Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LIVRO
TEXTO
LEITURA,
INTERPRETAÇÃO E
PRODUÇÃO TEXTUAL
https://bit.ly/2CLKGEc
2
Sumário
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E
PRODUÇÃO TEXTUAL
TEMA 01
1
Fonte: BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.
FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística: Objetos Teóricos. São Paulo: Contexto, 2002.
5
A língua envolve toda a prática linguística utilizada por indivíduos em uma comunidade
e pode não estar dentro das regras gramaticais, mas dentro da organização linguística da
comunidade de falantes. Assim, a língua é um conjunto de práticas sociais mais amplo que a
gramática. Um falante nativo não erra a sua língua, uma vez que as questões históricas e
geográficas influenciam na língua falada pela comunidade.
Considerar que uma comunidade fala melhor que a outra, que um Estado sabe falar
melhor que é outro é uma forma de inferiorizar grupos sociais. O que devemos considerar é a
situação e a intenção. Deve-se escolher a língua que se adapta a cada situação e esteja de
acordo com o objetivo a ser alcançado.
Dentro do campo da linguagem verbal, temos os três grandes eixos desta disciplina:
leitura, interpretação e escrita, sem deixar de lado a linguagem não-verbal, presentes hoje no
campo da interpretação do mundo e da escrita.
Linguagem não verbal é o uso de imagens, figuras, desenhos, símbolos, dança, pintura,
música, mímica, escultura e gestos como meio de comunicação.
A linguagem não verbal é feita sem a utilização da língua e engloba: sons, cores, gestos,
símbolos.
Dentro do contexto temos a simbologia que é uma forma de comunicação não verbal.
Exemplos: sinalização de trânsito, semáforo, logotipos, bandeiras, uso de cores para chamar
a atenção ou exprimir uma mensagem.
É muito interessante observar que para manter uma comunicação utilizamos tanto a
linguagem verbal quanto a não verbal.
Recentemente uma amiga que viajou para a Espanha comentou a respeito da sua
dificuldade durante a visita ao país. Segundo seu relato, não há no aeroporto, nas plataformas
de trem ou metrô pessoas com função específica de ajudar a executar quaisquer
procedimentos. Tudo está escrito em placas e folhetos e as pessoas seguem os procedimentos
sem ficar perguntando, ou seja, elas se acostumam a ler as informações.
Depois de ouvir sua história, refleti o quanto somos dependentes no Brasil. Não
sabemos ler e seguir orientações, estamos perguntando a respeito daquilo que está escrito
nas placas. Isso revela o nosso pouco hábito de ler, seja uma placa que indica o banheiro mais
próximo, seja a orientação dada durante um procedimento no caixa eletrônico, seja mesmo
um texto maior, mais elaborado como os que são necessários na formação acadêmica.
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta
não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se
prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura
crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. (FREIRE, 1989, p.
9).
Se eu gosto de carros, sei o nome das marcas, sei os modelos, acompanho toda a
tecnologia de produção dos automóveis, certamente terei domínio do vocabulário
relacionado ao tema: carros. Por isso, se for necessário ler algum material sobre este tema,
será mais fácil de compreender o texto; por outro lado, se eu não sei nada sobre enfermagem,
algumas expressões serão incompreensíveis. Se o assunto não faz parte do nosso mundo,
temos mais dificuldade de compreensão.
Outra questão para qual Freire aponta é o contexto: A compreensão do texto a ser
alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.
Atenção pra a definição de Contexto. Isso vai ser fundamental para a sua compreensão,
não só de leitura, mas de interpretação e produção textual:
2
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados:
Cortez, 1989.
9
Vejamos:
Exemplo 1
Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/04/
Exemplo 2:
Fonte: https://www.otempo.com.br/capa/brasil/
A palavra guerra aparece nas duas manchetes, porém ela tem significado diferente, na
primeira, sabe-se que há conflito armado na síria e ocorre verdadeiramente uma guerra; já no
exemplo dois, trata-se da grande violência proporcionada pelo tráfico, mas não pode ser
compreendida na mesma acepção do exemplo 1. Como sabemos disso?
Simplesmente pelo contexto, somos brasileiros e sabemos que não estamos em guerra
armada, por isso somos levados a compreender sob outra ótica. Vejamos mais um exemplo
para compreender o que é o contexto:
10
Fonte: http://www.fatoreal.blog.br/seguranca/falta-de-seguranca-e-uma-solucao-criativa/
Ao lermos a placa acima, sabemos que o lugar de compra é a casa onde está a placa.
Como sabemos isso? Simples, nosso conhecimento de mundo, ou seja, o contexto, nos indica
um conhecimento para além do que está escrito. Então, Paulo Freire está correto quando diz
que não lemos apenas palavras, lemos antes, o mundo. Caso não sejamos bons leitores do
mundo, teremos dificuldade na leitura das palavras.
Observem que para compreendermos um conceito, tivemos que refletir sobre ele,
ampliá-lo, entender o que significa a palavra mundo, o que é contexto, para então
compreender plenamente o que o autor entende por leitura do mundo. Assim deve ser feito
em todo ato de leitura, pois ler é um processo, é uma ação que envolve reflexão, busca,
paciência e principalmente, prática. Quanto mais você lê, mais habilidoso você fica.
Devemos também considerar a interrelação entre leitor e texto, pois o leitor não é um
ser passivo, sem conhecimento anterior. Quando o leitor se põe a desvendar um texto, os
conhecimentos anteriores são acionados e pode haver um diálogo com o texto. Soares3 (2000)
amplia a concepção de leitura ao apresentar a relação entre leitor e autor mediado pelo
mundo:
Leitura não é esse ato solitário; é interação verbal entre indivíduos, e indivíduos
socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas
relações com o mundo e com os outros; o autor, seu universo, seu lugar na estrutura
social, suas relações com o mundo e os outros (SOARES, 2000, p. 18).
3
SOARES, M. As condições sociais da leitura: uma reflexão em contraponto. In: ZILBERMAN, R.; SILVA, E. T. (Org.).
Leitura: perspectivas disciplinares. São Paulo: Ed. Ática, 2000. p. 18-29.
11
O processo de interação entre livro e leitor é discutido por Leffa4 (1999) ao considerar
a leitura como um processo interativo entre os esquemas do leitor e do autor, vivendo um
momento sócio histórico. Dessa forma, a concepção de leitura interativa compreende leitura
não como uma atividade de decodificação de itens linguísticos, como um processo dinâmico
de construção de sentidos. Nessa concepção de interação, o leitor não é mero receptor de
mensagens, ele se porta como coautor;
Em primeiro plano, a memória é fator primordial na leitura porque será acionada para
relembrar conhecimentos que se unirão ao novo conhecimento da leitura. Todas as vezes que
se faz uma leitura, vem à mente outras leituras já feitas antes. Certamente que a memória só
pode ser acionada se houver conhecimentos prévios. Quanto mais leitura se tem, maior é o
repertório para ser relembrado.
4
LEFFA, V.J. Perspectivas no estudo da leitura: texto, leitor e interação social. In: LEFFA, V. J.; PEREIRA, A. E.
(Org.). O ensino de leitura e produção textual: alternativas de renovação. Pelotas: Educat, 1999. p. 13-37.
5
KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura: Teoria e Prática. Campinas, SP: Pontes. 2002
6
https://www.significados.com.br/
12
Quando se realiza o ato de ler, nem sempre as informações estão claras e visíveis, nem
sempre é possível compreender um texto apenas fazendo uma leitura literal. Para ampliar a
compreensão alguns conceitos devem ser considerados, como os de: IMPLÍCITOS E
EXPLÍCITOS7
7
Marcelo Rosenthal; Lilian Furtado; Tiago Omena; Pedro Henrique. Interpretação de Textos e
Semântica para concursos: teoria, esquemas, exercícios e questões de concursos comentadas. Campus
concurso. Acessado em <www.elsevier.com.br>
8
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000014237.pdf
13
Muita dor e inchaço é o que sente uma pessoa quando é picada por abelhas ou
marimbondos. Este incômodo passa após algumas horas e não se sofre maiores
consequências, desde que o ataque não tenha sido feito por um grande número de insetos.
• Verbos – os alunos deixaram o curso de língua inglesa, porque essa matéria não foi
incluída no edital do concurso.
o Com o emprego de DEIXARAM, o autor dá a entender que os alunos vinham
cursando o Inglês, até a publicação do edital; não está escrito no texto que
estavam cursando, mas pressupõe-se por conta do verbo.
• Advérbios – “João também não fez o que foi solicitado.”
o Com o emprego do advérbio TAMBÉM, o autor da frase afirma que além de
João, outras pessoas não fizeram o solicitado.
• Adjetivos – Os candidatos estudiosos têm grandes possibilidades de aprovação.
o Com o emprego do adjetivo ESTUDIOSOS, o autor pretende dizer há candidatos
estudiosos e candidatos não estudiosos. E mais: que o candidato não estudioso
tem menos possibilidades de aprovação.
• Orações adjetivas – Os funcionários que fizeram greve foram demitidos.
o Com a oração adjetiva QUE FIZERAM GREVE com caráter restritivo, o autor leva
o leitor a pressupor que aqueles que não fizeram greve continuaram
empregados.
14
9
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000014237.pdf
15
Na Lanchonete, Zezinho pede uma média com leite e pão com manteiga. Depois de pagar, ele bebe o
café, sente que não tem açúcar e pergunta:
Zezinho: Tem açúcar?
Garçonete: Tem sim.
Zezinho: Tenho que pagar de novo?
Garçonete: Não
Zezinho: Então me dá 2kg...
Subentendido: a garçonete subentende que o açúcar era para adoçar o café e não um
pacote. Não foi dito pelo Zezinho a quantidade de açúcar, mas no contexto da lanchonete,
entende-se que é uma quantidade suficiente apenas para adoçar o café.
Esquematizando as informações destacadas acima a respeito da inferência, temos:
Explícitos:
interpretação do que
foi realmente escrito no
Inferência: dedução texto Pressuposto: palavras
feita com base nas do texto que remetem
informações ao entendimento
Implícitos: enxergar nas
entrelinhas do texto
Subentendido: não há
palavras que remetam
ao entendimento.
Apenas o contexto.
Ao fim desta unidade, você deve ter compreendido que a leitura é fundamental para
o desenvolvimento do ser humano e, na universidade, será imprescindível para dar conta das
exigências, pois nenhuma formação acadêmica se faz sem leitura e escrita. Observe no
esquema abaixo os principais conceitos relacionados à leitura estudados até aqui:
Mundo
Memória Contexto
LEITURA
Pressuposto Inferência
Subentendido Interação
16
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E
PRODUÇÃO TEXTUAL
TEMA 01
Vamos agora estudar a respeito dos tipos de leituras que podemos fazer e das técnicas
que podem tornar as leituras mais eficazes. Não se trata de receita para ler melhor, mas de
processos de estudo bem definidos e detalhados que, se seguidos, podem proporcionar
melhor desempenho na habilidade da leitura.
Para Adler10 (1974) O processo de compreender um livro pode ser assim dividido:
Significa que o livro ou texto trata de um assunto em geral, o todo; mas esse todo é
dividido em partes, capítulos e subtópicos. Além disso, deve-se considerar a linguagem do
texto, a organização e o pensamento veiculado por ele. A leitura que você faz deve considerar
estas questões:
10
ADLER, Mortimer J. A arte de ler: Como adquirir uma educação liberal. Tradução de: Inês Fortes de
Oliveira. Rio de Janeiro: AGIR editora, 1974. Copyright de ARTES GRÁFICAS INDÚSTRIAS REUNIDAS S. A. (AGIR).
18
Adler (1974) lista três leituras distintas para que se obtenha um bom resultado.
4) dos problemas principais, quais são os que o autor está procurando resolver.
4) saber quais de seus problemas o autor resolveu, e quais deixou sem solução.
Verdadeiramente, esta é a leitura mais difícil de ser realizada porque, como leitor,
preciso analisar a obra lida e discutir o assunto a partir de outros conhecimentos já existentes,
bem como fazer algumas críticas.
Muito cuidado para não fazer críticas com base no senso comum, manifestando
meramente sua opinião, sem nenhuma base teórica. Não se emite opinião pura
e simples quando se trata de teoria, de conceito, de informação científica. Por
isso, você dizer que concorda ou discorda porque você “acha”, não é o
suficiente para fazer uma crítica da leitura.
Para melhor compreensão do processo de leitura estabelecido por Adler (1974, p. 209-
210), far-se-á uma análise de texto para servir de exemplo para você construir suas próprias
análises.
Vamos tomar como base uma notícia veiculada pela Isto É (https://istoe.com.br/) em
31/01/19 - 11h02 que trata sobre o estudo de pessoas com necessidades especiais.
20
Tipo e assunto: o texto é uma notícia de jornal. Seu assunto é a inclusão de pessoas
com necessidades especiais na escola
• Censo
• Lei - Plano Nacional de Educação (PNE)
• Censo
• Diferença escola pública e escola particular
Indicar que problemas o autor resolveu e que problemas não resolveu; e, quanto aos
últimos, ver se o autor reconheceu seu fracasso.
Proposições principais:
Argumentos do autor:
Antes de iniciar esta etapa de leitura, atente para as Máximas Gerais propostas pelo
autor:
1. Não começar a crítica antes de completar a análise e a interpretação. (Não digam que
concordam, discordam ou deixam de julgar, antes de poderem dizer “Compreendo”.)
• Acredita que apenas banheiros adequados é o suficiente para inserir um aluno com
necessidade especial na escola
Autor ilógico:
• Nos dados estatísticos percebe que apenas metade das escolas atendem às
necessidades dos alunos com necessidades especiais em relação ao banheiro, mas
não faz nenhuma referência para mostrar a ineficiência das escolas neste campo.
Análise incompleta:
• Não demonstra a realidade das escolas brasileiras, pois em grande parte não têm
condições estruturais para receber surdos, cegos, autistas e demais necessidades
especiais. Mostrando apenas os dados de matrícula aparenta dizer que estas
crianças estão verdadeiramente tendo acesso à educação, mas resta saber se
completam o ano escolar e o que aprendem durante o ano.
FAULSTICH11 (2002) também estabelece tipos de leitura pra os textos técnicos. Ele
divide em 2 tipos de leitura, a INFORMATIVA e a INTERPRETATIVA, como demonstrado
abaixo:
LEITURA SELETIVA
Identificar dentro de cada parágrafo a palavra-
chave da ideia central e as palavras-chave das
ideias secundárias.
LEITURA
INFORMATIVA Selecionar na sequência esse conjunto de
LEITURA palavras que formarão o resumo do texto
TÉCNICA
LEITURA CRÍTICA
Leitura abrangente do assunto
Reconhecer a hierarquia das ideias
Verificar como o texto está organizado, dividido
11
FAULSTICH, Enilde L. de J. Como ler, entender e redigir um texto. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.
24
COMPREENSÃO
Entender a mensagem literal defendida pelo
autor. entender o ponto de vista, a tese
ANÁLISE
Desdobrar o texto em partes percebendo a
relação das partes com o todo
LEITURA
INTERPRETATIVA SÍNTESE
LEITURA Retirar de cada parágrafo as ideias centrais e
TÉCNICA ordenar as ideias principais
AVALIAÇÃO
Julgar, criticar as relações lógicas evidenciadas no
texto e sua aplicação científica
APLICAÇÃO
Associar assuntos paralelos. Utilizar o assunto
aprendido no texto em outros textos. projeção de
novas ideias a partir do conhecimento adquirido
Também é bom lembrar que um livro, um texto, um artigo podem ser relacionados a
outros tipos de informação: documentários, filmes, séries, novelas, desenhos animados,
músicas, quadros. Lembre-se de que todo o conhecimento de mundo deve ser acionado
quando se faz uma leitura porque só assim é possível estabelecer relações, comparar, criticar.
12
BLOOM. S. B. et. alii. Taxionomia dos objetos educacionais. Porto Alegre, Globo, 1973.
25
Ao final desta unidade, o que você precisa ter compreendido é que a leitura é parte do
processo de formação universitária. Não há formação, não há conhecimento sem leitura, por
isso, se você quer investir em uma formação acadêmica séria, consistente, de sucesso, leia
todos os textos, todos os livros indicados e solicitados pelo professor. Leia com cuidado, com
calma, com paciência. Mesmo que no começo, pareça uma tarefa chata e enfadonha, não
desista. Cada vez que você lê um texto completo, mais fácil fica a leitura do próximo e assim,
você constrói o gosto pela leitura.
FORMAÇÃO EXCELENTE
a) Anotar;
b) Esquematizar o texto;
d) Realizar resumos.
3.4 ANOTAÇÃO
Este é um ponto de partida para qualquer estudante, seja diante de uma aula
expositiva, uma palestra ou um livro. Realizar anotações ajuda a compreender melhor o que
está sendo lido e depois serve como ponto de partida para outras atividades. Medeiros, (2011,
p. 8) considera a anotação como “[...] processo de seleção de informações para posterior
aproveitamento”
13
MEDEIROS, João Bosco. Como tornar o estudo e a aprendizagem mais eficazes. In: Redação científica:
a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. cap. 1, p. 5-27
26
Antes de iniciar as anotações é preciso definir onde elas serão feitas e isso depende de
você, enquanto estudante e do propósito da leitura. Você pode anotar no próprio livro/texto,
em um caderno, em um bloco de anotações ou mesmo no computador ou tablet. Caso você
esteja lendo vários livros, é bom registrar a fonte de onde as anotações foram extraídas.
Ex.: MEDEIROS, João Bosco. Como tornar o estudo e a aprendizagem mais eficazes. In:
______. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo:
Atlas, 2011. cap. 1, p. 5-18.
a) Anotações corridas:
• Realizar a leitura total do texto, sem interrupção;
• Reler o texto, levando em consideração as palavras desconhecidas; localizando-
as no dicionário – anotar o mais próximo possível;
• Buscar em enciclopédias e almanaques, informações relevantes para a
compreensão do texto, sejam elas: históricas, geográficas entre outras;
• Só destacar os trechos e as palavras-chave após ter compreendido o texto;
• Realizar a redação da anotação corrida e submetê-la a uma avaliação própria;
havendo a necessidade de correções, refazer a redação.
b) Anotações esquemáticas: “Ordenam hierarquicamente as partes principais do conteúdo
de uma comunicação” (MEDEIROS, 2011, p. 8).
• Deve ser realizada após o estudo do texto e as anotações corridas.
• Pode ser apresentado como: 1) esquema vertical das ideias do autor; ou 2) por
chaves ou diagramas.
• Há diversos tipos de esquemas, dentre eles o mapa-conceitual, os
organogramas;
c) Anotações resumidas: “[...] proporciona melhores resultados para a leitura, bem como para
a própria redação. [...] só consegue fazer um bom resumo quem realmente assimilou as
ideias principais do texto” (MEDEIROS, 2011, p. 13).
A técnica de SUBLINHAR, tão comum no ato de ler, porém mal utilizada pelos alunos,
pois tendem a sublinhar indistintamente, sem considerar o que de fato importa. O autor indica
que não deve ser feito na primeira leitura e deve-se sublinhar apenas as ideias principais, as
palavras-chave.
Também solicita atenção especial para o VOCABULÁRIO, pois “[...] quem pouco lê tem
vocabulário reduzido” (MEDEIROS, 2011, p. 16). A leitura se torna incompreensível, portanto,
ineficaz, se não há domínio do vocabulário. Recomenda-se buscar no dicionário toda palavra
desconhecida que aparece no texto ou tentar descobrir o sentido da palavra no contexto.
28
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E
PRODUÇÃO TEXTUAL
TEMA 02
Relativo à palavra, temos dois sentidos, que são: denotação e conotação. Estes
mecanismos devem servir para que o leitor atente melhor para o que foi escrito/dito e, assim,
interpretar mais facilmente o que foi comunicado. O sentido do texto nem sempre está no
sentido real da palavra, ou seja, no sentido literal, por isso, o produto do texto vela significados
para desvelá-los (...). Para que o leitor entenda os textos, é preciso perceber a relação entre o
que se diz e o que se quer dizer (PLATÃO E FIORIN14, 2006, p. 328).
Dependendo de qual sentido as palavras expressam na oração, seu sentido pode ser
alterado e ter significado fora do usual. Por isso, é importante conhecermos estes dois
sentidos. Vejamos:
SENTIDO DENOTATIVO
É o literal, comum; aquele que exprime a significação usual da palavra
Podemos observar que o sentido desta palavra é o usual, o literal, logo, podemos
afirmar que ela está no sentido denotativo.
14
SAVIOLI, F. Platão & FIORIN, J. Luiz. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2006, p. 328.
30
Vamos observar que o sentido da palavra é figurativo, é uma forma de dizer que o
menino é bom, não está empregada de modo literal. Assim, temos:
SENTIDO CONOTATIVO
Figurado: depende de um contexto particular.
É preciso ter cuidado com as palavras. Elas são verdadeiras armas. Algumas vezes mortais. Certas pessoas
têm o dom de dizer as mais afiadas, que entram feito uma flecha envenenada. Porém, em muitos casos, o
atingido é aquele que usou a arma, ou seja, o falador. Esse, por exemplo, pode sofrer horríveis
arrependimentos por ter dito o que não deveria ter dito. Mas como não dizer aquilo que pensamos? Há
maneiras de dizer sem dizer, e de dizer, desdizendo. (Ana Miranda. O oráculo insondável. In: Correio
Braziliense, Caderno C, p. 10, 2/4/2006 (com adaptações).
Veja a relação feita pela autora do texto. Ele associa a palavra “palavra” a “armas”,
afiadas, flecha. Temos aqui o sentido conotativo, pois as palavras não são armas de verdade,
a autora está utilizando o sentido figurado. Neste caso, o trabalho do leitor para interpretar o
texto é maior, pois ele precisa compreender o sentido que estas palavras querem dar ao texto.
No caso do texto em questão, quando afirma que as palavras são armas, ela quer dizer que
podem machucar, ofender, causar danos; quando se refere a flechas, quer enfatizar o quanto
uma palavra pode adentrar a mente da pessoa e ficar por muito tempo. Portanto, a associação
de palavras a armas simboliza o perigo. Como afirma Affonso Romano De Sant'anna:
31
Diariamente utilizamos expressões que são conotativas e precisam ser traduzidas para
obtermos o sentido que verdadeiramente querem dar. Em outros casos, as palavras estão no
seu sentido literal:
Olha o passarinho!
Motorista barbeiro
Antigamente, os barbeiros eram conhecidos não apenas por realizar o corte de cabelo
e barba, mas também por desempenhar tarefas como: extração de dentes, remoção de calos
e unhas, entre outros. Geralmente, os serviços extras deixavam consequências desagradáveis
aos clientes. No século 15, o termo “barbeiro” era atribuído a atividades mal executadas. Com
o tempo, passou a ser relacionado aos motoristas. Daí a expressão “motorista barbeiro”, ou
seja, mau motorista.
32
Bafo de onça
A onça é um animal carnívoro que se lambuza bastante na hora de comer a caça. Por
esta razão, fede muito e sua presença é detectada a distância, na mata. Assim, pessoas que
possuem o hálito fétido passaram a ser chamadas de “bafo de onça”. A expressão também faz
referência ao hálito de quem está (ou esteve) alcoolizado.
Expressão que se refere à pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos séculos 18 e
19, os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de
santos ocas por dentro. O santo era “recheado” com preciosidades roubadas e enviado para
Portugal.
15
JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. Tradução de Izidoro Blikstein e José Paulo Paes. São
Paulo: Editora Cultrix, 2007.
33
Na poesia acima temos a 1ª. Pessoa e a 2ª. Pessoa, mas o predomínio é da 1ª. Pessoa,
pois é o EU que direciona o texto, é, portanto predominantemente emotivo, embora tenha
trecho conativo.
Todos estes fatores da comunicação verbal foram esquematizados pelo autor como:
CONTEXTO
-------------------------------------------------------
CONTACTO - CANAL
CÓDIGO
34
Vamos analisar melhor cada um destes elementos propostos por Jakobson (2007):
1) Situação de escrita:
2) Jornal da TV:
3) Um telefonema:
Fonte: tumblr.com
Uma camisa:
Fonte: https://www.mitoucamisetas.com.br/
A pessoa que vai usar a camisa é o emissor, todos os que lerem a informação, serão
receptores. O assunto tratado é o referente ou contexto. O canal, ou seja, o veículo onde
está fixado o código é a camisa. A língua portuguesa escrita é o código. O entendimento é a
mensagem.
36
Assim, para que a comunicação possa acontecer de forma satisfatória, todos estes
elementos devem ser considerados, sob pena de termos um ruído na comunicação:
Ruído: É tudo o que dificulta a comunicação, interfere a transmissão e perturba a recepção ou compreensão
da mensagem; tudo o que possibilita a perda de informação durante o transporte da mensagem entre o
emissor e o receptor.
Após compreender este assunto, vamos ampliar nosso estudo para as funções da
linguagem, tema que está diretamente ligado aos seis elementos da comunicação já
estudados.
Cada um desses seis fatores determina uma diferente função da linguagem. Embora
tenhamos seis funções da linguagem, dificilmente encontraríamos mensagens verbais que
estivessem voltados apenas para uma única função.
Obs: só poderá ser função emotiva se a comunicação for feita em 1ª. Pessoa. Caso
contrário, será outra função.
Observe no exemplo que o texto está em 1ª. Pessoa singular, sabemos disso pelos
pronomes e pelos verbos, como destacados. O objetivo desta comunicação é tratar do sujeito
que fala, que escreve para contar sobre si mesmo. Temos aqui a comunicação centrada no
emissor.
Obs: deverá vir em 2ª. Pessoa, mesmo que oculta ou com verbos no imperativo.
Ex:
“Se você procura o melhor imóvel, vá logo ao endereço certo” (uso da 2ª. Pessoa você)
(Folha de São Paulo)
➢ Função FÁTICA, vão aparecer em mensagens que servem basicamente para prolongar
ou interromper a comunicação, para verificar se o canal funciona ("Alô, está me ouvindo?"),
para atrair a atenção do interlocutor ou confirmar sua atenção continuada (pois, é; huhum;
é...; então; isso, isso...; hummm)
Obs: diz-se que a função fática não favorece uma comunicação. Seu objetivo maior é
manter uma conversa ou checar se o canal está funcionando e pode ser utilizado, é o caso do
alô, para checar se o telefone – canal desta comunicação – está funcionando; caso também
de quando checamos aparelhagem de som: “alô, som, testando, 1,2,3”.
Qual o assunto?
39
a) A gramática é metalinguística –
b) Um manual de redação –
Temos então, o código para tratar do código, ou seja, temos um material escrito em
língua portuguesa, utilizando redação para tratar do assunto redação.
Temos então, o código para tratar do código, ou seja, a poesia foi feita para tratar dela
mesma.
Não, porque o código não estaria tratado dele mesmo, estaria tratando de outro
assunto.
Observe:
“Gastei uma hora pensando no verso
Que a pena não quer escrever
(...) mas a poesia deste momento
Inunda minha vida inteira”
(Carlos Drummond de Andrade)
Temos função poética por conta da estrutura em verso, mas se perguntarmos, qual a
forma de composição? A resposta é: em verso; qual o assunto? A escrita de um verso. Temos
40
função metalinguística porque o código se volta para o código. Também podemos afirmar que
há função emotiva no 1º. e 4º. Versos por conta da 1ª. Pessoa do singular – eu.
Obs: Atente para não confundir, a função emotiva está ligada à 1ª. pessoa do singular.
A função referencial aceita a 1ª. pessoa do plural. Quando a comunicação é feita com vistas a
tratar do assunto, sem utilizar a 1ª. Pessoa singular ou a 2ª. Pessoa. Assim, se o tema é
“trabalho infantil”, deve-se tratar especificamente do assunto sem dar opinião pessoalizada –
eu acho, eu penso, eu acredito ou fazer apelo ao receptor – você deve ter cuidado. O exemplo
abaixo demonstra como o assunto é tratado de modo isento de opinião e apelos
41
Obs: pode-se dizer que toda comunicação estruturada em forma de versos – em linhas
– está na função poética, independente de outras características que possa ter.
Exemplo:
Podemos considerar que a função é poética por conta da estrutura em versos. Também
podemos considerar que no 1º., 4º. e 5º. versos temos também função emotiva por conta da
1ª. Pessoa do singular – eu.
42
REFERENCIAL
EMOTIVA POÉTICA CONATIVA
FÁTICA
METALINGUÍSTICA
Fonte: Jakobson (2007)
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E
PRODUÇÃO TEXTUAL
TEMA 02
5. TIPOLOGIA TEXTUAL
O que vamos estudar neste tópico são as tipologias textuais: sua especificidade,
características e função social. Ficando atento a isso, sua interpretação textual será facilitada:
Para que fique mais fácil compreender, vamos analisar abaixo cada tipo textual,
iniciando pela NARRAÇÃO:
45
5.1 NARRAÇÃO
Sim, toda narração precisa de um conflito, sem este não há fato para contar. Os
conflitos são de diversas ordens: inveja, assassinato, brigas por diversos motivos, assalto,
doença, guerra, traição, mistérios, amor, paixão etc. Pode-se dizer que os conflitos são a base
dos fatos, portanto, sem conflitos não há narração.
Texto 1: Poesia
História antiga
No meu grande otimismo de inocente,
Eu nunca soube por que foi... um dia,
Ela me olhou indiferentemente,
Perguntei-lhe por que era... Não sabia...
Desde então, transformou-se de repente
A nossa intimidade correntia
Em saudações de simples cortesia
E a vida foi andando para frente...
O texto conta a história de duas pessoas que se separaram e ficaram com uma história
mal resolvida. De modo muito sintetizado temos uma narração.
46
Texto 2: música
Podemos observar que o texto acima é uma letra de música, mas que conta uma
narrativa, relata um fato a partir da grande problemática da personagem João de Santo Cristo
de conseguir uma vida melhor. Temos personagens, conflito, tempo, espaço que se
desenvolvem numa ordem lógica.
47
Texto 3: fábula
Num lugar que você sabe, este fato aconteceu. A pessoa que eu descrevo, você, talvez, tenha
conhecido. E se você não se lembra, procure na consciência. Porque se houver semelhança, não é
mera coincidência.
O burrico vinha trotando pela estrada. De um lado vinha o velho, puxando o cabresto. Do
outro vinha o menino, contente, que o dia estava fresquinho e o sol brilhava no céu. Sentados no
barranco estavam dois homens. No que viram o burro mais o velho e o menino, um cutucou o
outro:
– Veja só, compadre! Que despropósito! Em vez do velho montar no burro, vem puxando ele!
O velho e o menino se olharam. Assim que viraram na primeira curva, o velho parou o burro
e montou nele.
O menino segurou o cabresto e lá se foram os três, muito satisfeitos. Até que perto da ponte
tinha uma casa com uma mulher na janela.
– Olha só, Sinhá, venha ver o desfrute! O velho no bem-bom, montado no burro, e o pobre
do menino gramando a pé!
O velho e o menino se olharam de novo. Assim que saíram da vista da mulher, o velho desceu
do burro e botou o menino na sela. E foram andando um pouco ressabiados, o velho puxando o
burro pelo cabresto, pensando no que o povo podia dizer. Logo, logo, passaram numa porteira
onde estava parada uma velha mais uma menina.
– Mas que absurdo, minha gente! Um velho que nem se aguenta nas pernas andando a pé, e
o guri, bem sem-vergonha, escanchado no burro!
Os dois se olharam e nem esperaram. O velho mais que depressa montou na garupa do burro
e lá se foram os três. Dali a pouco encontraram um padre que vinha pela estrada mais o sacristão:
– Olha só, que pecado, onde é que já se viu? O pobre do burro, coitadinho, carregando dois
preguiçosos! Mas isso é coisa que se faça?
O velho e o menino, desanimados, desmontaram e nem discutiram: saíram carregando o
burro. Mas nem assim o povo sossegou! Cada vez que passavam por alguém, era só risada!
– Olha só os dois burros carregando o terceiro!
Quando chegaram em casa, o velho sentou cansado, se assoprando:
– Bem feito! — ele dizia. — Bem feito!
– Bem feito o quê, vô?
– Bem feito pra nós. Que a gente já faz muito de pensar pela própria cabeça, e ainda quer
pensar pela cabeça dos outros. Agora eu sei por que é que meu pai dizia:
“Quem quer agradar a todos a si próprio não faz bem! Pois só faz papel de burro e não agrada
a ninguém!”
Podemos afirmar que o texto é uma narrativa, pois seu propósito é relatar um fato,
contar um conflito através de personagens que agem num tempo e num espaço.
Texto 4: Piada
Neste texto, também temos uma narração que se desenvolve a partir de um problema
- os homens estarem bêbados -, apresentando como personagens os bêbados e uma senhora,
no tempo de três horas da manhã, no espaço, a casa da senhora.
Texto 5: Conto
Tragédia brasileira
Manuel Bandeira
O conto apresenta uma clara estrutura narrativa: o fato é o casamento de Misael com
Maria Elvira (personagens); o conflito se dá por conta dos namorados de Maria Elvira; o espaço
são vários bairros do Rio de Janeiro, não há um tempo determinado. O texto se organiza de
modo que o conflito vai tomando proporções maiores à medida que o texto progride,
chegando ao clímax quando Misael fica privado de seus sentidos e mata a esposa, num
desfecho trágico da trama.
NARRAÇÃO
ENREDO TEMPO
PERSONAGEM ESPAÇO CONFLITO
É a própria Data: mês,
Pessoa, Lugar onde O problema
narrativa, a ano, século,
animal, objeto acontece o vivido pelas
história dia da
personificado. fato. personagens.
contada. semana.
5.2 DESCRIÇÃO
Texto 2: Poesia
RETRATO
Cecília Meireles
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?
Texto 3:
Descrição técnica
O motor está montado na traseira do carro, fixado por quatro parafusos à caixa de câmbio,
a qual, por sua vez, está fixada nos coxins de borracha na extremidade bifurcada do chassi. Os
cilindros estão dispostos horizontalmente e opostos dois a dois. Cada par de cilindros tem um
cabeçote comum de metal leve. As válvulas, situadas nos cabeçotes, são comandadas por meio de
tuchos e balancins. O virabrequim, livre de vibrações, de comprimento reduzido, com têmpera
especial nos colos, gira em quatro pontos de apoio e aciona o eixo excêntrico por meio de
engrenagens oblíquas. As bielas contam com mancais de chumbo-bronze e os pistões são fundidos
de uma liga de metal leve.
(Fonte: Manual de instruções [Volkswagen]. In: Comunicação em prosa moderna. GARCIA
Othon, Rio de janeiro: Editora FGV, 1996, p.388.)
51
Havia à Rua do Hospício, próximo ao campo, uma casa que desapareceu com as últimas
reconstruções.
Tinha três janelas de peitoril na frente; duas pertenciam à sala de visitas; a outra a um gabinete
contíguo.
O aspecto da casa revelava, bem como seu interior, a pobreza da habitação.
A mobília da sala consistia em sofá, seis cadeiras e dois consolos de jacarandá, que já não
conservavam o menor vestígio de verniz. O papel da parede de branco passara a amarela e
percebia-se que em alguns pontos já havia sofrido hábeis remendos.
O gabinete oferecia a mesma aparência. O papel que fora primitivamente azul tomara a cor de
folha seca.
Havia no aposento uma cômoda de cedro que também servia de toucador, um armário de
vinhático, uma mesa de escrever, e finalmente a marquesa, de ferro, com o lavatório, e vestida de
mosquiteiro verde.
Tudo isto, se tinha o mesmo ar de velhice dos móveis da sala, era como aqueles
cuidadosamente limpo e espanejado, respirando o mais escrupuloso asseio. Não se via uma teia de
aranha na parede, nem sinal de poeira nos trastes. O soalho mostrava aqui e ali fendas na madeira;
mas uma nódoa sequer não manchava as tábuas areadas.” (José de Alencar)
5.3 INJUNÇÃO
A próxima tipologia textual a ser estudada é a INJUNÇÃO, cujo centro está nos
COMANDOS oferecidos ao receptor. É um tipo de texto em que predomina a ordem, os
pedidos, os conselhos e por isso há predominância de verbos no imperativo e sequência de
orações coordenadas.
Importante destacar que o texto injuntivo cumpre uma função social de auxiliar o leitor
a realizar determinada ação: bula de remédio, receitas em geral, manuais, são alguns
exemplos de textos injuntivos com o propósito de servir como guia para o leitor executar de
modo favorável a ação desejada. Não é simplesmente uma ordem para o leitor executar, tem
uma finalidade, uma função.
52
Texto 1 – receita
Advertências e Precauções
O que devo saber antes de usar?
Antes de usar Novalgina Infantil, deve-se falar com o médico em casos de historial de alergia
atópica ou asma, diabetes ou se se estiver a tomar outros medicamentos.
Durante o tratamento com Novalgina, caso sejam sentidos sintomas como febre, calafrios, dor
de garganta ou feridas na boca, deve-se consultar o médico logo que possível.
O tratamento com Novalgina Infantil nunca deve ser interrompido sem conhecimento do
médico e os horários, as doses e duração do tratamento devem ser rigorosamente
respeitados.
Mecanismo de Ação
Como funciona?
Novalgina tem na sua composição Dipirona Sódica, um derivado pirazolônico não-narcótico,
que apresenta ação analgésica, antipirética e espasmolítica.
A Dipirona é uma pro-droga, cuja metabolização gera a formação de diferentes metabólitos,
dos quais, dois deles, 4-metil-aminoantipirina e 4-aminoantipirina, têm propriedades
analgésicas.
Novalgina Gotas, Novalgina Xarope e Novalgina Supositório, começam a ter efeito entre 30 a
60 minutos após a sua administração e, geralmente, o seu efeito antitérmico e analgésico dura
cerca de 4 horas.
Novalgina Infantil dá sono?
Não, Novalgina Infantil não dá sono, porém, a criança ou o bebê pode ter mais sono que o
normal, pois a febre e a dor aumentam a necessidade de descansar ou dormir.
Fonte: https://www.bulario.com/novalgina_infantil/
Texto 3 – manual
Fonte: https://bit.ly/2BHOcPj
54
Texto 4 – poesia
Receita da Juventude
(Letícia Migliacci)
Ingredientes
50g de curiosidade
1kg de atividade
2 xícaras de aprendizado
3 colheres (sopa) de fazer tudo errado
4 litros de diversão
5g de paixão
5 litros de beleza
50g de esperteza
Modo de preparo
Despeje a curiosidade junto com a esperteza, adicione a atividade e a
beleza. Misture bem e deixe esfriar. Depois acrescente o aprendizado
e as 3 colheres de fazer tudo errado. Por fim, acrescente a paixão e os
4 litros de diversão, espere crescer e a juventude está formada.
Tempo de preparo: 7 a 30 anos
Rendimento: 1 jovem
Fonte: https://pt.scribd.com/doc/312026288/Producao-Textual-Receita-Poetica
5.4 DIALOGAL
Texto 1 – entrevista
Texto 2 – tirinha
56
Texto 3 – música
Texto 4 – romance
5.5 DISSERTAÇÃO
Assim, temos:
Na vida cotidiana, os dois tipos de texto dissertativo são muito utilizados, seja
individualmente, seja como texto dissertativo expositivos-argumentativo. Os livros didáticos
de biologia, história, geografia etc. são exemplos de texto dissertativo expositivo. Eles apenas
informam os acontecimentos, tratam do tema de modo objetivo. Já nas reportagens, temos
informações e análises, acontecimentos e críticas, ou seja, texto dissertativo expositivo-
argumentativo. É raro ter texto somente argumentativo, pois a base da argumentação é um
tema que precisa ser apresentado de modo objetivo para depois ser analisado.
Este o tipo de texto da universidade, a maioria dos trabalhos acadêmicos devem ser
feitos utilizando o texto dissertativo: resumo, resenha, resumo crítico, artigo científico,
59
monografia, dissertação, tese. É ainda o tipo de texto escolhido para os processos de seleção
de todas as esferas: vestibular, concursos etc.
Vejamos os exemplos:
Texto 2 – reportagem
Sacolas e garrafas plásticas podem deixar de ser lixo e passarem a ser geradoras de
renda. Na Paraíba, a reciclagem, além de ajudar a preservar o meio ambiente, tem garantido o
emprego de muitos moradores. Durante esta semana, o JPB 2ª Edição exibe uma série de
reportagens especiais sobre saneamento básico nos municípios da Paraíba. Nesta quinta-feira
(18), dia em que é veiculada a quarta e última reportagem da série, o destaque é para a
reciclagem. [...]
“Se a gente fosse trabalhar só com material virgem, seria o dobro de poluição. Então a
gente tirou 350 do mercado de plástico e voltou novamente pro mercado. Evitando que a
poluição aumente”, relatou o sócio-gerente da fábrica, Carlos Magno. Dos 70 funcionários, 60
são do bairro onde a fábrica está instalada, um dos mais carentes de Guarabira. Muitos são ex-
catadores e outros, a exemplo de Danilo Félix, encontraram nela sua primeira oportunidade de
trabalho, aos 18 anos.
“Hoje a gente pode dizer que uma sacola é dinheiro. A gente sobrevive da sacola, é
daqui que sai o nosso salário. Então não tem condições de a gente pegar e jogar uma sacola.
[...] Em Sousa, no Sertão, há 10 anos, uma empresa transforma garrafas de plástico em canos.
São 50 toneladas produzidas por mês. O produto final é usado exclusivamente para esgoto.
“Era uma ideia muito real, muito boa, pra a gente utilizar aquele material que não era utilizado,
era exposto aos lixões”, lembrou o empresário Marcelo Abrantes Furtado.
Além da produção dos canos, outra parte do plástico é triturada e vendida para uma
fábrica de tecidos. O rótulo e as tampinhas também são revendidas para outas indústrias. Tudo
é aproveitado. A fábrica emprega diretamente 40 pessoas. Outras dezenas são fornecedoras
da matéria-prima, que garantem a renda procurando garrafas nas ruas. [...]
“Tem aquilo, os três Rs: reaproveitar, reutilizar e reciclar. Eu acho que existe mais um,
o ressignificar. Às vezes você pode pegar um material que normalmente as pessoas veem como
uma coisa e transformar em arte, transformar em utensílio. Então eu acho que você ressignifica
alguma coisa”, afirmou o artista.
61
Texto 3 – resumo
O livro possui 13 capítulos que, por não terem uma linearidade temporal, podem ser lidos em qualquer ordem. Porém,
o primeiro, “Mudança”, e o último, “Fuga”, devem ser lidos nessa sequência, pois apresentam uma ligação que fecha um
ciclo. “Mudança” narra as agruras da família sertaneja na caminhada impiedosa pela aridez da caatinga, enquanto que
em “Fuga” os retirantes partem da fazenda para uma nova busca por condições mais favoráveis de vida. Assim, pode-se
dizer que a miséria em que as personagens vivem em Vidas Secas representa um ciclo. Quando menos se espera, a
situação se agrada e a família é obrigada a se mudar novamente.
Fabiano é um homem rude, típico vaqueiro do sertão nordestino. Sem ter frequentado a escola, não é um homem
com o dom das palavras, e chega a ver a si próprio como um animal às vezes. Empregado em uma fazenda, pensa na
brutalidade com que seu patrão o trata. Fabiano admira o dom que algumas pessoas possuem com a palavra, mas assim
como as palavras e as ideias o seduziam, também o cansavam.
Sem conseguir se comunicar direito com as pessoas, entra em apuros em um bar com um soldado, que o desafiou
para um jogo de apostas. Irritado por perder o jogo, o soldado provoca Fabiano o insultando de todas as formas. O pobre
vaqueiro suporta tudo calado, pois não conseguia se defender. Até que, por fim acaba, insultando a mãe do soldado e
sendo preso. Na cadeia, pensa na família, em como acabou naquela situação e acaba perdendo a cabeça, gritando com
todos e pensando na família como um peso a carregar.
Sinhá Vitória é a esposa de Fabiano. Mulher cheia de fé e muito trabalhadora. Além de cuidar dos filhos e da casa,
ajudava o marido em seu trabalho também. Esperta, sabia fazer contas e sempre avisava ao marido sobre os trapaceiros
que tentavam tirar vantagem da falta de conhecimento de Fabiano. Sonhava com um futuro melhor para seus filhos e
não se conformava com a miséria em que viviam. Seu sonho era ter uma cama de fita de couro para dormir.
Nesse cenário de miséria e sem se darem muita conta do que acontecia a seu redor, viviam os dois meninos. O mais
novo via na figura do pai um exemplo. Já o mais velho queria aprender sobre as palavras. Um dia ouviu a palavra “inferno”
de alguém e ficou intrigado com seu significado. Perguntou a Sinhá Vitória o que significava, mas recebeu uma resposta
vaga. Vai então perguntar a Fabiano, mas esse o ignora. Volta a questionar sua mãe, mas ela fica brava com a insistência
e lhe dá um cascudo. Sem ter ninguém que o entenda e sacie sua dúvida, só consegue buscar consolo na cadela Baleia.
Um dia a chuva chega (o “inverno”) e ficam todos em casa ouvindo as histórias de Fabiano. Histórias essas que ele
nunca tinha vivido, feitos que ele nunca havia realizado. Em meio a suas histórias inventadas, Fabiano pensava se as
coisas iriam melhorar dali então. Para o filho mais novo, as sombras projetadas pela fogueira no escuro deixavam o pai
com um ar grotesco. Já o mais velho ouvia as histórias de Fabiano com muita desconfiança.
O Natal chegou e a família inteira foi à festa da cidade. Fabiano ficou embriagado e se sentia muito valente, só
pensando em se vingar do soldado que lhe colocou atrás das grades. Uma hora, cansado de seu próprio teatro, faz de
suas roupas um travesseiro e dorme no chão. Sinhá Vitória estava cansada de cuidar do marido embriagado e ter que
olhar as crianças também. Em um dado momento, ela toma coragem para fazer o que mais estava com vontade: encontra
um cantinho e se abaixa para urinar. Satisfeita, acende uma piteira de barro e fica a sonhar com a cama de fitas de couro
e um futuro melhor.
No que talvez seja o momento mais famoso do livro, Fabiano vê o estado em que se encontrava Baleia, com pelos
caídos e feridas na boca, e achou que ela pudesse estar doente. O vaqueiro resolve, então, sacrificar a cadela. Sinhá
Vitória recolhe os filhos, que protestavam contra o sacrifício do pobre animal, mas não havia outra escolha. O primeiro
tiro acerta o traseiro de Baleia e a deixa com as patas inutilizadas. A cadela sentia o fim próximo e chega a querer morder
Fabiano. Apesar da raiva que sentia de Fabiano, o via como um companheiro de muito tempo. Em meio ao nevoeiro e da
visão de uma espécie de paraíso dos cachorros, onde ela poderia caçar preás à vontade, Baleia morre sentindo dor e
arrepios.
E assim a vida vai passando para essa família sofredora do sertão nordestino. Até que um dia, com o céu
extremamente azul e nenhuma nuvem à vista, vendo os animais em estado de miséria, Fabiano decide que a hora de
partir novamente havia chegado. Partiram de madrugada largando tudo como haviam encontrado. A cadela Baleia era
uma imagem constante nos pensamentos confusos de Fabiano. Sinhá Vitória tentava puxar conversa com o marido
durante a caminhada e os dois seguiam fazendo planos para o futuro e pensando se existiria um destino melhor para
seus filhos.
Fonte: https://guiadoestudante.abril.com.br
62
O tipo textual é o que acabamos de estudar e tem um caráter amplo de aplicação, são
estruturas maiores que servem para organizar vários gêneros de texto. Os tipos textuais são
5: narração, descrição, injunção, dialogal e dissertação
Vejamos: uma fábula é um gênero textual que faz parte da tipologia narrativa; o conto
é um gênero que faz parte da tipologia narrativa, a bula é um gênero textual que pertence a
tipologia injuntiva. Assim, podemos verificar que a tipologia é a estrutura macro que engloba
os gêneros que são muito diversificados:
Conto
Piada
Gêneros textuais
Romance
NARRAÇÃO
Tipo de texto
RELEMBRANDO:
6. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
Nesta etapa do estudo, vamos aprende como um texto se organiza para que assim
tenhamos mais facilidade na compreensão do texto. Numa primeira análise, podemos afirmar
que os textos se organizam em introdução, desenvolvimento e conclusão. Dependendo do
tipo de texto, estas etapas acontecem de modo diferente, porém, mantém certa semelhança.
Não há fórmulas mágicas para a interpretação de texto, você deve ler constantemente,
procurar diferentes tipos de texto e exercitar a leitura. Quanto mais leitura fizer, maior será a
facilidade de compreender. Em textos científicos é muito importante saber a ideia central do
texto, a argumentação e a que conclusões chega o texto. Assim, podemos fazer alguns
questionamentos que nos levarão a estas ideias, vejamos:
64
I - Qual é a questão de que o texto está tratando? Qual é o ponto central do texto? De que
realmente o texto quer tratar? Ao responder a essa pergunta, o leitor será obrigado a
distinguir as questões secundárias da principal, isto e, aquela em torno da qual gira o texto
inteiro. Quando o leitor não sabe dizer do que o texto está tratando, ou sabe apenas de
maneira genérica e confusa, é sinal de que ele precisa ser lido com mais atenção ou de que
o leitor não tem repertório suficiente para compreender o que está diante de seus olhos.
Neste caso, o uso do dicionário será indispensável. Estas questões levarão à IDEIA
PRINCIPAL.
II - Quais são os argumentos utilizados pelo autor para fundamentar a ideia central? Quais
a ideias que comprovam a ideia central? O argumento é um recurso para convencer o leitor
de que fala a verdade. Saber reconhecer os argumentos do autor é também um sintoma
de leitura bem feita, um sinal claro de que o leitor acompanhou o desenvolvimento das
ideias. Na verdade, entender um texto significa acompanhar com atenção o seu percurso
argumentativo. Conseguiremos assim identificar os ARGUMENTOS do texto.
III - Qual é a opinião do autor sobre a questão posta em discussão? Qual a análise que o
autor faz das ideias apresentadas? Quais as críticas feitas pelo autor? Nesta etapa de
leitura, já se avançou bastante e pode-se analisar o texto por sua carga ideológica, pela sua
construção social e histórica. Não se está mais preso apenas ao texto, mas ao todo que
engloba o que está escrito. É uma interpretação mais complexa porque não se pode fugir
do texto, não se trata de concordar ou discordar; o importante nesta etapa é conseguir
compreender a parte crítica do texto. Teremos aqui a ANÁLISE CRÍTICA do texto
Nem sempre os textos apresentam uma parte crítica. Há textos que se apresentam
apenas com o objetivo de informar, de passar uma informação sem debater. Neste caso,
busca-se compreender as demais etapas.
Texto 1 – dissertação
O Brasil tem hoje um grande exército de jovens na faixa etária de 15 a 24 anos aguardando uma
possibilidade de apresentar ao mercado de trabalho o seu potencial. O maior drama deste exército juvenil é
a ausência de vagas oferecidas àqueles que procuram o seu primeiro emprego. Nos últimos dez anos, o país
criou apenas 100 mil postos de trabalho para pessoas na faixa etária de 15 a 24 anos, enquanto 2,8 milhões
de jovens ingressaram no mercado de trabalho. Poucos são os cursos universitários no país que oferecem
disputa tão acentuada como atualmente ocorre no mercado de trabalho, que tem 28 jovens concorrendo,
em média, a cada vaga aberta. O aprofundamento da competição no interior do mercado de trabalho decorre
também do fechamento de empregos tradicionalmente ocupados pelos jovens. Dos 3,2 milhões de empregos
formais destruídos na década de 1990, 2 milhões atingiram o segmento com menos de 25 anos de idade.
Além disso, parte das vagas oferecidas aos jovens são ocupadas por adultos, já que o desemprego
também afeta gravemente os chefes de família, que, desesperados, aceitam qualquer coisa. Paralelamente,
a pouca experiência profissional, a baixa escolaridade e os traços de menor responsabilidade fazem parte das
razões usadas por patrões e de até especialistas para explicar o desemprego juvenil, sem que estejam em
consonância com a realidade do mercado de trabalho. Ao contrário do senso comum, a maior geração de
vagas tem ocorrido nos postos de trabalho mais simples, não exigindo, necessariamente, maior grau de
profissionalização. São os casos das ocupações de emprego doméstico, de limpeza e conservação e de
segurança privada e pública, que foram as que mais cresceram nos anos 90.
Ao mesmo tempo, ganha importância a defesa do individualismo, por meio da promoção da cultura da
autoajuda. Isto é, a transferência do problema do desemprego ao próprio jovem que, na condição de sem
emprego, precisa fazer curso disso, daquilo e muito mais, sem falar nas falsas dicas de como realizar um
currículo "esperto", como responder "inteligentemente" a questões nas entrevistas etc. Como se bastasse
ter conhecimento para que o emprego surgisse.
Apesar de tudo isso, há saídas para os jovens que não sejam o desespero do desemprego, a violência da
criminalidade, a degradação da prostituição e a fuga pelas drogas. Por não haver alternativas individuais para
todos, apenas para alguns, o país precisa de um projeto nacional de desenvolvimento que viabilize o
crescimento econômico em mais de 5,5% ao ano e por toda uma década. Ademais, dois programas nacionais
devem ser constituídos. O primeiro diz respeito à manutenção do jovem por mais tempo na escola, fazendo
com que ingresse mais tardiamente no mercado de trabalho. A melhora na educação nacional é necessária,
assim como a difusão de medidas de transferência de renda para as famílias carentes com vistas a financiar
o tempo do jovem na escola, por meio de programas de renda mínima, bolsa escolas, entre outros. O segundo
programa deve conter uma estratégia especificamente voltada à abertura de vagas aos jovens no mercado
de trabalho. O estímulo à criação de postos de trabalho subsidiados no setor privado e de programas de
utilidade coletiva no setor público contribui para a geração de maiores e melhores saídas aos jovens.
6.1 ANÁLISE
• Tema: Trabalho
• Delimitação do tema: jovem
• Ideia principal: escassez de empregos para os jovens – dados estatísticos
• Ideias secundárias: argumentação
• Adultos ocupam vagas;
• Escolaridade;
• Vagas em empregos simples;
66
• Individualismo;
• Análise crítica:
o Basta fazer curso e ter conhecimento que o emprego surge – pensamento
individualista. Cria-se a ideia de que o problema do emprego está no jovem
e não na questão social, nas políticas públicas que não geram novos
empregos;
o Muitos jovens têm escolhido o caminho da prostituição, das drogas por falta
de oportunidades.
• Conclusão:
o Propostas para resolver ou minimizar o problema:
o Projeto nacional para a geração de emprego;
o Programas nacionais: manter o jovem mais tempo na escola – bolsa-escola;
abertura de vagas destinadas aos jovens;
67
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E
PRODUÇÃO TEXTUAL
TEMA 03
Juntamente com a linguagem verbal, oral e escrita, temos outras linguagens que
também representam os sistemas sociais e históricos do mundo. (SANTAELLA, s.a). A
linguagem abrange um vasto campo, tendo em vista que acontece de forma tão intensa na
vida em sociedade e de modo tão diferenciado. Ela envolve, inclusive, a linguagem dos surdos-
mudos, o sistema codificado da moda, da culinária e tantos outros (SANTAELLA, s.a).
Neste tipo de linguagem, não se usa a língua, mas outros símbolos que podem
significar como: imagens, figuras, desenhos, símbolos, dança, pintura, música, mímica,
escultura e gestos. Dentro do contexto temos a simbologia que é uma forma de comunicação
não verbal.
16
SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. Coleção primeiros passos, sem ano. Digitalizado e formatado por:
Projeto de Democratização da Leitura. Acessado in: www.portaldetonando.com.br. Acessado em 17/02/2019.
17
Fonte: BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. 14ª reimp. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2004.
FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística: Objetos Teóricos. São Paulo: Contexto, 2002.
69
18
FIDALGO, António; GRADIM, Anabela. Manual de Semiótica. UBI – Portugal. In: www.ubi.pt, 2004/2005.
70
Esclareçamos: o signo é uma coisa que representa uma outra coisa: seu objeto. Ele
só pode funcionar como signo se carregar esse poder de representar, substituir uma
outra coisa diferente dele. Ora, o signo não é o objeto. Ele apenas está no lugar do
objeto. Portanto, ele só pode representar esse objeto de um certo modo e numa
certa capacidade. Por exemplo: a palavra casa, a pintura de uma casa, o desenho de
uma casa, a fotografia de uma casa, o esboço de uma casa, um filme de uma casa, a
planta baixa de uma casa, a maquete de uma casa, ou mesmo o seu olhar para uma
casa, são todos signos do objeto casa. Não são a própria casa, nem a ideia geral que
temos de casa. Substituem-na, apenas, cada um deles de um certo modo que
depende da natureza do próprio signo. A natureza de uma fotografia não é a mesma
de uma planta baixa (SANTAELLA, s.a, p. 12).
19
Vários sentidos de uma palavra.
71
convencional dos sinais, como nos casos de “dar o sinal de partida”, “fazer-lhe
sinal para vir”, “dar o sinal de ataque”. Este tipo de signos é utilizado em
máquinas, e é utilizado por homens e animais. Quando toca a campa de uma
escola, foi dado o sinal para vir. Então, a campa da escola é um signo, no caso,
não verbal que comunica. Numa luta ou jogo, quando o juiz dá um sinal com a
mão ou com o apito, os lutadores/jogadores iniciam. O gesto e apito são signos.
SIGNOS
Sinais Sintomas
SIGNOS
Ícones Índices
Para efeito de ilustração, abaixo, mais dois exemplos de signos: símbolos e nomes:
73
SIGNOS
Símbolos Nomes
Sinais
Sintoma
Nomes s
TIPOS
DE
SIGNOS
Símbolos Ícones
Índices
74
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E
PRODUÇÃO TEXTUAL
TEMA 03
Não podemos ignorar o poder da comunicação não verbal e o seu alcance, tendo em
vista que, através dela pode acontecer a comunicação entre povos de língua diferente: gestos,
cores, expressões faciais. Não podemos também acreditar que não haverá comunicação se
houver apenas a linguagem não verbal, prova disso são os filmes, como os de Charles Chaplin,
20
SCHELLES, Suraia. A importância da linguagem não-verbal nas relações de Liderança nas organizações. Revista
Esfera nº. 1 Jan./Jun. 2008.
76
desenhos animados sem fala, histórias em quadrinhos sem fala. Todos eles comunicam,
embora não haja o elemento verbal da língua.
Fonte:www.google.com/Depositphotos Fonte:http://4.bp.blogspot.com/_-
Ainda temos a linguagem não verbal associada à verbal, o que dá uma nova linguagem,
a híbrida ou mista, com potência para ampliar o poder da comunicação, pois aquilo que as
palavras têm dificuldade para comunicar, pode ser comunicado pela linguagem não verbal e
vice-versa. É uma linguagem rica e na nossa sociedade pós-moderna ganha destaque pela sua
beleza e rapidez na informação, vejamos alguns exemplos abaixo:
oficinaenem.wordpress.com
77
goconqr.com
Para uma melhor compreensão de textos com elementos não verbais, vamos estudar
alguns gêneros de textos e suas especificidades para que possamos ampliar nosso
conhecimento e facilitar o processo de interpretação de texto com linguagem não verbal.
Nesta etapa, os estudos de Guimarães21 (2013) serão fundamentais
Além da imagem se inserir como elemento histórico, também pode trazer para o
presente fatos e pessoas do passado, como afirma Guimarães (2013, p. 128): “Nessa
linguagem tecida de imagens emoldurando as palavras, surpreendem-se ecos de vozes
alheias, antigas ou recentes, iluminando faces e fotos remotos ou próximos, que lançam luz
sobre os mecanismos da memória”. Vejamos nestas propagandas como imagens do passado
são recuperadas no presente:
21
GUIMARÃES, Elisa. Linguagem verbal e não verbal na malha discursiva. Revista Bakhtiniana, São Paulo, 8 (2):
124-135, Jul./Dez. 2013.
78
Importante frisar que a pessoa que não conhece a obra de Leonardo Davincci não
conseguirá estabelecer a relação dela com o produto, vai acreditar que se trata apenas da
divulgação do produto com uma mulher na imagem. Sem o conhecimento do passado, a
interpretação do texto será comprometida.
Observe este outro anúncio publicitário que também utiliza conhecimento de outro
contexto do discurso para inserir em seu anúncio:
Aqui, temos linguagem verbal e não verbal, em que há interação entre as linguagens e
uma completa a outra. A informação não está concentrada apenas na imagem, mas as
palavras auxiliam na compreensão. Além disso, temos a referência a um discurso que não
pertence a este anúncio, já foi produzido anteriormente, trata-se da obra do cartunista
Ziraldo, O Menino Maluquinho.
Novamente é preciso esclarecer que para aqueles que não sabem da existência da obra
O Menino Maluquinho, não acontecerá o entendimento pleno. A pessoa vai saber que aquele
estabelecimento vendo pepino, mas terá perdido a beleza do anúncio. Quando apela para a
obra, o efeito esperado é o de sofisticação, de qualidade, de alegria, de versatilidade. Não é
apenas um lugar onde se vende verduras e legumes, é mais que isso. Guimarães (2013, p. 126)
comenta:
79
Vejamos o exemplo abaixo de um peru assado. É comum olharmos pra fotos de comida
e sentir vontade de comer, pois as imagens parecem ser a realidade.
O discurso publicitário, como pode ser visto, é atraente e persuasivo, pois precisa
alcançar um objetivo maior.
Vejamos aqui:
Publicidade Propaganda
Publicidade e propaganda, embora sejam usados como sinônimo, não são. Vejamos:
80
Os balões têm grande importância nas histórias em quadrinhos. É através deles que se
sabe se a conversa e num tom normal, se está gritando, se está pensando.
Fonte: http://nerdseotomeuniverse.blogspot.com.br/
Para garantir uma boa interpretação das histórias em quadrinhos, dois aspectos devem
ser considerados, a narrativa e a união entre imagem e palavra. Caso você queira analisar
separadamente, vai cometer erros, pois:
81
Da mesma forma que cinema, teatro e outras mídias constituídas por elementos
verbais e não verbais, as mensagens em quadrinhos só podem ser compreendidas
como um todo – a separação dos universos da palavra e da imagem corre o risco de
uma informação incompleta e mesmo inconcebível. A possibilidade da compreensão
em totalidade explica-se até mesmo pela forma de composição narrativa,
característica estrutural da história em quadrinhos. O contexto enunciativo, pois, é
reconhecido pelo leitor devido ao conjunto da obra. (GUIMARÃES, 2013, p. 128).
Por outro lado, temos a charge como um gênero discursivo, em que se utiliza a
caricatura como forma de ironizar, satirizar, criticar um fato da atualidade. A caricatura se
caracteriza pelo exagero no traço mais marcante da personagem principal da charge. De modo
geral, as charges ganham conotação política, mas é possível encontrar charges sobre diversos
assuntos.
Fonte: blogderocha.com.br
Quanto à fotografia, ela se apresenta como uma imagem do real, como uma cópia da
realidade. Cada foto corresponde a um período histórico e conta uma sequência de fatos, por
exemplo: estilo de roupa, de cabelo, tipo de construção, organização da cidade. Tudo isso é
possível observar em uma única foto. Exemplo:
Fonte:https://exame.abril.com.br/marketing/10-fotografias-historicas-que-viraram-pecas-publicitarias/
Embora pareça simples e fácil analisar os textos não verbais, nem sempre é tão
simples, pois há um nível de complexidade maior. Assim, vejamos como esta questão se
apresenta na prática:
Esta é uma questão do ENEM, 2008, na qual o centro da questão está em uma imagem,
ou seja, linguagem não verbal. Neste caso, é preciso acionar o conhecimento de mundo, o
conhecimento de história para que se possa analisar a imagem e responder o que se pergunta.
É muito comum, em concursos, vestibulares a utilização da linguagem não verbal, por isso, a
importância de estudar como proceder para interpretá-las.
84
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E
.
PRODUÇÃO TEXTUAL
TEMA 04
Para que se produza um texto não basta colocar palavras em uma folha de papel de
qualquer jeito, é preciso que tenha união das palavras, conexão entre períodos, organização
das ideias, sequência. Para que o texto seja bem desenvolvido, precisamos unir os elementos
gramaticais ao conteúdo e estrutura, em outras palavras, não basta dominar o assunto,
conhecer o tema, é preciso saber colocar no papel.
Muitos alunos reclamam: “eu tenho todas as ideias, mas não sei colocar no papel”.
Falta a este aluno, o domínio da língua de modo que possa fazer uso dela e apresentar suas
ideias através da escrita. Um dos elementos necessários para um bom texto é o conhecimento
dos elementos de coesão (que são também elementos gramaticais), sem eles, as ideias não
ganham sentido no papel, não se transformam em texto.
Dessa forma, fica claro que só há texto se houver conectividade, coesão, sem isso, tem-
se frases ou textos confusos, truncados, desorganizados, sem sequência.
Para esta etapa do estudo, a obra de Fávero22 servirá como guia teórico. A autora (S.
A, p. 13) destaca que a coesão textual depende de alguns elementos, como: referência,
substituição, elipse, conjunção. Vejamos primeiramente como se dá a coesão por referência:
O sonho de Teresa era ser cantora, mas ela ainda não conseguiu realizar esse desejo.
Moro em Manaus grande parte da minha vida e, mesmo que haja problemas, posso
afirmar que aqui eu sou feliz
NOME
REFERENTE (advérbio)
Como pode ser observado, a anáfora é utilizada para que não ocorra a repetição de
palavras, uma vez que se substitui a palavra por um referente. Importante lembrar que a
anáfora se dá sempre com o referente após o nome.
22
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e Coerência Textuais. Série Princípios. Ática. Versão digital distribuída
por: http://groups-beta.google.com/group/digitalsource.
87
CATÁFORA (catafórica): quando o item de referência antecipa um signo ainda não expresso
no texto. A catáfora é um processo inverso a anáfora. Primeiro temos o referente, depois
temos o nome.
Ela saiu sem dizer nada, não se despediu e parecia estar preocupada. Lembro-me bem
deste dia porque foi o dia em que minha mãe desapareceu.
REFERENTE (pronome)
NOME
Lá vivi bons momentos, brinquei, nadei, comi frutas tiradas do pé, fui criança e fui feliz.
A casa da vovó me traz doces recordações.
REFERENTE (advérbio)
NOME
Coesão por
REFERÊNCIA
Anáfora Catáfora
Quando se fala em baixa densidade sêmica, está se afirmando que não há sinônimo
perfeito, não há como fazer uma substituição de uma palavra por outra que tenha o mesmo
significado. O máximo que pode ocorrer é que haja uma aproximação, uma equivalência de
sentido.
A coesão por substituição se dá através de alguns elementos que são utilizados para a
não repetição da palavra, ou até mesmo uma repetição intencional. Vejamos como se divide
a coesão por SUBSTITUIÇÃO:
O menino tagarelava sem parar, não parava quieto, parecia querer viver tudo em um
só instante. Para a mãe, aquele garoto era a alegria da casa.
Várias vezes fui àquela casa, era grande e iluminada; aconchegante, com um ar de
tranquilidade. Mesmo com o passar do tempo, ainda sinto que é o meu lar.
89
Observe que casa e lar, neste exemplo podem ser considerados sinônimos, mas pode
haver situações em que esta substituição não seria possível.
Vejamos, como isso se dá na prática, existem elementos que são amplos e dentro deles
vários outros elementos estão relacionados
A palavra automóvel é o todo, é uma palavra ampla, de categoria maior; Enquanto que
carro, moto, ônibus são palavras que fazem parte do todo – automóvel.
HIPERÔNIMO
HIPÔNIMO
Este recurso coesivo sempre vai aparecer aos pares, seja colocando hiperônimo na
frente e o hipônimo depois, ou vice-versa. Importante saber que também é um recurso para
não repetir as mesmas palavras ao longo do texto.
➢ Doces – hiperônimo
➢ Cocada – hipônimo
➢ Doce abrange uma amplidão de outros elementos, por isso é hiperônimo;
cocada é apenas um tipo de doce, portanto é hipônimo;
90
O tucano canta alegremente no alto das árvores, mas toda vez que esse pássaro canta,
é sinal de que vai chover.
➢ Tucano – hipônimo
➢ Pássaro – hiperônimo
Michael Jackson foi um cantor de grande sucesso nos anos 80, era um artista versátil,
tanto dançava quanto cantava, mas ainda hoje, o rei do pop tem grande prestígio no campo
da música. Pena que o cantor não esteja mais entre nós, pois ainda tinha muito a contribuir
no campo artístico.
Observe que para não repetir o nome Michael Jackson, utilizou-se um termo como é
conhecido – rei do pop; duas características ligadas à profissão: artista e cantor.
NOME
91
Coesão por
SUBSTITUIÇÃO
O jogador de futebol vivia um momento de grande tensão, pois se não fizesse um gol,
poderia perder seu contrato. Durante a partida, *não mediu esforços para conseguir o que
tanto queria: o gol.
*Queria tanto falar com o professor e explicar o que aconteceu, pois *não quero que
ele pense que eu sou irresponsável.
VERBO OMISÃO/SAÍRAM
Gosto de você. Não gosto do seu irmão – 2 períodos simples, sem conexão.
Ideia de adição.
Você pode observar que a ideia é construída a partir do conectivo, por isso dominar as
conjunções é muito importante. Além disso, pode-se perceber que ao utilizar as conjunções,
o texto progride, se amplia.
SEQUENCIAÇÃO TEMPORAL
SEQUENCIAÇÃO POR CONEXÃO: Conectar é unir, juntar. No texto, para que haja
sequência, é preciso unir uma parte a outra, caso contrário, vamos ter apenas frases, não um
texto. Note o exemplo abaixo:
➢ Minha casa é bonita. Eu gosto dela. Todo dia fico feliz por que vou para lá.
94
➢ Para mim, minha casa é bonita e eu gosto muito dela, por isso, todos os dias,
fico feliz em voltar para ela.
Para obter este tipo de coesão, utilizam-se os elementos conjuntivos que são:
advérbios e locuções adverbiais; conjunções coordenativas e subordinativas; locuções
conjuntivas, preposições e locuções prepositivas; itens continuativos como então, daí etc. É
importante destacar que para se obter a coesão, é importante a escolha de conectivo
adequado para expressar as diversas relações semânticas; (p. 14)
→ Separamos para você alguns termos responsáveis pela coesão sequencial nos
textos:
9.1 COERÊNCIA
A coerência textual tem relação direta com o sentido do texto. É comum os alunos
afirmarem que coerência é quando tem lógica, ou seja, o texto deve ter uma significação
correta, sem contradição, sem afirmações falsas, sem duplo sentido.
95
COERÊNCIA
COERÊNCIA
COERÊNCIA FIGURATIVA
COERÊNCIA ESPACIAL
23
FIORIN, J. L. e PLATÃO, F. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1998.
96
➢ Se você faz um texto descritivo, narrativo, deve saber o espaço necessário para ter
determinada visão, porque se o espaço é muito distante, se a personagem não está
posicionada de frente, há aspectos que não poderão ser vistos e isso deve ser
considerado na escrita do texto.
➢ As figuras devem ser estabelecidas de acordo com o tema. Por exemplo, há figuras
esperadas quando se trata de pescaria: canoa, anzol, peixe, rio, isca, pescador etc.
TEMA 04
Quando nos colocamos na condição de escritores, de modo geral, temos consciência de que
devemos construir parágrafos que vão se unir para formar um texto. Ter isso em mente é
fundamental porque então sabemos que o texto é uma construção de partes que vai formar
um todo.
Por isso, nesta primeira parte da produção textual, vamos estudar a construção dos
parágrafos. Como esta disciplina pretende servir de instrumento para uma vida acadêmica
mais consistente, vamos estudar apenas a composição do texto dissertativo.
As condições sociais e
financeiras de quem
Ideia secundária alcança o ensino superior
ARGUMENTO 2 melhora para ele e sua
família;
24
Algumas informações foram retiradas do material de: CORREIA, Andreza. Português Instrumental. 2013.
99
Tema: desenvolvimento
Frase núcleo - uma frase como: tema + delimitação do tema + ponto de vista
100
Tema: educação
Vimos até aqui, o que é o parágrafo e como ele se organiza, mas há outros elementos
que são fundamentais para uma boa escrita: a parte gramatical - acentuação, regência,
concordância, ortografia etc. e a elaboração de parágrafos sem lógica, sem concatenação, sem
coesão.
INTRODUÇÃO
ARGUMENTAÇÃO
CONCLUSÃO
•Tema •Comprovação do • Síntese do texto
•Delimitação ponto de vista • Apresenta
•Ponto de vista (ideia principal proposta
(ideia princiapal defendida no
defendida no texto)
texto) •Ideias secundárias
para defender a
ideia principal
Fome no Brasil
Tema: Fome
Delimitação: fome no Brasil
Ponto de vista – ideia principal: a fome no Brasil é causada por conta da má distribuição
de renda
A partir desta esquematização é que vai se constituir os argumentos. Por isso, elaborar
um esquema do texto antes de começar faz a diferença porque já se tem um esboço do que
vai ser tratado em cada parágrafo. Esta organização antes da elaboração do texto é
fundamental para o sucesso da produção. Não importa o tipo de texto, seja um relatório, um
resumo ou qualquer outro texto, o importante é planejar, organizar as ideias antes de iniciar
a escritura do texto.
Há nos manuais de redação, uma série de técnicas para se utilizar como possibilidade
para a construção dos parágrafos dissertativos. Nos manuais, há uma divisão entre técnicas
para a introdução e técnicas para a argumentação. Neste material, considerando que qualquer
técnica pode ser utilizada tanto na introdução quanto na argumentação, vamos conhecer as
técnicas na sua totalidade. Certamente, precisamos ter em mente o objetivo do parágrafo
para poder aplicar a técnica, pois se o parágrafo é de introdução, o objetivo é apresentar o
tema, a delimitação e o ponto de vista; se é um parágrafo de argumentação, o objetivo é
apresentar comprovação do ponto de vista.
102
➢ TRAJETÓRIA HISTÓRICA:
Vejamos um exemplo:25
De 1909 a 2002, foram construídas 140 escolas técnicas no Brasil. De 2003 a 2010, houve a entrega de 214
escolas pelo Ministério da Educação (MEC), conforme previa o plano de expansão da Rede Federal de
Educação Profissional, além da federalização de outras escolas em todo território nacional. Até 2012, o país
contava com 354 unidades e mais de 400 mil vagas em todo país. A previsão é de ampliação de mais de 208
novas escolas para serem entregues até 2014, que somarão 562 unidades, gerando, aproximadamente, 600
mil vagas (LOPES, 2013).
25
Exemplo retirado do artigo científico de: LOPES, Christiani Bortoloto; BORTOLOTO, Claudimara Cassoli;
ALMEIDA, Shiderlene Vieira de. O Ensino Médio: trajetória histórica e a dualidade educacional presente nas
diferentes reformas. In: PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 34, n. 2, p. 555-581, maio/ago. 2016
http://www.perspectiva.ufsc.br. Acesso em 02/02/2019.
26
KHOURY, Hilma Tereza Tôrres; SÁ-NEVES, Ângela Carina. Percepção de controle e qualidade de vida:
comparação entre idosos institucionalizados e não institucionalizados. IN: Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de
Janeiro, 2014; 17(3):553-565. http://www.scielo.br/pdf/rbgg/v17n3/1809-9823-rbgg-17-03-00553.pdf.
103
O idoso institucionalizado fica impedido de gerir seus bens, tem restringida a liberdade de administrar seu
tempo; seu espaço; relações sociais, e de tomar decisões. No contexto da institucionalização ocorrem perdas
de referências; do sentimento de pertença, e a vontade individual fica submetida às decisões administrativas
da instituição, podendo conduzir a apatia, passividade, alienação e anulação de identidade – portanto, à
diminuição da percepção de controle. Além disso, observa-se que muitos idosos institucionalizados já são
bem idosos, possuem saúde deteriorada, situação econômico-financeira precária e apresentam história de
abandono ou descaso por parte dos familiares, quadro que os predispõe a baixa percepção de controle.
Diferentemente dos idosos institucionalizados, os idosos da comunidade têm mais possibilidade de exercer
o poder de comando sobre suas próprias vidas, tomar decisões, fazer escolhas – enfim, possuem mais
liberdade para exercer controle sobre o ambiente em que vivem.
➢ ENUMERAÇÃO
O novo decreto não foi desprovido de mobilização e foi perpassado por diversos interesses. Inclusive, houve
três propostas anteriores, que disputavam a sua efetivação e fomentavam o debate em torno do mesmo. A
primeira, ancorada na LDB de 1996, defendia a ideia de revogação do Decreto nº 2.208/1997, bem como o
fortalecimento da organização do Ensino Médio. No mais, criticava a continuidade de mudanças oriundas de
decretos estabelecidos pelo governo, com reprodução de método impositivo anterior. A segunda proposta
defendia a manutenção do atual decreto e propunha apenas mínimas alterações. A terceira posição, por sua
vez, partilhava da ideia da revogação do decreto, defendendo a promulgação de um novo. Esses documentos
ofereceram sugestões de supressão, melhoria e acréscimo para o novo Decreto nº 5.154/2004 (BRASIL, 2004)
(LOPES, BARTOLO, ALMEIDA, 2016).
104
Quando o tema apresenta uma ideia com a qual não se concorda inteiramente, pode-
se concordar com o tema, em partes, ou seja, afirmar que a ideia do tema é verdadeira, mas
que há controvérsias; neste caso, cabe discutir o assunto evidenciando a questão polêmica
relacionada a ele. No exemplo27 abaixo, a autora contradiz a ideia de que a cidade de Brasília
é apenas a beleza de uma cidade planejada por um grande arquiteto:
No Núcleo Bandeirante, por exemplo, conhecida como a cidade pioneira ou cidade livre – que serviu de ponto
de apoio à epopeia da construção da nova capital e abrigava engenheiros, arquitetos, técnicos e
trabalhadores braçais, em seus hotéis e casas feitos de madeira, cujas construções se transformaram em
alvenaria – vivem, hoje, operários que não conseguiram manter as condições de vida que o Plano Piloto fixara.
Assim, constatamos que Brasília subverteu as teorias modernas nas quais seu plano foi baseado. Foi,
realmente, o cair das utopias, o fim do sonho diante da dura realidade social, apesar de todas as fantasias
gestadas durante a década da utopia (1954-1964), marcada pela morte de Getúlio Vargas e pela busca de um
novo centro: progressista, modernista, grandioso e irreal. [...] Diante destas considerações, a cidade nova
engendra um paradoxo: sobre um intenso horizonte, foi construído um dos maiores conjuntos
arquitetônicos modernistas do mundo, encravado no centro de um país, e no seu entorno vivem pessoas
em condições de vida abaixo da linha estipulada pela ONU.
A globalização é fato presente da pós-modernidade e se apresenta como positiva para todas as nações,
porém o efeito é extremamente negativo. Modificaram-se as questões éticas, o respeito à diversidade e aos
direitos dos cidadãos. Somente os mais ricos se beneficiam enquanto metade da população mundial está na
miséria. Longe do progresso anunciado pela globalização, temos mais fome, mais violência, mais exclusão,
mais desemprego, mais concentração de rendas, mais insegurança.
27
ALVES, Lara Moreira. A construção de Brasília: uma contradição entre utopia e realidade. In:
https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/brasilia/arquivos/LaraALVES-AconstrucaodeBrasilia.pdf
105
Uma forma de construir o parágrafo é fazer uma série de perguntas, porém alguns
cuidados são necessários: não fazer muitas perguntas, em torno de 3; todas as perguntas
devem ser respondidas, se forem feitas na introdução, serão respondidas na argumentação,
se forem feitas na argumentação, deverão ser respondidas em seguida. Em textos curtos (30
linhas) não se orienta mais que 2 perguntas. Outro cuidado é a qualidade da pergunta para
não ser um questionamento ingênuo, vazio. Observe o exemplo abaixo:
Esse tipo de contexto institucional poderia afetar negativamente a qualidade de vida dos idosos abrigados.
Assim, pergunta-se, como se apresentam as percepções de controle e de qualidade de vida entre idosos
institucionalizados? Haveria relação entre Percepção de controle e qualidade de vida no contexto
institucional? Haveria diferença com relação a estas questões, comparando-se com idosos que vivem na
comunidade? (KHOURY; SÁ-NEVES, 2014)
A descrição de espaços ou de tempos, ou ainda com uma narração de fatos pode ser
um tipo de parágrafo utilizado no texto dissertativo. Não é necessário fazer uma descrição ou
narração longa para que não perca seu caráter dissertativo. Observa-se a descrição utilizada
em um artigo científico:
apresentar pontos que não serão discutidos posteriormente no texto. Trouxemos como
exemplo28 um trecho de um trabalho científico:
Neste trabalho, objetivamos investigar se os ditados populares podem ser tratados dentro das teorias da
semântica e da pragmática da mesma forma que as expressões metafóricas. Assim, apresentamos um breve
panorama dos pressupostos teóricos e dos tratamentos dispensados à metáfora pela semântica e pela
pragmática, com o objetivo de verificar a nossa hipótese. Além disso, apresentamos uma pequena
caracterização do que são os ditados populares e quais são as suas diferenças mais aparentes das expressões
idiomáticas. Ao final, apresentamos a semântica dinâmica como uma terceira via para o tratamento desse
fenômeno e uma breve análise dessas expressões dentro de duas teorias dinâmicas.
➢ HIPÓTESE
Enquanto o país não investir em educação de qualidade em todos os níveis e para todas as classes sociais, vai
continuar subdesenvolvido, sem conseguir melhorar as condições econômicas e sociais, pois somente a
educação pode trazer avanço e progresso. Embora seja um investimento a longo prazo, nenhum país
alcançou o desenvolvimento sem ter feito sérios investimentos no campo da educação
➢ BILATERALIDADE
28
LEGROSKI, Marina Chiara. Quem não tem cão, caça com gato: Uma tentativa de tratamento dos
ditados populares na Semântica Dinâmica. Curitiba, 2011. In:
https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/25479/Dissertacao_Marina_FINAL.pdf?sequence=1
107
➢ CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
Imbuídos de uma ideologia de formação de capital humano, para o empresariado, os trabalhadores teriam
os ganhos provenientes de sua qualificação, que seriam imediatamente absorvidos por ele mesmo e pelo
setor patronal. Essa era a justificativa para atribuir ao próprio trabalhador a responsabilidade por sua
formação, sendo ele o seu principal financiador. A consequência imediata desse posicionamento foi o
aumento da privatização da educação profissional brasileira (OLIVEIRA,2011).
➢ EXEMPLIFICAÇÃO
Em uma sociedade muito violenta, veicula-se a ideia de fazer justiça com as próprias mãos. Muitos afirmam
que se fez algo errado precisa pagar e não importa como, porém é preciso considerar a máxima da justiça:
“todos são inocentes até que se prove o contrário”. Assim, não podemos nós mesmos julgar, condenar e
aplicar a pena porque achamos que alguém é culpado, como foi o caso de Fabiane Maria de Jesus, espancada
e morta em São Paulo, ao ser confundida com uma suposta sequestradora de crianças que praticava rituais
de magia negra. Esse é um exemplo de que a justiça deve ser feita de forma correta se não quisermos viver
em um faroeste.
➢ DADOS ESTATÍSTICOS:
Neste tipo de argumento, a comprovação é feita com base em dados concretos que
são apresentados. Normalmente são porcentagens, estatísticas do fato em questão. É um
argumento bem consistente, deve-se apenas ter cuidado para que as fontes sejam seguras e
confiáveis.
Outro fator que pode afetar a percepção de controle nas instituições é o espaço pessoal disponível. Os idosos
institucionalizados geralmente compartilham o quarto com outros idosos. No presente estudo, mais de 60%
dos residentes em ILPIs não tinham um quarto individual, contra apenas 18% dos que viviam na comunidade.
A elevada densidade social do ambiente de moradia é desfavorável à percepção de controle, uma vez que a
privacidade fica comprometida. Isso é especialmente importante no caso do idoso institucionalizado, onde o
único espaço realmente dele seria o próprio quarto (KHOURY; SÁ-NEVES, 2014).
108
➢ CITAÇÃO
O Brasil ainda passa fome. Fato real e lamentável em um país com grande produção de alimentos. João Cabral
de Melo Neto em sua obra Morte e Vida Severina chama atenção para este problema: “somos muitos
Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte Severina, [...] de velhice, antes
dos trinta; de emboscada antes dos vinte e de fome, um pouco por dia”. Como vivemos em um país desigual,
há muitas pessoas no topo d pirâmide econômica, enquanto muitos sequer conseguem uma alimentação
diária. Sem resolver a questão da fome, não há como desenvolver o país.
109
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E
PRODUÇÃO TEXTUAL
TEMA 05
A escrita não pode ser vista, assim como a leitura, como uma mágica ou como um dom,
que uns têm e outros não. Escrever é um processo individual, depende da construção social,
do conhecimento de mundo, do repertório que se construiu. Principalmente, a escrita é um
processo, se aprende a fazer fazendo, a cada dia.
➢ Quem eu sou;
➢ Para quem estou escrevendo;
➢ Qual o objetivo;
➢ Estes três aspectos vão definir:
➢ Linguagem;
➢ Nível de formalidade;
➢ Tipo de texto;
➢ Forma como vai ser escrito;
Certamente, uma carta para o presidente da empresa não será escrita da mesma forma
que uma carta para uma pessoa próxima de você: sua mãe, por exemplo. Este aspecto parece
sem importância, mas define o tipo de texto, a linguagem, o nível de formalidade que você vai
utilizar e deve ser pensado antes de iniciar a produção do texto.
Para escrever um bom texto, podemos dividir sua produção em três partes igualmente
importantes:
111
Pré-textual
Textual Pós-textual
Observe abaixo, os aspectos sobre os quais você precisa planejar antes de iniciar o
texto propriamente dito:
112
Na etapa textual, o escritor vai escrever o texto de acordo com o que planejou. Na
etapa pré-textual, apenas fez um esquema, já na etapa textual, vai desenvolver o texto. Se a
etapa anterior for bem desenvolvida, o escritor terá facilidade na escrita do texto. Sua atenção
será para utilizar o vocabulário adequado e os elementos de coesão corretos.
Nesta etapa vai compor o texto de acordo com o que foi esquematizado. É
imprescindível ter conhecimento sobre o assunto, estabelecer relação de coesão dentro dos
parágrafos e conectar um parágrafo ao outro. O vocabulário também deve estar de acordo
com o nível do texto escrito, em se tratando de texto dissertativo, a linguagem é sempre
técnica, gramaticalmente correta e vocabulário adequado. Evite termos coloquiais como: pra,
coisa, algo, tipo assim, só que, a gente, dentre outros.
Coesão – se há
Na etapa pós-
repetição de
textual, o escritor Conteúdo – se
Aspectos palavras, se há
vai reler o texto e Vocabulário; está tudo
gramaticais; sequências
fazer as certo;
longas sem
correções:
conectivos.
Consiste na argumentação, no
TEXTO DISSERTATIVO DESENVOLVIMENTO desenrolar da ideia central
apresentada.
Mesmo quando o texto for pequeno, por exemplo, para responder a uma questão na
prova, esta estrutura pode ser mantida e certamente vai garantir melhor entendimento por
parte do seu leitor. Por isso é importante escrever constantemente para ir internalizando a
estrutura do texto e internalizar o procediemento de modo que se torne tarefa mais fácil de
ser executada.
A introdução do texto será o guia do texto, esa deve iniciar com uma frase núcleo que
é a síntese do que o texto vai tratar, depois vem um comentário a respeito ou como será
desenvolvido e fecha com uma frase conclusiva. Temos aqui o parágrafo-padrão ou parágrafo-
perfeito, como já estudado anteriormente.
29
SENA, Odenildo. A engenharia do texto: um caminho rumo à prática da boa redação. Manaus:
EDUA/FAPEAM, 2004.
116
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E
PRODUÇÃO TEXTUAL
TEMA 05
Deve-se considerar ainda o público leitor, para definir a linguagem adequada ao leitor,
embora não seja possível o uso da linguagem informal. O texto deve iniciar de forma que a
opiniaõ defendida já se mostre claramente na introdução e os argumentos voltados para
provar a opiniaõ apresentada, quiasquer um dos tipos de parágrafos apresentados acima
podem ser utilizados como técnica argumentativa. Na conclusão, fecha-se o texto com uma
síntese do que foi papresentado.
Resenha: este tipo de texto mescla dois outros tipos de texto: o resumo e a crítica.
Basicamente a resenha é um texto para apresentar uma obra artística ao público, pode ser:
livro, série, filme, musical, show, peça teatral, CD, enfim, qualquer obra artística. Texto muito
utilizado pelos jornalistas, ganha preferência nas universidades pelo potencial de resumir e
criticar.
O texto apresenta três etapas bem definidas: descrição técnica: em que apresenta a
parte técnica da obra: autor, personagens, editora etc., resumo da obra e análise crítica. Para
efeito de melhor entendimento, serão apresentados 7 passos para se escrever uma boa
resenha:
Importante afirmar que a crítica não é o senso comum: falar mal, dar sua opinião
pautado apenas em conhecimentos superficiais, concordar ou discordar. Criticar é analisar a
obra a partir de outras obras, de conhecimentos científicos, comparar com outras obras, com
a realidade social. É a parte mais importante do texto e a mais difícil de ser construída, porque
precisa de um bom repertório teórico.
Diferente dos textos em que o poder de convencer está centrado na opinião, neste
texto, busca-se certa imparcialidade, pois os fatos devem falar por si mesmos.
Baleia azul
Por Joice Silva de Souza
Mestre em Ciências Biológicas (UFF, 2016)
Graduada em Biologia (UNIRIO, 2014)
A Baleia Azul (Balaenoptera musculus) é o maior mamífero e, possivelmente, o maior animal a habitar o Planeta Terra,
alcançando até 30 metros de comprimento e peso de 200 toneladas. Para efeito de comparação, o elefante africano, um dos
maiores animais terrestres do mundo, pode pesar até 13 toneladas. Portanto, se fosse um animal terrestre, a Baleia Azul
seria esmagada pelo seu próprio peso, caso não possuísse ossos grandes e pesados para sustentá-la; entretanto, como
um animal marinho, seu corpo é sustentado pela água. Esta relação com a densidade da água e a abundância de recursos
alimentares, são os dois principais fatores que possibilitaram o crescimento extraordinário desta espécie.
Alimentação
Assim como outros cetáceos da subordem Mysticeti, a Baleia azul não possui dentes e alimenta-se exclusivamente de
pequenos crustáceos denominados krill. Estima-se que estas baleias consumam até 4 toneladas de krill por dia, o qual fica
retido em suas “barbatanas bucais”, estruturas formadas por uma série de placas de queratina sobrepostas (entre 260-
400) que ocupam o lugar dos dentes nestes animais. Durante a alimentação, sulcos presentes na garganta da Baleia Azul
se expandem, permitindo a entrada de grandes quantidades de água e alimento em sua boca; quando esta se fecha, a
água é expelida através das barbatanas bucais e o alimento fica retido em seu interior, sendo posteriormente levado ao
estômago com o auxílio da língua.
Ecologia
A Baleia Azul é uma espécie cosmopolita, e realiza migrações sazonais para regiões tropicais durante o inverno com
fins reprodutivos. Já no verão, esta espécie movimenta-se em direção às águas mais frias e produtivas dos polos à procura
de alimento. Estes cetáceos geralmente são avistados em pares, mas podem ser encontrados solitários, em pequenos ou
grandes grupos de até 60 indivíduos (este último associado a áreas de alimentação). Seu corpo alongado e aerodinâmico
contribui para a alta velocidade de natação da espécie, que pode alcançar até 48,3 km/h em situações de alerta. A Baleia
Azul apresenta, em geral, uma coloração azulada-acinzentada, porém nas águas frias da Antártica, Atlântico Norte e Pacífico
Norte costuma apresentar a região ventral amarelo-esverdeada, devido à presença de micro-organismos
do fitoplâncton denominados diatomáceas. Outras características destes animais são a sua cabeça achatada e larga em forma
de U, uma pequena nadadeira dorsal e a emissão de sons de alta e baixa frequência que podem ser ouvidos a milhares
de km de distância. Esta última, inclusive, deu à espécie o título de voz mais poderosa do reino animal, visto que seus
sons podem alcançar até 188 decibéis.
Reprodução
A Baleia Azul atinge a maturidade sexual entre 5-10 anos, e sua gestação dura até 12 meses. O novo filhote nasce
com 7 a 8 metros de comprimento, pesando em média 3 toneladas, e apresenta uma das maiores taxas de crescimento
do reino animal, ganhando até 90 kgs por dia em seus primeiros meses de vida, quando ainda é alimentado pela mãe. Em
geral, um novo indivíduo é adicionado à população a cada 2-3 anos, porém, suspeita-se que este intervalo esteja
diminuindo como resposta à caça destes animais, em uma tentativa de manter suas populações em equilíbrio.
Ameaças
O declínio da Baleias Azul se iniciou no século 20, com o advento de novas tecnologias de navegação e caça, como
navios motorizados e arpões explosivos, e teve seu auge registrado na década de 30, quando mais de 29.000 baleias
foram mortas em apenas uma temporada. Em 1966, a Comissão Baleeira Internacional proibiu a caça destes animais, que
enfrentam obstáculos para sua recuperação até os dias atuais, e são classificadas como ameaçadas de extinção pela IUCN.
A poluição marinha e o aquecimento global são alguns dos desafios enfrentados para a conservação destas baleias, visto que
afetam a disponibilidade de recursos alimentares, comprometendo a sobrevivência da espécie. Algumas das populações
restantes são, inclusive, classificadas como uma subespécie da Baleia Azul conhecida como “pygmy blue whales” (em livre
tradução - Baleias Azul pigmeias), uma versão menor das Baleias Azuis tradicionais.
Referências:
American Cetacean Society: http://acsonline.org/fact-sheets/blue-whale-2/
Animal Diversity Web: http://animaldiversity.org/accounts/Balaenoptera_musculus/
The IUCN Red List of Threatened Species: http://www.iucnredlist.org/details/full/2477/0
WWF Global: http://wwf.panda.org/what_we_do/endangered_species/cetaceans/about/blue_whale/
Arquivado em: Biologia Marinha, Mamíferos
Fonte: https://www.infoescola.com/mamiferos/baleia-azul/
122
Como dizem as pessoas para se referir ao tempo: muita água passou por debaixo dessa
ponte, muitos trabalho, muitas apresentações, alguns sacrifícios. Tudo necessário para
construir o conhecimento que nos levará à excelência em uma profissão. Por isso, ter
estudado esta disciplina, ter lido o material só trazem ganho, pois ampliaram o conhecimento
e auxiliaram nas atividades de leitura, interpretação e escrita.
Não se quer dizer que tudo foi assimilado, que este material contemplou tudo dos
conteúdos trabalhados aqui, pelo contrário, o que se estudou neste material foi o mínimo,
diante do muito que há para ser conhecido. Isto nos leva a compreender que precisamos
continuar estudando, ampliando o conhecimento.
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E
PRODUÇÃO TEXTUAL
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E
PRODUÇÃO TEXTUAL
REFERÊNCIAS
124
ADLER, Mortimer J. A arte de ler: Como adquirir uma educação liberal. Tradução de: Inês
Fortes de Oliveira. Rio de Janeiro: AGIR editora, 1974. Copyright de ARTES GRÁFICAS
INDÚSTRIAS REUNIDAS S. A. (AGIR).
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2004.
BLOOM. S. B. et. alii. Taxionomia dos objetos educacionais. Porto Alegre, Globo, 1973.
FAULSTICH, Enilde L. de J. Como ler, entender e redigir um texto. Petrópolis: Editora Vozes,
2002.
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e Coerência Textuais. Série Princípios. Ática. Versão digital
distribuída por: http://groups-beta.google.com/group/digitalsource.
FIDALGO, António; GRADIM, Anabela. Manual de Semiótica. UBI – Portugal. In: www.ubi.pt,
2004/2005.
FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística: Objetos Teóricos. São Paulo: Contexto, 2002.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo:
Autores Associados: Cortez, 1989.
GUIMARÃES, Elisa. Linguagem verbal e não verbal na malha discursiva. Revista Bakhtiniana,
São Paulo, 8 (2): 124-135, Jul./Dez. 2013.
JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. Tradução de Izidoro Blikstein e José Paulo
Paes. São Paulo: Editora Cultrix, 2007.
KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura: Teoria e Prática. Campinas, SP: Pontes. 2002
LEFFA, V.J. Perspectivas no estudo da leitura: texto, leitor e interação social. In: LEFFA, V. J.;
PEREIRA, A. E. (Org.). O ensino de leitura e produção textual: alternativas de renovação.
Pelotas: Educat, 1999. p. 13-37.
MEDEIROS, João Bosco. Como tornar o estudo e a aprendizagem mais eficazes. In: Redação
científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. cap. 1,
p. 5-27.
ROSENTHAL, Marcelo; FURTADO, Lilian; OMENA, Tiago; et.all.. Interpretação de Textos e
Semântica para concursos: teoria, esquemas, exercícios e questões de concursos comentadas
série provas e concursos. Site: LeLivros.Info. acessado em <15/02/12019>
SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. Coleção primeiros passos, sem ano. Digitalizado e
formatado por: Projeto de Democratização da Leitura. Acessado in:
www.portaldetonando.com.br. Acessado em 17/02/2019.
SAVIOLI, F. Platão & FIORIN, J. Luiz. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2006,
p. 328.
SCHELLES, Suraia. A importância da linguagem não-verbal nas relações de Liderança nas
organizações. Revista Esfera nº. 1 Jan./Jun. 2008.
SENA, Odenildo. A engenharia do texto: um caminho rumo à prática da boa redação. Manaus:
EDUA/FAPEAM, 2004.
SOARES, M. As condições sociais da leitura: uma reflexão em contraponto. In: ZILBERMAN, R.;
SILVA, E. T. (Org.). Leitura: perspectivas disciplinares. São Paulo: Ed. Ática, 2000. p. 18-29.
125