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Noções de economia

Antonio Fernando Zanatta e José Tadeu de Almeida

Introdução
Hoje é comum nos depararmos com questões que são debatidas nos meios de comunica-
ção, como inflação, desemprego e crise econômica. Mas, você saberia dizer o que está por trás
de cada uma destas situações? Nesta aula, vamos estudar os elementos que podem nos ajudar a
compreender alguns pontos sobre a economia.

Objetivos de aprendizagem
Ao final desta aula, você será capaz de:

•• entender o problema fundamental da economia;


•• compreender as diversas classificações de bens e serviços.

1 Problema fundamental econômico


Questões como inflação, desemprego, crise, entre outras, são manifestações do funciona-
mento da economia que estamos inseridos. Mas há mais elementos que devemos enfatizar no
seu estudo. Você poderia citar algum deles?
O ponto de partida, convencionalmente chamado de problema econômico fundamental, é a
escassez. Compreender este problema significa, necessariamente, entender o conceito de econo-
mia. De acordo com Garcia e Vasconcelos (2014, p. 2, grifo nosso), economia:

(...) é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem)
empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a dis-
tribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessi-
dades humanas.”

Este conceito destaca dois aspectos relevantes que estão relacionados com o problema da
escassez. O primeiro trata da limitação dos recursos, pois tudo o que produzimos utiliza como
base recursos limitados, como o petróleo.
O segundo aspecto da escassez diz respeito aos recursos requeridos pela sociedade para
atenderem às necessidades humanas, que por natureza tendem a ser ilimitadas.
Figura 1 – Decisão econômica versus escassez dos recursos

Fonte: Scanrail1/Shutterstock.com

FIQUE ATENTO!
O problema econômico fundamental é a escassez dos recursos presentes na eco-
nomia, que está ligada a dois aspectos: à limitação dos recursos e ao fato destes
recursos serem demandados pela sociedade, sendo utilizados para atender nossas
necessidades materiais.

Desta forma, para tratar da escassez, a sociedade criou os sistemas econômicos. De acordo
com Garcia e Vasconcelos (2014, p. 2), “um sistema econômico pode ser definido como sendo a
forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade”. Assim, podemos
concluir que é a partir do sistema econômico que a sociedade define as formas de produção, dis-
tribuição e consumo dos bens e serviços.
Na história econômica observam-se dois tipos básicos de sistemas econômicos em que a
maior parte das economias modernas se insere. Observe a seguir.

•• Economia de mercado: onde as decisões econômicas são tomadas de forma descen-


tralizada, por meio das interações dos agentes econômicos no mercado;
•• Economia planificada: as decisões econômicas são tomadas de forma centralizada,
por meio do planejamento estatal.

EXEMPLO
No artigo 170 da Constituição Brasileira podemos observar os princípios que nor-
teiam a organização do sistema econômico brasileiro, como: direito à propriedade
privada, função social da terra, economia de mercado, defesa do consumidor e bus-
ca pelo emprego.
É importante destacar que, para resolver o problema econômico da escassez, a sociedade,
por meio do sistema econômico, deve responder três questões relevantes (GARCIA; VASCONCE-
LOS, 2014).
•• O que e quanto produzir?
Considerando as possibilidades de produção, a sociedade escolhe quais produtos
devem ser gerados, e suas quantidades, para atender às suas necessidades.

•• Como produzir?
Remete à escolha dos recursos que serão utilizados para a geração dos produtos e de
que forma isto será feito.

•• Para quem produzir?


Trata-se de decidir como os produtos serão distribuídos dentro da sociedade.

SAIBA MAIS!
A economia de mercado é o sistema que possui maior liberdade para desenvol-
ver negócios privados. Segundo o “Ranking The Heritage Foundation”, Hong Kong
possui um índice de liberdade de 88,6%, sendo a economia mais livre em 2016. Já
os Estados Unidos têm um índice de 75,4%, e o Brasil, 56,5%. O país com menor
liberdade listado no ranking é a Coréia do Norte, com 2,3%. Este país é o exemplo
mais extremo de economia planificada. Outras informações sobre a interferência
da ação governamental sobre os negócios privados podem ser acessadas no link:
<http://www.heritage.org/index>.

Figura 2 – Mercado público em Montreal, Canadá

Fonte: meunierd/Shutterstock.com
Agora que já conhecemos os conceitos de escassez e economia, além dos sistemas eco-
nômicos que atuam para atender as necessidades das populações, vamos detalhar no próximo
tópico os bens e serviços gerados por estes sistemas.

2 Bens e serviços
Você sabe diferenciar bem e serviço? E ainda, tem ideia de quantos tipos de bens existem?
Convencionalmente, chamamos de bens todos os produtos que são artefatos materiais (tangí-
veis), e de serviços, as ações ou soluções (intangíveis) que atendem às necessidades humanas.
Uma característica que distingue o serviço é ser gerado ao mesmo tempo em que é consumido.
Da mesma forma, os bens podem ser armazenados para consumo posterior.
Nesta aula, vamos focar nossos estudos nos bens. Cabe dizer, ainda, que em economia não
há, a rigor, uma distinção, um juízo de valor sobre a natureza de cada produto, por isso todos são
tratados como bens, sendo eles benéficos ou não à sociedade (o lixo nuclear, por exemplo, embora
seja indesejável, não deixa de ser um bem).

EXEMPLO
Quando você vai ao barbeiro e/ou cabeleireiro você demanda o serviço de corte de
cabelo e a sua necessidade de ter o cabelo cortado e arrumado é atendida ao mes-
mo tempo que o serviço é gerado. A simultaneidade entre produção e uso é caracte-
rística dos serviços. Já uma geladeira (bem tangível) atende as suas necessidades
durante um período muito longo, que difere de quando ela foi gerada.

Para Sandroni (2016, p.149) um bem é “tudo aquilo que tem utilidade, podendo satisfazer
uma necessidade ou suprir uma carência”. O autor ainda especifica que bens econômicos são
“aqueles relativamente escassos ou que demandam trabalho humano” (SANDRONI, 2016, p.149).
Por exclusão, os bens livres podem ser definidos como aqueles que não são escassos e não
requerem trabalho humano para obtenção. Um exemplo clássico de bens livres é o ar que respi-
ramos. O ar atende a uma necessidade vital dos humanos, porém está disponível e não requer
trabalho para a sua obtenção. Basta respirarmos.
Porém, um bem pode ser livre em um lugar e econômico em outros. Veja o caso de Pequim,
uma das cidades com a maior poluição atmosférica do mundo; ar puro é um recurso extrema-
mente escasso naquele local. Da mesma forma, recursos, hoje, aparentemente livres, como a
água, com o tempo se tornam econômicos. Observe, por exemplo, que o Mar de Aral, o grande
lago da Ásia Central, perdeu mais de 90% de sua área.

FIQUE ATENTO!
Podemos dizer que o conceito de bem engloba tudo aquilo que tem utilidade e ser-
ve para atender uma necessidade humana. Os bens se dividem em duas grandes
categorias: bem livre e bem econômico.
Uma das formas de classificarmos os bens econômicos é pela rivalidade ou pela exclusivi-
dade no ato do seu consumo. Este tipo de classificação apresenta duas categorias. Confira a seguir.

•• Bens privados
O consumo de uma pessoa reduz a possibilidade de consumo deste bem por outra
pessoa ao mesmo tempo, por exemplo, o seu almoço de hoje.

•• Bens públicos
São bens pagos pelo Estado, logo entram na contabilidade nacional como gastos,
como por exemplo, a segurança nacional oferecida pelas Forças Armadas, que protege
todos os cidadãos ao mesmo tempo. Vale dizer que estes bens devem ser fornecidos
pelo Estado, pois a iniciativa privada não tem condições, interesse ou mesmo não pos-
sui porte para ofertá-los.

SAIBA MAIS!
Os bens públicos, por sua natureza, fazem com que seu consumo por uma pessoa (ao
menos em teoria) não reduza a possibilidade de outra pessoa consumir o mesmo bem
ou usufruir dos benefícios da disponibilidade desse bem, como no caso do Sistema
Único de Saúde (SUS), se rviço de saúde do governo estendido a todos os cidadãos.

Há também outra forma de classificarmos os tipos de bens, em função da sua destinação.


Sendo assim, os bens também podem ser classificados em:

•• bens de capital ou bens de produção: são adquiridos pelas empresas na forma de


investimento, e se destinam a produção de outros bens, por exemplo: máquinas e
equipamentos.
Figura 3 – Exemplos de bens de capital

Fonte: Franck Boston/Shutterstock.com


•• bens intermediários: são bens utilizados pelas empresas como investimento para
fabricação de outros bens, por exemplo: a chapa de aço que fabrica o automóvel.

•• bens de consumo: são destinados para o uso final das pessoas (denominados assim
como consumo), e ainda se desdobram em bens de consumo imediato, bens não duráveis
(que se destinam ao consumo de curtíssimo e curto prazo, como alimentos e vestuário)
e bens duráveis (consumíveis a prazos maiores, como automóveis e eletrônicos).

Figura 4 – Esquema de classificação dos bens

Livres Bens de Capital

Tangíveis Bens intermediários

Bens de Cunsumo
Bens Bens Privados
Bens de Capital

Intangíveis Bens intermediários


Econômicos
Bens de Cunsumo
Tangíveis
Bens Públicos
Intangíveis

Fonte: elaborada pelo autor, 2016.

FIQUE ATENTO!
Os bens econômicos podem ser classificados pelos seguintes aspectos: pelas suas ex-
clusividades no ato dos seus consumos, são os bens privados e os bens públicos; pelas
suas materialidades: material (tangível = produto) e imaterial (intangível = serviços); e
pelas suas destinações: são os bens de capital, bens intermediários e bens de consumo.

Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
•• aprender que o problema fundamental da economia está relacionado com a escassez
dos recursos econômicos;
•• compreender que a organização do sistema econômico é a forma como a sociedade
resolve o problema da escassez;
•• conhecer os dois tipos de sistemas econômicos contemporâneos: economia de mer-
cado (descentralizada) e economia planificada (centralizada);
•• entender que os bens econômicos são classificados pelas suas materialidades, desti-
nações e rivalidades e ou exclusividades no ato dos seus consumos.
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 170.
Brasília. Disponível em: <https://goo.gl/zaRrL>. Acesso em: 21 nov. 2016.

GARCIA, Manuel Enriquez; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Fundamentos de econo-
mia. São Paulo: Saraiva, 2014.

ILHA DAS FLORES. Direção: Jorge Furtado. Elenco: Ciça Rodrigues. Narração: Paulo José, 1989.

RAISER, Martin. Erradicar a pobreza e diminuir desigualdades são fundamentais para o desenvolvi-
mento. The World Bank. Washington (EUA), 2016. Disponível em: <https://goo.gl/UJzQEE>. Acesso
em: 8 dez. 2016.

SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. 1. ed. Record: Rio de Janeiro. 2016.

THE HERITAGE FOUNDATION. 2016 Index of Economic Freedom. 2016. Disponível em: <http://
www.heritage.org/index/>. Acesso em: 5 dez. 2016.

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