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PROCISSÃO SEXTA FEIRA SANTA

“Sereis minhas testemunhas”


Narrador 1: Neste dia da Paixão e discípulos. Chegou ofegante à casa do
Morte do Senhor, acompanharemos chefe da guarda. Já estavam de
seus últimos momentos contados por prontidão para prender Jesus. Judas
aqueles personagens citados nos sabia que após a ceia todos iriam para o
Evangelhos, que foram testemunhas Jardim das Oliveiras. Seu semblante
oculares da Paixão. Mas mais ainda parecia atormentado, como se estivesse
testemunhas vivas do Evangelho, possuído por um demônio. De longe, até
chegaram à fé presenciando a entrega mesmo os soldados, percebiam que traiu
amorosa do Senhor pela humanidade. a amizade do seu Mestre por ganância.
Sereis minhas testemunhas, disse o Respirava dinheiro, só via dinheiro à
Senhor aos seus discípulos e, hoje, a sua frente. Estava decepcionado com
cada um de nós. Sejamos portadores do Jesus. Não era o que ele esperava. Mas
Amor de Deus ao mundo cada vez mais decepcionou-se também com os chefes
sedento pela Verdade e pela Vida em do povo com quem tramou entregar
plenitude. Jesus por 30 moedas, o preço de um
escravo. Judas foi à frente dos soldados
Os personagens relacionam certas
até chegarem ao Getsemani.
passagens da vida de Jesus com as 7
Palavras de Cristo na Cruz. Jesus Malco: Sou Malco, soldado romano.
acompanha todas as cenas, ladeado Vimos Jesus vindo ao nosso encontro.
pelas tochas dos personagens e dois Pedro, mais tarde nos contou que Jesus
soldados. Em cada cenário já estarão passou uma hora em oração, voltou
dispostas as tochas. Após a fala de suando sangue. Ouvimos então Jesus
cada personagem, canta-se os perguntar ao nosso chefe: a quem
Lamentos do Senhor e a banda vai procurais? Ele respondeu: a Jesus
tocando até a próxima cena. Nazareno. Sou eu, retrucou. Duas vezes
Jesus fez esta pergunta. Nas duas vezes,
nós soldados, não sei por que motivos,
Marcha da banda. caímos por terra amedrontados, com
convulsões. Judas sinalizou que era ele
mesmo, beijando a face de Jesus.
Palco 1 (Escadarias da igreja) Cercamos Jesus. Foi então que Pedro
sacou a espada e atingiu minha orelha,
Agonia de Jesus – Jesus rezando – cortando-a. Não ouvi direito o que Jesus
Cenário: Jardim das Oliveiras, no dissera a Pedro, mas senti sua mão em
patamar à direita; meu rosto que escorria sangue, e a dor
Personagem: Malco, soldado romano. desapareceu. Imediatamente recuperei a
orelha. Fui tocado por Jesus. Tratou-me
com tanto amor e atenção que meu
Jesus: “Meu Deus, meu Deus, por que coração, naquela mesma hora,
me abandonaste?” acreditou. Ali estava o próprio Filho de
Deus. Sentiu o abandono de Deus, seu
Narrador 2: Naquela noite, Judas saiu pai...mas Deus estava nele. Naquela
apressadamente da ceia com Jesus e os noite tornei-me mensageiro, levava a
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Maria e a seus amigos as notícias do Pilatos. Pilatos ouviu todas as falsas


que estava acontecendo. Meu nome é acusações contra Jesus, fez-lhe algumas
Malco, soldado romano. Eu vi e dou perguntas e não conseguia encontrar
testemunho. crime algum nele. Quando descobriu
que Jesus era Galileu, logo o enviou a
Malco se retira, pega a tocha e passa a
Herodes, já que era seu súdito. Diante
acompanhar a procissão. Dois soldados
de Herodes Jesus permanecia em
acompanham Jesus.
silêncio. Não queria condenar Jesus,
Lamentos do Senhor: Grupo de pois ainda tinha remorsos por ter
Liturgia assassinado João Batista. Enviou-o
novamente a Pilatos. Pilatos quis que o
Povo meu, que te fiz eu? povo escolhesse entre Barrabás e Jesus.
Dize: em que te contristei?
A multidão comprada pelos sumos
Por que à morte me entregaste?
Em que foi que eu te faltei? sacerdotes gritava: “Barrabás”. Pilatos
então entregou-o a mim para ser
Eu te fiz sair do Egito, açoitado. A flagelação foi uma medida
Com maná te alimentei. de Pilatos para privar Jesus da morte e
Preparei-te bela terra: satisfazer a vontade dos judeus.
Tu, a cruz para o teu Rei!
Carrasco: Fui um dos que açoitaram
Deus santo, Deus forte, Deus imortal, Jesus. Já fui criminoso...sofri na pele a
Tende piedade de nós! dor dos açoites e tornei-me insensível
com a dor alheia...até ter que açoitar
Jesus. Sei o quanto dói um açoite, dos
Marcha da banda até o próximo palco. mais simples. Mas para com Jesus, a
ordem era de usar os piores e mais
dolorosos chicotes, com pequenos
Palco 2 (Prédio em frente à Casa de ganchos e pedaços de ossos na ponta. O
Carnes) amarramos na coluna e o açoitei 49
Cenário: Jesus é coroado de espinhos, vezes, conforme a lei judaica. Jesus
por um dos dois soldados que o retorcia-se de dor, quase desmaiado. O
acompanham na procissão – Coluna. seu corpo era carne viva. A tortura
contra este inocente continuou com
Personagem: um carrasco. meus colegas de trabalho. Estavam
embriagados e continuaram a bater nele
Jesus: “Pai, perdoa-lhes eles não sabem
e a chicoteá-lo sem misericórdia. Até
o que fazem.”
que um homem os interrompeu e cortou
Narrador 1: Naquela noite aconteceu o as cordas que prendiam Jesus à coluna,
julgamento de Jesus, se é que se pode gritando: “Parem. Não flagelem este
chamar de julgamento. Foi um teatro homem inocente até a morte.” Sou um
armado pelos chefes religiosos, com dos carrascos que o torturaram. A dor
mentirosos pagos testemunhando contra de Jesus tornou-me novamente sensível
aquele homem inocente. A lei judaica à dor dos outros. Fui tocado pela sua
era clara: não se podia realizar dor. Não sabíamos o que estávamos
julgamentos à noite, muito menos sem fazendo. Cumpríamos ordens. Mas
todos os membros do Sinédrio. Num aquele homem era diferente. Senti que
primeiro momento levaram Jesus à
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batia no próprio Deus. Eu vi, e dou era um simples homem. Não saberia
testemunho. explicar. Corri e chamei Pilatos para um
lado e contei-lhe meus sonhos. Ele ficou
Lamentos do Senhor: Grupo da
muito interessado. Recém tinha
Liturgia
conversado com Jesus e isto o deixou
Bela vinha eu te plantara, abalado. Ele também notara que Jesus
tu plantaste a lança em mim; era diferente. Pilatos sempre foi um
Águas doces eu te dava, homem religioso e devoto, mas
foste amargo até o fim! supersticioso. A superstição lhe cegou o
coração. Era sedento pela Verdade. Mas
Flagelei por ti o Egito, a Verdade estava ali na sua frente, era
primogênitos matei; Jesus.
Tu, porém, me flagelaste,
Narrador 1: Pilatos lavou as mãos.
entregaste o próprio rei!
Não queria manchar sua reputação ou
atrair azar. Achava que este homem
Deus santo, Deus forte, Deus imortal,
poderia ser um semi-deus e que sua
tende piedade de nós!
morte seria o triunfo dos deuses
O carrasco se retira, pega a tocha e romanos, assim obteria um governo
segue a procissão. A procissão pacífico. Mas sabia também que os
continua com a marcha da banda. chefes judeus eram ciumentos e estavam
corrompidos pelo ódio contra aquele
homem.
Palco 3 (Antigo posto) Claúdia: Pobre Pilatos...tentei dissuadi-
Cenário: Jesus com a cruz lo de cometer tamanho erro...logo ele,
homem que buscava a Verdade,
Personagem: A mulher de Pilatos. condenou a Verdade à morte. Logo ele,
Jesus: “Tenho sede” Pilatos, que era sedento pela Verdade,
lavou suas mãos e preferiu a
Narrador 2: Naquela sexta-feira pela neutralidade que a opção pela Vida. Sou
manhã bem cedo, uma multidão Cláudia Prócula, esposa de Pilatos. Eu
enfurecida, gritava chamando Pilatos, vi e dou testemunho.
no portão de seu palácio. À frente da
multidão estava Jesus, ensanguentado, Lamentos do Senhor: Grupo da
sujo, fraco. Quem o visse poderia Liturgia
imaginar ser ele um prisioneiro, ou um Eu te abri o mar Vermelho,
ladrão apanhado em flagrante e que a Tu me abriste o coração;
multidão resolveu condenar à morte A Pilatos me levaste,
Eu te levei pela mão.
Cláudia: Sou Cláudia, esposa de
Pilatos. Uma de minhas amigas era
Só na cruz tu me exaltaste,
seguidora de Jesus. Falava-me tanto Quando em tudo te exaltei;
dele...Naquela noite sonhei com ele. Que mais podia eu ter feito?
Quantas coisas belas vi em meus sonhos Em que foi que eu te faltei?
sobre este homem. Vi seu nascimento,
sua mãe, seus milagres, sua pregação, Deus santo, Deus forte, Deus imortal,
era alguém sobre-humano, divino. Não tende piedade de nós!
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deles. Imaginem a alegria de nosso pai


quando ouviu da boca de Pedro o que
Palco 4 (CEF)
Jesus dizia: “Se alguém quiser ser meu
Cenário: Os soldados agarram Simão discípulo tome sua cruz e me siga.”
de Cirene e colocam em seus ombros a Somente nosso pai teve tal honra,
cruz. literalmente carregou a cruz de Jesus.
Nosso coração ardia enquanto
Personagens: Alexandre e Rufo caminhávamos perto de Jesus, não
Jesus: “Tudo está consumado.” tínhamos medo. Sentíamos apenas
compaixão. Ele consumou sua obra. Era
Alexandre: Sou Alexandre, e este é o Cordeiro de Deus que tira os pecados
meu irmão Rufo. Somos filhos de do mundo.
Simão de Cirene. Estávamos voltando
do campo com nosso pai, carregando Alexandre e Rufo: “Nós vimos e
feixes de lenha, quando encontramos damos testemunho.”
uma multidão enfurecida blasfemando Lamentos do Senhor: Grupo da
contra um homem. Nosso pai tentou nos Liturgia
manter afastados daquela multidão.
Olhávamos assustados para aquele Pus maná no teu deserto,
homem, sem beleza alguma, uma chaga Teu ódio me flagelou;
viva que mal conseguia caminhar e que Fiz da pedra correr água,
caia a cada passo que dava. Ele olhou
O teu fel me saturou!
para nós. Já o olhar dos soldados
repousou sobre nosso pai Simão. Mal
deu tempo de nosso pai nos dizer: Cananeus por ti batera,
“fiquem aqui, já volto”. Um dos Bateu-me uma cana à toa;
soldados o obrigou a ajudar aquele Dei-te cetro e realeza,
homem a carregar aquela cruz pesada. Tu, de espinhos a coroa!
Lembrei-me da cena em que Isaac, o
filho único de Abraão, carregava a lenha Deus santo, Deus forte, Deus imortal,
para o holocausto nas suas costas. Era tende piedade de nós!
como um cordeiro sendo levado ao
matadouro. Em silêncio, emudecido,
Alexandre, Rufo e Simão pegam a tocha
olhar baixo, mas cheio de lágrimas.
e seguem a procissão enquanto a banda
Rufo: Caminhamos ao lado dele, toca. Simão carrega a cruz até a
contrariando a ordem de nosso pai. Não próxima cena. Depois entrega a Jesus.
queríamos perder nosso pai de vista.
Éramos pagãos, talvez pelas nossas
roupas os soldados nos reconheceram e Palco 5 (Antigo Piemonte)
obrigaram nosso pai a ajudar aquele
Encontro com o andor de Nossa
homem. Mas naquela caminhada algo
Senhora.
nos transformou. Nosso pai ficou
extremamente comovido. Após a morte
deste homem, soubéssemos quem ele
era: Jesus de Nazaré. Conhecemos seus O andor com Nossa Senhora já está no
discípulos e nos tornamos do grupo local, carregado por 12 homens e
acompanhado por 4 tochas.
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Jesus: “Mulher eis o teu filho. Filho eis Contemplação das 7 Dores de Maria:
tua mãe.” 7 mães vestidas de preto narram as sete
Maria: “Ó vós todos que por aqui dores
passais, olha e vede se existe dor igual à Narradora 1: 1ª Dor da Santíssima
minha”. Virgem: Maria escuta com fé a
Profecia de Simeão! “Eis que esse
Narrador 2: Contemplamos agora o
menino vai ser causa de queda e
encontro de Nosso Senhor Jesus Cristo
elevação de muitos em Israel. Ele será
com sua Mãe, Maria Santíssima. O que
sinal de contradição. Quanto a você,
Cristo sofria na carne Maria sofria na
uma espada há de atravessar-lhe a alma!
alma.
(Lc 2, 34-35)
Ave-Maria
Narrador 1: Nós vos adoramos Senhor
Canto: Virgem Mãe das Dores, rogai
Jesus Cristo e vos bem dizemos.
por nós.
T: Porque pela vossa santa cruz
remistes o mundo!
Narradora 2: 2ª Dor da Santíssima
Virgem: Maria foge para o Egito com
Narrador 2: Olhando para a Virgem Jesus e José! “Levanta-te, toma o
das Dores, peçamos seu auxílio e menino e a mãe, foge para o Egito e fica
fortaleza para as cruzes e dores da vida. lá até que eu te avise, pois Herodes vai
procurar o menino para matar!” (Mt
Canto: Grupo da Liturgia 2,13)
Eu canto louvando Maria, minha Mãe. Ave-Maria...
A ela o eterno obrigado direi. Canto: Virgem Mãe das Dores, rogai
Maria foi quem me ensinou a viver. por nós.

Maria foi quem me ensinou a sofre. Narradora 3: 3ª Dor da Santíssima


Virgem: Maria procura Jesus em
Jerusalém! “Acabados os dias da festa
Maria, Mãe das Dores, chorastes por teu da Páscoa, quando voltaram, o menino
Filho. Jesus ficou em Jerusalém, sem que os
pais o percebessem. Pensando que
Ajuda-nos, Senhora, seguir o seu estivesse na caravana, andaram o
caminho. caminho de um dia e o procuraram entre
parentes e conhecidos. E, não o
Virgem Mãe das Dores, rogai por nós. achando, voltaram a Jerusalém a
procura dele.” (Lc 2,43-45)
Maria, em teu silêncio, socorre este Ave-Maria...
povo, Canto: Virgem Mãe das Dores, rogai
Liberto dos pecados, almeja um mundo por nós.
novo. Narradora 4: 4ª Dor da Santíssima
Virgem Mãe das Dores, rogai por nós. Virgem: Maria encontra-se com Jesus
no caminho do calvário!
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“Ao conduzir Jesus, lançaram mão de tiraram o corpo de Jesus e envolveram


um certo Simão de Cirene, que vinha do em faixas de linho com aromas,
campo, e o encarregaram de levar a cruz conforme é o costume de sepultar dos
atrás de Jesus. Seguia-o grande judeus. Havia peto do local, onde fora
multidão do povo e de mulheres que crucificado, um jardim, e no jardim um
batiam no peito e o lamentavam. (Lc sepulcro novo onde ninguém ainda fora
23,26-27) depositado. Foi ali que puseram Jesus.
(Jo 19,40-41)
Ave-Maria...
Ave-Maria...
Canto: Virgem Mãe das Dores, rogai
por nós. Canto: Virgem Mãe das Dores, rogai
por nós.
Narradora 5: 5ª Dor da Santíssima
Virgem: Maria ao pé da cruz de Jesus! Narrador 1: Ó Maria, Mãe da Santa
Esperança, que permaneces sempre
“Junto à cruz de Jesus estavam de pé conosco, como estiveste com Jesus em
sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de sua vida, paixão, morte e ressurreição,
Cléofas, e Maria Madalena, Vendo a intercede por nós junto à Trindade, para
mãe e perto dela, o discípulo a quem que experimentemos sua consolação,
amava, disse Jesus para a mãe: Mulher, nesta e na outra vida. Por Cristo Nosso
eis aí o teu filho! – Depois disse para o Senhor. Amém.
discípulo: Eis aí a tua Mãe! (Jo 19, 25-
27) Segue a procissão
Ave-Maria... Narrador 2: Salve Rainha, Mãe de
Deus! És Senhora nossa mãe. Nossa
Canto: Virgem Mãe das Dores, rogai doçura, nossa luz. Sempre Virgem
por nós. Maria Nós a ti clamamos, filhos
Narradora 6ª: 6ª Dor da Santíssima exilados. Nós a ti voltamos, nosso olhar
Virgem: Maria recebe nos braços Jesus confiante. Volta para nós, ó Mãe, teu
descido da cruz! semblante de amor! Dá-nos teu Jesus, ó
Mãe, quando a noite chegar. Salve
“Chegada a tarde, porque era o dia da Rainha, Mãe de Deus. És o auxílio do
Preparação, isto é, a véspera de Sábado, cristão. Ò Mãe clemente, Mãe feliz
veio José de Arimatéia, entrou decidido Doce Virgem Maria.
na casa de Pilatos e pediu o corpo de
Jesus. Pilatos, então, deu o cadáver a Marcha da banda. A procissão
José, que retirou o corpo da cruz.(Jo
19,38) prossegue; o andor de Nossa Senhora
vai atrás de Jesus e das tochas. A
Ave-Maria...
procissão retorna pela lateral da praça.
Canto: Virgem Mãe das Dores, rogai
por nós.
Narradora 7: 7ª Dor da Santíssima
Virgem: Maria deposita o corpo de
Jesus no sepulcro! “Os discípulos
 
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Deus santo, Deus forte, Deus imortal,


tende piedade de nós!

Palco 6 - Sacada da casa da Neni


Maria Madalena desce, pega a tocha e
Personagem: Maria Madalena
acompanha a procissão. Marcha da
Maria Madalena: Sou Maria banda.
Madalena. Foi Jesus quem me libertou.
Quanto devo a este homem. Fui
aprisionada por sete demônios dentro de
mim mesma. Quando Jesus me
encontrou logo me exorcizou. A partir
de então passei a segui-lo. Presenciei
suas curas, milagres, nutri-me com sua
pregação. Encontrei nele o rosto Palco 7 – Em frente à casa paroquial
misericordioso de Deus. Ele era Deus. (Encenação das 3 quedas, encontro com
Não tenho dúvida disso. Ele é o as mulheres, Verônica, Crucificação e 7
Salvador. Meu Salvador. Passou pelo palavras.)
mundo fazendo o bem. Recordo-me das
tantas vezes que ele disse que o filho do Jesus: “Pai em tuas mãos eu entrego o
Homem deveria ser rejeitado, torturado, meu espírito”
morto, e que ao terceiro dia Narrador 1 - Jesus era Filho de Deus,
ressuscitaria...aquela sexta feira foi mas aceitando a condição humana sofre
terrível. Quanta dor em meu coração. as dores brutais da violência. Jesus se
Quanto mais amamos, mais sofremos a faz humano para se parecer conosco e
dor do amor. Estava transtornada, sentir no corpo e no coração o
cambaleando embriagada pela dor, sofrimento do povo. Seu corpo sente a
angustiada. Não sei como cheguei ao dor humana e ferido Jesus perde as
Calvário. Mas estava lá... ao seu lado. forças e cai sob o peso da própria cruz.
Dele ouvi suas palavras. Mesmo na dor (Jesus cai pela primeira vez e Verônica
e à beira da morte, ele soube consolar e vai ao encontro de Jesus)
dar esperança ao ladrão crucificado:
Narrador 2- Entre a multidão que
“ainda hoje estarás comigo no paraíso.”
seguia Jesus estava uma mulher
Sou Maria Madalena. Eu vi e dou
chamada Verônica. Naquela época as
testemunho. mulheres não tinham direitos. Eram
discriminadas, e eram relegadas aos
trabalhos árduos e sofridos. Jesus
Lamentos do Senhor: Grupo da encontra em Verônica um alento.
Liturgia
(Verônica enxuga o rosto de Jesus e
Só na cruz tu me exaltaste, mostra ao povo.)
Quando em tudo te exaltei; Narrador 1- Mas eram mulheres fortes
Por que à morte me entregaste? e determinadas. Verônica aproximou-se
Em que foi que eu te faltei? do condenado enxugando-lhe o rosto.
Esse foi um exemplo de coragem.
Verônica compreendeu o sofrimento e a
dor do Filho de Deus, que deixou
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impresso no pano a imagem do seu nunca nos esquecer que tua misericórdia
rosto. Aprendamos dela a sermos é eterna. Amém.
compassivos com os que sofrem.
Fundo musical da banda
Narrador 2– Senhor, dai-nos olhos
para ver as necessidades e os Narrador 1- Uma grande multidão
sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs; seguia Jesus no caminho para o
inspirai-nos palavras e ações para calvário. Curiosos, discípulos e, no
confortar os desanimados e oprimidos; meio dessa multidão, muitas mulheres
fazei que, a exemplo de Cristo e que batiam no peito e lamentavam pela
seguindo o seu mandamento, nos injusta condenação.
empenhemos lealmente no serviço a (No primeiro patamar Jesus encontra
eles. Vossa Igreja seja testemunha viva as mulheres)
da verdade e da liberdade, da justiça e
da paz, para que toda a humanidade se É para essas mulheres e às mulheres de
abra à esperança de um mundo novo. todos os tempos que Jesus diz:

Segue a procissão em direção ás JESUS – “Filhas de Jerusalém, não


Escadarias. choreis por mim. Chorai por vós
mesmas e vossos filhos.”
Narrador 1- O caminho para o calvário
torna-se cada vez mais difícil. Jesus Narrador 2 - Em torno a Jesus, até à
torna-se um farrapo humano. Carrega a sua última hora, estreitam-se numerosas
cruz que a cada passo torna-se mais mães, filhas e irmãs. Junto dele, agora,
pesada. O sofrimento no coração de imaginemos todas as mulheres
Jesus aumenta sua dor e diminui sua humilhadas e violentadas, as
força. Jesus cai uma segunda vez e é marginalizadas e submetidas a práticas
açoitado pelos soldados. humilhantes, às mulheres em crise e
(Jesus cai pela segunda vez) sozinhas diante da sua maternidade, as
de todas as regiões em guerra, as viúvas
Narrador 2 - A segunda queda de Jesus ou as idosas esquecidas pelos seus
nos coloca diante da nossa fragilidade filhos... É uma longa multidão de
humana. Somos limitados, caímos mulheres que testemunham num mundo
muitas vezes. O Senhor nos mostra que árido e impiedoso o dom da ternura e da
é preciso levantar-se a cada queda. Diz comoção, como fizeram pelo filho de
São João: “Se dissermos que não temos Maria naquele dia em Jerusalém. Elas
pecado nenhum, a nós mesmos nos nos ensinam a beleza dos sentimentos:
enganamos, e a verdade não está em não nos devemos envergonhar se o
nós. Se confessarmos os nossos coração acelera suas batidas na
pecados, ele é fiel e justo para nos compaixão, se por vezes afloram
perdoar os pecados e nos purificar de lágrimas dos olhos, se se sente
toda injustiça. Se dissermos que não necessidade de uma carícia e de um
temos cometido pecado, fazemo-lo conforto.
mentiroso, e a sua palavra não está em
nós.” Dai-nos Senhor a humildade de Narrador 1 – Pela terceira vez, cai o
reconhecer que caímos, que somos Salvador, esgotado, sedento, cansado. O
pecadores. Tu carregaste nossos desânimo.
pecados. O peso da cruz era devido aos
nossos pecados. Que tenhamos a (Jesus cai pela terceira vez.)
capacidade de levantar a cada queda e Temos um sumo sacerdote capaz de se
compadecer com o ser humano, pois ele
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mesmo, sofreu na carne o abatimento e Música da banda


o desânimo que nos acompanham em
nossas jornadas. Jesus – Mulher eis o teu filho. Filho eis
tua mãe.
Marcha da banda
Música da banda
Narrador 2- Depois de muito
sofrimento e dor Jesus chega ao local da Jesus - Tenho sede.
crucificação. Sem piedade é pregado na (Oferecem a Jesus uma esponja numa
cruz e humilhado diante do povo que vara, mas ele recusa.)
antes o havia proclamado Rei. A cruz é
o seu trono. Dalí ele governa o mundo Soldado 1 - Se és mesmo Filho de
com o amor e a misericórdia. Deus, desce da cruz!
Música da banda durante a Soldado 2 - Salva-te a ti mesmo, se és o
crucificação e elevação. rei dos judeus! Desce da cruz e
JESUS: Meu Deus, meu Deus, por que acreditaremos...
me abandonaste? Jesus – Pai... Pai... Em tuas mãos
Narrador 1- Junto com Jesus foram entrego o meu espírito!
crucificados dois malfeitores. O Filho Barulho de trovões e vento.
de Deus elevado à categoria de
criminoso. Aquele que viveu de amor é Jesus: Tudo está consumado.
agora insultado, acusado injustamente e
Música da banda
condenado à pior das punições morte de
cruz. (Enquanto descem o corpo de Jesus, é
posto um banquinho baixo para Maria
Ladrão 1 - Não és tu o Cristo? Salva a
ti mesmo e também a nós. Tira-nos da se sentar e receber Jesus morto nos
cruz, se és realmente Filho de Deus! braços.)

Ladrão 2 - Nem tu temes a Deus Narrador 1: A mais santa das mulheres


quando sofres a mesma condenação. da Terra, aquela a quem Deus preservou
Nós estamos aqui por justiça, porque o do pecado, não foi preservada da maior
merecemos por nossas obras. Mas este das dores: a morte de um filho. Aquela
não fez mal nenhum. que tantas vezes segurou nos braços o
(falando para Jesus) - Senhor Jesus, menino Jesus e por nove meses
lembra-te de mim, quando chegares ao aguardou sua chegada, agora o recebe
teu Reino. nos braços sem vida. O canto do Stabat
Mater Dolorosa resume o sofrimento da
Jesus - Em verdade eu te digo: Hoje Virgem Maria.
estarás comigo no paraíso.
Canto Stabat Mater Dolorosa – Vozes
Narrador 2 - É chegada a hora. Jesus
do Prado
sente a dor, a morte próxima e o
abandono. No seu sofrimento Jesus De pé a Mãe dolorosa,
pede forças ao Pai e ainda encontra junto da cruz, lacrimosa,
amor no coração para perdoar os que o via Jesus que pendia.
condenaram.
Jesus - Pai, perdoai-lhes porque não No coração transpassado
sabem o que fazem. sentia o gládio enterrado
de uma cruel profecia.
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Mãe entre todas bendita, possa contigo chorar.


do Filho único, aflita,
à imensa dor assistia. Que do Cristo eu traga a morte,
sua paixão me conforte,
E, suspirando, chorava, sua cruz possa abraçar!
e da cruz não se afastava,
ao ver que o Filho morria. Em sangue as chagas me lavem
e no meu peito se gravem,
Pobre mãe, tão desolada, para não mais se apagar.
ao vê-la assim transpassada,
quem de dor não choraria? No julgamento consegue
que às chamas não seja entregue
Quem na terra há que resista, quem soube em ti se abrigar.
se a mãe assim se contrista
ante uma tal agonia? Que a santa cruz me proteja,
que eu vença a dura peleja,
Para salvar sua gente, possa do mal triunfar!
eis que seu Filho inocente
suor e sangue vertia. Vindo, ó Jesus, minha hora,
por essas dores de agora,
Na cruz por seu Pai chamando, no céu mereça um lugar.
vai a cabeça inclinando,
enquanto escurece o dia.
Em seguida carrega-se o andor com
Faze, ó Mãe, fonte de amor, Jesus morto, acompanhado por tochas
que eu sinta em mim tua dor, até a igreja. Apenas os personagens
para contigo chorar. com tochas se dirigem até a igreja.
Todos os personagens carregam tochas
Faze arder meu coração, e acompanham Jesus morto. Entram na
partilhar tua paixão igreja e se retiram. Oração sobre o
e teu Jesus consolar. povo.

Ó santa Mãe, por favor, Marcha fúnebre.


faze que as chagas do amor
em mim se venham gravar.

O que Jesus padeceu


venha a sofrer também eu,
causa de tanto penar.

Ó dá-me, enquanto viver,


com Jesus Cristo sofrer,
contigo sempre chorar!

Quero ficar junto à cruz,


velar contigo a Jesus, Personagens
e o teu pranto enxugar.
Jesus
Virgem Mãe tão santa e pura,
Malco
vendo eu a tua amargura,
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Carrasco
Mulher de Pilatos
Maria Madalena
Alexandre
Rufo
Cirineu
Verônica
4 mulheres
5 soldados
2 ladrões
Maria
João.
Narradores: Fabiano e Marisa
7 mães vestidas de preto:

12 homens para carregar o andor de


N. Sra. Acompanham 4 pessoas com
tochas.

4 homens para carregar o Cristo morto.


4 pessoas com tochas acompanham.

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