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INFLUÊNCIA DOS FATORES BIOLÓGICOS E AMBIENTAIS SOBRE O

ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO

FREIRE, Ariane Bôlla; POZZEBON, Nathália Mezadri; REAL, Amanda Albiero;


ANVERSA, Elenir Terezinha Rizzetti; BRAZ, Melissa Medeiros; PIVETTA,
Hedioneia Maria Foletto
Trabalho vinculado ao programa de Auxílio à pesquisa Recém-doutor (ARD/CCS/UFSM).
Universidade Federal de Santa Maria, curso de Fisioterapia
aribfreire@hotmail.com

RESUMO:

Introdução: o aleitamento materno é uma estratégia de vínculo e nutrição para a criança


recomendado como exclusivo nos seis primeiros meses. Porém, pesquisas demonstram um índice
muito baixo de aleitamento materno exclusivo. Objetivo: analisar a produção científica da área da
saúde acerca dos fatores biológicos e ambientais que interferem no aleitamento materno no Brasil.
Metodologia: duas bases de dados eletrônicas foram consultadas, SCIELO e Google Acadêmico,
utilizando-se os descritores “fatores biológicos e ambientais, aleitamento materno exclusivo,
desmame precoce”. Incluíram-se artigos científicos publicados em português e manuais do Ministério
da Saúde, publicados no período entre 2002 e 2011. Resultados: selecionou-se 15 referenciais dos
34 encontrados. Conclusão: estudos demonstraram que fatores ambientais como situação
econômica precária, baixa idade materna, escolaridade materna inferior; e fatores biológicos como
lesões nas mamas, influenciam no desmame precoce. Desse modo, destaca-se a necessidade de
trabalho em equipe multiprofissional na promoção do aleitamento materno.

Palavras-chave: aleitamento materno exclusivo, fatores biológicos, fatores ambientais, desmame


precoce.

INTRODUÇÃO

Apesar de a alimentação variar enormemente, o leite materno, surpreendentemente,


apresenta composição semelhante para todas as mulheres que amamentam do mundo. Nos
primeiros dias, o leite materno é chamado colostro, que contém mais proteínas e menos
gorduras do que o leite maduro, ou seja, o leite secretado a partir do sétimo ao décimo dia
pós-parto. Além disso, o leite humano possui numerosos fatores imunológicos que protegem
a criança contra infecções (BRASIL, 2009a).
O leite materno constitui-se fonte segura de nutrição para o ser humano, uma vez
que seus benefícios refletem-se até a idade adulta. Observa-se nesse alimento composição
nutricional balanceada com presença de fatores funcionais e moduladores, meios pelos
quais as necessidades fisiológicas, imunológicas, de crescimento e desenvolvimento do
lactente são asseguradas (CYRILLO et al., 2009). Além disso, o leite materno tem sido
recomendado como o único alimento nos seis primeiros meses de vida do bebê. A
introdução de alimentos complementares com a continuação da amamentação pode
acontecer após este período até os dois anos de idade ou mais (WHO, 2001).
O aleitamento materno consiste em ato de amor, doação. “Amamentar é muito mais
do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho,
com repercussões no estado nutricional da criança” (BRASIL, 2009a, p. 11). Pode-se
ressaltar que o aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo e nutrição
para a criança e constitui uma maneira econômica e eficaz de intervenção para redução da
mortalidade infantil (BRASIL, 2009a).
O aleitamento materno é classificado em: 1) Aleitamento materno exclusivo (AME),
quando a criança recebe somente leite materno; 2) Aleitamento materno predominante
(AMP), quando a criança recebe além do leite materno, água e bebidas à base de água; 3)
Aleitamento materno complementado (AMC), quando a criança recebe além do leite
materno, qualquer alimento sólido ou semi-sólido com a finalidade de complementá-lo; 4)
Aleitamento materno misto ou parcial, quando a criança recebe leite materno e outros tipos
de leite (WHO, 2008).
De acordo com o Ministério da Saúde, não há vantagens em se iniciar com alimentos
complementares antes de seis meses de vida, podendo até ser prejudicial à saúde da
criança, associando-se à maior ocorrência de diarréias, doenças respiratórias, risco de
desnutrição se os alimentos ingeridos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno
(BRASIL, 2009a). Ainda há riscos de maior ocorrência de anemia, doenças infecciosas e
comprometimento físico da criança (ASSIS et al., 2004).
Além disso, o aleitamento materno (AM) traz inúmeros benefícios, pois evita mortes
infantis através de causas preveníveis, uma vez que protege contra infecções (JONES et al.,
2003), promove melhora na condição da anemia (SPINELLI et al., 2005); evita diarréias
(VIEIRA et al., 2003); reduz o risco de infecção respiratória (ALBERNAZ et al., 2003),
diminui o risco de alergias, incluindo asma (VAN ODIJK et al., 2003), e a longo prazo, reduz
a incidência de hipertensão, hipercolesterolemia e Diabetes Mellitus. Dados estes
comprovados a partir de um estudo onde os indivíduos amamentados apresentaram
pressões sistólica e diastólica mais baixas, níveis menores de colesterol total e risco 37%
menor de apresentar Diabetes tipo 2 (HORTA et al., 2007).
Além destes benefícios, estudos referem que o AM reduz a chance de obesidade
(BALABAN et al., 2004) e possui efeito positivo na inteligência, pois contribui para o
desenvolvimento cognitivo da criança (MORTENSEN et al., 2002). Destaca-se ainda o
menor custo financeiro, a promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho e melhora a
qualidade de vida das famílias (BRASIL, 2009a).
Entretanto, apesar das inúmeras vantagens que o AM produz, a prevalência do AM
exclusivo até os 6 meses de idade merece atenção, pois pesquisas vêm demonstrando que
esse índice encontra-se muito aquém do recomendado pelo Ministério da Saúde (BRASIL,
2009b). Para além da visão biologicista do aleitamento materno, os condicionantes da
cultura, da história e do contexto de vida da mulher, tem mostrado fortes indicadores de
interferência na prática do aleitamento materno.
Assim, esse estudo teve como objetivo analisar a produção científica da área da
saúde acerca dos fatores biológicos e ambientais que interferem no aleitamento materno no
Brasil.

METODOLOGIA

Foi realizado um estudo do tipo bibliográfico, com abordagem qualitativa, visto que
os documentos estudados foram selecionados e categorizados por meio de um método
sistemático e apresentados mediante a descrição dos achados (GIL, 1991).
Para a realização deste estudo, foram realizadas buscas em bases de dados
eletrônicos (SCIELO e Google Acadêmico) no mês de julho de 2012, de artigos publicados
em revistas científicas impressas ou online, no período de 2002 a 2011, que abordassem a
temática proposta. Também buscou-se referenciais atualizados do Ministério da saúde
sobre a temática aleitamento materno. Utilizou-se, para a pesquisa a associação dos
seguintes descritores, em língua portuguesa: fatores biológicos, fatores ambientais,
aleitamento materno exclusivo, aleitamento materno, desmame precoce.
Concluída essa primeira etapa caracterizada pela aquisição dos materiais contendo
informações sobre o aleitamento materno e aleitamento materno exclusivo, a segunda etapa
constituiu-se da seleção dos mesmos de acordo com os seguintes critérios de inclusão:
artigos completos em língua portuguesa; manuais do Ministério da Saúde com a temática
enfatizando os fatores que influenciam no desmame precoce. Trabalhos classificados como
teses, capítulos de livros, livros, anais de congressos, guias médicos, comentários,
resenhas, informativos governamentais, assim como artigos que não estivessem
disponibilizados na íntegra ou que não se enquadraram nos objetivos do presente estudo
foram excluídos.
Na primeira etapa de análise as pesquisadoras excluíram os artigos cujo título e
resumo não se enquadraram no objetivo do estudo. De posse dos artigos e materiais
selecionados procedeu-se à leitura sistemática e integral de cada documento identificando
os fatores elencados na literatura como influentes no desmame precoce, sendo estes
categorizados em duas dimensões, fatores biológicos e fatores ambientais. Na sequência,
realizou-se a análise descritiva e qualitativa dos artigos que incorporaram o cerne desta
revisão.
De acordo com o material pesquisado, realizou-se a descrição dos elementos e
resultados de pesquisas que envolvem os fatores influentes no aleitamento materno
exclusivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sobre o tema proposto, encontrou-se 34 artigos, entretanto, fazendo uso dos critérios
de inclusão e exclusão, foram selecionados 12 artigos e 3 manuais do Ministério da Saúde,
os quais contemplavam o tema abordado.
Os referenciais selecionados demonstraram que o aleitamento materno é
recomendado de modo exclusivo nos seis primeiros meses de vida, no entanto, as taxas
desse tipo de aleitamento permanecem baixas, em todo o mundo. De modo a demonstrar a
importância do primeiro contato do bebê com o leite materno, Vieira et al. (2004), em seu
estudo, evidenciaram que crianças que foram amamentadas no primeiro dia de vida
demonstraram maior prevalência tanto de aleitamento materno quanto de aleitamento
exclusivo.
Estudo realizado por Oliveira et al. (2005) demonstrou que 83,3% das crianças
estudadas faziam uso precoce de alimentos diferentes do leite materno antes dos seis
meses de idade. Nesse estudo também foi observado que a interrupção precoce do
aleitamento exclusivo ou predominante aumentava à medida que as condições de vida se
tornavam mais precárias. Outra variável citada pelo autor foi a questão da idade materna,
nos quais os filhos de mães menores de 20 anos de idade apresentaram maiores chances
de serem desmamados antes dos seis meses de vida quando comparados àqueles de mães
com idade entre 20 a 34 anos. Esse último também revelou a prevalência de AME e AMP
diminuída entre o quarto e o sexto mês de vida da criança e apresentou uma duração média
de AM baixa e reduzida.
Outro estudo, realizado por Parada et al. (2005), evidenciaram que a grande maioria
das crianças menores de 6 meses (83,3%) recebia leite materno, porém observou-se uma
baixa prevalência de aleitamento materno exclusivo, até mesmo entre as crianças menores
de 4 meses (25,4%). Nesse estudo, levou-se em conta a escolaridade das mães, sendo que
as de menor escolaridade amamentaram menos que as de maior nível de escolaridade. Do
mesmo modo, Bueno et al. (2003) observaram que a maior escolaridade materna foi
relevante para o prolongamento do aleitamento exclusivo.
A alta prevalência do AMP no Brasil sugere um alerta às autoridades de saúde para
que sejam oferecidas ações educativas às mães e seus familiares, com informações sobre
os efeitos nocivos da administração de líquidos não nutritivos nos primeiros meses de vida
da criança (VENANCIO et al., 2002; BRASIL, 2011; BRASIL 2009b). Em seu estudo, os
mesmos autores Venancio et al. (2002) referem que o trabalho informal e o desemprego
podem interferir negativamente na duração do aleitamento materno, já que essa nutriz
geralmente tem que trabalhar para ajudar financeiramente com as despesas familiares. Em
consonância com esse último, outro estudo realizado por Frota et al. (2009) revelou que as
mães que trabalham fora apresentam uma chance maior de abandonar a prática de
aleitamento materno.
O Ministério da Saúde destaca a importância do amparo legal e efetivo ao
aleitamento materno para as mães que desejam amamentar, uma vez que as políticas
nacionais de apoio ao aleitamento materno são mais intensas no âmbito hospitalar, com
pouco ou incipiente estímulo para estabelecer essas ações no âmbito da Atenção Básica
(BRASIL, 2009a; BRASIL, 2009b). Além disso,

“a fragmentação e hierarquização do sistema contribuem para uma série


de dificuldades inerentes à promoção e manutenção do aleitamento
materno, tais como: pouco suporte às demandas pertinentes a cada fase
do ciclo de vida familiar (criança, mãe, pai, outros), ineficaz
interdisciplinaridade do trabalho dos profissionais de saúde, resposta
insatisfatória dos serviços de saúde, sobretudo da Atenção Básica, aos
problemas mais frequentes no manejo do aleitamento materno,
abordagem focada no indivíduo e na doença e não na coletividade e de
forma integralizadora” (BRASIL, 2009b).

Quanto aos condicionantes biológicos do abandono do aleitamento, estudos têm


verificado que as mães justificam o início precoce do desmame pela ocorrência de
problemas como: medos; fissura na mama; mamilos planos ou invertidos; ingurgitamento
mamário, como resultado de uma compressão dos ductos lactíferos, outras patologias
mamárias como mastite, Fenômeno de Reynaud, galactocele, abscesso mamário,
monolíase, o que dificulta ou impede a saída do leite; dor nos mamilos; demora na
apojadura, reflexo exacerbado de ejeção do leite, sucção débil do bebê e baixa produção de
leite (MONTRONE et al., 2003; COCA et al., 2009; FROTA et al., 2009; BRASIL, 2011).
Estudos confirmam que mulheres com mamas ingurgitadas têm maiores chances de
desenvolver lesão mamilar, o que pode interferir na amamentação, pois torna o ato de
amamentar doloroso (COCA et al., 2009). Pesquisa realizada por Carvalhaes e Côrrea
(2003) demonstrou que 30% das mães estudadas apresentaram algum tipo de lesão nos
mamilos, demonstrando uma das dificuldades encontradas com o início da amamentação. A
correta técnica de amamentação nos primeiros dias após o parto está relacionada com o
sucesso do aleitamento, sendo que o posicionamento inadequado do bebê pode levar ao
desmame precoce (WEIGERT et al., 2005).
A falta de informação também é um fator relevante no descrédito das mulheres em
relação ao leite materno como fonte exclusiva de alimentação, sendo reflexo de informações
transferidas equivocadamente a essa geração. Ressalta-se ainda a vulnerabilidade da
mulher nesse período às opiniões de pessoas de seu convívio como marido, mãe, sogra,
amigos e familiares. Assim, a tarefa de amamentar acaba exigindo persistência e motivação
da mãe (MACHADO, BOSI, 2008; BRASIL, 2011).
No que se refere ao tipo de parto, estudos indicam um risco aumentado de desmame
completo no primeiro mês de vida em mães que tiveram seus filhos através de parto
cirúrgico, sendo então o maior percentual de mulheres que continuaram amamentando, pelo
menos até os 45 dias de vida do bebê, quando o parto realizado foi via vaginal (LINS et al.,
2006).
A tabela que segue menciona os referenciais selecionados que abordaram o tema
proposto.

Tabela 1 – Referenciais analisados referentes ao aleitamento materno exclusivo e fatores associados:

Autor Título do Trabalho Periódico, ano, Grupo de


volume/número, páginas Estudo

1.Parada, Situação do aleitamento materno em população Revista Latino-Americana de São Paulo


C.M.G.L., et. assistida pelo programa de saúde da família- PSF. Enfermagem. v.13 n.3 Ribeirã
al o Preto maio/jun. 2005.

2.Oliveira, Duração do aleitamento materno, regime Caderno de Saúde Pública, Bahia


L.P.M., et. al alimentar e fatores associados segundo Rio de Janeiro, 21(5):1519-
condições de vida em Salvador, Bahia, Brasil 1530, set-out, 2005.

3.Vieira, G.O., Fatores associados ao aleitamento materno e Revista Brasileira de Saúde Bahia
et. al desmame em Feira de Santana, Bahia Materna e Infantil, Recife 4
(2):143-150, abr./jun., 2004.

4.Bueno, Riscos associados ao processo de desmame entre Caderno Saúde Pública, Rio São Paulo
M.B., et. al crianças nascidas em hospitais universitários de de Janeiro, 19(5):1453-1460,
São Paulo, entre 1998 e 1999: estudo de coorte set-out, 2003.
prospectivo do primeiro ano de vida.

5.Montrone Trauma mamilar e a prática de amamentar: Revista APS, v.9, n.2, p. 168- São Paulo
AVG, et. al estudo com mulheres no início da lactação. 174, jul./dez. 2006.

6.Coca, K.P., A posição de amamentar determina o aparecimento Revista da Escola de São Paulo
et. al do trauma mamilar? Enfermagem USP, São
Paulo, v. 43, n. 2, p. 446-452,
2009.

7.Carvalhaes, Identificação de dificuldades no início do Jornal de Pediatria - Vol. 79, São Paulo
M.A.B.L. e aleitamento materno mediante aplicação de Nº1, 2003.
Corrêa, protocolo
C.R.H.

8.Venancio, Freqüência e determinantes do aleitamento Revista Saúde Pública 2002; São Paulo
S.I., et. al materno em municípios do Estado de São Paulo 36(3):313-8.

9.Weigert, Influência da técnica de amamentação nas Jornal de Pediatria - Vol. 81, Porto Alegre
E.M.L., et. al freqüências de aleitamento materno exclusivo e Nº4, 2005.
lesões mamilares no primeiro mês de lactação.

10.Lins, Amamentação e tipo de parto: uma avaliação PublICa II (2006) 29 – 37. Natal
G.F.A.C., et. envolvendo as gestantes do estudo multicêntrico
al sobre saúde reprodutiva no Brasil realizado em
Natal-RN, 2000
11.Frota M.A., Fatores que interferem no aleitamento materno Revista da Rede de Fortaleza
et. al Enfermagem do Nordeste
v.10, n.3, p.61-67,
jul./set.2009.

12.Machado Compreendendo a Prática do Aleitamento Revista Brasileira de Saúde Fortaleza


M.M.T. e Bosi Exclusivo: um estudo junto a lactantes usuárias da Materno-Infantil, Recife, v.
M.L.M. rede de serviços em Fortaleza, Ceará, Brasil. 8, n. 2, p. 187-196, abr. /
jun.,2008.

13.Ministério Atenção à Saúde do Recém-nascido. Guia para os Série A. Normas e Manuais Brasília
da Saúde profissionais de saúde Técnicos. v.1, 2011.

14.Ministério Saúde da Criança: Nutrição infantil. Aleitamento Série A. Normas e Manuais Brasília
da Saúde materno e Alimentação complementar Técnicos. Caderno de Atenção
Básica, nº 23, 2009a.

15.Ministério Rede Amamenta Brasil Caderno do Tutor. 2009b. Brasília


da Saúde

CONCLUSÃO

Com este estudo, pode-se observar os fatores que influenciam no abandono do


aleitamento materno. Fatores ambientais como a situação econômica precária, idade
materna inferior a 20 anos, baixa escolaridade materna, substituição total ou parcial do leite
materno precocemente por outros alimentos, técnica incorreta de amamentação,
posicionamento inadequado do bebê, mães que trabalham fora, desemprego, descrédito
das mulheres, opiniões desencontradas das pessoas que formam a rede de apoio,
informação precária quanto à importância do aleitamento na vida do binômio mãe-bebê, a
via de parto (cesáreo), bem como a fragilidade das políticas de saúde consistem em fatores
relevantes que se destacam como fortes indicadores de abandono do aleitamento materno.
Dentre os fatores biológicos destacam-se as lesões nas mamas, mamilos planos ou
invertidos, ingurgitamento mamário, dor nos mamilos, sucção débil do bebê, demora na
apojadura, reflexo exacerbado de ejeção do leite, não aleitamento no primeiro dia de vida do
bebê e “baixa produção de leite” foram destacados na literatura.
Como se percebe, são os múltiplos fatores que se interpõem ao aleitamento
materno, o que acena para a necessidade de trabalho em equipe multiprofissional em prol
do aleitamento materno, formando uma rede de cuidado voltado à promoção da saúde e da
qualidade de vida tanto do bebê quanto da mãe e da unidade familiar como um todo.

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