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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

INDÚSTRIA 4.0:
TECNOLOGIAS EMERGENTES NO CENÁRIO DA CONSTRUÇÃO CIVIL E SUAS
APLICABILIDADES

Palhoça
2019
ANA PAULA SANTOS BARDUCCO
BEATRIZ MARQUES CONSTÂNCIO

INDÚSTRIA 4.0:
TECNOLOGIAS EMERGENTES NO CENÁRIO DA CONSTRUÇÃO CIVIL E SUAS
APLICABILIDADES

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Civil
da Universidade do Sul de Santa Catarina
como requisito parcial à obtenção do título
de Engenheiro Civil.

Orientador: Oscar Ciro Lopez, Dr.

Palhoça
2019

2
Dedicamos este trabalho aos nossos pais,
Luciana, Humberto, Patrícia e Salésio,
nossos principais colaboradores e
incentivadores.

4
AGRADECIMENTOS

Aos nossos amados pais e irmãos, que com muito carinho e apoio não
mediram esforços para que chegássemos até esta etapa da nossa vida.
Aos nossos amigos pelas alegrias, tristezas e dores compartilhadas.
Ao nosso orientador e também coordenador do curso, pela paciência na
orientação e incentivo que tornaram possível a nossa formação.
A todos aqueles que de alguma forma estiveram e estão próximos de nós,
fazendo esta vida valer cada vez mais a pena.

5
“Para se ter sucesso, é necessário amar de verdade o que se faz. Caso
contrário, levando em conta apenas o lado racional, você simplesmente desiste. É o
que acontece com a maioria das pessoas." (Steve Jobs, 2007)

6
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo explorar a contribuição das tecnologias da Indústria
4.0 no ciclo de vida dos projetos da construção civil. O estudo foi realizado por meio
de uma pesquisa exploratória, e o método refere-se a uma pesquisa bibliográfica. A
Indústria 4.0 se caracteriza pela introdução de evoluções tecnológicas no mercado,
tais como a computação em nuvem, automação, realidade virtual e realidade
aumentada, modelagem 3D, aplicativos para comunicação e o BIM – Modelagem da
Informação da Construção. O Brasil ainda se encontra em processo de familiarização
com a digitalização e seus impactos no conceito de Indústria 4.0. O ciclo de vida de
um projeto são as fases pelas quais um projeto passa, do início à sua conclusão,
passando por iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle e
encerramento. As empresas do ramo de Engenharia Civil buscam novas tecnologias
por conta da otimização da mão de obra e dos materiais, redução dos impactos
ambientais e geração de resíduos, assim como pelo fortalecimento do controle de
qualidade, rastreabilidade e especialização da mão de obra. A partir do estudo
realizado pode-se concluir que a mais recente revolução industrial gerará impactos
significativos na produção e acarretará em transformações na gestão empresarial,
primeiramente na estratégia para implementar tecnologias, onde se fará necessária a
cooperação entre as áreas de tecnologia da informação e produção, e em seguida, na
adoção dessas tecnologias, onde as empresas irão desenvolver e/ou aperfeiçoar os
seus modelos de negócio.

Palavras chave: Indústria 4.0; Construção civil; Computação em nuvem; Automação;


Realidade virtual; Realidade aumentada; Modelagem 3D; Aplicativos para
comunicação; BIM; Brasil; Ciclo de vida; Engenharia Civil;

7
ABSTRACT

The purpose of this Project was to explore the contribution of technologies of Industry
4.0 on the life cycle of civil construction projects. The study was done through
exploratory research using a literature review methodology. Industry 4.0 is
characterized by the introduction of technological evolutions on the market, such as
cloud computing, automation, virtual reality and augmented reality, 3D modeling,
communication apps and BIM – Building Information Modeling. Brazil is still adapting
to digitization and its impact on the Industry 4.0 concept. The life cycle of a project
represent the phases a project goes through from beginning to end, including initiation,
planning, execution, monitoring, and control and closing. Civil Engineering companies
look for new technologies to optimize labor and materials, reduce environmental
impact and residues, as well as strengthening quality control, tracking, and labor
specialization. Based on the study, it can be conclued that the most recent industrial
revolution will significantly impact production and will bring about entrepreneurial
transformation, firstly in strategies to implement technologies, where cooperation
between information technology and production will be necessary, and then in adopting
these technologies, where companies will develop and/or perfect their business
models.

Key words: Industry 4.0; Civil construction; Cloud computing; automation; Virtual
reality; Augmented reality; 3D modeling; Communication apps; BIM; Life cycle; Civil
Engineering.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos ............................ 20


Figura 2 - Gerenciamento da integração do projeto .................................................. 42
Figura 3 - Tecnologias relacionadas aos Grupos de Processos ............................... 48
Figura 4 – Cadeia de profissionais ............................................................................ 49
Figura 5 - Uso de drones no canteiro de obras ......................................................... 51
Figura 6 – AR Sketchwalk para novas habitações .................................................... 52
Figura 7 – AR Sketchwalk para reformas .................................................................. 53
Figura 8 – DAQRI Smart Helmet ............................................................................... 53
Figura 9 – Realidade aumentada através do DAQRI Smart Helmet ......................... 54
Figura 10 – GAMMA AR ............................................................................................ 54
Figura 11 – Instrução de construção de uma parede com Fologram ........................ 55
Figura 12 – Construção com concreto para impressão 3D ....................................... 57
Figura 13 – Execução de casa em 24 horas com impressão 3D .............................. 58
Figura 14 – Monitor de monóxido de carbono acoplado no capacete ....................... 59
Figura 15 – Colete de segurança InZoneAlert ........................................................... 59

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Grupo de processos de gerenciamento de projetos e mapeamento das


áreas de conhecimento ............................................................................................. 45

10
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13
1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 15
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 15
1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 15
1.4 LIMITAÇÕES ..................................................................................................... 16
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................... 16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 17
2.1 INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................. 17
2.2 GERÊNCIA DE PROJETO SEGUNDO O PROJECT MANAGEMENT BODY OF
KNOWLEDGE ........................................................................................................... 18
2.3 INDÚSTRIA 4.0 ................................................................................................. 21
2.4 INTERNET DAS COISAS .................................................................................. 23
2.5 SMART CITIES.................................................................................................. 25
2.6 TENDÊNCIAS ................................................................................................... 26
2.6.1 Computação em nuvem ................................................................................ 27
2.6.2 Integração na Indústria 4.0 – Automação ................................................... 27
2.6.3 Realidade virtual e realidade aumentada .................................................... 28
2.6.4 Modelagem 3D ............................................................................................... 29
2.6.5 Aplicativos para comunicação ..................................................................... 29
2.6.6 BIM.................................................................................................................. 29
2.7 BRASIL .............................................................................................................. 31
3 METODOLOGIA DO TRABALHO ....................................................................... 33
3.1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 33
3.2 MÉTODO UTILIZADO ....................................................................................... 33
3.3 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS .............................................................................. 34
3.3.1 Escolha do tema ............................................................................................ 34
3.3.2 Levantamento bibliográfico preliminar ....................................................... 34
3.3.3 Organização lógica do assunto ................................................................... 34
3.3.4 Ampliação do levantamento bibliográfico .................................................. 34
3.3.5 Aprofundamento do tema............................................................................. 35
3.3.6 Desenvolvimento escrito .............................................................................. 35
11
4 DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 36
4.1 CICLO DE VIDA DO PROJETO ........................................................................ 37
4.1.1 Grupo de processos de gerenciamento de projetos.................................. 38
4.1.1.1 Grupo de processos de iniciação.................................................................. 38
4.1.1.2 Grupo de processos de planejamento .......................................................... 39
4.1.1.3 Grupo de processos de execução ................................................................ 40
4.1.1.4 Grupo de processos de monitoramento e controle ....................................... 40
4.1.1.5 Grupo de processos de encerramento ......................................................... 41
4.1.2 Áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos ........................... 41
4.2 EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................. 47
4.2.1 BIM.................................................................................................................. 48
4.2.2 Drones ............................................................................................................ 50
4.2.3 Realidade aumentada ................................................................................... 52
4.2.3.1 AR Sketchwalk.............................................................................................. 52
4.2.3.2 DAQRI Smart Helmet ................................................................................... 53
4.2.3.3 GAMMA AR .................................................................................................. 54
4.2.3.4 Fologram....................................................................................................... 54
4.2.4 Big Data.......................................................................................................... 55
4.2.5 Inteligência artificial ...................................................................................... 55
4.2.6 Softwares de gestão ..................................................................................... 56
4.2.7 Impressão 3D ................................................................................................. 56
4.2.8 Gerenciamento de projetos em obra - ConstruCODE ................................ 58
4.2.9 Sensores vestíveis ........................................................................................ 58
4.2.10 Aplicativos de comunicação ........................................................................ 59
4.3 PERFIL DO PROFISSIONAL PÓS-INDÚSTRIA 4.0 ......................................... 60
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 62
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63

12
1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil representa um dos setores econômicos com


maior significância para a maioria dos países, especialmente para aqueles em
desenvolvimento, como o Brasil, sendo considerada de extrema importância para a
transformação da sociedade moderna. Entretanto, também é responsável por
impactos negativos gerados no meio ambiente, tendo em vista os processos que
causam poluição ambiental, o elevado consumo de recursos naturais e o grande
volume de resíduos que essa indústria produz. A fim de amenizar tais externalidades,
passou-se a buscar, cada vez mais, iniciativas sustentáveis para as atividades
desempenhadas, de forma a adequá-las aos padrões de qualidade e preocupação
com o meio ambiente que vêm sendo exigidos pela sociedade e pela própria
sobrevivência da indústria.
Diante de tal fato e, segundo a pesquisa desenvolvida pela empresa de
consultoria em gestão Accenture, temas que antigamente não eram amplamente
discutidos na construção civil vem ganhando atenção, tais como o crescente debate
sobre sustentabilidade e a busca pelo equilíbrio entre o desenvolvimento econômico
do setor e a preservação dos recursos naturais disponíveis à humanidade; o uso de
energia renovável como alternativa à redução do consumo de energia proveniente de
fontes hídricas e caloríficas, por meio de, por exemplo, introdução de painéis solares
nas edificações, tanto durante a execução da obra quanto no usufruto da
infraestrutura; a constante pesquisa por novos materiais, mais eficientes e com baixo
custo de extração, como também de métodos construtivos mais eficazes e racionais;
a adoção de tecnologias para automatizar as construções, utilizando a realidade
aumentada para projetar as estruturas e visualizá-las antes do início da execução; a
impressão 3D para, dentre outras funcionalidades, criar modelos e fôrmas, facilitando
e padronizando a etapa de execução e o uso de softwares em geral, que estão cada
vez mais completos, compilando, em apenas um arquivo, todas as informações
necessárias a todos os envolvidos na execução da obra, como por exemplo o BIM
(Building Information Modeling), reduzindo consideravelmente o tempo despendido na
execução dos projetos. (ACCENTURE RESEARCH, 2018)
Tais fatos são possíveis devido à propagação da inteligência artificial na
economia, que impulsiona inovações, aumenta a produtividade dos trabalhadores com

13
a inserção de maquinário e gera crescimento para o setor por meio de recursos
diferentes das soluções tradicionais. (ACCENTURE RESEARCH, 2018)
Entende-se por inteligência artificial o ramo da ciência da computação que
tem por finalidade elaborar dispositivos que simulam a inteligência humana, ou seja,
máquinas que aprendem com experiências, que se ajustam a partir de consequentes
entradas de dados e realizam atividades em semelhança com aquelas desenvolvidas
por seres humanos. (SAS, 2018)
Para que se consiga acompanhar as mudanças que estão ocorrendo no
mercado da construção civil é necessário observar o que a tecnologia tem
apresentado ao setor, adequar tais informações, ferramentas e métodos aos
processos construtivos e, principalmente, ser resiliente para se adaptar às
transformações que a indústria vem passando. Essa é uma das áreas mais
beneficiadas por inovações que auxiliam na redução de custos por meio da
automação dos processos.
Estima-se que, num futuro breve, seja possível automatizar o canteiro de
obras, utilizando ferramentas como o BIM, drones e novos materiais, máquinas ao
invés de trabalho braçal, softwares no lugar das pranchetas e soluções tecnológicas
robustas em substituição às ferramentas pesadas. Além disso, o controle de todas as
etapas da obra se dará por meio de aplicativos com interface simples e baseada na
realidade aumentada. (LIMA, 2017)
Porém, sem a Internet das Coisas (IoT), o canteiro automatizado torna-se
uma ideia muito distante da rotina do Engenheiro Civil, pois é a IoT que permite a
comunicação e o gerenciamento de informações entre os objetos. Com ela, os
dispositivos ficam conectados à internet trocando dados entre si, eliminando, entre
outras etapas, as operações manuais de controle dos estágios de obra. Ademais, as
informações sobre os projetos ficam armazenados na nuvem, reduzindo
significativamente o uso do papel e se aproximando, cada vez mais, da inteligência
artificial. (LIMA, 2017)
Com a automatização do canteiro e com a digitalização das informações, é
importante dar atenção também à mudança na forma de trabalho de quem está na
obra, que tende a reduzir as atividades manuais para, em contrapartida, aumentar a
operação de máquinas. Tal mudança requer treinamento e planejamento por parte

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das empresas, para que não se perca produtividade e haja elevação nos custos sem
o retorno esperado.
Apesar de que o tema (IoT) tenha ganhado bastante destaque no Brasil,
ainda são poucos os estudos científicos que abordam os reais impactos que esse
momento tecnológico pode trazer à sociedade e quais os comportamentos dela em
relação a isso.
Portanto, busca-se com este trabalho elencar algumas das tecnologias
oriundas da inserção da Indústria 4.0 no mercado brasileiro e analisar a aplicabilidade
delas no desenvolvimento de projetos.

1.1 OBJETIVO GERAL


Com vistas à problematização descrita, tem-se por objetivo geral do
presente trabalho analisar a provável contribuição das tecnologias da Indústria 4.0 no
ciclo de vida de projetos de construção civil.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


A fim de atingir o objetivo geral, têm-se como objetivos específicos:
 Elaborar uma revisão bibliográfica dos termos e conceitos que tangem a
realidade a ser abordada durante o trabalho;
 Elencar tecnologias que estão surgindo com o advento da Indústria 4.0
no Brasil;
 Contextualizar as tecnologias no ciclo de vida de um projeto.

1.3 JUSTIFICATIVA
Diante da iminência do uso da tecnologia em todos os processos do
cotidiano, desde o ambiente familiar, com o acréscimo de eletrodomésticos,
computadores, smartphones etc. até as indústrias, sejam elas automobilística,
agroindústria, alimentícia, entre outras, julgou-se interessante desenvolver um estudo
bibliográfico acerca do surgimento da Indústria 4.0 e da Internet das Coisas e elencar
algumas das tecnologias trazidas por esses acontecimentos que tendem a atingir o
âmbito da indústria da construção civil no país nos próximos anos e em que processos,
dentro do ciclo de vida de um projeto, elas podem ser úteis.

15
1.4 LIMITAÇÕES
O presente trabalho se limita a contextualizar a temática da Indústria 4.0 e
a Internet das Coisas (IoT), elencando algumas tecnologias oriundas dessas
revoluções que podem vir a contribuir para uma melhoria na forma de trabalho da
Indústria da Construção Civil, sem se aprofundar no tema referente à necessidade de
mudança comportamental e cultural dentro do cenário da construção civil nos
próximos anos.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO


Com vistas ao entendimento da situação do Brasil no que diz respeito à
introdução da tecnologia na construção civil, o trabalho terá, no seu capítulo 2, uma
revisão bibliográfica desenvolvida por meio de pesquisa qualitativa em artigos
científicos, projetos de governo e conference proceedings. O capítulo 3 descreverá a
metodologia de pesquisa utilizada para a elaboração do trabalho e o capítulo 4
abordará mais detalhadamente o ciclo de vida de um projeto e apresentará as
tecnologias levantadas para, em seguida, correlaciona-las aos grupos de processos
existentes no ciclo de vida.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo tem por objetivo apresentar e desenvolver os conceitos que


estão relacionados ao tema do trabalho, a fim de um melhor entendimento do que
será abordado em sua segunda parte.

2.1 INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL


A área da Construção Civil abrange todas as atividades de produção de
obras. Estão incluídas nesta área as atividades referentes ao planejamento e projeto,
que consistem na elaboração de estudos de viabilidade técnico-econômica de
empreendimentos, laudos avaliativos, plantas de valores genéricos, pareceres
técnicos, elaboração de estudos, concepção de projetos técnicos e elaboração de
planejamento de obras; a execução, que compreende instalação e gerenciamento do
canteiro de obras, execução de obras e controle de processos; a manutenção e
restauração, que se baseia na instalação e gerenciamento do canteiro de obras,
execução de obras de manutenção e restauração e controle de processos. (MEC,
2000)
As atividades englobam diferentes segmentos, tais como edifícios,
estradas, portos, aeroportos, canais de navegação, túneis, instalações prediais, obras
de saneamento, de fundações e de terra em geral, estando excluídas as atividades
relacionadas às operações, tais como a operação e o gerenciamento de sistemas de
transportes, a operação de estações de tratamento de água, de barragens, entre
outros. (MEC, 2000)
Segundo o relatório “Construção Civil: Desafios 2020”, elaborado pelo
Sistema Firjan, a Indústria da Construção Civil é um dos setores mais importantes
para a economia do país. O desenvolvimento e a capacidade de produção do mesmo
estão relacionados diretamente com o crescimento do setor. Nos últimos anos, o
segmento passou por um significativo processo de expansão no Brasil, implicando em
novos desafios relacionados à inovação, tecnologia, qualificação profissional e ao
estabelecimento de ambientes de negócios que favoreçam a produtividade, a
competitividade empresarial e o desenvolvimento do país. (FIRJAN, 2014).

Seguindo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE),


podemos agrupar os segmentos da indústria da construção civil formal em
seis grandes grupos, ligados a:
17
• Preparação de terreno: inclui obras de demolição e de preparação de área,
sondagem e fundações destinadas à construção e grandes movimentações
de terra;
• Construção de edifícios e obras de engenharia civil: inclui edificações
residenciais, industriais, comerciais e de serviços, obras viárias, obras de arte
especiais, obras de montagem e de outros tipos;
• Obras de infraestrutura para engenharia elétrica e telecomunicações: inclui
obras para geração e distribuição de energia elétrica e para
telecomunicações;
• Obras de instalações: inclui instalações elétricas, de sistemas de ar
condicionado, de ventilação e refrigeração, instalações hidráulicas,
sanitárias, de gás, de sistemas de prevenção contra incêndio e outras;
• Obras de acabamento;
• Aluguel de equipamentos de construção e demolição, com operários. Além
das atividades das empresas formais, podemos destacar três ramos de
atuação das informais, os quais são classificados como obras de edificação
e de acabamento, mas que se distinguem pela finalidade ou pelo contratante
dos serviços:
• Obras de manutenção e reparos, realizadas integralmente em imóveis
usados;
• Obras de construção e reformas de edificações, item que inclui obras de
autogestão (aquelas realizadas mediante a contratação de autônomos);
• Outras obras informais, o que inclui a autoconstrução (aquela realizada
pelas próprias famílias) e empreitadas subcontratadas por empresas formais
da construção (em geral, uma atividade que compreende o agenciamento de
mão-de-obra). (ABRAMAT, 2007)

Antes de conceituar indústria 4.0, torna-se necessário abordar o tema


referente ao processo inicial de toda e qualquer atividade relacionada à Indústria da
Construção Civil, que é a etapa do planejamento do ciclo de vida do projeto, a iniciar
pela própria compreensão da definição de projeto.

2.2 GERÊNCIA DE PROJETO SEGUNDO O PROJECT MANAGEMENT BODY OF


KNOWLEDGE
Segundo Lopez, o termo “projeto” remete à concepção/realização de um
empreendimento, sendo o ato, efeito ou resultado de empreender algo com uma
finalidade previamente determinada. Segundo a ISO 10.006 – Gestão da qualidade –
Diretrizes para a qualidade no gerenciamento de projetos – o termo pode ser definido
como um “processo único, consistindo de um grupo de atividades coordenadas e
controladas, com datas para início e término, empreendido para alcance de um
objetivo conforme requisitos específicos, incluindo limitações de tempo, custo e
recursos”. (LOPEZ, 2018)
Ainda, para Lopez, para o atingimento dos objetivos estabelecidos em
projeto é necessário que se elabore um plano, pautado em ferramentas, técnicas e
processos, que parametrizem a execução de tal projeto, levando-o aos resultados

18
almejados. Dessa necessidade surge a importância do gerenciamento de projetos e,
consequentemente, o papel do gestor de projetos, que é responsável por planejar, ou
seja, organizar ideias, antecipar objetivos e ações, baseados em métodos, planos ou
lógica, a fim de aumentar a probabilidade de ocorrência dos eventos desejados.
(LOPEZ, 2018)
Para dar vazão aos conhecimentos pertinentes ao gerenciamento de
projetos surge, em 1969, nos Estados Unidos, uma organização sem fins lucrativos
chamada Project Management Institute, PMI. Tal organização elaborou um guia para
a orientação de profissionais acerca do conhecimento em gerenciamento de projetos,
chamado PMBOK – Project Management Body of Knowledge. Segundo o próprio
PMBOK:

Este guia PMBOK é diferente de uma metodologia. Uma metodologia é um


sistema de práticas, técnicas, procedimentos e regras usadas por aqueles
que trabalham numa disciplina. Este Guia PMBOK® é uma base sobre a qual
as organizações podem criar metodologias, políticas, procedimentos, regras,
ferramentas e técnicas e fases do ciclo de vida necessários para a prática do
gerenciamento de projetos. (PMBOK, Parte I, pág 2, 2017)

O PMI conceitua projeto como “um esforço temporário empreendido para


criar um produto, serviço ou resultado único” (PMBOK, Parte I, pág 4, 2017). Eles tem
como finalidade o cumprimento de objetivos, que são os resultados esperados, os
propósitos a serem atingidos, sejam eles na forma de um produto a ser entregue ou
um serviço a ser realizado. Tais cumprimentos se dão por meio de entregas, que são
quaisquer produtos, resultados ou capacidades únicas e verificáveis que devem ser
produzidas para que haja a conclusão de um processo, fase ou projeto. (PMBOK,
Parte I, pág 4, 2017)
Os projetos são finitos e temporários, mas as entregas realizadas para o
cumprimento podem existir mesmo após seu encerramento. Essas entregas podem
ser de natureza social, econômica, material ou ambiental, como por exemplo, a
construção de uma ponte, que tem como entrega uma estrutura que pode durar
dezenas de anos. (PMBOK, Parte I, pág 5, 2017)
Para que haja sucesso na realização dos projetos, a empresa deve dar a
devida importância ao gerenciamento de projetos. Em relação ao gerenciamento de
projetos, o PMI explana:

19
Gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades,
ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de cumprir os seus
requisitos. O gerenciamento de projetos é realizado através da aplicação e
integração apropriadas dos processos de gerenciamento de projetos
identificados para o projeto. O gerenciamento de projetos permite que as
organizações executem projetos de forma eficaz e eficiente. (PMBOK, Parte
I, pág 10, 2017)

Para o PMI, gerenciamento de projetos é “a aplicação do conhecimento,


habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto, de forma a atingir e
exceder as necessidades e expectativas dos interessados (stakeholders) pelo
projeto”. (PMI, 1996, apud Lopez, 2018)
No PMBOK, em sua 3ª edição, o gerenciamento de projetos atende à uma
gama de áreas de conhecimento, e é composto por uma série de processos referentes
à cada área, conforme figura apresentada a seguir:

Figura 1 - Áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos

Fonte: Adaptado de PMBOK, terceira edição, 2016.

20
O gerenciamento de projetos auxilia as empresas no cumprimento de suas
metas organizacionais e no atingimento dos objetivos definidos, podendo ser
considerado como parte fundamental ao alcance do sucesso na realização dos
projetos.
Outra ferramenta existente é o Ciclo PDCA. O ciclo é composto por quatro
fases: Plan (planejamento), Do (fazer/execução), Check (checagem/verificação) e Act
(ação). O estágio inicial consiste no planejamento, identificação de problemas e
estabelecimento dos planos de ação. Em seguida, passa-se a executar o que foi
planejado. Com a realização das atividades planejadas, tem-se a necessidade de
verificar sua eficácia, acompanhar indicadores e avaliar, constantemente, a
efetividade dos resultados obtidos. Tendo a informação do que precisa ser ajustado,
o gestor tem capacidade para instituir ações corretivas e aprimorar os processos da
empresa. (PERIARD, 2016, apud Lopez, 2018).
Outro fator importante, segundo Lopez, é o entendimento acerca do
universo do projeto, que envolve o ambiente do projeto e o relacionamento entre as
partes interessadas, também conhecidas por stakeholders. (NEWTON, 2011, apud
Lopez, 2018). São elas: os clientes do projeto, as pessoas diretamente envolvidas no
projeto (gestor, equipe de projeto, fornecedores etc.) e os vizinhos do projeto
(indivíduos ou organizações que sofrem influências indiretas do projeto).
O PMBOK discorre sobre um dos componentes chave para um bom
gerenciamento de projetos, que é o entendimento do ciclo de vida de um projeto.
Nesse sentido, diversas ferramentas são capazes de auxiliar o gestor de projetos na
execução de um bom gerenciamento. Um dos objetivos deste estudo é analisar como
as tecnologias emergentes propiciadas pela Indústria 4.0 poderão contribuir nos
diferentes processos presentes no ciclo de vida de projetos de construção civil. Esse
assunto será abordado, mais detalhadamente, no capítulo 4 do presente trabalho.

2.3 INDÚSTRIA 4.0


Desde o início da industrialização, avanços tecnológicos têm resultado em
mudanças de paradigmas, a iniciar pela Primeira Revolução Industrial, com o
aparecimento das indústrias. Logo após, os avanços no uso intensivo da energia
elétrica, também conhecida como Segunda Revolução Industrial, e também os
avanços da adoção em larga escala da digitalização - a chamada Terceira Revolução

21
Industrial. Com base nesse avanço da digitalização, combinado à tecnologia da
internet e demais tecnologias orientadas ao futuro, como os chamados "objetos
inteligentes" (máquinas e produtos), observa-se uma nova mudança de modelo na
Indústria. Através dessas expectativas do futuro, foi estabelecido o termo Indústria
4.0, ou a Quarta Revolução Industrial (LASI et al., 2014).
A Indústria 4.0 se caracteriza pela introdução de evoluções tecnológicas no
mercado, tais como a inteligência artificial, robótica, internet das coisas, veículos
autônomos, impressão em 3D, nanotecnologia, biotecnologia, armazenamento de
energia e computação quântica. Novas tecnologias estão fundindo os mundos físico,
digital e biológico de forma a criar grandes promessas e possíveis perigos. A
velocidade, a amplitude e a profundidade desta revolução estão nos forçando a
repensar como os países se desenvolvem, como as organizações criam valor e o que
significa ser humano. (SCHWAB, 2016).
Segundo Schwab (2016) “as mudanças são tão profundas que, na
perspectiva da história da humanidade, nunca houve um momento tão potencialmente
promissor ou perigoso”.
Em se tratando do conceito de Indústria 4.0 e de acordo com o relatório
desenvolvido pelo Conselho Temático Permanente de Política Industrial e
Desenvolvimento Tecnológico – COPIN – conselho esse criado pela Confederação
Nacional da Indústria, o conceito “Indústria 4.0” surgiu da incorporação da
digitalização nas atividades industriais (por digitalização entende-se o processo de
tornar digital dados e informações que anteriormente eram analógicos). Essa
introdução trouxe integração e controle de produção por meio de sensores e
equipamentos conectados em rede e da integração do mundo real e virtual, que
proporciona sistemas ciberfísicos e viabiliza o emprego da inteligência artificial. (CNI,
2016, p. 11).
Entretanto, o conceito não se resume à integração dos processos de
produção e distribuição, mas envolve também todas as etapas que concernem a
cadeia de valor: projeto e desenvolvimento de novos produtos, testes, simulações de
produção e pós-venda. Como benefícios, é facilmente notável o ganho de
produtividade, o encurtamento dos prazos de lançamento de novos produtos, uma
maior flexibilidade nas linhas de produção, bem como também aumento na
racionalidade no uso dos recursos energéticos, hídricos etc. Outro ponto relevante é

22
o aumento na capacidade das empresas de se interligarem em cadeias globais de
valor.
De acordo com o estudo desenvolvido pela Accenture em 2016 (apud CNI,
2016, p. 17), a implementação das tecnologias relacionadas à IoT deverá impactar o
PIB brasileiro em cerca de US$ 39 bilhões até 2030. Se o país criar condições que
venham a acelerar a absorção dessas tecnologias, esse valor pode subir para cerca
de US$ 210 bilhões. Porém, para que isso aconteça, há a necessidade de melhoria
no ambiente de negócios, infraestrutura, programas de difusão tecnológica,
melhoramentos nas normas e regulamentos etc.
Em se tratando dos desafios no contexto brasileiro, o país enfrenta
dificuldades como investimentos em equipamentos para incorporar essas tecnologias,
adaptação de layouts, de processos e formas de relacionamento entre empresas da
cadeia produtiva, como também a dificuldade de criação de novas especialidades e o
desenvolvimento de novas tecnologias. (CNI, 2016, p. 15) Além disso, há a
necessidade da adoção de medidas relativamente rápidas para que se evite um gap
de competitividade entre o Brasil e alguns países em que a Indústria 4.0 já começou
a se tornar realidade.

2.4 INTERNET DAS COISAS


Relacionada à Quarta Revolução Industrial, a Internet das Coisas
corresponde à capacidade dos objetos disponibilizarem informações acerca do seu
funcionamento devido ao fato de estarem conectados em rede. O conceito foi utilizado
pela primeira vez em 1999 pelo pesquisador britânico do Massachussetts Institute of
Technology (MIT), em uma apresentação para executivos da Procter & Gamble,
quando se falava na ideia de etiquetar eletronicamente os produtos da empresa a fim
de facilitar a logística da cadeia de produção, com identificadores de rádio frequência.
Em entrevista para a revista eletrônica da Organização Financiadora de Inovação e
Pesquisa - Finep, o autor do termo acredita que:

[...] estamos presenciando o momento em que duas redes distintas – a rede


de comunicações humana (exemplificada na internet) e o mundo real das
coisas – precisam se encontrar. Um ponto de encontro onde não mais apenas
“usaremos um computador”, mas onde o “computador se use”
independentemente, de modo a tornar a vida mais eficiente. Os objetos – as
“coisas” – estarão conectados entre si e em rede, de modo inteligente, e
passarão a “sentir” o mundo ao redor e interagir. (ASHTON, Kevin, 2015).

23
Em se tratando de uma perspectiva cronológica, Santrella, Gala, Policarpo
e Gazoni (2013) dividiram os acontecimentos históricos em cinco eras tecnológicas e
seus dispositivos de mediação. A primeira era diz respeito às tecnologias
eletromecânicas que serviram de suporte à reprodutibilidade técnica, como por
exemplo, linhas de produção de jornais, câmeras fotográficas analógicas telégrafos
etc. A era seguinte foi a da difusão, onde o rádio e a televisão passaram a ser os
principais meios de comunicação, com conteúdos flexíveis que proporcionaram a
ascensão da cultura de massas. A terceira se refere às tecnologias disponíveis, como
controle remoto, máquinas fotocopiadoras, aparelhos de reprodução de músicas e o
início do desenvolvimento das mídias móveis atuais, televisão a cabo e vídeo cassete,
que permitiu ao receptor buscar conteúdos a sua escolha. A quarta era se iniciou com
o surgimento dos computadores pessoais, ligados às redes teleinformáticas, que
foram se miniaturizando em tablets e smartphones, dando origem a quinta era
tecnológica, onde surgiram os dispositivos de comunicação móveis, que passaram a
permitir não apenas a comunicação online, como também a conexão contínua com a
internet, sem limites de espaço e tempo.
Segundo Sônego et al. (2016, apud Ferreira, 2014), a Internet das Coisas
“tem a finalidade de proporcionar inteligência para objetos, de modo a permitir seu
controle e a notificação de alterações em seu estado”.
Segundo Santos, et al. (2015), a IoT pode ser considerada a próxima
revolução da internet, tendo em vista o fato de que ela é capaz de coletar, analisar e
distribuir dados processados por smartphones e micro computadores e transformá-los
em informação, a fim de gerar uma efetiva ação humana ou entre máquinas. Com o
processamento dessas informações tem-se maior poder na tomada de decisões em
questões como segurança, monitoramento, cidades inteligentes, telemedicina etc.
Segundo Santanella et al. (2013), a Internet das Coisas vem se tornando cada vez
mais pervasiva, inteligente e interativa. Além das interfaces já largamente utilizadas
pela sociedade, como smartphones, tablets, desktops etc., há uma grande variedade
de aplicações que vem sendo desenvolvidas nas questões citadas por Santos, como
mecanismos que permitem a visualização das pessoas nos pedágios e alfândegas;
pombos com dispositivos de radiofrequência (RFID) implantados, com sensores que
enviam informações sobre a poluição do ar; médicos que monitoram o estado de
saúde dos pacientes à distância etc. Segundo Buckley (2006), apud Santanella et al.

24
(2013), a internet das coisas atinge também as edificações, que passam a ter sistemas
inteligentes capazes de regular o funcionamento de seus aparelhos eletrônicos,
elétricos, alarmes, climatização, portas, janelas etc.; as fábricas, que passam a ter
inteligência e autonomia em seus processos e até as roupas, que podem registrar as
mudanças de temperatura exterior e se ajustar de acordo com elas.
Toda essa tecnologia que vem sendo apresentada nos últimos anos está
sendo absorvida, paulatinamente, pela administração pública, por meio de políticas
que melhoram suas atividades-fim, de tal forma que um novo conceito de cidades está
surgindo, as Smart Cities.

2.5 SMART CITIES


Segundo Gibson, Kozmetsky, & Smilor (1992), apud Rizzon et. al (2017), o
termo Smart City se originou no início dos anos noventa, para conceituar o fenômeno
de desenvolvimento urbano dependente da tecnologia, globalização e inovação.
Segundo Hall (2000), apud Weiss, Bernardes e Consoni (2017, p.1) “as
cidades inteligentes são aquelas que monitoram e integram as condições de
operações de todas as infraestruturas críticas da cidade, atuando de forma preventiva
para a continuidade de suas atividades fundamentais”.
Segundo Kanter e Litow:

As cidades inteligentes são aquelas capazes de conectar de forma inovativa


as infraestruturas físicas e de TIC, de forma eficiente e eficaz, convergindo
os aspectos organizacionais, normativos, sociais e tecnológicos a fim de
melhorar as condições de sustentabilidade e de qualidade de vida da
população. [...] Cidade inteligente é aquela que faz extensivo e racional das
TIC para a melhoria da eficiência dos espaços urbanos. Ou seja, aquelas que
tem a intenção de oferecer melhores condições de vida e de atuação para
todos os envolvidos. (2009, apud Weiss, Bernardes e Consoni, 2017, p.2)

Segundo Santanella:

[...] iniciativas no desenvolvimento de cidades inteligentes propõem equipar a


infraestrutura urbana com tecnologia capaz de otimizar a recepção de dados
pelos setores responsáveis na administração das cidades e fornecer
informações em tempo real sobre questões urbanas e dados de gestão na
esfera pública. (2013, pag. 31)

Como exemplo, pode-se citar sensores em postes para reduzir os custos


com energia; monitoramento da distribuição de água de maneira remota, bem como
de caminhões de lixo e veículos de manutenção, que fornecem relatórios de
frequência a fim de reformular planos de distribuição, disponibilizar informações sobre

25
trânsito, estacionamentos e rotas alternativas etc. Além disso, segundo Meier et al.
(2011), apud Weiss, Bernardes e Consoni (2017), as tecnologias da informação e da
comunicação são de suma importância para o fornecimento de meios para o
monitoramento e o gerenciamento de serviços e recursos de infraestruturas urbanas
e para o encurtamento das distancias entre o poder público e os cidadãos através da
disponibilização de serviços via internet.
Weiss, Bernardes e Consoni afirmam que a rápida urbanização que vem
ocorrendo no cenário mundial atual apresenta uma significativa perda de
funcionalidades básicas de uma cidade, como a dificuldade de gestão de resíduos, de
recursos públicos, a falta de controle dos índices de poluição do ar, problemas na
saúde, educação e mobilidade, entre outros. Porém, segundo os mesmos autores:

[...] essas questões podem ser enfrentadas com o aproveitamento adequado


das capacidades atuais e futuras, melhorando a eficiência e reinventando a
organização das cidades, tendo as tecnologias da informação e comunicação
(TIC) como viabilizadoras de um sistema nervoso para e de cidades
inteligentes. (2017, p.3)

Cabe ao poder público a garantia de ações executadas com transparência,


eficiência, e agilidade, constituindo políticas que sejam legitimadas institucionalmente,
estimulando a competitividade e a inovação nas cidades.

2.6 TENDÊNCIAS
A falta de informações, ou a perda no tempo da informação (informações
atrasadas, incompletas, destinadas a pessoas/setores errados) é um dos maiores
problemas encontrados em qualquer empresa. O mau gerenciamento de dados e
informações ocasiona aumento nos custos, retrabalho, perda de oportunidades,
dentre outros. A internet é uma excelente solução no gerenciamento dessas
informações, visto que é uma ferramenta que faz a troca de informações ocorrer em
tempo real, sem interferência da distância física entre os interessados. Diversas
tecnologias estão sendo inseridas no contexto da construção civil, trazendo uma
mudança significativa no modo de trabalho. Algumas delas serão apresentadas,
sumariamente, a seguir:

26
2.6.1 Computação em nuvem
As empresas, de todos os setores da economia, estão caminhando para
um futuro em que seu gerenciamento será quase que totalmente desenvolvido na
computação em nuvem, tendo em vista os aspectos práticos, seguros e eficientes
dessa tecnologia. Nuvem é a nomenclatura utilizada para designar o uso de um
servidor online, que armazena todas as informações desejadas, em detrimento do uso
de dispositivos físicos, como hardwares.
O uso das “nuvens” possibilita a realização de atividades simultâneas, o
que confere maior agilidade nos procedimentos, com alimentação de dados em tempo
real. Os benefícios são claramente notados também na redução de custos com
grandes servidores, que despendem de investimento com equipamentos e
manutenção e na questão da segurança, no que diz respeito à velocidade de
recuperação de dados.
Relacionada à tal tema, difunde-se atualmente o conceito e utilização da
Big Data, que se refere ao ato de coletar e armazenar um grande volume de
informação para servir de base para análises. Tais informações, além de volumosas,
são transmitidas extremamente rápidas (por meio de tecnologias como etiquetas
RFID, sensores e medições inteligentes) para que possam ser analisadas em tempo
hábil, e variadas (números, data bases, textos, vídeos, transações financeiras etc.)
Geralmente, as fontes de big data são oriundas de transmissão de dados
de dispositivos conectados à rede, de mídias sociais e de fontes publicamente
disponíveis. Cabe às organizações definir qual o melhor emprego a se dar a tais
dados, o modo de armazená-los, como analisá-los e o que fazer com a informação
gerada a partir deles. (SAS, 2019)

2.6.2 Integração na Indústria 4.0 – Automação


De acordo com Romano, da Logique Sistemas (2017), a forma de conexão
automatizada dentro de uma organização é diretamente relacionada à integração trazida
pela Indústria 4.0. Segundo ele, a ideia por trás deste conceito está em interconectar
também o que se encontra fora da fábrica, como logística, distribuição, mercado
financeiro e afins.
Tendo em vista este cenário, existem duas classificações de integração na
indústria 4.0. A integração horizontal está relacionada com a conexão entre a fábrica e

27
toda cadeia de valor externa à planta, ou seja, relacionando sistemas de TI e fluxos na
cadeia de fornecimento e valor, incluindo os vários processos que passam por ela. Já a
integração vertical permite que todos os níveis da fábrica estejam conectados, desde o
processo de produção até os executivos.
A automação pode ser executada por meio de softwares ou outras
ferramentas que reduzem o tempo e o trabalho necessário para a realização de uma
determinada atividade, o que está diretamente ligado à redução de custos. Para melhor
entender o processo de automação em empresas e sua importância, pode-se analisar o
funcionamento de um supermercado. Segundo Junqueira:

O mercado exige que cada vez mais as lojas sejam dinâmicas e os processos
sejam executados com perfeição por todas as áreas. Dessa forma é
impossível pensar em não utilizar as vantagens que a automação comercial
em supermercados traz. Softwares e ferramentas tecnológicas contribuem
para o dia a dia do varejista e ajudam diretamente no aumento de vendas. O
processo diário de funcionamento de um supermercado torna essa
necessidade ainda mais evidente, o auto número de produtos envolvidos, o
alto giro e a necessidade do consumidor, são fatores que caracterizam o
quanto é importante contar com uma automação comercial em
supermercados. (InfoVarejo, 2017)

2.6.3 Realidade virtual e realidade aumentada


De acordo com Juliana Nakamura (2018), a realidade virtual é uma
tecnologia de interação entre um usuário e um sistema operacional, por meio de
recursos gráficos 3D ou imagens 360º. O objetivo é dar ao usuário a sensação de
presença em um ambiente virtual, proporcionando uma completa imersão no ambiente
simulado em tempo real.
A utilidade desta tecnologia na indústria da construção é extraordinária.
Pode, por exemplo, contribuir com o trabalho do design de projetos, possibilitando ao
profissional avistar o projeto em 3D no ambiente de uma obra, podendo assim
identificar possíveis erros ou reparos à serem feitos. Além disso, com a simulação em
um ambiente virtual o cliente pode se sentir dentro da sua própria residência, antes
mesmo de ela ser construída, sendo capaz de solicitar antecipadamente modificações
nos projetos.
Já a realidade aumentada tem o propósito inverso da realidade virtual.
Segundo Brenda Thomé (2019), a realidade aumentada insere elementos digitais na
realidade física. Por exemplo, a partir de uma filmagem de uma sala vazia, um

28
aplicativo pode ser capaz de inserir cores de tintas nas paredes para que o usuário
possa analisar como ficaria tal escolha, antes de executá-la.

2.6.4 Modelagem 3D
A modelagem 3D utiliza softwares para criar uma representação
matemática de uma forma tridimensional. Segundo Nadine Alves (2018), alguns
softwares de modelagem permitem que os modelos 3D sejam compartilhados e
visualizados em qualquer lugar, principalmente no canteiro de obras.
Dessa forma, o projeto pode ser alterado ou atualizado em tempo real,
dados e cálculos imprecisos podem ser precipitadamente corrigidos e a empresa evita
o retrabalho em várias etapas que acabariam gerando custos extras e atrasos na
execução.

2.6.5 Aplicativos para comunicação


Os aplicativos de comunicação centralizada, nas fases iniciais do projeto
são úteis para agilizar a documentação necessária, organizar e gerar relatórios em
poucos segundos. Mantendo as informações e documentos reunidos e armazenados
na nuvem com segurança e disponibilidade a todos os interessados no projeto.
De acordo com Ricardo Moraes, CEO da Metroll, em seu depoimento para
a Construct, buscar formas cada vez mais ágeis e eficazes de gerenciamento de
projetos é o próprio negócio da empresa. “Em todo o ciclo de gerenciamento de
projetos, conseguimos reduzir de 25% a 35% o volume de horas trabalhadas,
chegando até a 50%, dependendo do tipo de projeto, utilizando o Construct.”
(MORAES, 2019).

2.6.6 BIM
O Building Information Modeling (BIM), em português, Modelagem da
Informação da Construção, é o novo conceito quando se trata de projetos para
construções. Diferente dos desenhos atuais em 2D, com a habitual representação
planificada do que será construído, a modelagem com o conceito BIM trabalha com
modelos 3D mais fáceis de compreender e mais fiéis ao produto final. Numa
comparação simples, seria como abandonar a ideia de fazer o planejamento
desenhando mapas e trabalhar diretamente com maquetes. (SIENGE, 2016).

29
BIM é uma filosofia de trabalho que integra arquitetos, engenheiros e
construtores (AEC) na elaboração de um modelo virtual preciso, que gera
uma base de dados que contém tanto informações topológicas como os
subsídios necessários para orçamento, cálculo energético e previsão de
insumos e ações em todas as fases da construção” (Eastman, 2008, apud
Gonçalves Junior, 2019).

Segundo Gonçalves Junior, editor do blog da Alto QI (2019), o motivo para


a criação do BIM seria organizar minuciosamente todas as informações referentes a
uma edificação durante seu ciclo de vida, garantindo que o acesso a essas
informações se desse de forma momentânea, garantindo ao projetista a possibilidade
de preceder interferências e impactos da estrutura.
De acordo com Brenda Thomé, editora do Sienge (2016), o projeto ideal
realizado em BIM agrega todas as partes envolvidas no planejamento de uma
construção, concedendo informações detalhadas sobre cada etapa de construção e
disponibilizando para todos os envolvidos. Além de facilitar dados como dimensões
de paredes e localização de canos, fornece informações relacionadas a tipos e
quantidades de insumos e mão de obra, por exemplo.
Ainda segundo Thomé (2016), o BIM se assemelha à modelagem 3D,
porém com a aplicação da nova tecnologia são adicionadas outras informações que
só o BIM proporciona. Por exemplo, é possível adicionar informações sobre materiais,
custos e outras especificações.
Além da comunicação e troca de informações entre todos os envolvidos,
múltiplos são os benefícios ao adotar o conceito BIM em projetos, como, um fluxo de
trabalho transparente possibilitando a participação dos membros do projeto
independente dos softwares que utilizam, linguagem comum para os processos
utilizados, dados pertinentes para uso durante todo o ciclo de vida do projeto evitando
entradas diversificadas dos mesmos dados, desenhos inteligentes com informações
detalhadas do projeto, cálculos integrados aos desenhos sem necessidade do uso de
planilhas externas, atualização automática dos detalhes e desenhos de acordo com
alterações, quantitativos instantâneos, análise e determinação da localização ideal do
projeto levando em conta os impactos geográficos e sociais, cronograma muito
assertivo e ainda, uma execução minuciosa associando as atividades, recursos de
trabalho, localização de equipamentos e materiais com entregas associadas.
(GONÇALVES JUNIOR, 2019)

30
BIM é realidade, é evolução e seu uso ganha força no mercado a cada dia.
Não é preciso dizer que quem não estiver inserido nesse contexto, está
sujeito a maiores dificuldades com concorrentes. Felizmente, a maioria das
ferramentas computacionais específicas para projetos estão alinhadas com
esse conceito. No Brasil, por exemplo, a empresa catarinense AltoQi,
desenvolvedora de softwares como o Eberick e o QiBuilder, já possuem em
seus sistemas, a exportação em arquivos com extensão. (Gonçalves Junior,
2019)

2.7 BRASIL
De acordo com o estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI), o Brasil ainda não assimilou o conceito de Indústria 4.0, e ainda se encontra
em um processo de familiarização com a digitalização e seus impactos sobre a
competitividade no cenário nacional e mundial. (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA
INDÚSTRIA, 2016)
Em se tratando da internalização do conceito de smart city, Weiss,
Bernardes e Consoni trouxeram o seguinte questionamento: “como o conceito de
cidades inteligentes vem sendo aplicado pelas cidades brasileiras com vistas ao
estabelecimento de um novo modelo de gerenciamento das infraestruturas e dos
serviços públicos?” (2017, p. 2)
Para responder, trouxeram três cidades brasileiras com população acima
de um milhão de habitantes, conhecidas como cidades inteligentes nacional e
internacionalmente. São elas: Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba.
O Rio de Janeiro iniciou o projeto de se tornar uma cidade inteligente com
a implantação do centro de operações, em 2010. O Centro de Operações Rio (COR)
é um conjunto de órgãos que monitoram a cidade 24 horas por dia, a fim de gerenciar
crises por meio de antecipação, redução e preparação, como também responder
rapidamente às ocorrências, como chuvas fortes, deslizamentos, condições do mar,
tráfego, entre outros.
Porto Alegre segue a mesma linha do Rio de Janeiro, com um centro de
operações chamado Centro Integrado de Comando (CEIC), inaugurado em 2012, que
interliga diversos órgãos, como Guarda Municipal, Serviço Médico de Urgência
(SAMU), Defesa Civil, Brigada Militar, Polícia Militar, entre outros. Esse centro conta
com dezenas de câmeras de alta capacidade, com sensores de movimento por
infravermelho, e recursos de ampliação, que monitoram as regiões da cidade. Além
do monitoramento por câmeras, Porto Alegre conta com sinais semafóricos
inteligentes instalados nos principais cruzamentos viários da capital que, por meio de

31
laços indutivos instalados no chão, captam o fluxo dos automóveis e se alternam
automaticamente, acelerando o tempo de circulação em até 30% e reduzindo a taxa
de emissão de gases poluentes em até 7% (WEISS, BERNARDES, CONSONI, 2017,
p. 7)
Curitiba é uma cidade planejada, modelo para o país inteiro. É também um
modelo mundial de transporte, urbanização e respeito ao meio ambiente, considerada
uma das dez cidades mais inteligentes do mundo (WEISS, BERNARDES, CONSONI,
2017, p. 7). O destaque se dá pelo sistema viário e de transporte urbano muito
eficiente, além de um centro de monitoramento de segurança pública e um centro de
informações estratégicas.
As três capitais tem objetivos em comum para os próximos anos, tais como:
Implementação de prédios inteligentes; encurtamento das distâncias e mais avanços
nas formas de comunicação com os atores; sensoriamento e monitoração do sistema
de transportes público e do tráfego urbano; redução das emissões de CO2; maior
eficiência no fornecimento de serviços básicos (saúde, transportes, segurança e
educação) apoiados por sistemas modernos e integrados, mais inteligentes e
acessíveis a todos. Inclusão social e digital, mobilidade, educação, saúde, segurança,
uso racional dos recursos naturais e serviços aos cidadãos são os principais e mais
importantes desafios na materialização da cidade inteligente. (WEISS, BERNARDES,
CONSONI, 2017, p. 9)
O mercado da construção civil também segue as tendências que vem
atingindo a economia mundial. Em se tratando do Brasil, há muito o que se fazer em
relação à políticas públicas e iniciativas de mercado para que se incorpore, de fato, os
conceitos aqui abordados no cotidiano da indústria. A seguir, será descrita a
metodologia de trabalho empregada no desenvolvimento do presente trabalho e, no
Capítulo 4, será desenvolvida uma correlação entre as tecnologias advindas da
disseminação da Indústria 4.0 e sua aplicabilidade no ciclo de vida de um projeto.

32
3 METODOLOGIA DO TRABALHO

3.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo será relatado de que maneira foi consistida a pesquisa,
considerando o cenário, os sujeitos envolvidos na investigação e os instrumentos de
coleta de dados.

3.2 MÉTODO UTILIZADO


Tratou-se de uma pesquisa exploratória, com o objetivo de fornecer
informações e estabelecer as bases que levarão a estudos futuros.

Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o


problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-
se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento
de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto,
bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados
aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos casos, essas pesquisas
envolvem: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que
tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de
exemplos que “estimulem a compreensão”. (Selltiz et al., 1967, p. 63, apud
Gil, 2002).

Quanto ao método, referiu-se a uma pesquisa bibliográfica, que segundo


GIL (2002, p.59), “desenvolve-se ao longo de uma série de etapas, e depende de
muitos fatores como a natureza do problema, o nível de conhecimento que os
pesquisadores dispõem sobre o assunto, o grau de precisão que se pretende atingir
com a pesquisa, entre outros”.
Sendo assim, a pesquisa bibliográfica pode ser entendida como um
processo que envolve as etapas:
a) escolha do tema;
b) levantamento bibliográfico preliminar;
c) busca das fontes e leitura do material;
d) organização lógica do assunto; e
e) desenvolvimento escrito.

33
3.3 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS
As etapas seguidas para a elaboração do estudo serão abordadas a seguir:

3.3.1 Escolha do tema


A seleção do tema “Indústria 4.0 no Brasil” foi uma decisão tomada pelo
interesse em aprofundar os conhecimentos no que diz respeito às novas tecnologias
para a Indústria da Construção Civil, como forma de conhecimento das inovações que
o mercado vem trazendo e poder estar preparado para as mudanças que

3.3.2 Levantamento bibliográfico preliminar


Segundo GIL (2002, p.61), o levantamento bibliográfico preliminar
possibilita que a área de estudo seja delimitada e que o problema possa finalmente
ser definido. Ao longo desta fase, os estudantes podem acabar selecionando um plano
de estudo mais restrito que possibilita uma visão mais clara do tema de sua pesquisa
e portanto, o aprimoramento do problema de pesquisa.
Foram elaboradas pesquisas com palavras-chave relacionadas às novas
tecnologias na área da Indústria da Construção Civil, que já estão sendo utilizadas, e
também para encontrar estudos prospectivos, tendências e demais novidades que
serão desenvolvidas no setor.

3.3.3 Organização lógica do assunto


Após a leitura do material, seguiu-se para a organização lógica do trabalho,
que consiste na organização das ideias com o intuito de atender aos objetivos
formulados no início da pesquisa, expostos no capítulo 1. Nesta etapa, as fontes foram
selecionadas e organizadas para se iniciar a redação.

3.3.4 Ampliação do levantamento bibliográfico


Feito o levantamento bibliográfico preliminar, e após formulado o conteúdo
e suas delimitações, tornou-se necessário identificar as fontes capazes de fornecer
respostas adequadas à solução do problema proposto. Esta etapa é muito semelhante
ao levantamento bibliográfico preliminar, porém trata-se de uma etapa definitiva. O
método de pesquisa utilizado foi qualitativo, apoiando-se em pesquisas documentais,
teses e dissertações, análise de sites, livros e relatórios.

34
A pesquisa ocorreu de forma 100% online, por se tratar de um assunto bem
atual com escassa bibliografia disponível em bibliotecas. Segundo Gil (2002, p.75):

Os mecanismos de busca são os sistemas baseados no uso exclusivo de


programas de computador para a indexação das páginas da Web. Nesses
mecanismos, a pesquisa é feita por palavras-chave. Para isso, escreve-se a
palavra no quadro de busca e clica-se no ícone ou botão de busca que fica
ao lado do quadro. A seguir, aparecem os sites cujos conteúdos referem-se
às palavras-chave. Pode ocorrer que para uma única palavra digitada
apareçam centenas de milhares de sites relacionados. Isso significa que o
pesquisador precisa valer-se de múltiplos artifícios para fazer uma boa
pesquisa.

3.3.5 Aprofundamento do tema


Elaborada a pesquisa e definidas as principais fontes, foi realizada a leitura
do material, com o objetivo de identificar informações constantes e analisar a
consistência das mesmas para aprofundar o tema proposto.
“O estudo da literatura pertinente pode ajudar a planificação do trabalho,
evitar publicações e certos erros, e representa uma fonte indispensável de
informações, podendo até orientar as indagações.” (MARCONI; LAKATOS, 2003,
p.158).
Procurou-se apresentar o tema da maneira mais clara e objetiva possível
para facilitar o desenvolvimento do estudo. Nesta etapa, as tecnologias advindas da
ocorrência da Indústria 4.0 especificamente sobre a construção civil, foram abordados
com maiores detalhes.

3.3.6 Desenvolvimento escrito


O último estágio da pesquisa bibliográfica foi constituído pela redação do
relatório. De acordo com GIL (2002), não há regras fixas a respeito do procedimento
que é adotado nesta etapa, pois depende do estilo e objetivos de cada autor.

35
4 DESENVOLVIMENTO

O presente capítulo tem como objetivo abordar a conceituação do ciclo de


vida de um projeto, proposto pelo PMBOK, e apresentar uma correlação entre os
grupos de processos existentes no ciclo com as tecnologias introduzidas pela 4ª
Revolução Industrial, direcionadas para cada grupo, a fim de analisar a possível
contribuição dessas tecnologias no aumento da eficiência, eficácia e efetividade dos
projetos desenvolvidos na construção civil.
Eficiência e eficácia são termos muito utilizados quando se trata do sucesso
das organizações. De acordo com Rodrigo Batista de Castro, a eficiência está focada
nos meios, sem preocupação com os fins, inserindo-se nos processos, de forma a se
concentrar nos aspectos internos das organizações. Já a eficácia preocupa-se em
atingir os objetivos propostos, focando nos aspectos externos das organizações.
(EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2006)
Luiz Claudio Simões afirma que eficiência e eficácia são termos relevantes
para quaisquer projetos nas organizações, mas ressalta que é a aplicação da
efetividade que permite mudanças significativas e de longo prazo na melhoria de
qualidade de seus projetos. (ALÉM DA EFICIÊNCIA E EFICÁCIA: O GESTOR DE
PROJETOS E SUA EFETIVIDADE, 2018)
Idalberto Chiavenato, em seu livro “Recursos Humanos nas Empresas”
(1994, apud Castro, 2006) afirma que todas organizações devem ser analisadas,
concomitantemente, segundo o escopo da eficiência e da eficácia, conceituando-as
da seguinte maneira:

(...) eficácia é uma medida normativa do alcance dos resultados, enquanto


eficiência é uma medida normativa da utilização dos recursos nesse
processo. (...) A eficiência é uma relação entre custos e benefícios. Assim, a
eficiência está voltada para a melhor maneira pela qual as coisas devem ser
feitas ou executadas (métodos), a fim de que os recursos sejam aplicados da
forma mais racional possível (...) (Chiavenato, 1994, p. 70).

De acordo com Oliveira (2007, apud Simões, 2018), eficiência é a “medida


do rendimento individual dos componentes do sistema. (...) Refere-se à otimização
dos recursos utilizados para obtenção dos resultados”. Em relação à eficácia, o autor
diz que é a “medida do rendimento global do sistema. (...) Refere-se à contribuição
dos resultados obtidos para o alcance dos objetivos globais da organização”.

36
Mais abrangente e complexa que as definições de eficiência e eficácia é a
efetividade, pois seu conceito está relacionado ao desempenho das organizações.
Segundo Michaelis (apud Simões, 2018), o termo efetividade é “qualidade ou estado
do que é efetivo, ou seja, que produz ou é capaz de produzir o efeito pretendido.
Eficaz, eficiente. Capacidade de concretizar-se em efeitos reais”. Segundo Cohen e
Franco (1998, apud Simões, 2018), a efetividade é um indicador de sucesso de uma
organização, visto que ela determina o grau de abrangência da finalidade do projeto,
ou seja, mostra se houve ou não mudanças reais onde havia necessidade de
interferências.
Levando tais conceitos para o âmbito da construção civil, pode-se dizer
que, por exemplo, na concepção de um projeto para a construção de uma ponte,
atingir-se-á eficiência se forem utilizados da maneira mais racional possível os
recursos disponíveis (um estudo que apresente a estrutura com melhor custo-
benefício – metálica ou concreto, estaiada, treliçada, em arco etc., redução no
desperdício de materiais, planejamento adequado da alocação da mão-de-obra,
dentre outros); eficácia, se a obra for entregue no prazo, respeitando o orçamento
previsto e com qualidade de execução; e efetiva, se de fato ela estiver localizada em
um trecho onde haja necessidade da sua existência, mediante prévio estudo de
viabilidade, por exemplo.
Como mencionado no Capítulo 2, existem ferramentas essenciais
disponíveis ao gestor de projeto no que diz respeito ao alcance da efetividade e
conclusão dos objetivos. Um exemplo é o ciclo de vida de um projeto, descrito a seguir:

4.1 CICLO DE VIDA DO PROJETO


No Guia PMBOK, o ciclo de vida do projeto é “a série de fases pelas quais
um projeto passa, do início à conclusão”. (PMBOK, Parte I, pág 19, 2017) Todo projeto
tem um início e fim determinados e, portanto, um ciclo de vida pré-estabelecido. Ele
pode ser considerado a estrutura básica para o gerenciamento de um projeto. Deve
ser, necessariamente, flexível o suficiente para que possa se adaptar com a variedade
de fatores incluídos no projeto, e cabe à equipe de gerenciamento determinar qual
melhor ciclo de vida para o projeto a ser realizado.
De acordo com o Guia, existem cinco tipos de ciclo de vida: preditivo,
iterativo, incremental, adaptativo ou híbrido. O preditivo consiste na determinação de

37
escopo, prazo e custo de projeto ainda nas fases iniciais, com alterações durante o
projeto minuciosamente pensadas; no iterativo, determina-se o escopo nas fases
iniciais, mas os prazos e custos são normalmente modificados à medida que a equipe
de projeto estuda e entende o produto/serviço a ser elaborado; no incremental, a
entrega resulta de uma série de iterações que vão adicionando funcionalidades ao
longo de períodos determinados, sendo completa apenas no fim da última iteração;
no adaptativo, o escopo é detalhado e definido antes do início da primeira iteração, e
podem ser iterativos ou incrementais; e o híbrido é uma combinação entre o adaptativo
e o preditivo, onde os elementos do projeto que sejam conhecidos seguem o ciclo
preditivo e aqueles que estiverem em evolução seguem o ciclo adaptativo. (PMBOK,
Parte I, pág 19, 2017)

4.1.1 Grupo de processos de gerenciamento de projetos


Segundo Oscar Ciro Lopez, o ciclo de vida do projeto passa por cinco
grupos de processos de gerenciamento de projetos, que são: concepção/iniciação,
planejamento/definição, execução/implementação, monitoramento e controle e
encerramento. Tais etapas serão melhor detalhadas a seguir:

4.1.1.1 Grupo de processos de iniciação


No PMBOK, o grupo de processos de iniciação consiste “nos processos
realizados para definir um novo projeto ou uma nova fase de um projeto existente,
através da obtenção de autorização para iniciar o projeto ou fase” (PMBOK, Parte I,
pág 23, 2017).
Um projeto deve começar com questionamentos que envolvam a
identificação das necessidades, levando à definição clara e precisa do “problema” a
ser resolvido. Em se tratando da Indústria da Construção Civil, a “NBR 13531 –
Elaboração de projetos de edificações – Atividades técnicas” aborda, nessa fase
inicial, as atividades de levantamento de dados (informações jurídicas, legais,
programáticas e técnicas) com vistas a restringir possibilidades e limitar o
produto/serviço pretendido e briefing, que consiste no entendimento/captura dos
desejos/requisitos do cliente/usuário.
Deve-se realizar, nessa etapa, a análise de riscos, como parte da
fundamentação da futura escolha da alternativa que melhor se enquadre às

38
necessidades. A análise de risco consiste em um conjunto de atividades que
identificam os fatores de risco e avaliam seu possível impacto na execução do projeto
e define ações que devem ser executadas para maximizar os riscos positivos e reduzir
e/ou anular os riscos negativos. Ela deve ser constantemente utilizada, através do
monitoramento e da execução das atividades contingenciadas quando da execução
do projeto. (ALENCAR, A. J., 2005, SCHMITZ, E. A., 2005, apud LOPEZ, 2018)
Tendo definidas as intenções do cliente e levantados os dados, deve-se
comparar as soluções possíveis ao atendimento das necessidades, e selecionar
aquela que julga-se melhor. (LOPEZ, 2018)

4.1.1.2 Grupo de processos de planejamento


A segunda etapa consiste no desenvolvimento da solução técnica
selecionada na primeira fase, por meio do estudo preliminar (apresenta uma solução
preliminar de implantação, de acordo com os dados levantados anteriormente),
anteprojeto (consolidação dessa solução apresentada no estudo preliminar, com as
devidas correções, se necessárias), projeto legal (agregado ao anteprojeto, com os
documentos necessários à aprovação por parte dos órgãos públicos), projeto básico
(projeto completo, aglutinando todas as informações indispensáveis à elaboração de
um orçamento detalhado da obra, bem como a definição dos métodos construtivos e
dos referidos prazos de execução) e projeto executivo (conjunto de referências para
que seja possível executar com perfeição o estabelecido em projeto, como também a
avaliação dos custos, métodos construtivos e prazos determinados no projeto básico).
Tanto o projeto básico como o projeto executivo são compostos por planejamento dos
desenhos de engenharia e arquitetura, memoriais descritivos, especificações
técnicas, orçamento detalhado do projeto, análise de custos e cronograma detalhado
de projeto. (LOPEZ, 2018)
O orçamento compõe o planejamento dos custos e é a tradução do projeto
em termos econômicos e financeiros e apresenta o cálculo dos custos necessários à
execução da obra, que são a soma dos custos diretos (mão de obra, material,
equipamentos), custos indiretos (equipes de supervisão, despesas do canteiro de
obras, taxas etc.) e os impostos e lucro. Para sua elaboração, divide-se em três
etapas: estudo das condicionantes, que engloba o levantamento dos documentos
disponíveis, visitas a campo e consultas ao cliente; composição dos custos, onde se

39
levanta os valores unitários dos serviços e seus quantitativos e determinação do
preço, que é a soma da composição dos custos com o custo indireto e aplicação da
margem de lucro, obtendo-se o preço de venda. (MATTO, A. D., 2016, apud LOPEZ,
2018)
Além do orçamento, é indispensável o planejamento do tempo, que
consiste na elaboração detalhada de um cronograma, desenvolvido após um estudo
das atividades a serem executadas, visando estabelecer o tempo de duração e a
relação de precedência entre elas. Tal produto torna-se uma representação gráfica da
execução de um projeto, mostrando, de forma lógica, os prazos de execução de todas
as atividades necessárias à concretização do projeto. Ele é composto do cronograma
físico, que relaciona as atividades com o tempo de duração e precedência,
apresentando-as em barras horizontais e mostrando a folga entre uma atividade e
outra, do cronograma físico-financeiro, que relaciona as atividades com seu custo de
execução, por período de tempo e do cronograma de mão de obra, também chamado
histograma, que relaciona o número de operários disponíveis por atividade, por
período de tempo. (PRADO, D., 1998, MATTOS, 2010, LIMMER, C.V., 1997 e
MAYERLE, 2008, apud LOPEZ, 2018)

4.1.1.3 Grupo de processos de execução


De acordo com o PMBOK, o grupo de processos de execução se constitui
de “processos realizados para concluir o trabalho definido no plano de gerenciamento
do projeto para satisfazer os requisitos do projeto” (PMBOK, Parte I, pág 23, 2017).
Nessa etapa, a equipe deve-se concentrar na implementação da solução
apresentada no projeto executivo. Para sua concretização, divide-se em três etapas,
sendo elas: produção (materialização do produto/serviço concebido em projeto),
controle (medições e avaliações do que foi executado, comparando com o projeto) e
suprimento (atividades relacionadas ao abastecimento das frentes de trabalho,
envolvendo gestão de estoque, armazenagem etc). (AVILA, A. JUNGLES E., 2013,
apud LOPEZ, 2018)

4.1.1.4 Grupo de processos de monitoramento e controle


No Guia PMBOK, o grupo de processos de monitoramento e controle
consiste nos “processos exigidos para acompanhar, analisar e controlar o progresso

40
e desempenho do projeto, identificar quaisquer áreas nas quais serão necessárias
mudanças no plano, e iniciar as mudanças correspondentes” (PMBOK, Parte I, pág
23, 2017).
Tais processos devem ocorrer durante todo o ciclo de vida, mantendo
constante análise dos riscos levantados e comparando projeto e execução
frequentemente, não devendo ser consideradas atividades posteriores às de
execução (LOPEZ, 2018).
.
4.1.1.5 Grupo de processos de encerramento
Consiste na finalização das atividades e entrega do produto ao cliente.
Envolve a checagem de itens executados e aceitos, avaliação do projeto e da
execução e feedback do cliente. (LOPEZ, 2018)

4.1.2 Áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos


Os processos, segundo o Guia PMBOK, também são categorizados por
áreas de conhecimento, que são definidas por seus requisitos de conhecimento e
compostas por processos referentes às práticas, entradas, saídas, ferramentas e
técnicas. Ou seja, são conhecimentos que englobam atividades separadas por dez
áreas, que em conjunto resultam no objetivo proposto por cada área. São elas:

Gerenciamento da integração do projeto:


Envolvem a identificação, definição, combinação, unificação e coordenação
das atividades dos grupos de processos de gerenciamento de projeto, ou seja, são
aquelas atividades e/ou processos necessários à integração dos demais grupos,
podendo ser ilustrado na figura 2, apresentada a seguir:

41
Figura 2 - Gerenciamento da integração do projeto

Fonte: Business School Brasil, 2018.

Segundo Eduardo Montes, fundador do Escritório de Projetos, dentre


alguns processos do gerenciamento da integração do projeto, pode-se destacar o
desenvolvimento do termo de abertura do projeto, a gestão do conhecimento do
projeto, a realização do controle de mudanças e o encerramento de uma fase ou do
projeto, entre outras. (MONTES, 2017)

Gerenciamento do escopo do projeto


Asseguram que o projeto atenda a todo o trabalho necessário para que seja
entregue com sucesso através da elaboração de um escopo de trabalho, que consiste
numa descrição detalhada do produto ou serviço a ser executado e garante que o
projeto seja desenvolvido dentro das limitações pré-estabelecidas, sem fugir aos
propósitos previamente definidos.

Gerenciamento do cronograma do projeto


Garantem que o projeto seja entregue no prazo determinado por meio da
elaboração de um cronograma, com a definição, sequenciamento e estimativa de
duração das atividades e do controle do mesmo durante o tempo de existência do
projeto. (MONTES, 2017)

Gerenciamento dos custos do projeto


Envolvem o planejamento, estimativas, orçamentos e tudo que se relacione
com a garantia de que o projeto termine dentro do orçamento aprovado, sendo
constantemente monitorado durante do seu ciclo de vida.
42
Gerenciamento da qualidade do projeto
Auxiliam na aplicação da política de qualidade da organização nas etapas
de planejamento, gerenciamento e controle do projeto. Para isso, é necessário
identificar os requisitos e padrões de qualidade do projeto e documentar como se dará
a execução de tais atividades, monitorando-as e registrando os resultados, em busca
do atingimento da melhoria contínua de processos. (MONTES, 2017)

Gerenciamento dos recursos do projeto


Dizem respeito à identificação, aquisição e gerência dos recursos
necessários à conclusão efetiva do projeto, que correspondem à equipe, materiais,
equipamentos e infraestrutura. Em relação à gerência dos recursos, cabe à equipe
buscar o desenvolvimento das competências e interação dos membros, a fim de
aprimoramento do desempenho dentro das atividades do projeto, além da garantia de
disponibilidade dos recursos conforme o cronograma pré-estabelecido.

Gerenciamento das comunicações do projeto


De acordo com Montes (2017), a maioria dos problemas em projetos são
consequência da falha de comunicação. As atividades e processos do gerenciamento
das comunicações do projeto asseguram a qualidade das informações, mantendo-as
organizadas, atualizadas, gerenciadas, monitoradas e disponíveis às partes
interessadas durante a execução do projeto.

Gerenciamento dos riscos do projeto


Abrangem o planejamento, identificação e análise dos riscos e
planejamento e implementação de respostas, a fim de maximizar a exposição aos
riscos positivos e minimizar a exposição aos riscos negativos. (MONTES, 2017)

Gerenciamento das aquisições do projeto


Auxiliam na compra e aquisição de produtos, serviços ou resultados que
são externos à equipe de projeto, ou seja, gerenciam as terceirizações, identificam
fornecedores e mediam negociações, coordenam compras etc.

43
Gerenciamento das partes interessadas do projeto
Envolvem a identificação de pessoas, grupos ou organizações diretamente
afetadas pelo projeto, análise das expectativas dos envolvidos e desenvolvimento das
estratégias de gerenciamento do engajamento das partes, adequadas à efetividade
do projeto. (PMBOK, Parte I, págs 23 e 24, 2017)
A tabela apresentada na página seguinte elucida a relação entre os grupos
de processos de gerenciamento de projetos e as áreas de conhecimento e exemplos
de atividades que compõem esta relação:

44
Tabela 1 - Grupo de processos de gerenciamento de projetos e mapeamento das áreas de conhecimento
GRUPOS DE PROCESSOS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS
ÁREAS DE
Monitoramento e
CONHECIMENTO Iniciação Planejamento Execução Encerramento
controle
Gerenciamento da Desenvolver o Desenvolver o plano de gerenciamento Orientar e gerenciar o Monitorar e controlar o Encerrar o projeto
integração do projeto termo de abertura do projeto trabalho do projeto; trabalho do projeto; ou fase
do projeto Gerenciar o Realizar o controle
conhecimento do integrado de mudanças
projeto
Gerenciamento do Planejar o gerenciamento do escopo; Validar o escopo;
escopo do projeto Coletar os requisitos; Controlar o escopo
Definir o escopo;
Gerenciamento do Planejar o gerenciamento do Controlar o cronograma
cronograma do cronograma;
projeto Definir as atividades;
Sequenciar as atividades;
Estimar a duração das atividades;
Desenvolver o cronograma
Gerenciamento dos Planejar o gerenciamento dos custos Controlar os custos
custos do projeto
Gerenciamento da Planejar o gerenciamento da qualidade Gerenciar a Controlar a qualidade
qualidade do projeto qualidade
Gerenciamento dos Planejar o gerenciamento dos Adquirir recursos; Controlar os recursos
recursos do projeto recursos; Desenvolver a
Estimar o recurso das atividades equipe;

45
Gerenciar a equipe
Gerenciamento das Planejar o gerenciamento das Gerenciar as Monitorar as
comunicações do comunicações comunicações comunicações
projeto

Gerenciamento dos Planejar o gerenciamento dos riscos; Implementar Monitorar os riscos


riscos do projeto Identificar os riscos; respostas aos riscos
Realizar a análise quantitativa dos
riscos;
Planejar as respostas aos riscos

Gerenciamento das Planejar o gerenciamento das Conduzir as Controlar as aquisições


aquisições do projeto aquisições aquisições
Gerenciamento das Identificar as Planejar o engajamento das partes Gerenciar o Monitorar o
partes interessadas partes interessadas engajamento das engajamento das partes
do projeto interessadas partes interessadas interessadas
Fonte: Adaptado de PMBOK, 2017.

46
4.2 EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Em se tratando da evolução das tecnologias na construção civil ao longo
dos anos, Eder Santin, autor do livro “História, desenvolvimento e tecnologia na
construção civil em São Paulo” afirma que:

Se considerarmos que a tecnologia envolve o estudo e domínio dos


processos, métodos, materiais, equipamentos e capacitação profissional de
uma atividade humana, podemos dizer que inovação é uma característica
natural e necessária na construção civil, sendo responsável por sua constante
evolução. (SANTIN, 2018, apud ARAMES, 2018)

São dois os principais motivos pelos quais as empresas do ramo de


Engenharia Civil buscam novas tecnologias: racionalização e industrialização. A
racionalização está relacionada à otimização da mão de obra e dos materiais
disponíveis, bem como redução dos impactos ambientais e geração de resíduos.
(BELGO BEKAERT, 2018). Ou seja, racionalização está diretamente envolvida com a
busca por uma maior eficiência na construção civil. Já a industrialização está ligada,
principalmente, à busca por um fortalecimento do controle de qualidade,
rastreabilidade e especialização da mão de obra.
Em relação ao avanço das tecnologias, Santin afirma:

Nos últimos 25 anos, acompanhando a globalização, o leque de materiais e


de tecnologias se ampliou bastante, principalmente por meio da construção
seca – que envolve a industrialização de componentes fora da obra –
sistemas de formas (para concreto), estruturas mistas (concreto e aço) e
sistemas prediais cada vez mais sofisticados. (SANTIN, 2018, apud
ARAMES, 2018)

São exemplos de tecnologias que surgiram ao longo dos anos: imagens


georreferenciadas para a preparação do terreno; ensaios em laboratórios para estudo
dos solos; estacas para fundações profundas, como a hélice contínua e estaca raiz; o
concreto pré-fabricado como elemento estrutural, popularizado nas décadas de 1980
e 1990, bem como o surgimento do concreto auto adensável e a construção em aço
(steel frame); as divisórias de gesso acartonado (drywall) e os painéis de concreto pré-
moldado como fechamento; a argamassa projetada, utilizada na aplicação de
acabamentos, dentre outras. (ARAMES, 2018)
Com o advento da Indústria 4.0, diversas outras tecnologias vêm
emergindo no cenário da construção civil, auxiliando consideravelmente na gestão da
obra. Elas atendem a todos os grupos de processos do ciclo de vida proposto pelo
47
PMBOK. O presente trabalho apresentará, a partir de agora, ferramentas que
contribuem com o melhoramento da gestão e, para ilustrar o que será descrito a
seguir, apresenta-se a figura 3, que correlaciona as tecnologias advindas da 4ª
Revolução Industrial com o Grupo de Processo do Guia PMBOK em que podem ser
utilizadas para contribuir com o melhoramento das atividades.

Figura 3 - Tecnologias relacionadas aos Grupos de Processos

Fonte: dos Autores, 2019.

4.2.1 BIM
Conforme mencionado no item 2.6.7 do presente trabalho, o BIM é uma
ferramenta que agrega todas as etapas da elaboração de um projeto, fornecendo
informações detalhadas sobre cada uma delas e permitindo a compatibilização dos
processos que o compõem. Por conta disso, diversas das tecnologias que vêm
surgindo na Indústria da Construção Civil utilizam o BIM como parte integrante da sua
funcionalidade.
48
A implementação do BIM demanda um investimento para novas habilidades e
recursos de mão-de-obra de todos os profissionais envolvidos no empreendimento,
como a proposta é manter tudo conectado e compatibilizado, se faz necessário
planejar em conjunto. Dessa forma, toda a cadeia de profissionais deve estar ajustada
ao novo método.
Figura 4 – Cadeia de profissionais

Fonte: AltoQi, 2019.

“Sua aplicação, gestão e uso das informações do modelo, proporciona diversos


usos além do projeto, como planejamento, orçamento, sustentabilidade e operação
das edificações.” (GONÇALVES JUNIOR, 2019)
O BIM interfere em variados momentos do ciclo de vida de uma edificação, para
compreender de forma didática a sua amplitude em todo o ciclo da indústria da
construção, pode-se apresentar as definições a seguir.
O BIM 2D, para representação ou documentação de pranchas, detalhando
desenhos tradicionais em duas dimensões, com pranchas e detalhes. Em modelo
paramétrico 3D, gerando um protótipo virtual da edificação, possibilitando assim, uma
análise da interferência entre os elementos, antecipando imperfeições e trazendo
soluções para uma execução mais assertiva. O conceito 4D associa o modelo
elaborado anteriormente ao cronograma da obra, vinculando tarefas ao tempo e
concebendo um planejamento visual de andamento da obra, permitindo a todos os
profissionais acompanhar o avanço físico de cada etapa em tempo real. Após associar
o modelo projetado ao planejamento, na definição de BIM 5D, pode-se adicionar aos
elementos informações dos custos da obra, evitando surpresas e contando com

49
informações pertinentes para auxiliar na tomada de decisões. Com um modelo rico
em informações, o BIM 6D trata da sustentabilidade durante o processo de concepção
de um edifício avaliando os resultados e o impacto técnico e financeiro de forma rápida
e econômica. Por fim, o BIM 7D concebe informações de término de obra, facilitando
a possibilidade de manutenções, verificação de equipamentos, garantia de fabricantes
e especificações técnicas. Dessa forma, os gestores da edificação podem
compartilhar informações com empresas que prestam serviços mesmo após o fim da
obra. (GONÇALVES JUNIOR, 2019)
Algumas limitações dificultam a adoção do BIM, como por exemplo a
necessidade de investimento em softwares e computadores de alto desempenho;
investimento em capacitação profissional, especialização em projetos BIM; tempo de
adaptação para obtenção dos benefícios desse novo conceito de trabalho; e revisão
profunda nos projetos tradicionais que são entregues em desenhos CAD 2D
elaborados de maneira sequencial e procrastinada, onde podem haver
inconsistências, desde ineficiência de compatibilização até relatórios de quantitativos
inexatos.
Contudo, a adesão ao BIM se justifica por inúmeras razões, segundo
Gonçalves Junior, pode-se citar algumas:

 Diferencial competitivo entre os atores envolvidos (projetistas,


construtoras, empresas de manutenção, entre outros);
 Projeto totalmente integrado e de maior qualidade, com intercâmbio de
informações entre todas as disciplinas envolvidas;
 Previsibilidade de custos mais assertiva.
 Permite simular soluções para avaliação da eficiência energética,
sustentabilidade e retrofit com maior assertividade;
 Conceito já aplicado e consolidado em outros países.
 Grande aplicabilidade em obras públicas
 Os projetos se tornam mais completos e precisos em suas
especificações, documentações, orçamentos e quantitativos. As informações
atendem a todo o ciclo de vida da edificação projeto – construção –
manutenção – demolição. (Gonçalves Junior, 2019)

4.2.2 Drones
Os drones, que são veículos aéreos não tripulados e controlados à
distância, por controle remoto, que podem ser muito benéficos no mapeamento da
área a ser construída, como parte do estudo inicial de um empreendimento. Com tal
tecnologia, pode-se registrar por vídeo e fotos toda a área a ser analisada, úteis para
simular projetos em cima de tais imagens. Utilizam-se os drones também para

50
comandar veículos autônomos, por meio de ferramenta mobile. O equipamento
permite fazer estudos de nivelamento, que dão uma visão da movimentação de terra
no terreno, podendo ser útil no grupo de processos de iniciação. (SIENGE, 2019)
A maior aplicabilidade dos drones na construção civil está no auxílio ao
monitoramento no canteiro de obras. Tal equipamento possibilita a inspeção em locais
altos, de difícil acesso, substituindo a ação humana, reduzindo os riscos com
acidentes de trabalho e os custos com equipamentos de proteção individual e
coletivos, guindastes, cordas etc.
Figura 5 - Uso de drones no canteiro de obras

Fonte: CELERE, 2019.

Os drones também são úteis na fiscalização no dia a dia do andamento da


obra. Com ele é possível monitorar a produtividade dos funcionários, a adequação
dos mesmos com os equipamentos de segurança, racionalizando o uso de recurso
humano para tal finalidade, podendo otimizar a mão de obra em outra atividade.
Assim como o monitoramento diário do andamento da obra, através do
drone é possível fazer registros fotográficos e de filmagem quando do encerramento
da mesma, utilizando tais imagens como ferramenta de auxílio nas vendas do
empreendimento, por exemplo.

51
4.2.3 Realidade aumentada
Em relação ao grupo de processos de iniciação, pode-se utilizar a realidade
aumentada para apresentar ao cliente uma amostragem digital de como ficará a obra,
após concluída. No caso de uma reforma, a tecnologia permite que o cliente visualize
o resultado final dentro do ambiente físico que a reforma será executada. Um exemplo
é o aplicativo Augment, que projeta, através de um tablet, uma imagem 3D de uma
planta baixa impressa, em escala correta, possibilitando uma melhor visualização do
projeto, sem custos com prototipagem, por exemplo.
Já o uso de realidade aumentada quando da execução da obra proporciona
uma visão mais exata do que será construído. Por meio de plantas 3D e hologramas,
é possível compreender melhor o projeto, facilitando sua execução. Pode-se citar
como exemplos de tecnologias:

4.2.3.1 AR Sketchwalk
É uma ferramenta que permite, através de um tablet, posicionar o croqui no
plano onde será executado (no terreno, por exemplo) e percorrê-lo, observando como
ficará após realizado.

Figura 6 – AR Sketchwalk para novas habitações

Fonte: TECH PLUS Expo, 2019.

52
Figura 7 – AR Sketchwalk para reformas

Fonte: TECH PLUS Expo, 2019.

4.2.3.2 DAQRI Smart Helmet


É um capacete que permite que o usuário acesse ao modelo BIM através
da viseira e possa enxergar o projeto no campo de visão. Com ele, é possível
visualizar os canos de água, as caixas elétricas, a estrutura de aço etc., facilitando a
detecção de erros e a tomada de decisão do engenheiro in loco.

Figura 8 – DAQRI Smart Helmet

Fonte: AUTODESK, 2017.

53
Figura 9 – Realidade aumentada através do DAQRI Smart Helmet

Fonte: AUTODESK, 2017.

4.2.3.3 GAMMA AR
Seguindo a mesma ideia de visualizar o modelo BIM no canteiro de obras,
o aplicativo GAMMA AR permite que o usuário compare a realidade da obra com o
projeto.
Figura 10 – GAMMA AR

Fonte: ARV, 2019.

4.2.3.4 Fologram
Através de um óculos de realidade aumentada, como por exemplo o
Microsoft HoloLens, o programa transforma modelos 3D virtuais em instruções de
construção em tamanho real. Ou seja, projeta no ambiente a ser construído o método
para execução da estrutura.

54
Figura 11 – Instrução de construção de uma parede com Fologram

Fonte: ARV, 2019.

4.2.4 Big Data


Big data é o termo em inglês para “grandes dados” e se refere a um
conjunto imenso de conteúdo disponível digitalmente no mercado, que serve como
base para a tomada de decisões. Dentre suas aplicabilidades, pode-se destacar a
otimização de projetos, sendo importante ferramenta para o grupo de processos de
planejamento, pois a união de informações entre o histórico de dados disponíveis na
organização e as disponíveis via web permite que a equipe faça previsões e identifique
as melhores alternativas e o aumento da eficiência do projeto, pois o uso de
equipamentos que contam com sistemas inteligentes para interpretação de dados
geram informações mais precisas e confiáveis, tornando mais estreita a relação entre
o que foi projetado versus o que foi executado.

4.2.5 Inteligência artificial


Para que os dados estejam disponíveis para análise no Big data é
necessário que sistemas inteligentes coletem-nos. No início dos anos 2000 foram
criados mecanismos de buscas que localizavam informações relevantes nos
conteúdos textuais disponíveis na World Wide Web, tais como o Google e o Hadoop.
Atualmente, o Hadoop tem sido visto como uma grande plataforma de dados, com
armazenamento a baixo custo, capaz de lidar com volumes de dados variados e
executar algoritmos analíticos. (SAS, 2019) Uma aplicação dos algoritmos analíticos
é o sistema de recomendação online, como os utilizados pelo Facebook, Netflix,
LinkedIn etc., que analisam grandes quantidades de dados e preveem preferências
do usuário antes que ele saia da página.

55
Outros conceitos que envolvem o processamento de dados são Machine
Learning e Deep Learning. Machine Learning é uma forma de inteligência artificial que
confere maior precisão às aplicações de software, criando algoritmos que aprendem
a ler e compreender novos textos e usando análise estatística para a determinação
de respostas dentro de uma gama finita de possibilidades. (SANTO DIGITAL, 2019)
Tal comportamento pode ser supervisionado, ou seja, as informações submetidas à
máquina são inseridas por humanos e o feedback do resultado por ela entregue
também ou não supervisionado, que utiliza o recurso do Deep Learning para revisar
informações e gerar resultados.
Deep Learning é um recurso que simula o aprendizado dos humanos e
confere à máquina a capacidade de compreensão de uma nova informação, eximindo
a necessidade de inserção de novas informações e feedbacks por parte de um
humano.

4.2.6 Softwares de gestão


Com o avanço das tecnologias vem surgindo diversos mecanismos de
gestão, que auxiliam todos os setores das organizações. Em se tratando do
planejamento, softwares como a plataforma Sienge entregam ao cliente toda a
estrutura necessária para a elaboração dos orçamentos, gestão dos suprimentos,
compras, vendas e relacionamento com os clientes, financeiro e controle de
qualidade. Separado por módulos, pode ser composto de acordo com a necessidade
do usuário (SIENGE, 2019)
Outros softwares encontram-se disponíveis no mercado e auxiliam a equipe
de projeto na elaboração do planejamento, como o “Cote Aqui”, que auxilia o usuário
na tomada de decisão quanto à escolha dos fornecedores para compras; o “Gerencia
Obra”, que, em relação ao planejamento, auxilia o usuário na elaboração do
orçamento, cadastro de fornecedores, financeiro, gestão de suprimentos, análogo ao
método do Sienge.

4.2.7 Impressão 3D
Ainda pouco difundida na indústria da construção civil, a impressão 3D
consiste na criação de um objeto tridimensional, camada por camada, a partir de sua
projeção digital. O objetivo de tal inovação é agilizar o processo de execução e

56
montagem de peças, tornando-se uma ferramenta de grande utilidade no grupo de
processos de execução. (ALTO QI, 2019)
Segundo Adriana Pacheco (ALTO QI, 2019), diversos estudos têm trazido
resultados significativos para o mercado da construção. Segundo ela:

Nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia,


desenvolveram a tecnologia “Contour Crafting” onde uma impressora
tridimensional que se movimenta em uma estrutura de trilhos é capaz de
construir casas em menos de 24 horas utilizando argamassa. Na Itália,
impressoras 3D já produzem casas populares utilizando lama e fibras como
material base. A empresa chinesa WinSun foi pioneira na construção tendo o
primeiro prédio do mundo com peças elaboradas em uma impressora 3D,
sendo que já tinha realizado anteriormente a façanha de imprimir dez casas
em menos de 24 horas, reutilizando material excedente de outras obras.
(PACHECO, 2019, apud ALTO QI, 2019)

O maior desafio para a aplicação da impressão 3D em larga escala no


canteiro de obras é o forte investimento em estrutura de apoio, que envolve a
qualificação da mão de obra para operação das máquinas e o transporte e
armazenamento das mesmas.

Figura 12 – Construção com concreto para impressão 3D

Fonte: PINI, 2016.

57
Figura 13 – Execução de casa em 24 horas com impressão 3D

Fonte: SWINBURNE UNIVERSITY OF TECHNOLOGY, 2018.

4.2.8 Gerenciamento de projetos em obra - ConstruCODE


Ainda dentro do grupo de processos de execução, o ConstruCODE é um
aplicativo que transforma os projetos – que normalmente são impressos e colados nas
paredes da obra, para facilitar a visualização por parte dos funcionários – em etiquetas
QR CODE. Os projetos devem ser divididos em trechos e seus arquivos inseridos no
aplicativo, que gera uma etiqueta, a ser impressa e coladas na posição desejada
dentro do canteiro. Com um smartphone ou tablet, o colaborador acessa ao arquivo e
suas informações.

4.2.9 Sensores vestíveis


Como produto da Internet das Coisas, os sensores vestíveis foram
pensados para monitorar os funcionários, auxiliando na garantia da segurança. Tais
equipamentos podem ser acoplados aos capacetes para monitorar e informar riscos
de impactos; em uniformes, para avaliar a frequência cardíaca e reduzir ocorrência de
estresse ou ataques cardíacos e até relógios, para monitorar a temperatura corporal,
com o propósito de evitar a exaustão térmica. A figura 13 mostra um dispositivo que
monitora a presença de monóxido de carbono no ar e avisa o usuário, sendo útil para
evitar acidentes, visto que a intoxicação por monóxido de carbono é silenciosa. (AIZA,
2018)

58
Figura 14 – Monitor de monóxido de carbono acoplado no capacete

Fonte: AIZA Engenharia, 2018.

Outro exemplo de grande utilidade para a Engenharia Civil foi o


desenvolvimento de sensores acoplados a coletes que enviam sinais aos veículos
utilizados em execuções de estradas rodoviárias, como por exemplo rolos
compactadores e motoniveladoras. O equipamento, desenvolvido pela Virginia Tech,
nos Estados Unidos, chamado colete de segurança InZoneAlert, utiliza sistemas
dedicados de comunicação de curto alcance (DSRC) que alertam ao usuário do colete
e ao equipamento a presença um do outro, a fim de evitar acidentes, como
atropelamentos.

Figura 15 – Colete de segurança InZoneAlert

Fonte: ENGINEERING NEWS-RECORD, 2015.

4.2.10 Aplicativos de comunicação


A fim de estreitar o relacionamento e troca de informações em tempo hábil
entre escritório e canteiro de obras, surgiram ferramentas de gestão que integram
59
dados do projeto com informações adicionadas pelos usuários, durante o dia a dia da
execução da obra. Uma delas é o Construct App. Através da interface, todos os
envolvidos no projeto conseguem se comunicar, acompanhar o andamento da obra,
priorizar atividades, compartilhar mudanças no cronograma, alocar tarefas, dentre
outras atividades. Além disso, é possível fazer o registro fotográfico da obra, monitorar
a produtividade e gerar relatórios. Grandes construtoras, como a Tecnisa, responsável
pela execução do Jardim das Perdizes, em São Paulo, primeiro bairro sustentável
certificado na América Latina, utiliza a ferramenta para gestão completa das obras, e
relata que é notória a redução no tempo despendido com reuniões, compatibilização
de informações e tomada de decisões. (CONSTRUCT APP, 2019)
Outras ferramentas de gestão apresentam propostas semelhantes, como o
“Gerencia Obra”, e o Sienge, já citado no item 4.2.6.

4.3 PERFIL DO PROFISSIONAL PÓS-INDÚSTRIA 4.0


Com o avanço exponencial da tecnologia, é indiscutível que, nos próximos
anos, haja um aumento do uso de máquinas em detrimento da produção manual
utilizada na indústria da construção civil atualmente. O mercado exigirá, cada vez
mais, que os profissionais possuam habilidades multidisciplinares.
A necessidade de tais mudanças já vem sendo notada pelas universidades
e, em abril do presente ano foi homologado o parecer do Conselho Nacional de
Educação, por meio da Câmara de Educação Superior, que estabelece novas
diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em engenharia.
Segundo o CNE/CES:

O novo engenheiro deve ser capaz de propor soluções que sejam não apenas
tecnicamente corretas, ele deve ter a ambição de considerar os problemas
em sua totalidade, em sua inserção numa cadeia de causas e efeitos de
múltiplas dimensões. Não se adequar a esse cenário procurando formar
profissionais com tal perfil significa atraso no processo de desenvolvimento.
(CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2001)

Além disso, os profissionais devem se adaptar às novas interações entre


homem-máquina, que estão deixando de ser uma mera operabilidade de botões para
uma relação quase que horizontal entre ambos. A tecnologia vem alterando também
a rotina de trabalho. Com a disseminação dos sistemas de big data as informações
podem ser acessadas de qualquer lugar, quebrando os limites físicos antes existentes,

60
onde as informações se limitavam aos escritórios das empresas. Isso traz vantagens
relevantes, pois o trabalho pode ser executado sem fronteiras – o que vem
acontecendo em grandes empresas internacionais, que utilizam o fuso horário de
diferentes países para manter o andamento do trabalho constante – mas que devem
ser geridas cuidadosamente, para que haja equilíbrio entre a rotina profissional e
pessoal.
Cabe aos empresários, gerentes de projetos e equipes de trabalho
buscarem a melhoria contínua dos processos, aliando tecnologias aos métodos
convencionais, em busca de maior qualidade e segurança na execução das obras,
atingindo assim, cada vez mais, a eficiência, eficácia e efetividade na Engenharia Civil.

61
5 CONCLUSÃO

É iminente que a 4ª Revolução Industrial gerará impactos significativos no


modo de produção da Indústria da Construção Civil, como o aumento da eficiência no
uso dos recursos disponíveis, a mudança na forma de levantamento de dados e a
própria forma de execução dos processos, com expressiva introdução de máquinas
com inteligência artificial nas ações hoje executadas por humanos. Haverá expressiva
transformação também na gestão empresarial, especialmente no que diz respeito à
estratégia de implementação das novas tecnologias, que exigirá cooperação entre
todos os setores das empresas, mas, principalmente, entre as áreas de tecnologia da
informação e a execução das obras (aqueles presentes no canteiro de obras).
Tal avanço tecnológico resulta em um ambiente de negócios cada vez mais
dinâmico e acelerado, no que diz respeito às mudanças. Para que se mantenham
competitivas no mercado, as empresas precisam adotar um efetivo gerenciamento de
projetos. Para isso, tecnologias que alcançam todos os grupos de processo do
gerenciamento de projetos estão emergindo, sendo de grande importância para
auxiliar a execução das tarefas do ciclo de vida do projeto, como foi mencionado no
presente trabalho, que cumpriu seu objetivo, apresentando algumas das ferramentas
que vão colaborar com o aumento da eficiência, eficácia e efetividade dos projetos
desempenhados pela Indústria da Construção Civil nos próximos anos.
Como sugestão de continuidade, pode-se explorar o item 4.3, que aborda
de maneira sucinta a necessidade de mudança no perfil do profissional que atuará na
Indústria da Construção Civil nos próximos anos, exigido pelos preceitos que a
Indústria 4.0 vem trazendo, quebrando os paradigmas da formação trazida pelas
universidades atualmente, que deverá passar de um profissional focado nos
conhecimentos advindos da sua formação para a adoção de um perfil multidisciplinar.

62
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