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CENTRO DE PROFISSIONALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO TÉCNICA

NADIA SALVIANO LAMAS

IMPACTOS DA COVID-19 SOBRE O TURISMO INTERNACIONAL

Rio de Janeiro
2021
NADIA SALVIANO LAMAS

IMPACTOS DA COVID-19 SOBRE O TURISMO INTERNACIONAL

Trabalho de Conclusão do Curso de Guia de


Turismo Internacional do CPET - Centro de
Profissionalização e Educação Técnica,
apresentado como requisito parcial para a
obtenção do certificado de Guia de Turismo
Internacional.

Rio de Janeiro
2021
NADIA SALVIANO LAMAS

IMPACTOS DA COVID-19 SOBRE O TURISMO INTERNACIONAL

Trabalho de Conclusão do Curso de Guia de


Turismo Internacional do CPET - Centro de
Profissionalização e Educação Técnica,
apresentado como requisito parcial para a
obtenção do certificado de Guia de Turismo
Internacional.

Rio de Janeiro, 07 de junho de 2021

BANCA EXAMINADORA

__________________________________
Prof. Dr. ..............
Universidade ..............
RESUMO

A pandemia de Covid-19 acarretou perdas incomparáveis à economia mundial,


notadamente ao setor de turismo. Hotéis, transportes, serviços de alimentação,
atrações e outros foram duramente afetados, o que resultou no fechamento de
várias empresas e na extinção de milhões de empregos mundo afora. A
Organização Mundial do Turismo prevê que o setor precisará de anos até retomar a
atividade anterior à crise. O presente trabalho tem como propósito elencar os
desafios do turismo neste momento difícil e identificar medidas que possam ser
tomadas para a recuperação no futuro, lembrando que estamos enfrentando uma
situação sem precedentes e um futuro, portanto, cheio de incertezas.
Palavras-chave: Covid-19. Turismo. Economia. Desafios. Recuperação.
ABSTRACT

The Covid-19 pandemic caused incomparable losses to the world economy, notably
to the tourism sector. Hotels, transport, food services, attractions and others were
severely affected, resulting in the closure of several businesses and the extinction of
millions of jobs around the world. The World Tourism Organization predicts that the
sector will take years to resume its pre-crisis activity. This paper aims to list the
challenges of tourism at this difficult time and identify measures that can be taken for
recovery in the future, remembering that we are facing an unprecedented situation
and a future, therefore, full of uncertainties.
Keywords: Covid-19. Tourism. Economy. Challenges. Recovery.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 — ANÁLISE
. . . . . . . . .SWOT
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
SUMÁRIO

1 ..............................................................
INTRODUÇÃO 7
2 ..............................................................
DESENVOLVIMENTO 9
2.1 GLOSSÁRIO
.............................................................. 9
2.2 DESAFIOS
. . . . . . . . . . PARA
. . . . .O
. . TURISMO
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3 . . . . . . . . . . . . . . . . .FINAIS
CONSIDERAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.1 ANÁLISE
. . . . . . . . .SWOT
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
REFERÊNCIAS
7

1 INTRODUÇÃO

Os números não são capazes de traduzir o alcance das perdas resultantes da


pandemia que estamos vivendo. Os dados não passam de instrumentos limitados
quando se pretende medir a profundidade do sofrimento humano e a imensidão do
luto coletivo. Apesar disso, eles nos ajudam a compreender a dimensão de
determinados prejuízos — principalmente no setor de viagens.
Embora a Covid-19 não seja a primeira pandemia do século XXI (em 2002-
2003 a Síndrome Respiratória Aguda Grave - SARS infectou 8.098 pessoas e
causou 774 mortes em 26 países), suas consequências são inigualáveis.
Por ser uma atividade econômica que depende basicamente da mobilidade
humana, o turismo foi, desde março de 2020, profundamente afetado diante da
imobilidade imposta pelas medidas de isolamento social exigidas em face da Covid.
Os principais subsetores que formam o turismo – transportes, hospedagem,
agenciamento de viagens, serviços de alimentação e lazer – foram todos bastante
afetados, com prejuízos que em alguns casos se aproximaram de 100%. Tais
perdas, no entanto, ocorreram em diversas escalas, desde a hotelaria de rede
internacional, formada por grandes corporações e com faturamentos anuais que
ultrapassam os bilhões de dólares, até os serviços de hospedagem regionais e
locais exercidos por empresas pequenas e familiares, sem reservas financeiras que
lhes permitam transpor o período de crise sem encerrar suas atividades.
Nesse cenário de hotéis vazios e atrações fechadas, as aeronaves
permaneceram no solo. Segundo a Organização Mundial do Turismo das Nações
Unidas (OMT), estima-se que no âmbito global os voos internacionais mal tenham
chegado a 381 milhões em 2020, em comparação com 1,46 bilhão em 2019 — o
que representa uma queda de 74% e uma perda estimada de US$ 1,3 trilhão em
receita.
Ressalte-se que o domínio do transporte aéreo internacional se encontra nas
mãos de poucas companhias aéreas, a maioria delas radicada em nações ricas e
desenvolvidas, onde têm chances razoáveis de encontrar a ajuda financeira de que
necessitam para se manter economicamente viáveis. O mesmo não se aplica a
empresas de transporte rodoviário, majoritariamente nacionais e radicalmente
impactadas pela interrupção dos fluxos de viajantes em geral.
Outro segmento que sofreu imenso choque econômico causado pela Covid foi
o dos cruzeiros marítimos. No Brasil, a temporada 2020/2021 foi cancelada e, com
quase 300 embarcações paradas no mundo inteiro, as perdas das grandes
armadoras ficaram na casa dos US$ 100 milhões em 2020, prejuízo que ainda deve
aumentar com a demora da retomada do setor em grandes mercados.
8

Quanto à dependência econômica de regiões e localidades do planeta em


relação ao turismo, ela também é desigual. Os fluxos internacionais do turismo de
massa e as receitas por ele geradas concentram-se em algumas regiões e países
que se ressentiram enormemente da interrupção abrupta desses fluxos. Nações e
regiões conhecidas como destinos internacionais de turistas, como a República das
Maldivas, que em 2019 teve 32,5% de seu PIB originado da atividade turística,
Aruba, no Caribe, com 32%, República de Seicheles, no Índico, com 26,4%, e a
Comunidade das Bahamas, com 19,5%, veem o turismo como uma fatia
considerável de seus respectivos Produtos Internos Brutos.
Considerando o drástico efeito da pandemia sobre o setor, essas regiões
muito dependentes da economia do turismo devem sentir de forma ainda mais
intensa o desemprego no setor, assim como outros efeitos negativos decorrentes da
interrupção repentina e prolongada dos fluxos internacionais de turistas, com
repercussões dramáticas sobre suas populações.
Dados da Organização Mundial do Turismo (OMT) apontam que 2020 foi o
pior ano da história para o turismo mundial, com queda de 75% na atividade. Essa
redução representa uma volta aos níveis de 30 anos atrás. Para se ter uma ideia da
gravidade desse quadro, a crise econômica global de 2009 acarretou uma perda de
4% ao setor.
De acordo com levantamentos do Conselho Mundial de Turismo e Viagens
(WTTC, na sigla em inglês), as perdas desde março de 2020 são da ordem de US$
4,5 trilhões e, além do prejuízo financeiro, resultaram na extinção de 62 milhões de
empregos em todo o mundo, isso em um setor, que, antes da pandemia, respondia
por 10% dos empregos no mundo.
No Brasil, a previsão é de uma perda total do setor turístico de R$ 116,7
bilhões no período de 2020-2021. Para recuperar esses valores, o setor de turismo
precisará crescer 16,95% ao ano em 2022 e 2023.
A crise econômica originada pelo novo coronavírus afetou e continua afetando
a economia mundial de forma drástica e, num mundo globalizado, todos sentirão, em
alguma medida, seus efeitos, sendo o desemprego e o empobrecimento geral da
população algumas das consequências anunciadas pelos especialistas.
O presente trabalho tem como objetivo analisar os prognósticos para o setor
de turismo nos próximos anos, enfatizando quais políticas devem ser adotadas a fim
de minimizar as perdas e permitir a retomar da atividade nos níveis pré-pandemia
.
9

2 DESENVOLVIMENTO

Assim que a OMS decretou a pandemia, em março de 2020, quase todos os


países adotaram algum tipo de medida de restrição de viagens, sendo que alguns
deles fecharam totalmente suas fronteiras para estrangeiros.
No setor aéreo, o golpe provocado pelo lockdown e pelas diretrizes de
isolamento instituídas em praticamente todo o planeta criou condições para o
aprofundamento do processo de oligopolização segundo o qual, num momento de
forte crise econômica, as empresas com maiores reservas e melhores condições
financeiras tendem a adquirir parte de suas concorrentes, incapazes de superar as
perdas decorrentes da crise. Isso é nocivo para os consumidores, pois diminui a
concorrência e concentra o controle nas mãos de poucos grupos.
No quadro econômico atual, organismos internacionais ligados ao setor, como
a Organização Mundial do Turismo, preveem que a atividade turística possivelmente
precisará de anos até conseguir recuperar os patamares anteriores à crise tanto em
termos de volume de fluxos como de produção de riqueza.
A pandemia expôs lacunas estruturais no sistema de turismo e sua
vulnerabilidade a impactos externos. Existe uma necessidade urgente de diversificar
e fortalecer a resiliência da economia do turismo para estarmos mais bem
preparados para futuros abalos, para resolvermos fragilidades estruturais de longa
duração e encorajarmos as transformações digitais que serão essenciais para
migrarmos para modelos mais resistentes, mais justos e mais sustentáveis de
desenvolvimento.
Os fluxos intrarregionais de turistas crescerão mais rapidamente em relação a
viagens de longa distância, assim como se ampliará o mercado do aluguel por
temporada, considerando o isolamento social possibilitado por esse tipo de
modalidade de hospedagem.

2.1 GLOSSÁRIO

Diante dessas novas tendências, destacamos um glossário de novos termos:

Staycation - ficar de férias em casa, ser turista na própria cidade ou nos


arredores. Diversos hotéis têm promoções para quem quer sair um pouco de casa,
explorando destinos mais próximos que possam ser alcançados de carro, num raio
de até 500 quilômetros. No caso específico do turista brasileiro, isso implica
redescobrir seu país e eventualmente sua própria região, além de promover o país
10

como destino para o público internacional.

Worcation – o profissional deixa sua casa para trabalhar em um destino de


lazer. Destinos como Bahamas, Ilhas Maurício, Ilha da Madeira, Estônia e Dubai
criaram categorias de vistos especiais para que estrangeiros possam viver por lá por
um tempo, normalmente até um ano, em esquema de trabalho remoto. É uma
tendência que vem ganhando força nos últimos anos com a popularização dos
nômades digitais, profissionais que podem trabalhar remotamente de qualquer lugar
do mundo. Alguns hotéis têm quartos adaptados para room office, com vistas a atrair
esses profissionais.

Buyout – fechar um hotel inteiro ou um navio de cruzeiro de luxo para si, para
sua família ou um grupo de amigos. Uma prática que se tornou relativamente comum
durante a pandemia, quando alguns viajantes de alto poder aquisitivo querem viajar,
mas evitando o contato com outras pessoas ou grupos maiores. Como o setor de
luxo está sempre na vanguarda das tendências, não é diferente na área de viagens.
Em dezembro de 2020 a edição virtual da ILTM (International Luxury Travel Market),
a maior e mais importante feira de viagens de luxo do mundo, mostrou que o
segmento é resiliente e continua forte.

Extended stay – com a mobilidade comprometida, o viajante tende a passar


mais tempo num mesmo hotel, que por sua vez oferece pacotes promocionais de um
mês ou mais.

Wellness travel – hotéis voltados para o bem-estar e a saúde física e mental


do hóspede se valorizaram num momento de tensão e ansiedade, oferecendo
atividades físicas, meditação, alimentação e SPAs em locais bucólicos. A marca
Cheval Blanc, parte do conglomerado de luxo LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton),
é uma das que oferecem privacidade, como se o hóspede estivesse em casa, mas
com uma variedade de serviços personalizados.

Revenge travel ou revenge spending – é a “viagem da vingança” ou o “gasto


por vingança”, quando o viajante compensa o tempo que ficou preso em casa sem
poder viajar ou gastar com lazer. É o momento em que o viajante assume uma visão
otimista do futuro.
11

2.2 DESAFIOS PARA O TURISMO

No momento, os maiores desafios do setor são:


Recuperar a confiança do viajante, impactada pela crise. Para isso, é
essencial prestar informações claras e minimizar as dúvidas na medida do
possível. A incerteza reinante pode levar a um declínio na demanda e no
consumo do turismo que poderá durar por um bom tempo depois do choque
inicial.
Promover o turismo doméstico. As pessoas vão preferir permanecer em
seus países e visitar destinos próximos enquanto não sentirem confiança para
a volta segura do turismo internacional. Esses turistas domésticos costumam
ser mais sensíveis a preços e tendem a gastar menos.
O comportamento do viajante mudará e será influenciado pela evolução da
crise, assim como pelas tendências que vão inovar a maneira como as
pessoas viajam. Isso pode incluir o surgimento de novos nichos e segmentos
de mercado, e um foco maior em protocolos de segurança e em experiências
de turismo em que não haja contato.
Segurança e higiene se tornarão os principais fatores para a seleção de
destinos e atividades de turismo. As pessoas vão preferir as “soluções
individuais” ao viajar, evitando aglomerações e priorizando meios de
transporte privados, o que pode ter um impacto adverso sobre o meio
ambiente.
Mudanças estruturais na oferta de turismo. Nem todas as empresas vão
sobreviver à crise, e a capacidade do setor provavelmente será reduzida
durante um período, limitando a recuperação.
Redução na capacidade de mão de obra. Muitos empregos serão perdidos
e os trabalhadores irão procurar vagas em outros setores.
A redução de investimentos exigirá políticas ativas para incentivar e
restaurar o investimento no setor de turismo a fim de manter a qualidade da
oferta de turismo e promover uma recuperação sustentável.
A digitalização nos serviços de turismo deve continuar a acelerar, incluindo
elevado uso de automação, pagamentos e serviços sem contato, experiências
virtuais e prestação de informações em tempo real, valendo-se para isso de
novas tecnologias.
Sustentabilidade: maior conscientização sobre as mudanças climáticas e
os impactos adversos do turismo aumentarão a resiliência do setor.
A política de turismo precisará ser mais reativa e no longo prazo migrará
para sistemas mais flexíveis, capazes de se adaptar rapidamente a mudanças
12

de foco da política. O gerenciamento da crise será uma área de foco


particular, assim como questões de políticas de segurança e saúde.

A pandemia tem cobrado ação dos governos, em todos os níveis, para reagir
de maneira coordenada, e tem destacado a importância de abordagens integradas
para apoiar a recuperação do turismo. O apoio precisa ser direcionado e acessível,
rápido e eficiente, para empresas e trabalhadores do setor. Todos os níveis de
governo, assim como o setor privado, precisam estar mais bem preparados e ter
capacidade de reagir e de se adaptar rapidamente. Isso exige uma avaliação de
risco aprofundada e mecanismos de resposta à crise, além de estreita coordenação
em nível local, nacional e internacional, fortalecendo a cooperação entre países.
As ações adotadas por um governo têm implicações para viajantes e
empresas em outros países e para o sistema global de turismo. Os países precisam
desenvolver sistemas colaborativos entre as fronteiras para retomar as viagens com
segurança, restabelecer a confiança dos viajantes e das empresas, estimular a
demanda e acelerar a recuperação. O turismo se beneficia significativamente dessas
medidas gerais de estímulo econômico. Entretanto, por ser um dos setores mais
impactados, corre o risco de ser um dos últimos a se recuperar, o que terá impacto
na recuperação macroeconômica de muitos países.
É preciso considerar as implicações da crise a longo prazo, adotando
medidas para apoiar continuamente os destinos e as empresas de turismo para que
se adaptem e sobrevivam, para que estejam prontos para prestar serviços e atender
à demanda quando a recuperação vier. Para evitar demissões os governos devem
promover p incentivo do setor, com pacotes de assistência financeira, linhas de
crédito específicas e subsídios; redução, isenção ou diferimento de impostos;
desoneração das folhas de pagamento e flexibilização temporária de contratos de
trabalho.
A transparência nos critérios epidemiológicos será particularmente importante
onde houver necessidade de mudar as restrições de viagens e as medidas de
confinamento em resposta a ondas do vírus e a mudanças na situação sanitária.
A crise apontou lacunas na disponibilidade de dados atualizados para
situações que progridem rapidamente. São necessários indicadores confiáveis e
consistentes para avaliar a efetividade de programas e iniciativas e para monitorar o
progresso na recuperação e resiliência do turismo. O retorno do turismo
internacional deve se basear em sólida evidência científica. A implementação
dessas soluções precisa ser viável, com capacidade suficiente para garantir que
esses sistemas possam funcionar de modo seguro.
O turismo traz consequências econômicas e sociais para pessoas, lugares e
13

empresas, e para a economia como um todo. Gera câmbio internacional, apoia


empregos e negócios, impulsiona o desenvolvimento regional e alavanca as
comunidades locais. Antes da pandemia, o setor contribuía diretamente com 4,4%
do PIB, 6,9% do emprego e 21,5% das exportações de serviços nos países da
OECD, em média (e com 6,5% das exportações globais, de acordo com a World
Trade Organization). Esses números são ainda mais altos nos países da OECD
onde o turismo é um importante impulsionador de atividades econômicas, como a
França (7,4% do PIB), Grécia (6,8%), Islândia (8,6%), México (8,7%), Portugal
(8,0%) e Espanha (11,8%).
Embora seja necessário adotar políticas flexíveis que permitam à economia
do turismo conviver com o vírus a curto e médio prazo, é essencial ir além e
aprender com a crise. A ação coordenada entre governos em todos os níveis e no
setor privado é crítica. As medidas precisam ser planejadas hoje para formatar o
turismo do amanhã.
14

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

“O turismo é a arte de vender felicidade.” (Luciano Baetz)


“Viajar te deixa sem palavras... e depois te transforma num contador de
histórias.” (autor desconhecido)

Depois de meses confinadas em casa ou saindo apenas para as atividades


essenciais por conta da pandemia, as pessoas estão ansiosas para ir a algum lugar,
pegar um meio de transporte qualquer e sentir que se afastam de sua vida por uma
semana ou algo assim.
Tomemos o exemplo recente da cidade de Nova York. Depois de o governo
acelerar a vacinação o setor imobiliário está reaquecido, os hotéis com 58,5% de
ocupação, as ruas cheias, o desemprego em queda e os teatros da Broadway se
preparam para reabrir em setembro.
Nos EUA como um todo, os aplicativos de reserva de viagens tiveram um
aumento de quase 75% nas buscas por voos para o verão, e o tráfego de pesquisa
nesses sites não para de aumentar. Pesquisas mostram que a maior parte da
população acredita que será seguro viajar nos meses de verão, embora 68% tenham
dito que a pandemia os levou a escolher viagens domésticas ao invés de
internacionais.
Na Europa, clientes fazem reservas de cruzeiros fluviais em navios menores
para o fim do ano, como um cruzeiro com tema natalino pelo Danúbio em pleno
inverno.
O “novo normal” chegou às atrações turísticas de massa com a reabertura da
Disneyland em Xangai, primeiro grande parque temático do mundo a voltar a
receber visitantes. Os protocolos incluem uso obrigatório de máscaras, capacidade
reduzida, filas com distanciamento de pelo menos 1,5m entre as pessoas, controle
de temperatura na entrada e oferta de álcool em gel e se tornaram padrão para a
maioria das atrações turísticas, de monumentos e museus a reservas naturais.
No quesito segurança de companhias aéreas, além dos usuais registros de
acidentes e idade das aeronaves, agora há um novo quesito a ser considerado, as
medidas de treinamento e segurança para evitar a disseminação do novo
coronavírus.
O turismo doméstico ameniza parcialmente as perdas com o declínio das
viagens internacionais, ajudando a compensar o impacto sobre os empregos em
alguns destinos.
Muitos países estão desenvolvendo medidas para criar um turismo mais
resiliente após a Covid-19. Elas incluem planos para apoiar o desenvolvimento
15

sustentável do turismo, promovendo a transição digital e repensando o turismo para


o futuro.
Um “passaporte de imunidade” nos moldes do que ocorre hoje com a vacina
da febre amarela pode ser uma solução para incentivar o turismo internacional após
a crise.
Os países mais lentos na vacinação levarão mais tempo para se recuperar
economicamente. A epidemia descontrolada aumenta a chance de surgimento de
novas variantes do vírus, e uma terceira onda da pandemia pode atrasar todo o
processo.
Existe ainda a preocupação com o surgimento de novos vírus. Isso envolve a
questão do meio ambiente, que deixa de ser uma questão só climática para ser
também pandêmica: quanto mais o homem invade habitats naturais onde estão os
repositórios naturais dos vírus, maiores as chances de contato com novos vírus.
A crise econômica global desencadeada pela pandemia afeta diretamente a
recuperação do turismo. Com desemprego e queda de renda nas classes D e E, a
retomada da economia deverá ser guiada pela classe A, com a aquisição de
produtos voltados para consumidores de classe mais alta. Ativos como ações,
imóveis, metais preciosos, fundos imobiliários, propriedades rurais e criptomoedas
tiveram forte alta durante a pandemia, o que fez crescer a economia de quem já
tinha dinheiro. Além disso, há o efeito “vingança” ou “eu mereço”: depois de se privar
de várias coisas por tantos meses, a pessoa se dá o direito de ter determinados
“luxos”, entre eles viagens.
Em face disso, as garantias de cancelamento, mais do que os preços baixos,
serão o principal atrativo. Alguns segmentos terão uma recuperação mais rápida que
outros, como é o caso das viagens corporativas ou do chamado turismo de
negócios. O setor de eventos, incluindo feiras, congressos. shows e festivais, tem
grande capacidade de captação de turistas, mas sua operação deverá ser feita com
critério nos primeiros meses de retomada.
No setor hoteleiro, reduzir as operações - por exemplo, um estabelecimento
com vários restaurantes fechar um ou mais deles, limitar o número de quartos,
utilizando poucos andares e fechando serviços agregados - pode ser uma
alternativa.
Tudo caminha para um aumento da valorização do profissional de turismo
graças à confusão de regras e restrições que os turistas devem enfrentar. Esses
profissionais terão nova relevância com a Covid-19, pois as pessoas querem voltar a
viajar, mas não querem uma experiência estressante de planejamento de viagem
num cenário de dificuldades. Contatar todos os hotéis para descobrir quais são seus
protocolos de segurança; saber quais resorts possuem instalações médicas no local,
16

caso alguém adoeça; ligar para a companhia aérea ou para a empresa de cruzeiros
pedindo reembolso são situações que consomem muito tempo e, portanto, os
viajantes que antes planejavam viagens por conta própria passarão a solicitar os
serviços e a orientação de um profissional experiente.
Após a fase de imunização, o turismo precisará se reinventar para se manter
e se recuperar. A pandemia acelerou processos que já estavam em teste, como os
serviços sem contato. Reduzir riscos em cada etapa da cadeia, com aferição de
temperatura, uso de máscaras, distanciamento físico, limpeza periódica de
ambientes e fornecimento de kits para viagens mais seguras. Muitas das novas
medidas sanitárias se tornarão rotineiras para garantir espaços mais limpos, mesmo
depois da vacina.
Segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagem (ABAV),
caminhamos para um turismo mais consciente, limpo e responsável. A indústria se
esforça para garantir a segurança sanitária de seus produtos, pois sabe que existe
uma preocupação maior por parte dos consumidores.
Os efeitos da pandemia sobre o setor de turismo são inquestionáveis, mas
serão sentidos em diferentes níveis por diferentes nações e regiões. Além disso, sua
superação será provavelmente lenta e gradual. A UNWTO prevê que o setor só
retorne aos níveis anteriores à crise a partir de 2023.
As viagens não vão acabar, mas é cedo para prever a totalidade das
implicações da crise para o turismo. Até o momento, as estimativas indicam que a
crise vai deixar efeitos estruturais, mas é conjuntural. Há empresas de turismo
investindo em tecnologia e apostando no aumento do uso de ferramentas virtuais
por parte dos consumidores, por força do período de isolamento social e da
necessidade de diminuição do contato com pessoas. O “novo normal”, implica uma
mudança no paradigma. É preciso se preparar para uma nova modalidade de
negócios, como investir em experiências impactantes. A demanda por produtos
turísticos vem se modificando e valorizando experiências, além das atividades de
contemplação tradicionais, que adicionam valor aos serviços prestados.
O que se sabe é que quanto mais tempo durar a crise, mais empregos e
negócios serão perdidos, maior o impacto no comportamento do viajante, e mais
difícil será reconstruir a economia do turismo.

3.1 ANÁLISE SWOT

Apresentamos a seguir um resumo na forma de pontos fortes e fracos,


17

oportunidades e ameaças do setor em razão da pandemia:

Quadro 1 — ANÁLISE SWOT


PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

Resiliência do turismo em crises Efeito cascata, com outros segmentos afetados, como o
anteriores setor de eventos
Turismo doméstico pode compensar Percepção de viagens como fator de risco
parcialmente as perdas Fechamento de empresas e concentração do mercado
Capacidade de adaptação, com nas mãos de poucas empresas
protocolos de higiene Baixa demanda quando houver a retomada do turismo,
Apoio governamental devido ao distanciamento social

OPORTUNIDADES AMEAÇAS
Repensar o modelo de negócio Recessão mundial, desemprego, fechamento de
Inovar e digitalizar empresas, incerteza
Priorizar segmentos sustentáveis (ex. Duração incerta, novas ondas, dificuldade para obter
natureza, saúde, rural) vacinas
Duração dos lockdowns e restrições

Fonte: O autor (2021)


18

REFERÊNCIAS

CRUZ, Rita de Cássia. Impactos da pandemia no setor de turismo. Jornal da USP,


São Paulo, 2020. Disponível em: https://jornal.usp.br/artigos/impactos-da-pandemia-
no-setor-de-turismo. Acesso em: 2 jun. 2021.

IMPACT assessment of the COVID-19 outbreak on international tourism. UNWTO.


2020. Disponível em: https://www.unwto.org/impact-assessment-of-the-covid-19-
outbreak-on-international-tourism. Acesso em: 3 jun. 2021.

KAMIN, Debra. Turismo vacinado : americanos já reservam destinos de férias de


verão. O Globo Caderno Boa Viagem. 2021. Disponível em:
https://oglobo.globo.com/boa-viagem/turismo-vacinado-americanos-ja-reservam-
destinos-de-ferias-de-verao-24962763. Acesso em: 2 jun. 2021.

LENCASTRE, Carla. Para sonhar em 2021: Veja as tendências do turismo de luxo


para o ano. O Globo, ano 2021, 7 jun. 2021. Caderno Boa Viagem.

MAIA, Eduardo. Um glossário para não ficar perdido nas viagens pós-
coronavírus. O Globo Caderno Boa Viagem. 2021. Disponível em:
https://oglobo.globo.com/boa-viagem/workcation-buyout-revenge-travel-um-
glossario-para-nao-ficar-perdido-nas-viagens-pos-coronavirus-24841824. Acesso
em: 31 mai. 2021.

OS POSSÍVEIS futuros para o turismo. AMPLIAMUNDO. 2020. Disponível em:


http://ampliamundo.com.br/os-possiveis-futuros-para-o-turismo. Acesso em: 4 jun.
2021.

REBUILDING tourism for the future : COVID-19 policy responses and recovery.
OECD. 2020. Disponível em: https://www.oecd.org/coronavirus/policy-
responses/rebuilding-tourism-for-the-future-covid-19-policy-responses-and-recovery-
bced9859. Acesso em: 3 jun. 2021.

SETOR de turismo: Impactos da pandemia. Banco do Nordeste. 2020. Disponível


em: https://www.bnb.gov.br/documents/80223/7641164/INFORME+MPE+Ano+III+-
+08+-AGOSTO+20.pdf/87971b52-7496-28ba-44a5-5b777aa10838. Acesso em: 3
jun. 2021.

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