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MARIA DA FÉ

A DOLOROSA PAIXÃO
DE
JESUS CRISTO

PRODUÇÃO: PEDRO MONTEIRO


CENA I
A Agonia De Jesus No Jardim Das Oliveiras
(Mt 26, 36-46; Mc 14, 32-42; Lc 22, 39-46)

(A Paixão De Cristo)

A Prisão De Jesus
(Mt 26, 47-56; Mc 14, 43-52; Lc 22, 47-54; Jo 18, 2-12)

ATO I – Pai afasta de mim este cálice, porém faça


a Tua vontade e não a minha.
DESCRIÇÃO DE CENA: Ocorre a abertura da cena. Entra Jesus, seguido por
Pedro, Tiago (Filho de Zebedeu) e João. Em certo lugar do cenário (em baixo
de uma oliveira) Jesus, já sofrendo com sua morte, anuncia aos companheiros
para esperarem por ele. Com voz agonizante e triste.

JESUS- Sentai-vos aqui enquanto vou mais a frente orar. Minha alma está
numa tristeza mortal, ficai aqui e vigiai comigo.

Os discípulos obedecem a Jesus e se sentam. Logo que Jesus se


afasta, os três caem no sono.

Jesus se aproxima perto de uma pedra grande (lugar de suas orações),


cena precisa ocorrer lentamente. Satanás aparece rapidamente rondando
Jesus, porém não se manifesta. Jesus abre as mãos e olhando para o céu,
busca Teu Pai.

JESUS- Pai! Pai! Vem a meu auxílio. Eu confio em Ti.

Jesus expressa uma dor tremenda, a agonia o aperta, ele se curva um


pouco. Caminha de volta (com dor, chegando a cambalear) onde seus
apóstolos, que agora dormem.

Jesus ameaça um choro, mas logo os chama.

JESUS- Pedro! Não pôde vigiar uma hora comigo?

PEDRO- Mestre, o que há? O que o tanto o aterroriza?

Jesus balança a cabeça.

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JESUS- Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto,
mas a carne é fraca.

Jesus se afasta novamente. Volta a seu local de oração. Já no local, faz


o mesmo movimento: abre os braços levemente olha para os céus (com
expressão de dor) e se ajoelha em queda. Logo se encolhe, colocando a
cabeça no chão. Voltando a levantar a cabeça diz com os olhos fechados.
(Hematidrose)

JESUS- Pai! Salva-me das armadilhas que me preparam.

Satanás entra na cena. Fica ao lado, mas afastado, observando a


agonia de Jesus. Com tom maléfico e misterioso começa sua fala.

SATANÁS- Acredita mesmo...? Que um homem pode agüentar todo o peso do


pecado?

Jesus percebe a presença do demônio, mas firme, dirigi-se ao Pai.

JESUS- Proteja-me ó Pai! Em ti busco refúgio.

SATANÁS- Não mesmo Jesus. Ninguém pode. Salvar as almas é caro demais.
Não! Nunca! Jamais! (Prolongar o –s, igual uma cobra)

Jesus, sempre com muita dor, volta o rosto para o céu e proclama.

JESUS- Meu Pai, Tu podes tudo. Se for possível, afasta de mim este cálice.
Contudo que seja feita a Tua vontade e não a minha.

Jesus desce a cabeça lentamente e olha o público, com muito


sofrimento, suspira, e cai ao chão. Ora em sussurros, Satanás sai de cena.

Depois de um tempo Jesus se levanta, e olha em direção onde os


apóstolos estão. Judas e os soldados se aproximam com tochas.

ATO II – Judas, com um beijo trais o Filho Do


Homem?
Jesus se aproxima dos três discípulos e todos olham para o pequeno
exército que se aproxima. Quando chegam, Judas se aproxima de Jesus.

JUDAS- Rabi!

Judas agarra Jesus pelos ombros e o beija no rosto.

JESUS- Judas, entregas o Filho do Homem com um beijo?

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Judas se afasta, lacrimejando e com a mão sobre a boca, logo sai
correndo de cena. Durante a cena, os soldados (6) circundam Jesus e os
apóstolos. Dois deles se aproximam de Jesus lentamente carregando
correntes. No momento em que um deles toca o ombro de Jesus, Pedro
empurra esse soldado, então começa um pequeno conflito (conflito
coreografado), Tiago consegue sair correndo. João é pego por um soldado,
mas logo consegue escapar e também sai correndo. Então Pedro tira a espada
de um dos soldados e corta a orelha de um deles. Logo após o golpe três dos
soldados conseguem prender Pedro que ainda segura a espada. O soldado
sem orelha se ajoelha com a mão toda ensangüentada grudada no ferimento.
Jesus se aproxima deste, ajoelha a sua frente, e coloca a mão sobre o
ferimento, enquanto ordena a Pedro.

JESUS- Basta! Largue isso Pedro, quem vive pela espada, pela espada
morrerá.

Ao dizer isto Pedro solta a espada e os soldados o largam. O soldado


que foi curado continua ajoelhado e pasmo pelo milagre, não tira os olhos de
Jesus. Os outros ficam reprimidos, mas se aproximam de Jesus. Logo todos o
agarram ao mesmo tempo, enrolando-o em correntes e cordas. Jesus não se
debate.

Pedro se levanta e vai para o lado oposto pra onde estão levando Jesus.
O soldado curado continua ajoelhado.

FIM DE CENA

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CENA II
Jesus Diante De Pilatos
(Mt 27, 11-26; Mc 15, 1-15; Lc 23, 1-7; Jo 18-38)

(A Paixão De Cristo)

ATO I – Qual o crime deste homem?


Pilatos sobe ao lugar elevado e fica em pé olhando a multidão que vem
vindo. Nessa multidão está: pela frente Caifás e os sacerdotes, Jesus sendo
levado por 2 soldados eclesiásticos, o povo revoltoso atrás e um pouco mais
atrás Maria, Madalena e João. Em baixo do lugar elevado estão em pé e em
posição de guarda 5 soldados romanos; na frente deles vendo a multidão se
aproximar está Abenadar, o comandante do exército romano. Logo que a
multidão se aproxima, Abenadar sobe e fica ao lado de Pilatos, eles trocam
olhares de impaciência. Caifás começa a falar, mas Pilatos o interrompe.

CAIFÁS- Governador...

PILATOS- Vamos logo Caifás, que acusações trazem sobre este homem?

Caifás olha a seu redor esperando apoio dos sacerdotes.

CAIFÁS- Bem, sabe que segundo as leis não somos permitidos a condenar
nossos prisioneiros à morte...

PILATOS- Mas o que ele fez para merecer tal condenação?

CAIFÁS- Este homem tem estimulado o povo a revolta, e violou nosso sábado.

SACERDOTE 1- E tem mais que o sumo-sacerdote não falou, este Galileu


tem-se proclamado Filho de Deus, descendente de Davi. Ele afirma que é o
Messias, rei dos Judeus.

CAIFÁS- Ele proibiu o pagamento dos impostos ao imperador, Cônsul.

Pilatos encara Jesus e acena para que um de seus soldados leve-no até
o lugar onde está. O soldado pega Jesus pelas correntes e o leva até onde
Pilatos indica. Começa uma conversa particular entre Jesus e Pilatos.
Enquanto isso Caifás faz um gesto de impaciência e se volta para conversar
com os sacerdotes, e o povo com suas reclamações e lamúrias.

Afastados Pilatos interroga Jesus, sendo uma cena apenas com gestos.
Jesus dizendo que o teu reino não é deste mundo e outras coisas...

Depois de um tempo, Pilatos retorna para frente do povo, e Jesus é


carregado de volta atrás de Pilatos pelo soldado romano. Enquanto Pilatos fala,
o soldado devolve Jesus aos soldados eclesiásticos. Caifás e sacerdotes ficam
revoltados.

PILATOS- Interroguei o prisioneiro e não vi culpa alguma.


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Caifás, sacerdotes, e multidão gritam e vaiam. Pilatos faz um gesto para
acalmar e pergunta.

PILATOS- Este homem não é Galileu?

CAIFÁS- De fato.

PILATOS- Então é súdito de Herodes. Que ele o julgue.

Pilatos sai de cena apressado. Caifás, sacerdotes e a multidão se


revoltam, mas dão meia volta e saem de cena.

FIM DE CENA

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CENA III
Jesus Diante De Herodes
(Lc 23, 8-12)

(A Paixão De Cristo)

ATO I – O deboche de Herodes


DESCRIÇÃO DE CENA: Abertura de cena. Palácio de Herodes, este sentado
num trono todo sofisticado, 2 odaliscas dançam para o rei e seus súditos que
estão no chão ao redor de Herodes (3). Entram em cena somente Jesus,
levado agora por dois soldados eclesiásticos, mais Caifás e os sacerdotes.
Herodes se levanta de súbito e em pé fica encarando Jesus. Ele se aproxima
de Jesus fazendo logo perguntas, Caifás tenta falar, mas Herodes o
interrompe.

HERODES- És Jesus? Jesus de Nazaré, o Galileu?

CAIFÁS- Majesta...

HERODES- Shhhh! Responda-me Jesus, é verdade que podes devolver a


visão a cegos? Que ressuscita os mortos?

Risos dos súditos. A cada pergunta Herodes olha com curiosidade para
Jesus esperando por uma resposta, mas Jesus não diz nada.

HERODES- Vamos, faça um milagre para mim! Agora.

Fica esperando.

HERODES- O que houve Jesus? O gato comeu tua língua?

Gargalhadas altas de todos os súditos, inclusive de sua esposa. Agora


Herodes se irrita.

HERODES- Ahhhh, tirem esse imundo da minha frente. Não é nenhum


criminoso, apenas um louco.

Mais gargalhadas. Caifás, sacerdotes, Jesus e soldados saem de cena.


A cena acaba com a volta das odaliscas dançando.

FIM DE CENA

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CENA IV
Jesus retorna a Pilatos
(Mt 27, 20-26; Mc 15, 6-15; Lc 23, 13-25; Jo 18, 38-40)

(A Paixão De Cristo)

ATO I – Barrabás!
DESCRIÇÃO DE CENA: Abertura de cena. Aparece Pilatos, ao seu lado
Abenadar, em baixo os cinco soldados. A mesma multidão retorna à Pilatos.
Sem ordenar agora, dois soldados pegam Jesus e o levam até o lado de
Pilatos de frente pra multidão.

PILATOS- Assim como eu, Herodes também não viu culpa neste homem.

Povo grita, vaia e gesticula. Pilatos se levanta e gesticula para o povo se


silenciar.

PILATOS- Como todo ano, nessa época liberto um prisioneiro. Dessa vez
temos um famoso assassino aqui: Barrabás.

Entram mais dois soldados (que serão os mesmos no açoitamento)


carregando Barrabás acorrentado.

PILATOS- Quais dos dois querem que eu solte? Barrabás, o assassino? Ou


Jesus, o Messias?

Caifás logo grita.

CAIFÁS- Ele não é o Messias. É um impostor. Solte Barrabás.

Então todos da multidão começam a gritar. (Solte Barrabás, Mate Jesus


e solte Barrabás). Pilatos fica confuso, olha para Abenadar que também está
confuso e fala.

PILATOS- Solte Barrabás.

Abenadar solta Barrabás, este faz gracinhas, mostra língua e outras


coisas. Quando se solta caminha para o povo de braços abertos gritando e
zombando. Pilatos de recompõe e se dirige ao povo.

PILATOS- E quanto a Jesus de Nazaré? O que faço com ele?

CAIFÁS- Crucifica-o.

Então todos começam a gritar. (Crucifica-o, matem o rei dos judeus,


mate-o, etc.) Pilatos fica ainda mais desanimado com o povo então faz um
aceno para o lado. Entra em cena dois servos romanos, um trazendo uma
bacia e outro uma jarra com água. Pilatos lava suas mãos falando.

PILATOS- Sou inocente do sangue deste homem. Isto é convosco

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O povo se agita. Pilatos acena com a mão e sai de cena. Sobem dois
soldados pegam Jesus e o carregam para ser açoitado. Todos os soldados
romanos vão para o local também. E o povo vai atrás.

FIM DE CENA

CENA V
A Flagelação De Jesus
(Mt 27, 27-31; Mc 15, 16-20; Jo 19, 1-3)

(A Paixão De Cristo)

ATO I – Açoitamento
DESCRIÇÃO DE CENA: Dando continuidade a cena anterior. Jesus é levado
pelos soldados e colocado no meio do pátio em frente a um pequeno tronco. O
povo fica em volta sendo limitados pelo restante dos soldados. Dois soldados
se aproximam e rasgam a túnica de Jesus, depois se aproximam aqueles dois
soldados que carregavam Barrabás. Abenadar entra por trás e fica numa mesa
de frente para o açoitamento. Maria, Madalena e João não apareceram ainda.
Os dois soldados que irão bater se aproximam de uma mesa onde tem
inúmeros tipos de flagelos. Escolhem à principio, ambos, duas varas.
Preparam-se atrás de Jesus, que já está amarrado e preso ao tronco.

E assim começam o açoitamento, logo após o sinal de Abenadar, que


durante as flageladas vai contando em latim.

ABENADAR – Uno, Duo, Trie, Quattuor, Quinque (Cuique), Secto, Septem,


Octo, Novem, Decem, Undecim, Duodecim, Tredecim, Quattuordecim,
Quindecim (Cuindetin).

Durante os açoites, Jesus vai se encurvando cada vez mais. Já na


terceira batida, Satanás entra em cena rodeando o povo e caminha bem
devagar olhando Jesus com alegria. Na última batida, Abenadar manda parar.

ABENADAR – Parem!

Os soldados param, cansados e bufando. Jesus está ajoelhado no


tronco. Satanás desapareceu na multidão. Entra nesse momento, Maria,
Madalena e João, conseguem um lugar bem visível tanto para Jesus, quanto
para o público. Entram olhando para Jesus e absorvendo o que acabara de
acontecer.

Jesus levanta os olhos e enxerga sua mãe, isso lhe dá forças. Com
muita dificuldade ele se levanta e fica de pé novamente. A multidão fica
impressionada, os soldados olham-se entre si, não acreditando na força de
Jesus.
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Abenadar se levanta impressionado.

ABENADAR- Mudem o flagelo.

Os dois soldados voltam na mesa de flagelos e pegam flagelos mais


pesados e com aparência absurda. Balançam os flagelos, dando para ouvir os
tilintares dos pequenos “falsos ganchos” nas pontas. Eles se preparam
novamente, um deles balança o flagelo no rosto de Jesus perguntando.

SOLDADO DO AÇOITAMENTO- Gostas Jesus? (Risos) Hã? Hã?

Jesus retorna o rosto para sua mãe que está com os olhos cheios de
lágrimas. Os soldados se preparam para bater e começam. Dessa vez a dor é
mais intensa, já na primeira batida Jesus se entorta absurdamente já perdendo
o fôlego.

ABENADAR- Uno, Duo, Trie, Quattuor, Quinque (Cuique), Secto, Septem,


Octo, Novem, Decem, Undecim, Duodecim, Tredecim, Quattuordecim,
Quindecim (Cuindetin), Sedecim, Sepcim, Octocim, Novemcim, Vinginti, Viginti
Unum, Viginti Duo, Viginti Trie, Viginti Quattuor, Viginti Quinque, Viginti Secto,
Viginti Septem, Viginti Octo, Viginti Novem, Triginta (Tridinta)...

Maria se afasta chorando em silêncio. Maria dá as costas para o local


onde Jesus está e fala alto e calmamente.

MARIA- Meu filho! Quando, onde, como decidirás ficar livre disto?

Falando isso Maria continua se afastando aos choros. Madalena está


com a mão no rosto e João a apoia nos ombros. A multidão está perplexa e os
soldados nas gargalhadas. O açoitamento continua.

Maria para e se encosta, Madalena se aproxima ajoelha aos pés de


Maria e esta a abraça. João está atrás olhando a cena com dor e tristeza.

Entra em cena Cláudia carregando uma pilha de toalhas brancas.


Aproxima-se de Maria sempre olhando para baixo, estica os braços
oferecendo-lhe as toalhas dando rápidas olhadas para Maria e Madalena.
Maria pega as toalhas e lhe agradece sem palavras. Cláudia olha nos olhos de
Maria e depois sai correndo aos choros.

Quando Maria se vira, Jesus está sendo desamarrado e sendo puxado


pelos braços por dois soldados, Abenadar também se levanta, saem de cena.
A multidão também se dispersa, ficando no local apenas Maria, Madalena e
João.

Os três se aproximam do local onde Jesus foi açoitado. João fica mais
atrás, Maria se ajoelha no chão coberto de sangue e com as toalhas começa a
limpar o sangue, Madalena a princípio observa, mas logo se ajoelha e começa
a ajudar Maria. João senta ao chão e começa a chorar.

É nesse momento que Jesus está sendo preparado com toda a


maquiagem para ser crucificado. – Nos bastidores.

A luz se apaga.

FIM DE CENA10
CENA VI
A Caminho Do Calvário
(Mt 27, 32-54; Mc 15, 21-41; Lc 23, 26-49; Jo 19, 17-30)

(A Paixão De Cristo)

ATO I – Jesus cai pela primeira vez


DESCRIÇÃO DE CENA: Ocorre a abertura da cena. Entra a multidão e se
dispõe de uma forma em que um corredor é formado, que será por onde Jesus
e os soldados vão passar, e ao mesmo tempo aberto para o público ver. Todos
estão muito alvoroçados esperando Jesus. O próximo a entrar é Abenadar, ele
vai ser o líder do caminho até o Calvário. Logo atrás vêm os soldados (talvez
precise de mais) de escolta, ou seja, soldados que vão limitar o povo durante o
caminho. Os dois ladrões vêm em seguida já carregando suas cruzes que é
somente nos braços. Por último entra Jesus “escoltado” por quatro soldados
abatedores. Jesus ainda não carrega cruz. Antes de entrar no corredor formado
pela multidão dois dos soldados de escolta jogam a grande cruz na frente de
Jesus. Este por sua vez, olha para cruz se ajoelha brutamente a abraça e a
segura com cuidado e dor. Aparenta fazer uma grande força e se levanta, e
começa a caminhar.

Soldados abatedores batem um de cada vez em tempos combinados. A


multidão sempre alvoroçada e falante (falas da multidão a parte), alguns
atirando pedras. Maria, Madalena e João, sempre na mesma linha de Jesus,
porém no meio do povo. Maria sempre buscando olhar para seu Filho. Feições
de Jesus sempre com dor, tristeza e gemidos.

Chega um ponto da cena, que a multidão se aglutina e Maria, Madalena


e João já não conseguem mais andar. Maria olhando para João diz.

MARIA- Ajude-me a chegar perto de meu Filho.

João busca com os olhos alguma passagem.

JOÃO- Por aqui.

Aos empurros e solavancos os três saem de cena.

A uma altura da cena, Jesus cai pela primeira vez. Um dos soldados
empurra Jesus com força, Ele perde o equilíbrio e cai. Uma queda bem
dramática, aparentando uma cruz muito pesada. (analisar cena no filme junto
com elenco 01:15:13). Tomando forças, Jesus tenta se levantar, mas os
soldados começam a espancá-lo com açoites e chicotes. Ficam um tempo
batendo, mas logo ajudam brutalmente Jesus a se levantar e agarrar a cruz.
Nisso os dois ladrões e alguns soldados já estão lá na cena do calvário.

Com dificuldade Jesus se levanta e retorna a caminhar aos tropeços.

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ATO II – O encontro de Jesus e Maria/ Jesus cai
pela segunda vez
DESCRIÇÃO DE CENA: De um modo estratégico, que envolva o público,
Maria, Madalena e João retornam a cena buscando um caminho que fique na
frente por onde Jesus irá passar. Maria, cansada se senta, João e Madalena
correm um pouco mais a frente e avistam Jesus vindo. Madalena fica
esperando e logo é tapada pela multidão que vinha. João retorna a Maria e
com os olhos diz que Jesus está vindo. Maria lhe volta um olhar confuso,
perdido em pensamentos, com a aparência tristonha de quem está lembrando
alguma coisa.

JOÃO- Mãe... (engole seco, olha com tristeza para Maria e fica dando rápidas
olhadas para ver se Jesus está se aproximando)

Maria olha para João. Jesus se aproxima do local onde eles estão.
Lentamente ele perde as forças, ajoelha bruscamente e cai pela segunda vez,
com a cruz caindo sobre si. Durante essa lenta queda, Maria olha muito
devagar, como se tivesse demorando a raciocinar o que está acontecendo com
Jesus. Ela se levanta, e sai correndo em direção ao filho, chegando à multidão
vê dificuldades para passar, mas consegue ultrapassar e chega a Jesus
ajoelhando a seu lado.

Quando Jesus cai pela segunda vez, a multidão se rebela de tal maneira
que é preciso até os soldados abatedores ajudarem os soldados de escolta a
segurar o povo que tenta se aproximar de Cristo para bater. É nesse contexto
de conturbação que Maria consegue ultrapassar.

Esse momento a cena precisa acontecer com muita calma e bem


coreografada. Maria de primeiro momento com uma das mãos toca o rosto do
filho, este levanta lentamente e visualiza a mãe, Ele toca o rosto dela, com a
outra mão Maria tenta proteger o Filho de supostos ataques.

Olhando nos olhos de Maria.

MARIA- Estou aqui! Meu filho estou aqui.

JESUS- Vê Mãe! Eu renovo todas as coisas.

Dizendo isso, Jesus toma força novamente se levanta com uma leve
ajuda de Maria. E logo começa a caminhada de novo. Os soldados abatedores
voltam a “escoltar” Jesus, a multidão já está controlada e volta a acompanhar
Jesus.

João e Madalena vêm ao auxílio de Maria e a levantam, Maria tenta


correr de novo, mas João a segura. (Analisar à cena do filme junto com elenco
01:16:14)

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ATO III – Jesus cai pela terceira vez/ Simão de
Cirene
DESCRIÇÃO DE CENA: Jesus continua caminhando até um ponto marcado
da cena. Ele cai pela terceira vez, dramaticamente e dessa vez um pouco
afastado da cruz. Jesus já não tem mais forças, fica ao chão enquanto os
soldados o castigam mais e mais. Abenadar volta e manda ordens.

ABENADAR- Parem! Parem já com isso seus idiotas. Não vêem que ele já não
pode mais sozinho. Ajudem-no.

Os soldados param, encaram Abenadar. Este volta para frente. Os


soldados olham ao redor. Nesse momento junto com a multidão, mas bem
visível e em destaque está Simão de Cirene.

SOLDADO- Ei você! Você!

Apontando para Simão, que assustado tenta voltar, mas o soldado


persiste.

SOLDADO- O Galileu já não consegue mais sozinho. Você vai ajudá-lo.


Agora! Ande, vamos!

Ainda pressionado, Simão caminha lentamente até onde a cruz está.


Pega-a em um dos braços e chega até Jesus. Um dos soldados levanta Jesus
e o faz agarrar o outro braço da cruz. Jesus e Simão trocam olhares sentidos,
Simão com pena e Jesus com agradecimento. E voltam a caminhar.

ATO IV – Verônica.
DESCRIÇÃO DE CENA: Em outro momento da cena, Jesus é chicoteado e cai
de frente para o chão. Nesse momento Simão apóia a cruz no chão e fica
segurando. A multidão se rebela novamente e os soldados tentam controlá-la.
Uma abertura é dada para Jesus, então entra em cena Verônica que tem em
sua cabeça um véu branco que será o sudário.

Verônica se aproxima de Jesus ajoelha na sua frente.

VERÔNICA- Permita-me Senhor.

Jesus consente. Verônica tira de sua cabeça o véu e estica perto do


rosto de Jesus. Este próprio pega o parte no sudário e seca o rosto, precisa
deixar a marca. Terminado Verônica beija o pano. Um soldado vem e pega
Verônica pelo braço levantando-a.

SOLDADO- Quem é você? Fora daqui mulher! Vai! Vai embora.

Verônica é jogada para frente de Jesus. Onde ela abre o sudário e se


ajoelha levantando a imagem do sudário que está marcado com o rosto
ensangüentado de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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Os soldados pegam Jesus de novo pelos braços e o volta a cruz e a
Simão. Verônica sai de cena abraçada ao sudário. Jesus volta a caminhar com
o Cirineu. (Possível Canto de Verônica encerra a cena)

FIM DE CENA

CENA VIII
Crucificação
(Mt 27, 32-56; Mc 15, 21-41; Lc 23, 26-49; Jo 19, 17-30)

(A Paixão De Cristo)

ATO I – A primeira martelada


DESCRIÇÃO DE CENA: Ocorre a abertura da cena. Simão de Cirene entra
ajudando Jesus, escoltando-os está os soldados abatedores e a multidão ainda
o segue. Maria, Madalena e João também estão no meio da multidão.
Chegando à cena, os soldados que já estavam lá começam a crucificar os
ladrões. Enquanto isso ocorre, Jesus cai com força ao chão, Simão segura a
cruz e depois a joga de lado. Ajoelha-se ao lado de Jesus e o ajuda a levantar.
Dois soldados se aproximam e puxam Simão, jogando-o de volta a multidão.

A disposição do elenco para começar a crucificação é: Os ladrões já


crucificados, dois soldados ao lado de cada cruz. Dois soldados (técnicos)
ficarão responsáveis pela crucificação. A multidão se separa e ficam vários
grupos espalhados pelo cenário. Caifás e os sacerdotes entram e ficam de lado
observando, Maria, Madalena e João ficam um pouco afastados, mas bem em
frente à cena.

Dois soldados (preparação) levantam Jesus com violência e rasgam-lhe


a roupa. Jesus está sempre olhando em direção a Maria. Jesus fica despido.
Nesse momento Maria, Madalena e João caem de joelhos, Maria chora,
Madalena entra em desespero com altos soluços e João consola Maria. Jesus
é empurrado por um dos soldados. Engatinhando Jesus caminha até a cruz
que já está pronta para a crucificação. Cena feita com lentidão. (01:34:26)

Soldados sempre agredindo Jesus com palavras e a multidão dividida


em murmúrios. (Crucifica-o ou Salve o mestre, Jesus! Judeu tem que morrer,
etc)

Os soldados (preparação),ajudam com brutalidade a deitá-lo sob cruz.


Os soldados (técnicos) se aproximam de Jesus, o soldado das mãos pega no
braço esquerdo, estica-o sob a cruz, prepara o prego na mão de Jesus, e
martela com força; Jesus não grita mas cerra os dentes sentindo grande dor, a
cada martelada é um estremecimento. Acabando a mão esquerda, o soldado
vai para a mão direita repetindo o processo. Terminado, é a vez dos pés. O
outro soldado vai até os pés de Jesus, prepara-o sob a madeira de apoio e
crucifica-o, enquanto isso o que pregou as mãos caminha até a ponta da cruz e
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prega a placa (Jesus Nazareno Rei dos Judeus, nas três línguas: Latim,
Hebraico e Português)

ATO II – As sete palavras de Cristo na cruz


Terminando a crucificação, outros quatro soldados ajudam a levantar a
cruz (por meio de mãos e cordas). Enquanto Jesus está sendo levantando
Maria vai também lentamente se levantando. Cena lenta também. Jesus está
pregado na cruz com muita dor, Madalena coloca seu véu, Maria olha para seu
filho com serenidade, João está perplexo. (01:35:50)

Por um momento todos ficam olhando para Jesus, multidão, soldados e


sacerdotes. Em silêncio. Jesus cansado e com dor olha a todos com a cabeça
caída.

Quebrando o clima, o mau ladrão começa a gritar.

MAU LADRÃO- Se és o Filho de Deus, porque não salvas a ti mesmo? Prove


que o que você fala é verdade.

A multidão volta a se agitar. Caifás lentamente se aproxima aos pés da


cruz.

CAIFÁS- Disse que destruiria o templo e o reconstruiria em três dias e agora


não podes descer da cruz. Se és realmente o Filho de Deus, desça dessa cruz
para que possamos crer no Messias.

Mais gritos de protesto. Caifás já dando as costas para ao ouvir a voz de


Jesus. Vira-se lentamente. Jesus com dificuldade levanta a cabeça aos céus e
roga a seu Pai.

JESUS- Pai! Perdoai-os... Eles não sabem o que fazem!

Frase dita com muita dor e lentidão. Caifás com feição zombeteira
continua a andar e vai perto dos sacerdotes.

O bom ladrão emocionado com a fala de Jesus grita para o mau ladrão.

BOM LADRÃO- Nós merecemos isto Gesmas! Mas ele não.

Jesus olha para o bom ladrão.

BOM LADRÃO- Eu pequei e mereço esta condenação, mas Lhe peço:


Lembre-te de mim Senhor, quando entrares no teu reino.

JESUS- Em verdade lhe digo. Hoje mesmo estarás comigo no paraíso.

Multidão se agita novamente. O mau ladrão dá terríveis gargalhadas


(corvo). Algumas falas são soltas. Passa-se um tempo. Maria chora, João está
ajoelhado e Madalena deitada no chão.

Alguns soldados pegam dados e as vestes de Jesus e ficam jogando


entre si no pé/ao lado da cruz.

Caifás, os sacerdotes e algumas pessoas saem de cena.


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Maria lentamente vai se aproximando aos pés da cruz de Jesus, João a
acompanha. Maria beija os pés ensangüentados de Jesus.

JESUS- Tenho sede!

Maria olha chorando para o Filho. Um dos soldados pega uma esponja,
molha em um potinho com água, finca-a na ponta da lança e a leva até a boca
de Jesus. Porém Jesus rela um pouco a boca e se afasta, pois é vinagre que
eles dão a ele. O soldado tira a lança e se afasta. Maria estica o braço.

MARIA- Carne da minha carne, coração do meu coração... Meu filho, permita-
me morrer contigo.

JESUS- Mulher, eis aí o teu filho. Filho eis aí a tua mãe.

João concorda com a cabeça e Maria chora com a cabeça encostada


nos ombros de João. Jesus levanta a cabeça em direção aos céus novamente
e diz.

JESUS- Deus!... Meu Deus!... Porque me abandonastes?

Jesus volta a cabeça para sua mãe e João. Nesse momento todos estão
prestando atenção nas palavras de Jesus. Trovoadas bem fracas já se iniciam.

JESUS- Tudo está consumado.

Jesus retorna sua cabeça voltada para o céu. Sob fôlegos diz.

JESUS- Pai! Em tuas mãos... entrego... meu espírito!

Jesus fecha os olhos, expira longamente e deixa a cabeça de lado.


Nesse momento todos olham surpresos, Madalena solta gritos de dor, Maria e
João ficam ao pé da cruz.

Marcado o momento, a multidão e os soldados começam a tremer como


se estivesse ocorrendo um terremoto. Som de tremores, chuva, trovoadas e
ventos. As pessoas saem gritando e correndo saindo de cena. Ficam ao todo
seis soldados e Abenadar, o resto sai também de cena.

ABENADAR- Ordem homens! Ordem. Mantenham a formação. Você,


certifique-se que estão mortos.

Soldado se aproxima de Jesus, olha para Ele, olha para Maria


ajoelhada. Com cuidado e firmeza perfura o lado esquerdo do peito de Jesus.
No mesmo momento esguicha, literalmente, sangue e água. João abaixa a
cabeça até o chão. Maria levanta os braços recebendo a graça.

O soldado solta um grito assustado, pois veio tudo praticamente no rosto


dele. Este conturbado joga a lança de lado, passa a mão pelo rosto e olha o
líquido, no mesmo instante se ajoelha olhando para Cristo. Todos os soldados
presenciaram isso.

ABENADAR- Este homem era realmente o Filho de Deus.

Abenadar retira seu capacete. Todos ficam perplexos, momento de


adoração.
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ATO III – “La Pietà”
DESCRIÇÃO DE CENA: Depois de um tempo, o soldado 4 pega uma escada
de madeira sobe até a cruz de Jesus e arranca-lhe os pregos, por meio de
panos e ajuda dos soldados 5 e 6, Jesus é descido da cruz e colocado no colo
de sua mãe. Maria recebe Jesus no colo, tirando sua coroa de espinhos e
segurando-o pelo tronco, olha ao longo de seu corpo, beija-o no rosto e depois,
lentamente, olha em direção ao público com olhar de piedade. Madalena está
aos pés de Jesus olhando para o corpo. João está no meio das duas, também
próximo ao corpo de Jesus. Os soldados estão ao redor com as cabeças
baixas. Abenadar e Soldado 3 estão de joelhos.

A cena acaba assim. No entanto o narrador indica o encerramento na


peça com a passagem bíblica

NARRADOR: “... E assim Deus amou o mundo de tal maneira, que lhe deu
seu único Filho, para que todo que Nele crer não pereça, mas tenha a vida
eterna. Pois Deus não mandou o Filho ao mundo para condená-lo, mas
para que o mundo seja salvo por Ele... Ora este é o julgamento: a luz veio
ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz...”
(Jo 3, 16 e 17 e 19)

FIM DE CENA

FIM DA PEÇA

INÍCIO DA PROCISSÃO DO ENTERRO

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