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ISCTAC
Índice
Introdução.......................................................................................................................................4
Capítulo I: História da democracia..............................................................................................5
1.2 Pensadores clássicos sobre a democracia...............................................................................6
1.2.1 Platão (427-347 a. C.)......................................................................................................6
1.2.2 Aristóteles (384-322 a. C.)...................................................................................................7
1.2.2.1 Origem da Pólis.............................................................................................................8
1.2.2.2 A cidade e o cidadão.....................................................................................................8
1.2.2.3 As formas de governo...................................................................................................9
1.3. Isocrates.................................................................................................................................9
1.4 Xenofontes (428-355).............................................................................................................9
Capítulo II: democracia moderna...................................................................................................10
2.1 A Revolução Americana e a Revolução Francesa: dois grandes Marcos para à ascensão da
democracia moderna...................................................................................................................10
2.2 Democracia na America: Abraham Lincoln.........................................................................13
2.2.1 Efeitos de Lincoln na democracia dos Estados Unidos no século XXI.........................13
Capitulo III: Democracia Moçambicana........................................................................................15
3.1 Breve historial da Guerra pós independência.......................................................................15
3.2 Democracia moçambicana: eleições como expressão mais alta...........................................18
3.3 Pontos de aproximação da democracia no Mundo e a democracia de Moçambique...........20
Conclusao.......................................................................................................................................22
Bibliografia.....................................................................................................................................23
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Introdução
Alcançada a independência em 1975, Moçambique viveu uma segunda guerra, que durou16 anos,
movida pela Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO), que culmina com a reforma na
Constituição da Republica e eleições presidências e legislativa no ano de 1994.
O trabalho tem como objectivo geral: analisar a democracia sobretudo na antiguidade clássica,
modernidade e democracia moçambicana. Procurando desta forma, possíveis pontos convergentes e
divergentes. De forma específica o trabalho tem como objectivos de definir a democracia, sob ponto
de vista de vários pensadores, identificar os elementos fundamentais que ajudaram na edificação da
democracia moderna e caracterizar a democracia moçambicana.
A Democracia, palavra com origem no grego demokratía, (palavra composta por ‘demos’, que
significa povo, e ‘kratos’, que significa poder) tem sido implementada à custa de lutas nem
sempre pacíficas acabando com ditaduras e regimes fascistas de que a história e a humanidade
O conceito de democracia ficou conhecido com a experiência de auto governo dos cidadãos
atenienses durante o período de Péricles, no século V a C, embora já fosse usado antes. A palavra
democracia é formada por dois vocábulos gregos que, juntos, implicam uma concepção singular
de relações entre governados e governantes: “demos” significa povo ou muitos, enquanto
“kracia” quer dizer governo ou autoridade; assim, em contraposição à prática política adoptada
até então, ou seja, o governo de um sobre todos (monarquia) ou de poucos sobre muitos
(oligarquia), o conceito de democracia passou a conotar, como tanto Aristóteles como Platão
observaram, a ideia de uma forma de governo exercido por muitos; mas é um equívoco
considerar isso uma democracia directa, pois mesmo sendo um governo para muitos e exercido
por muitos, não o era por todos, já que estavam excluídos da cidadania mulheres, escravos e
trabalhadores braçais.
Segundo Heródoto, foi Péricles quem usou pela primeira vez, em sua oração fúnebre em
homenagem aos heróis da guerra do Peloponeso, a ideia de que a democracia é o governo “do
povo, pelo povo e para o povo”, um enunciado tornado célebre após ser usado por Abraão
Lincoln no século XIX. Mas a contribuição de Péricles, fruto de sua reflexão como estadista, foi
muito além; no seu famoso discurso, ele sugeriu, como observaram alguns especialistas, que a
democracia inventada em Atenas dizia respeito a dois ideais complementares: a distribuição
equitativa do poder de tomar decisões colectivas e o julgamento dos cidadãos quanto ao processo
de tomada dessas decisões e os seus resultados. Esses ideais iriam converter-se, ao longo das
transformações históricas que deram origem à democracia moderna, nos principais pilares do
7
A época de Péricles, iniciada em 460 com a sua primeira eleição para estratego, distinguiu-se por
uma complexa e intensa relação entre aquele que representava uma espécie de chefe do Governo,
reeleito estratego pela assembleia umas trinta vezes, e a própria assembleia popular. As inovações
deste período são, com efeito, assaz reveladoras: de um lado, foi introduzida a acusação pública
de paranomia, usada contra o proponente de um decreto em contraste com as leis, com o fim
evidente de reduzir o perigo de constantes derrogações das leis por parte da assembleia; do outro,
concedeu-se uma indenização (mistoforia) a quem desempenhasse um cargo público, com o claro
objectivo de permitir até aos menos abastados, então admitidos à magistratura por sorteio, a
participação no Governo da Pólis. Durante o domínio de Péricles, iniciou-se também a guerra do
Peloponeso que opôs principalmente Atenas e Esparta, fazendo depois deflagrar a discórdia, de
forma violenta, entre os próprios democratas e oligarcas em cada uma das cidades. Houve então
em Atenas um temporário retorno à oligarquia: o episódio mais relevante neste sentido é o do
Governo dos Trinta (BOBBIO, 2004, PP.952-953).
No período de Péricles, a democracia atinge sua forma plena Isonomia, Igualdade de todos
perante a lei, isegoria, igual direito de todos ao acesso à palavra; isocracia, igual participação de
todos no poder, soberania da assembleia; o posto de estratego como a mais importante
magistratura. Aparentemente arrasa-se o poder aristocrático e o dêmos torna-se soberano.
Republica, Livro VIII, Platão distingue, ao lado da forma de governo idealizada por ele, que e
uma aristocracia de filósofos, quatro formas que representam uma progressiva corrupção
daquela, e precisamente:
1. A timocracia = forma de governo fundada sobre a honra considerada como valor supremo (cf.
VIII, 545 d ss);
2. A oligarquia = forma de governo fundada sobre a riqueza (VIII, 550 c ss);
8
3. A democracia = forma de governo fundada sobre a liberdade levada ao excesso (VIII, 555 b
ss);
4. A tirania = forma de governo fundada sobre a violência derivada da licenciosidade na qual se
dissolveu a liberdade (VIII, 562 a-564 a).
Há uma novidade aqui: as formas de governo correspondem exactamente ao nível moral das
consciências dos cidadãos1.
1
Cf. G. REALE, Historia da Filosofia Antiga: Léxico, índices, bibliografia. Vol. 5. São Paulo:
Loyola, 1995, passim.
9
Para Aristóteles, o Estado, a polis, e a forma suprema de organização social e tem sua origem na
natureza. A capacidade de falar (logos) permite aos homens dizer o que e bom e mal, justo e
injusto e, portanto, relacionar-se entre si. As comunidades humanas surgem justamente dessa
capacidade de relação, desse carácter social. Mas dentre elas e preciso saber qual e a melhor e a
mais perfeita, aquela para a qual todas as demais tendem e se subordinam. Os instintos guiam os
homens a associar-se entre si. Assim, surge a família, que e a associação mínima estabelecida
pela natureza para satisfazer as necessidades mais elementares.
O cartão de identidade de cada polis e representada por sua constituição (politeia) que, em uma
primeira aproximação, e “uma certa maneira de organizar aqueles que habitam na cidade” e, mais
precisamente, a forma de “participação dos cidadãos em um governo” ou “uma organização das
magistraturas nas sociedades, como estão distribuídas, qual e o factor soberano no regime e qual
e o fim de cada comunidade”..
Tipos de governos Se governa com vistas ao bem Se governa com vistas ao próprio
público interesse
Governo de uma Monarquia Tirania
só (1)
Governo de poucos Aristocracia Oligarquia
(2)
Governo de muitos República Democracia
1.3. Isocrátes
Historiador, soldado e escritor grego, exaltava a Esparta, em sua opinião, Esparta apesar de ter
Estados menos populosos é o mais poderoso e mais ilustre da Grécia, isso deveu-se as
instituições criadas por Licurgo, o modelo corresponde a um regime totalitário
Capítulo II: democracia moderna
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2.1 A Revolução Americana e a Revolução Francesa: dois grandes Marcos para à ascensão
da democracia moderna
O pensamento de Locke acerca da democracia e como esta deveria ser exercida foi um factor que
influenciou um dos grandes movimentos históricos, no caso a Revolução Americana, para à
ascensão da democracia moderna. Locke relata que as leis não devem ser objectos de surpresa ao
povo, mas este deve ter conhecimento e participar activamente da vida política de seu Estado.
Tanto a Revolução Americana advinda da independência das treze colónias da América do Norte,
como, a Revolução Francesa, foram divisores de águas para uma nova perspectiva política, a qual
acentuaria uma maior valorização aos direitos humanos.
Logo, nota-se que, as ideias de cunho liberais estariam, de certo modo, ganhando e adquirindo
maior espaço e reconhecimento a partir do século XVIII, os movimentos que marcaram a
transição para uma nova visão política e, principalmente, quem iria fazer parte desse cenário,
foram os divisores de água na luta para a valorização humanista.
É possível notar que na Declaração de Independência dos Estados Unidos dois princípios de base
democráticos foram previstos e pregados: o princípio da liberdade e o princípio da igualdade. Em
relação ao terceiro princípio basilar do governo democrático, qual seja, o da fraternidade, não foi
alegado pelos americanos, aliás, houve uma resistência muito grande frente à dureza do
individualismo. A bandeira do princípio da fraternidade foi erguida mesmo em 1789 com a
Revolução Francesa.
A Confederação dos Estados Unidos da América do Norte nasceu sob a
invocação da liberdade, sobretudo da liberdade de opinião e religião, e da
igualdade de todos perante à lei. No tocante, porém, ao terceiro elemento
da tríade democrática da Revolução Francesa – a fraternidade ou
solidariedade – os norte-americanos não chegaram a admiti-lo nem mesmo
retoricamente. A isso se opôs, desde as origens, o profundo
individualismo, vigorante em todas as camadas sociais, um individualismo
que não constituiu obstáculo ao desenvolvimento da prática associativa na
vida privada2.
Já, a Revolução Francesa foi, dentre os marcos históricos, doutrinariamente, citados, a que,
trouxe um impacto maior não somente para a sociedade, mas também para a política da França;
afirmando, então, a democracia moderna. Tal período na história mundial é conhecido,
justamente, pelos três elementos bases da revolução, ou, como também é chamado, os três ideais
franceses, quais sejam: liberdade, igualdade e fraternidade. A luta popular se deu entorno disso!
2
COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. São Paulo, SP: Saraiva,
2007,p.108.
13
O terceiro movimento consagrador das aspirações democráticas do século XVIII foi a Revolução
Francesa. As condições políticas da França eram diferentes das que existiam na América,
resultando disso algumas dissemelhanças entre uma e outra orientação. Além de se oporem aos
governos absolutos, os líderes franceses enfrentavam o problema de uma grande instabilidade
interna, devendo pensar na unidade dos franceses. Foi isso que favoreceu o aparecimento da ideia
de nação como centro unificador de vontades e de interesses (DALLARI, 2013,p. 150)..
Como já referido, a Revolução Francesa de 1789 também foi considerada um grande marco
histórico-político para a humanidade no século XVIII. Pode-se dizer que esse movimento foi o
que, além de ascender à democracia moderna no que se refere à participação popular no governo,
também afirmou uma relevante concretização dos direitos inerentes ao homem.
Nesse sentido, a Revolução Francesa foi um grande marco para a ascensão da democracia
moderna (COMPARATO, 2007,144).
Lincoln ocupou o cargo de Presidente dos Estados Unidos da América no dia 04 de Marco de
1861 ate seu assassinato em 15 de Abril de 1865. Lincoln liderou o país de forma bem sucedida
durante a sua maior crise interna Guerra civil americana preservando união abolindo escravidão
fortalecendo o governo nacional
As consequências da emancipação dos escravos foram diversas. De imediato, em 1867 foi criada
a KuKluxKlan em Nashville (capital do Tennessee), um grupo que defendia o extermínio da
população negra. Segundo Luiz Estevam Fernandes e Marcus Vinícius de Morais, “ancorada
numa antiga tradição de linchamento de negros, a KKK combatia, além dos negros, os brancos
liberais que apoiavam o fim da segregação, também chamados de negro lovers (amantes de
negros, com duplo sentido) ”. Com milhares de negros livres pelo país, os linchamentos eram
justificados por acusações aos afros descendentes por estupros às mulheres brancas. Para estes
dois autores, isto representava uma “clara hierarquização da sociedade: a mulher, indefesa e
inocente, estaria sendo vitimizada pelo negro, ser inferior e bestial, que precisava ser combatido
pelos protectores dos bons costumes, os cavaleiros da Klan” (FERNANDES, L.E.O; MORAIS,
M.V., 2007, p. 136).
A narrativa construída por Steven Spielberg no filme Lincoln (2012) ilustra de forma sistemática
os objectivos das invocações a Lincoln: mostrar que só seria possível Obama se tornar presidente
graças ao acto “heróico” de emancipação de escravos. Nas primeiras cenas do filme, há uma
conversa de Lincoln com dois soldados negros em 1865, na qual um deles dizia que o facto de
negros e brancos estarem lutando lado a lado, isso abriria grandes oportunidades para os negros
futuramente: “Daqui a alguns anos teremos, talvez, capitães e tenentes negros; daqui a 50 anos,
um coronel negro, daqui a 100 anos, o direito a voto”. Nestas perspectivas, a construção do
15
Lincoln herói tendo como eixo a emancipação dos escravos como acto fundamental para igualar
os negros aos brancos atende a uma necessidade do tempo presente e serviu para legitimar e
justificar a ascensão de um negro ao cargo de Presidente dos Estados Unidos da América. Entre a
posse de Abraham Lincoln e de Barack Obama há uma diferença de quase cento e cinquenta
anos. Mesmo havendo uma considerável distância temporal.
16
Segundo Abrahamsson e Nilsson (1994), a génese da guerra pós independência reside no período da
guerra de libertação da FRELIMO contra a dominação colonial. Nessa altura, surgiram contradições
entre o governo central de Lisboa e os portugueses que se encontravam em Moçambique. As
contradições tinham a ver com a disputa de poder sobre o controle do território e das riquezas de
Moçambique.
Este grupo era constituído por uma elite económica, veteranos da luta armada, do governo colonial, e
alguns Moçambicanos que não estavam a favor da independência sob liderança da FRELIMO, pois
em caso de independência temiam que a FRELIMO pusesse em causa, todos os seus ganhos
económicos (Ibid).
(Abrahamsson e Nilsson, 1994) diz que a violência na cidade da Beira explica-se porque a partir do
fracasso da “Operação Nó Górdio” (1971), os milionários portugueses começaram a criar os seus
exércitos especiais sem o consentimento do governo central de Lisboa. Mesmo a contra-gosto, o
governo central em Lisboa aceitou os exércitos privados como forma de proteger os seus negócios e
defender-se da ameaça representada pela FRELIMO, que estava a ganhar muito espaço no campo
político e na batalha (Ibid).
Por seu turno, a violência foi desencadeada em Lourenço Marques porque o grande Guerreiro,
diplomata, político e empresário por vontade própria , que era o mais notório político dos colonos de
Moçambique, Jorge Jardim, fundou o movimento Moçambique Livre. Deste modo, este movimento
reivindicava o direito de independência unilateral e acreditava que tinha capacidade de derrotar a
FRELIMO e proclamar a sua própria independência.
Segundo Oliveira (2006: 22), o movimento protagonizou dias terríveis e de ódio que abalaram a então
bucólica Lourenço Marques, que ficou agitada por este punhado de gente, pondo a urbe a ferro e
fogo, trazendo a reacção da população negra, culminando tal façanha com centenas de mortes,
moradias e carros calcinados. Esta situação criou uma sensação de pânico e de desconfiança que foi
factor determinante para a partida de muitos portugueses para Lisboa e, principalmente para a
Rodésia e África do Sul.
Com efeito, foi assim que teve origem o movimento que desestabilizou Moçambique denominado na
altura Movimento de Moçambique Livre e posteriormente tornou-se conhecido com a sigla da NMR,
que significa National Movement Resistance, depois transformou-se em MNR, Mozambique National
Resistance e, finalmente, RENAMO já na República da África do Sul. O MNR é uma criação da
polícia secreta da Rodésia, a Central Intelligence Organization (CIO) na base da experiência de
combate que o exercito Britânico tinha do contra guerrilha (Mau Mau), no Quénia e também da
Malásia e de Chipre2 (Pavia 2000).
De acordo com Pavia (2000:22), em Setembro de 1976, os serviços secretos rodesianos, sob a
liderança de Ken Flower, organizaram o primeiro campo de treino militar para o MNR na cidade
fronteiriça de Umtal3. Os primeiros recrutas do MNR eram, na verdade, uma mistura de portugueses
moçambicanos, negros dissidentes da FRELIMO, veteranos do exército colonial que fugiram para a
Rodésia depois da independência, homens de negócio da classe média e régulos (chefes tradicionais)
(Ibid, p.22).
18
Isto quer dizer que, a génese da guerra esta ligada a grupos treinados e equipados com objectivo de
defender os interesses de portugueses descontentes com o rumo assumido para a independência de
Moçambique e Rodésia, que queriam garantir a sua permanência no poder perante a ameaça do
avanço dos nacionalistas que contestavam a declaração unilateral da independência. O movimento
que assumiu diferentes designações servia de pára-choques para o avanço das forças do Zimbabwe
African National Union (ZANU) que lutavam pela conquista da sua independência contra a
dominação colonial Rodesiana4. Após a independência de Moçambique, em 1975, a ZANU tinha
autorização total para entrar no território Moçambicano e organizar a sua guerrilha contra a Rodésia
de Ian Smith. Uma das principais contra-medidas dos serviços secretos rodesianos foi desenvolver e
coordenar as suas pseudo-unidades e transformá-las numa unidade maior. Neste trabalho os
Rodesianos foram ajudados por Portugueses e antigos comandos do exército Português e da polícia
secreta e muitos deles haviam fugido de Moçambique para a Rodésia quando a FRELIMO assumiu o
poder (Abrahamson e Nilsson, 1994).
Pavia (2000:21) afirma que “a FRELIMO com base nos seus ideais internacionalistas iniciou uma
rota de colisão, quando no dia 3 de Março de 1976 decidiu fechar as fronteiras com a Rodésia com
objectivo de aplicar as sanções internacionais que estavam em vigor contra o regime rodesiano. Em
Junho do mesmo ano um novo grupo militar identificado pela sigla MNR começa difundir
propaganda anti-comunista, pró-Rodésia através de uma estação de rádio baseada na Rodésia,
conhecida pela voz de África livre”.
Segundo Pavia (2000), a FRELIMO acreditava que a libertação total e o desenvolvimento real só
seriam possíveis se o país se libertasse da influência ocidental. Em segundo lugar o empenho da
FRELIMO em solidarizar-se com os movimentos da África Austral, nomeadamente o African
National Congress (ANC) na África do Sul e a ZANU) e o facto da mesma ter adoptado o sistema
socialista constituíam uma ameaça ao sistema Capitalista e ao regime do Apartheid.
Portanto, a guerra começou muito antes de Moçambique alcançar a sua independência. Para além
disso o movimento dos militares e serviços secretos que invadiam Moçambique no então tempo
colonial, a procura dos guerrilheiros da FRELIMO e da ZANU, de forma autónoma, eram mais uma
prova de que o movimento que liderou a guerra em Moçambique foi criado apenas para desestabilizar
o Moçambique após a independência devido o apoio prestado a ZANU.
19
Em 1990, Moçambique aprovou uma nova Constituição da Republica, onde a Frelimo deixou de
ser o único partido político. Assim, a Constituição de 1990 introduziu Estado de Direito
democrático alicerçado na separação e na independência dos poderes e no pluralismo lançando
parâmetros estruturais da modernização, contribuindo de forma assinalável para instauração de
um clima democrático que levou o país a realizar as primeiras eleições multipartidárias.
Os anos 1990 são marcados por uma democracia em forte progresso. O primeiro indicador
eleitoral de sucesso democrático é a elevada taxa de participação: nas eleições gerais de 1994 e
1999, 88% e 74%2. O segundo indicador é a afluência de candidatos e de partidos políticos: em
1994, doze candidatos a presidente e 14 partidos para a Assembleia3. A Frelimo e a Renamo
democratizaram-se se, sendo que a primeira abandonou as suas estruturas autoritárias e a segunda
20
passou de grupo armado a partido político activo. As próprias eleições e campanhas eleitorais
também deram provas de sucesso democrático, tenho sido “conduzidas profissionalmente num
ambiente pacífico”, apesar de alguns aptos fraudulentos menores. Como ilustra as seguintes
tabelas
Eleições presidências
Eleições legislativas
Partido Votos % Lugares
FRELIMO 2.115.793 44,33 129
RENAMO 1.803.506 37,78 112
União Democrática 245.793 5,15 9
Aliança Patriótica 93.031 1,95
Partido Social Liberal e Democrático SOL 79.622 1,67
Frente Unida de Moçambique -Partido de Convergência 66.527 1,39
Democrática FUMO-PCD
Partido da Convenção Nacional PCN 60.635 1.27
Partido Independente de Moçambique 58.590 1,23
Partido do Congresso Democrático 52.446 1,10
Partido para o Progresso do Povo de Moçambique 50.793 1.06
Partido Renovador Democrático de Moçambique 48.030 1.012
Partido Democrático de Moçambique 36.689 O,77
União Nacional Moçambicana 34.809 0,73
21
Sabe-se quea expressão maior da vontade popular é, justamente, o fato de o povo poder escolher
os seus representantes, isto é, aqueles que, de acordo com a lei, buscarão e reivindicarão seus
direitos e garantias. Essa atitude deescolha” configura-se na questão do sufrágio (votar e ser
votado, no sentido literal). Hoje, em Mocambique, as eleições são feitas de forma direta e secreta.
A história do voto em Mocambique começou 26 anos após Guerra civil . Foi em outubro de
1994 que os os Mocambicanos foram votar, gozando da soberania que outros povos como
Gregos, Brasileiros entre outros gozao. Mocambique quanto a democracia no mundo situa-se
num estagio encorajador e desafiante tendo em conta as abstencoes registadas nos ultimos pleitos
eleitorais quer autarquicas quer gerais.
22
Conclusao
Relativamente a historia da democracia, foi possivel perceber durante a pesquisa que conceito de
democracia ficou conhecido com a experiência de autogoverno dos cidadãos atenienses durante o
período de Péricles, no século V a C, embora já fosse usado antes. A palavra democracia é
formada por dois vocábulos gregos que, juntos, implicam uma concepção singular de relações
entre governados e governantes: “demos” significa povo ou muitos, enquanto “kracia” quer dizer
governo ou autoridade; assim, em contraposição à prática política adotada até então, ou seja, o
governo de um sobre todos (monarquia) ou de poucos sobre muitos (oligarquia), o conceito de
democracia passou a conotar, como tanto Aristóteles como Platão observaram, a idéia de uma
forma de governo exercido por muitos; mas é um equívoco considerar isso uma democracia
23
direta, pois mesmo sendo um governo para muitos e exercido por muitos, não o era por todos, já
que estavam excluídos da cidadania mulheres, escravos e trabalhadores braçais.
Como foi possível perceber tambem, a Revolução Americana e a Revolução Francesa foram os
divisores de águas para uma nova perspectiva política, que no caso, foi à ascensão da democracia
moderna. A principal característica esses marcos político-sociais foi, justamente, a valorização
que os mesmos trouxeram aos direitos inerentes ao homem e a posição deste na sociedade, em
lugar de destaque. A visão centralizada e egocentrica de alguns regimes de governo perdeu lugar,
e agora, uma grande massa faz parte dele. A Constituição da Republica de 1990 traz em seu art. 1
a 5º, os direitos fundamentais e tem como principios basilares o respeito aos individuos, atrelados
a cada direito inerente a si. Logo, percebe-se, que houve uma grande contribuição para a
legislação suprema de Mocambique.
Bibliografia
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