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REAÇÕES DE

HIPERSENSIBILIDADE
Causas das Doenças de Hipersensibilidade
● Os distúrbios causados por respostas imunes são chamados de hipersensibilidade;

● A reação imune contra o antígeno de diversificadas origens pode ser o que leva a
um distúrbio de hipersensibilidade;

● Autoimunidade: (reações contra antígenos próprios). O defeito dos procedimentos


normais de autotolerância provoca reações contra células e tecidos do próprio
organismo;

● Reações contra microrganismos: a resposta imune ao combate dos antígenos


microbianos é capaz de gerar doenças caso as reações sejam em excesso ou os
microrganismos persistam de maneira anormal;
Causas das Doenças de Hipersensibilidade
● Reações contra antígenos ambientais: a grande maioria das pessoas saudáveis
não reage contra substâncias ambientais comuns (em geral inofensivas), porém,
aproximadamente 20% da população é de forma “anormal responsiva” a uma ou
mais destas substâncias.
Mecanismos e Classificação das Reações de Hipersensibilidade

● Hipersensibilidade Tipo I (imediata, atópica ou anafilática): mediada por anticorpos


como o IgE, que reconhecem antígenos denominados alérgenos;

● Hipersensibilidade Tipo II: mediada, principalmente, por IgG e IgM;

● Hipersensibilidade Tipo III: formada, principalmente, por IgG ou IgM, podendo ser
causada por um antígeno endógeno ou exógeno;

● Hipersensibilidade Tipo IV: o mecanismo efetor consiste na ativação da célula TH1,


que vai ativar o macrófago; ativação dos macrófagos produz citocinas
inflamatórias.
Mecanismos e Classificação das Reações de Hipersensibilidade

Classificação das Doenças de Hipersensibilidade.


Fonte: Imunologia Celular e Molecular. Abul K. Abbas, Andrew H. Lichtman, Shiv Pillai. 8ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
Reações de Hipersensibilidade e seus Mecanismos.
Fonte: APhysio.
Hipersensibilidade Tipo I
● Também conhecida como imediata, atópica ou anafilática, é o tipo mais prevalente
de hipersensibilidade;

● Mediada por anticorpos como IgE específicos (preferencialmente) para antígenos


ambientais, que reconhecem antígenos denominados alérgenos;

● Resulta da ativação de células T auxiliares que produzem IL-4, IL-5 e IL-13 (células
TH2), havendo células T estimulando a produção de anticorpos IgE e inflamação;

● Começa rapidamente, poucos minutos após o desafio antigênico;

● Mecanismos imunopatológicos: anticorpo IgE e células TH2;


Hipersensibilidade Tipo I
● Mecanismos de lesão tecidual e de doença: mastócitos, eosinófilos e seus
mediadores (aminas vasoativas, mediadores lipídicos, citocinas);

● Primeiro contato: alérgeno se liga ao linfócito B por meio dos anticorpos de


membrana IgM e IgD, estimulando a produção de IgM
○ Há apresentação desse antígeno às células T pelas células apresentadoras
de antígenos

● Segundo contato: IgE se liga aos receptores de fração constante de IgE nos
mastócitos ou basófilos, de forma cruzada, gerando sinais na célula;

● É a ligação cruzada entre receptor de fração constante com o IgE aos mastócitos a
responsável pelo desencadeamento da resposta alérgica;
Hipersensibilidade Tipo I
● A partir do 2º contato, há agregações de imunoglobulinas e alterações
intracelulares que levam à exocitose de grânulos de histamina pré-estocados
○ Consequências: resposta inflamatória e reação imediata após segundos ou
minutos. Efeitos podem ser locais ou sistêmicos, com sintomas que variam
desde irritações leves até morte súbita (choque anafilático)

● Principais locais envolvidos: pele, nasofaringe, tecido broncopulmonar, vasos


sanguíneos e trato gastrointestinal;

● Causas mais comuns: drogas como penicilina, picada de insetos, alimentos, látex;

● Pode haver suscetibilidade genética, mas são principalmente os fatores


ambientais. Exemplos: urticária, angioedema, asma e rinite alérgicas, anafilaxia.
Hipersensibilidade Tipo I

Anafilaxia.
Fonte: Simpatio (site).
Hipersensibilidade Tipo II
● É mediada por anticorpos;

● Não ocorre de forma tão imediata quanto a hipersensibilidade do tipo I;

● É citotóxica;

● O antígeno pode estar associado a uma matriz ou à célula e também pode ser um
receptor na superfície celular. Ou seja, geralmente são endógenos e fazem parte
da constituição da membrana da célula;

● Geralmente é mediada por IgM ou classes de IgG e sistema complemento;

● As células envolvidas são macrófagos, linfócitos, neutrófilos, etc;


Hipersensibilidade Tipo II
● Exemplo: Eritroblastose Fetal
○ Mãe Rh negativo e feto Rh positivo
○ 1º gestação sendo o feto Rh positivo, há contato das hemácias da mulher e
do feto na hora do parto, estimulando o sistema imune e ativando os
linfócitos, produzindo, então, o anticorpo anti-Rh
○ 2º gestação, se o feto for Rh positivo já há células de memória existentes, ou
seja, há anticorpos e IgG anti-Rh, que atravessam a barreira placentária e se
ligam às hemácias do feto, causando uma anemia hemolítica do
recém-nascido
○ É necessário que no primeiro parto injete-se o fator anti-RH na intenção de
opsonizar as hemácias do feto antes de estimular a resposta do linfócito B
Hipersensibilidade Tipo III
● Exemplos: complexos imunes presentes na corrente sanguínea muitas vezes ligam-se
ao endotélio. Nos rins, podem ocasionar glomerulonefrite, e nas articulações, artrite;

● São mediadas por um complexo imune: um antígeno ligado a um ou mais anticorpos;

● Pode ser sistêmica ou envolver apenas alguns órgãos;

● Pode levar de 03 a 10 horas após a exposição;

● O antígeno com o anticorpo formará complexos: células com receptores específicos


ligam-se a esses complexos e tentam fagocitá-los, mas acabam liberando substâncias
inflamatórias, ocasionando vasodilatação, recrutando mais células e produzindo um
processo inflamatório local.
Hipersensibilidade Tipo IV
● Reações mediadas por células T auxiliares CD4, secretora de citocinas;

● Essa citocina provoca uma resposta inflamatória e ativa leucócitos;

● Células T auxiliares estimulam a produção de anticorpos, que possuem capacidade de


danificar tecido e induzir a inflamação.

Dermatite de Contato.
Fonte: Tua Saúde (site).
Doenças Mediadas por Imunocomplexos
● Doença do Soro: reação de hipersensibilidade mediada por imunocomplexos, com
subsequente ativação de complementos, causada quando ocorre a ligação de um
antígeno que pode estar no soro ou também de certas drogas a um anticorpo;

● Causas: podem ser por meio de alergias, onde o sistema imunológico identifica a
proteína do soro doador como estranha;

● Principais sintomas: urticária, febre, mal estar, dores articulares e adenopatias;

● Reação de Arthus: reação inflamatória local intensa, mediada por complexos


formados pela ligação de antígenos com anticorpos;
Doenças Mediadas por Imunocomplexos
● Relevância clínica: limitada a um indivíduo que recebeu uma dose de reforço de
uma vacina, podendo desenvolver uma inflamação local;

● Lúpus eritematoso sistêmico, poliarterite nodosa, glomerulonefrite.

Lúpus Eritematoso Sistêmico.


Fonte: Manual MSD - Versão para
Profissionais de Saúde (site)
Doenças Alérgicas Causadas por Linfócitos T
● Os linfócitos T danificam os tecidos, desencadeando inflamação ou matando as
células-alvo diretamente;

● A resposta inflamatória é desencadeada principalmente pelos subgrupos Th1 e


Th17 de células T CD4+, que secretam citocinas, recrutam e ativam os glóbulos
brancos;

● Em certas doenças mediadas por células T, os CTLs CD8+ matam as células


hospedeiras.
Doenças Alérgicas Causadas pela Inflamação Mediada por Citocinas

● Na inflamação imunomediada, as células Th1 e Th17 secretam citocinas que


recrutam e ativam leucócitos;

● A lesão tecidual resulta de produtos dos neutrófilos e macrófagos recrutados e


ativados, tais como enzimas lisossomais, espécies reativas de oxigênio, óxido
nítrico e citocinas pró-inflamatórias;

● As células endoteliais vasculares nas lesões podem expressar níveis aumentados


de proteínas de superfície, tais como moléculas de adesão e moléculas MHC
classe II, reguladas por citocinas;
Doenças Alérgicas Causadas pela Inflamação Mediada por Citocinas

● A inflamação associada a doenças mediadas por células T normalmente é crônica,


mas crises de inflamação aguda podem se sobrepor em uma condição de
inflamação crônica. A hipersensibilidade do tipo tardio é um exemplo dessas
reações inflamatórias;

● Muitas doenças autoimunes específicas de órgãos são causadas pela interação de


células T autorreativas com autoantígenos, o que leva à liberação de citocinas e
inflamação.
Hipersensibilidade do Tipo Tardio (DTH)
● Inflamação que consiste em recrutamento e ativação de leucócitos, acompanha
muitas das reações de linfócitos T CD4+, podendo danificar os tecidos normais;

● Essa reação prejudicial, que depende de células T, é chamada hipersensibilidade


do tipo tardia (DTH)
○ Hipersensibilidade, nesse caso, refere-se aos danos teciduais causados
devido a uma resposta imunológica

● É comum que ocorra em conjunto com a imunidade protetora mediada por células
contra os microrganismos;
Hipersensibilidade do Tipo Tardio (DTH)
● Pode ser a causa de grande parte da patologia associada a certos tipos de
infecções. Uma vez que as funções das células T CD4+ são mediadas, em grande
parte, pelas citocinas, havendo grande interesse na definição destas citocinas, que
células as produzem e como elas funcionam.

Reação por Hipersensibilidade do Tipo


Tardio (DTH)
Fonte: DiseaseShows.com (site)
Doenças Causadas por Linfócitos T Citotóxicos
● Respostas virais de linfócitos T citotóxicos;

● Vírus citopáticos X não citopáticos;

● Coriomeningite linfocitária, hepatites virais;

● Doenças autoimunes. Ex.: Diabetes Tipo 1;

● TCD8+: cardiomiopatia dilatada


○ LTCs específicos
○ Exposição e alteração de auto-antígenos
○ Desenvolvimento de LTCs autorreativos
Situação Médica/Clínica Específica
Paciente A.C.R, sexo feminino, 25 anos, branca. Submetida a cirurgia ortopédica devido à fratura de
ulna esquerda, sendo utilizado os seguintes medicamentos: gentamicina, bupivacaína, pantoprazol,
sufentanil, diazepam, tramadol, paracetamol e metoclopramida. Após 05 minutos da administração da
gentamicina, evoluiu com hipotensão e eritema generalizado, configurando hipersensibilidade
imediata, revertida com corticóide, antihistamínicos endovenosos e adrenalina intramuscular.

02 anos depois desse evento, a paciente comparece a uma consulta de alergia medicamentosa para
realização de uma cirurgia eletiva. Foi feita a avaliação alergológica através de testes cutâneos por
picada e intradérmicos, e teste de ativação de basófilos com o antibiótico gentamicina, que foi
positivo.

Chegou-se à conclusão de alergia IgE mediada à gentamicina. Os outros fármacos foram excluídos
como suspeitos, por serem utilizados posteriormente na nova cirurgia com tolerância.
Referência
1. ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. H. I. V. Imunologia celular e molecular. 8.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
Imunologia Aplicada
Prof: Carlito Lessa da Silva
Alexandre Guimarães Barreira, Andrezza Fagundes Soares, Ariane Tiengo da Silva,
Catarina Helena Costa Nunes, Christian Fricks Hernandes, Clara Laender Laignier
Porto, Fabrício da Silva Bastos, Lara Barreto Abreu, Leís Duarte Carneiro,
Lucas Altoé Rosmaninho, Marina Ferraz Rosa, Mylenna Fernandes da Silva,
Nicole de Almeida Muller, Rodolfo Ribeiro Ferreira.

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