo mundo e se alimentam bem já na
primeira semana. Contudo, é bem provável que
isso não aconteça. Não crie expectativas demais e
nem se sinta mal por isso! É totalmente normal!
POR QUÊ?
Nesse primeiro momento, a intenção é fazer com
que a criança conheça o alimento! Entendemos,
então, que é importante que a criança se
lambuze, pegue na comida, cheire ela, brinque
com ela, coloque na boca...
O QUE FAZER?
Coloque uma roupa que a criança pode sujar! Coloque a criança em um
local da casa que possa ser sujado!
Outra coisa muito importante a se fazer é comer junto do seu filho (a), porque
assim você serve de EXEMPLO ! Mostre para a criança que o alimento deve ir
para a boca e sinalize os movimentos de mastigação, porque crianças têm
comportamentos altamente ligados à imitação (à repetição).
Quando você come junto da criança, ela entenderá, aos poucos, que aquilo é
um alimento.
MAS, JULIANA...
"mas ele tá cuspindo. Não deve estar gostando..."
"ele não está aceitando! Está fazendo caretas!"
"ele tá reagindo? Se está cuspindo, deve ser..."
CALMA!
Tudo isso é normal! Completamente normal! Isso é
um processo! São alimentos totalmente novos, ou
seja, é uma experiência completamente inédita para
o bebê.
DÚVIDA COMUM
Uma dúvida muito comum surge nesse momento
para muitas mamães. Como, nesse estágio, é quando
os primeiros dentes começam a aparecer e é
quando o processo de salivação aumenta muito
também.
Quando os bebês sujam o entorno da boca, é
NORMAL (todo mundo faz isso) que limpemos essa
região, usando da colher com a qual estamos
alimentando o bebê.
Esse contato (fricção) da colher com o alimento,
somado à saliva do bebê, pode resultar em
pequenas bolinhas no entorno da boca (como se
fosse uma dermatite de contato).
"É alergia? Meu Deus, é reação!"
CALMA! Não necessariamente (na maioria das
vezes não é).
Avalie o quadro! As bolinhas estão localizadas no
entorno da boca apenas? Elas espalharam para
outras regiões do corpo?
Se a resposta for que as bolinhas estão concentradas
no mesmo local - entorno da boca - a maior chance
é que seja apenas uma dermatite de contato
comum.
Se as bolinhas se espalharam, procure um médico.
Seu filho PODE ser IgE Mediado para a proteína
daquele alimento.
IGE MEDIADO?
Ele produz o anticorpo Imunoglobulina
E? Ele tem reações quase que imediatas
após o contato com a proteína do leite
de vaca (ou até em duas horas)? Ele tem
urticátias? Placas avermelhadas na pele?
Angiodemas? Edemas de lábios? Olhos?
Garganta?
EXEMPLO: INHAME
Faremos a introdução alimentar do Inhame:
Eu gosto muito de começar com o inhame (claro que bem cozido e em
forma de papa - o processo de aquecimento altera a estrutura
molecular da proteína, diminuindo o potencial alergênico que ela
tem ). Ainda, o inhame é suave, tem uma palatabilidade boa, é fácil de
cozinhar, tem uma textura boa para a digestão de bebês e não é uma
fruta (vamos falar mais disso ainda).
Importante : por conta dessa alteração da estrutura da proteína, uma
criança PODE reagir a um alimento cru e não reagir ao mesmo alimento
cozido. São raros os casos, mas eles existem (no caso de cenoura crua e
cenoura cozida, por exemplo, há relatos).
Pontos importantes:
Se a criança reagir a algum alimento e esse tiver sido bem cozinhado, a
reação com certeza será menos intensa e provocará menos dor à
criança (que é o que nós procuramos: as melhores condições de bem
estar dentro das mais adversas circunstâncias).
Eu oriento começarmos com o alimento apenas UMA vez ao dia (almoço
ou jantar) e, só depois, quando tivermos a certeza que o alimento não é
alergênico, você poderá introduzi-lo nas duas refeições.
Com qual alimento
começar
"Juliana, com qual alimento eu começo a
introdução alimentar?"
POR QUÊ?
Está errada essa prática?
Há algum consenso alimentar que diz isso? NÃO!
Explicarei melhor o porquê dessa orientação:
Existem dois principais motivos pelos quais eu oriento as minhas
pacientes a não começar com frutas. Antes de discorrer sobre eles, é
importante que eu relembre vocês que todo o meu processo visa a
maneira mais segura da introdução alimentar de uma criança alérgica.
1- POTENCIAL ALERGÊNICO;
É cientificamente comprovado que as frutas têm um potencial
alergênico maior do que tubérculos e legumes, ou seja, frutas têm maior
chance de desencadear uma reação alérgica do que esses outros tipos de
alimentos.
Crianças alérgicas tendem a reagir mais a algumas frutas do que a outros
alimentos, como batata, inhame, mandioca, batata baroa, cenoura
amarela, beterraba, abóbora etc.
Esse é o primeiro motivo pelo qual eu defendo que é mais seguro não
começar a introdução alimentar com frutas.
2- REPRESENTATIVIDADE NA COMPOSIÇÃO
ALIMENTAR;
Se você parar para pensar, um tubérculo ou um legume representa muito
mais na composição alimentar diária de uma criança do que uma fruta,
tanto em nutrientes quanto em de valor calórico (energético).
Enquanto uma fruta, que entra em um lanche, representaria cerca de 10
a 15% do valor calórico/ nutrientes ingeridos por um bebê em um dia, um
tubérculo ou um legume representaria 25 a 30%.
Além disso, há a possibilidade de diversificação. À medida que os
alimentos forem sendo aprovados, é possível diversificar bastante os
pratos, principalmente em termos nutricionais.
Esse é o segundo motivo pelo qual eu recomendo que o começo da
introdução seja feito com legumes e tubérculos. Dessa forma, eu
alternaria esses dois tipos de alimentos, respeitando o tempo de reação
de cada criança.
EVITAR
Eu, Juliana, evitaria o tomate no início!
Mais uma vez, isso não é um consenso alimentar! Eu tomaria esse
cuidado, porque o mecanismo do tomate é diferente!
Tomate é um fruto que libera histamina.
A histamina, por sua vez, é uma substância que fica dentro de algumas
células de defesa do nosso corpo e que é liberada nas reações alérgicas.
Além disso, a própria proteína do tomate pode causar a alergia,
obviamente. Por essas razões, eu tomaria essa precaução e introduziria o
tomate (e demais frutas que seguem o mesmo padrão) mais para o final
da introdução alimentar.
Banana, morango e kiwi também são liberadores de histamina!
Eu sei que elas são práticas, mas esse não é o momento para
você pensar assim.
Brasil: Um país muito rico
O Brasil é um país riquíssimo em todos os tipos de alimentos. Explore
legumes, verduras, tubérculos etc. Não tem motivo para aumentarmos
o risco logo no início, ao introduzir frutas. Deixe o que tem mais perigo
para o final, quando você já tiver uma grande variedade ao seu dispor
para alimentar o seu bebê.
Como um bebê, obviamente, é muito novo, precisamos ter o mesmo
pensamento para o corpo dele. O trato intestinal de um ser vivo dessa
idade ainda é muito imaturo, também. Precisamos, nesse momento, de
mais certezas do que incertezas.
Joguemos as frutas para o oitavo, nono ou para o décimo mês. Não há
necessidade de começarmos a introdução alimentar com um alimento
potencialmente alergênico.
Obviamente que essa escolha de alimentos precisa respeitar o histórico
de cada criança, isto é, respeitando a individualidade. Dizer isso significa
observar as interações que ela teve com os alimentos, as suas (possíveis)
reações, as reatividades cruzadas dos alimentos (proteínas, de alimentos
diferentes, que se parecem muito) etc. Tudo isso deve ser pensado.
Essa mesma lógica não vale apenas para frutas (que têm um alto potencial
alergênico), mas também para outros alimentos.
A proteína albumina sérica bovina, por exemplo, que está presente tanto no
leite da vaca quanto na carne da vaca, é altamente termolábil. Isso significa
que, por mais que ela seja alérgena, o alto cozimento da carne, por exemplo,
altera tanto a configuração da proteína que ela perde significativamente
seu potencial alergênico .
Por isso, inclusive, apenas cerca de 10% das crianças APLV reagem à carne
bovina também.
VOLTANDO ÀS FRUTAS
Não é toda fruta que dá para cozinhar;
Obviamente. Ninguém cozinhará uma melancia ou um melão, por
exemplo. Essas frutas, então, que o consumo é in natura , nós deixamos
mais para o final da lista das frutas. Escolha, primeiro, frutas que fiquem
boas cozidas, como pêra, maça, pessego, manga etc.
Não se preocupe com o aporte de fibras da fruta cozida, por duas razões:
1- você apenas oferecerá a fruta cozida nos primeiros três/quatro dias (se
a criança não reagir, você poderá oferecer a fruta normalmente depois
desse teste);
2- o porcentual de fibra que uma fruta oferecerá para uma criança dessa
idade é muito pequeno comparado às outras fontes de fibra da criança
(leite materno, fórmula e outros alimentos).
DICA
No meu site (clique aqui), há um ebook com um protocolo para a introdução
alimentar de bebês com APLV (alergia à proteína do leite de vaca).
Eu criei um protocolo GERAL, que servirá de guia, para que vocês tenham uma
noção melhor do assunto. É claro que a introdução alimentar precisa ser feita
individualmente para cada criança. Por isso, recomendo que vocês usem esse
protocolo como um "norte" e não como um manual de instruções.
SEMPRE CONSULTE UM MÉDICO!
DÚVIDAS
Entenda um pouco mais sobre o assunto, a partir da experiência
de outras mamães como você!
"O primeiro alimento ao qual meu filho reagiu foi a banana, bem no início da
introdução alimentar."
É por isso que eu bato na tecla da segurança e digo para não oferecermos logo de cara a
banana, tendo em vista seu potencial mais alergênico. Deixemos para oferecer a banana
um pouco depois, quando o sistema gastrointestinal do bebê estiver mais amadurecido.
"É recomendável dar o leite de soja para o bebê por muito tempo?"
A soja não é recomendada, principalmente para crianças IgE Não Mediadas com sintomas
gastrointestinais (nem mesmo a fórmula de soja). As proteínas do leite e da soja são muito
similares e, por isso, cerca de 60% das crianças que reagem à proteína do leite reagem à
da soja.
O leite de soja (o extrato), por sua vez, eu não recomendo para crianças com menos de
dois anos de idade. Antes disso, o ideal é leite materno e fórmula infantil, para que não
haja nenhum risco nutricional. Depois disso, eu só recomendaria o consumo de extrato de
soja se o médico responsável liberar o consumo.
Se a pergunta for à respeito dos fitoestrógenos e da suspeita de feminilização
(crescimento de mamas, por exemplo), nós ainda não temos estudos sólidos que
comprovam essa ligação.
Até porque os fitoestrógenos são hormônios vegetais, ou seja, bem diferentes dos
humanos.
"Meu filho tem dois anos e já havia consumido melancia algumas vezes sem reação.
Contudo, há três dias atrás ele consumiu melancia e está há dois dias com diarreia e
muco. Pode ser reação?"
Bom, a primeira coisa a ser investigada deve ser o que teve de novo na alimentação do
bebê. Foi só isso que teve de novo? Uma criança, de dois anos, como sabemos, já anda pela
casa inteira. Será que ele não teve algum contato acidental com alguma outra proteína?
A minha orientação é que você suspenda a melancia e, futuramente, quando ele estiver
estabilizado, reapresentá-la.
Pode ser uma reação alérgica. Algumas vezes, por exemplo, uma alergia alimentar pode
funcionar como uma goteira em um copo d'água, ou seja, só se manifestar depois de um
tempo. Contudo, pode ser outras coisas também, como uma infecção alimentar.
"Tenho uma filha APLV e com restrição à glutén. Estou amando o tema e penso em
trocar a advocacia pela Nutrição."
Bem vinda, colega! Quanto mais nutricionistas tivermos nessa área, melhor para todos nós.
Comigo também foi assim: a alergia alimentar do meu filho mudou o meu mundo por
completo.
"Na introdução alimentar da minha bebê terei que eliminar traços
domésticos? Ela faz uso de uma fórmula extensamente hidrolisada e é APLV
Não Mediada."
Provavelmente sua filha não reage mais a traços domésticos, se ela faz uso de uma
fórmula extensamente hidrolisada - que contém pequenos pedaços da proteína
do leite de vaca.
"Minha filha é APLV e tem hidrocefalia. Ela não assenta, não tem o controle do
tronco e foi prematura extrema. No momento, ela está com a barriga
distendida. É uma reação alérgica?"
Nesse caso, como temos uma outra questão médica envolvida, precisaríamos de
uma avaliação bem mais criteriosa para responder a essa pergunta.
A distensão abdominal pode ser um indício de reação, mas pode também ser um
período de adaptação ou alguma infecção intestinal, por exemplo. Quais outros
sintomas ela apresenta? Qual a história clínica? Leve sua filha ao pediatra que a
acompanha.
"A pediatra desconfia que a minha filha tem APLV e pediu exames de sangue.
Os exames não acusaram nada, mas mesmo assim a médica disse que ela
pode ser. Procede isso?"
Sim, procede! O exame de sangue detecta a presença da célula de defesa
Imunoglobulina E (anticorpo E). Se ele não acusou a presença dessa célula (que
indica que a criança tende a ter reações mais imediatas), sua filha pode ser IgE
Não Mediada (aquela que não produz essa célula como via de defesa, mas sim
outras células)!
"Meu bebê é APLV e tem alergia à proteína do ovo. Quem tem alergia ao ovo
pode ter também alergia à carne de frango? Afinal, o frango era o ovo."
Sim, o pensamento é exatamente esse. Existe uma reatividade cruzada
(similaridade de estrutura da proteína) muito grande entre o ovo e a carne de
frango. Por isso, existe sim essa chance (principalmente se a reação for à gema).
"Minha filha reage, em média, dentro de 24 horas. Tenho que testar o mesmo
alimento por três dias?"
Esse tempo de três dias é uma margem de segurança para que não haja NENHUMA
dúvida a respeito do alimento que causou a alergia. Se você oferece o mesmo
alimento por dois dias e no terceiro dia você introduz outro alimento e ela reage no
mesmo dia, você ficará na dúvida sobre qual foi o alérgeno.
Não se esqueçam: o processo da introdução alimentar vai de seis meses até um ano
de idade! O grande responsável por suprir todas as necessidades calóricas e
nutricionais da criança é o leite materno ou a fórmula.
Os alimentos, mesmo no período de introdução alimentar, são complementares.
Dizer isso significa dizer que é o período de testes, de experimentações.
A casca do feijão é muito rica em fibras e o corpo humano não digere essa parte do
alimento. Então, o que pode ter acontecido é seu filho ter comido com pressa e não
ter mastigado direito o feijão. A mesma coisa pode acontecer com milho, por
exemplo.
Coma perto do seu filho e oriente-o a mastigar! Estimule a mastigação.
À medida que seu filho cresce, aumente as porções mastigáveis da comida (amasse
menos a comida com o garfo, por exemplo), sempre em uma escala gradual,
respeitando a fase da criança.
Vamos lá, então. Compartilharei com vocês o meu caso pessoal com o João Artur.
Eu fazia consultas com uma médica gastropediatra em BH, inclusive bem
renomada na área.
Ela disse: "pode começar com fruta! Uma de manhã e outra fruta a tarde. No dia
seguinte, pode testar outra fruta."
Dito isso, eu a questionei: "mas doutora, tenho ouvido falar que crianças APLV
podem também reagir a outros alimentos e, inclusive, que outras frutas podem
causar alergia...".
Depois que eu disse isso, ela se alterou e respondeu gritando: "você vai continuar
lendo coisas na internet ou vai me escutar? Não vai dar reação com frutas, pode
fazer como eu falei!"
Respirei fundo, acreditei na palavra dela e assim o fiz. O resultado, como vocês
podem imaginar, foi que o João Artur reagiu. Não reagiu na primeira vez que eu
introduzi frutas, apenas. Ele reagiu NAS TRÊS VEZES SEGUIDAS que eu tentei
introduzir frutas na dieta dele.
As reações dele não foram brandas, foram fortíssimas! Ele sangrou muito pelas fezes
- episódio que não gosto nem de lembrar.
Tendo tudo isso em vista, para que atropelar? Para que começar pelo que pode dar
reação?
O seu filho pode não reagir a frutas, obviamente. Nesse caso, as coisas fluirão
otimamente! Contudo, seu filho pode reagir de maneira intensa, como o meu reagiu!
Então, vamos com paciência, responsabilidade e prudência.
Quanto à sopa, esse alimento não é recomendado para crianças por diversas razões:
além de ser líquida - e não na consistência de purê, que é o adequado -, sopa não
estimula a mastigação (que é importantíssima nesse idade), além de conter diversos
nutrientes ao mesmo tempo, o que inviabilizaria uma identificação de um alimento
específico, caso a criança reaja.
Material escrito por Creation Space
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