Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INDÚSTRIA 4.0:
TECNOLOGIAS EMERGENTES NO CENÁRIO DA CONSTRUÇÃO CIVIL E SUAS
APLICABILIDADES
Palhoça
2019
ANA PAULA SANTOS BARDUCCO
BEATRIZ MARQUES CONSTÂNCIO
INDÚSTRIA 4.0:
TECNOLOGIAS EMERGENTES NO CENÁRIO DA CONSTRUÇÃO CIVIL E SUAS
APLICABILIDADES
Palhoça
2019
2
Dedicamos este trabalho aos nossos pais,
Luciana, Humberto, Patrícia e Salésio,
nossos principais colaboradores e
incentivadores.
4
AGRADECIMENTOS
Aos nossos amados pais e irmãos, que com muito carinho e apoio não
mediram esforços para que chegássemos até esta etapa da nossa vida.
Aos nossos amigos pelas alegrias, tristezas e dores compartilhadas.
Ao nosso orientador e também coordenador do curso, pela paciência na
orientação e incentivo que tornaram possível a nossa formação.
A todos aqueles que de alguma forma estiveram e estão próximos de nós,
fazendo esta vida valer cada vez mais a pena.
5
“Para se ter sucesso, é necessário amar de verdade o que se faz. Caso
contrário, levando em conta apenas o lado racional, você simplesmente desiste. É o
que acontece com a maioria das pessoas." (Steve Jobs, 2007)
6
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo explorar a contribuição das tecnologias da Indústria
4.0 no ciclo de vida dos projetos da construção civil. O estudo foi realizado por meio
de uma pesquisa exploratória, e o método refere-se a uma pesquisa bibliográfica. A
Indústria 4.0 se caracteriza pela introdução de evoluções tecnológicas no mercado,
tais como a computação em nuvem, automação, realidade virtual e realidade
aumentada, modelagem 3D, aplicativos para comunicação e o BIM – Modelagem da
Informação da Construção. O Brasil ainda se encontra em processo de familiarização
com a digitalização e seus impactos no conceito de Indústria 4.0. O ciclo de vida de
um projeto são as fases pelas quais um projeto passa, do início à sua conclusão,
passando por iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle e
encerramento. As empresas do ramo de Engenharia Civil buscam novas tecnologias
por conta da otimização da mão de obra e dos materiais, redução dos impactos
ambientais e geração de resíduos, assim como pelo fortalecimento do controle de
qualidade, rastreabilidade e especialização da mão de obra. A partir do estudo
realizado pode-se concluir que a mais recente revolução industrial gerará impactos
significativos na produção e acarretará em transformações na gestão empresarial,
primeiramente na estratégia para implementar tecnologias, onde se fará necessária a
cooperação entre as áreas de tecnologia da informação e produção, e em seguida, na
adoção dessas tecnologias, onde as empresas irão desenvolver e/ou aperfeiçoar os
seus modelos de negócio.
7
ABSTRACT
The purpose of this Project was to explore the contribution of technologies of Industry
4.0 on the life cycle of civil construction projects. The study was done through
exploratory research using a literature review methodology. Industry 4.0 is
characterized by the introduction of technological evolutions on the market, such as
cloud computing, automation, virtual reality and augmented reality, 3D modeling,
communication apps and BIM – Building Information Modeling. Brazil is still adapting
to digitization and its impact on the Industry 4.0 concept. The life cycle of a project
represent the phases a project goes through from beginning to end, including initiation,
planning, execution, monitoring, and control and closing. Civil Engineering companies
look for new technologies to optimize labor and materials, reduce environmental
impact and residues, as well as strengthening quality control, tracking, and labor
specialization. Based on the study, it can be conclued that the most recent industrial
revolution will significantly impact production and will bring about entrepreneurial
transformation, firstly in strategies to implement technologies, where cooperation
between information technology and production will be necessary, and then in adopting
these technologies, where companies will develop and/or perfect their business
models.
Key words: Industry 4.0; Civil construction; Cloud computing; automation; Virtual
reality; Augmented reality; 3D modeling; Communication apps; BIM; Life cycle; Civil
Engineering.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
9
LISTA DE TABELAS
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13
1.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 15
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 15
1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 15
1.4 LIMITAÇÕES ..................................................................................................... 16
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................... 16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 17
2.1 INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................. 17
2.2 GERÊNCIA DE PROJETO SEGUNDO O PROJECT MANAGEMENT BODY OF
KNOWLEDGE ........................................................................................................... 18
2.3 INDÚSTRIA 4.0 ................................................................................................. 21
2.4 INTERNET DAS COISAS .................................................................................. 23
2.5 SMART CITIES.................................................................................................. 25
2.6 TENDÊNCIAS ................................................................................................... 26
2.6.1 Computação em nuvem ................................................................................ 27
2.6.2 Integração na Indústria 4.0 – Automação ................................................... 27
2.6.3 Realidade virtual e realidade aumentada .................................................... 28
2.6.4 Modelagem 3D ............................................................................................... 29
2.6.5 Aplicativos para comunicação ..................................................................... 29
2.6.6 BIM.................................................................................................................. 29
2.7 BRASIL .............................................................................................................. 31
3 METODOLOGIA DO TRABALHO ....................................................................... 33
3.1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 33
3.2 MÉTODO UTILIZADO ....................................................................................... 33
3.3 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS .............................................................................. 34
3.3.1 Escolha do tema ............................................................................................ 34
3.3.2 Levantamento bibliográfico preliminar ....................................................... 34
3.3.3 Organização lógica do assunto ................................................................... 34
3.3.4 Ampliação do levantamento bibliográfico .................................................. 34
3.3.5 Aprofundamento do tema............................................................................. 35
3.3.6 Desenvolvimento escrito .............................................................................. 35
11
4 DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 36
4.1 CICLO DE VIDA DO PROJETO ........................................................................ 37
4.1.1 Grupo de processos de gerenciamento de projetos.................................. 38
4.1.1.1 Grupo de processos de iniciação.................................................................. 38
4.1.1.2 Grupo de processos de planejamento .......................................................... 39
4.1.1.3 Grupo de processos de execução ................................................................ 40
4.1.1.4 Grupo de processos de monitoramento e controle ....................................... 40
4.1.1.5 Grupo de processos de encerramento ......................................................... 41
4.1.2 Áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos ........................... 41
4.2 EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................. 47
4.2.1 BIM.................................................................................................................. 48
4.2.2 Drones ............................................................................................................ 50
4.2.3 Realidade aumentada ................................................................................... 52
4.2.3.1 AR Sketchwalk.............................................................................................. 52
4.2.3.2 DAQRI Smart Helmet ................................................................................... 53
4.2.3.3 GAMMA AR .................................................................................................. 54
4.2.3.4 Fologram....................................................................................................... 54
4.2.4 Big Data.......................................................................................................... 55
4.2.5 Inteligência artificial ...................................................................................... 55
4.2.6 Softwares de gestão ..................................................................................... 56
4.2.7 Impressão 3D ................................................................................................. 56
4.2.8 Gerenciamento de projetos em obra - ConstruCODE ................................ 58
4.2.9 Sensores vestíveis ........................................................................................ 58
4.2.10 Aplicativos de comunicação ........................................................................ 59
4.3 PERFIL DO PROFISSIONAL PÓS-INDÚSTRIA 4.0 ......................................... 60
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 62
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63
12
1 INTRODUÇÃO
13
a inserção de maquinário e gera crescimento para o setor por meio de recursos
diferentes das soluções tradicionais. (ACCENTURE RESEARCH, 2018)
Entende-se por inteligência artificial o ramo da ciência da computação que
tem por finalidade elaborar dispositivos que simulam a inteligência humana, ou seja,
máquinas que aprendem com experiências, que se ajustam a partir de consequentes
entradas de dados e realizam atividades em semelhança com aquelas desenvolvidas
por seres humanos. (SAS, 2018)
Para que se consiga acompanhar as mudanças que estão ocorrendo no
mercado da construção civil é necessário observar o que a tecnologia tem
apresentado ao setor, adequar tais informações, ferramentas e métodos aos
processos construtivos e, principalmente, ser resiliente para se adaptar às
transformações que a indústria vem passando. Essa é uma das áreas mais
beneficiadas por inovações que auxiliam na redução de custos por meio da
automação dos processos.
Estima-se que, num futuro breve, seja possível automatizar o canteiro de
obras, utilizando ferramentas como o BIM, drones e novos materiais, máquinas ao
invés de trabalho braçal, softwares no lugar das pranchetas e soluções tecnológicas
robustas em substituição às ferramentas pesadas. Além disso, o controle de todas as
etapas da obra se dará por meio de aplicativos com interface simples e baseada na
realidade aumentada. (LIMA, 2017)
Porém, sem a Internet das Coisas (IoT), o canteiro automatizado torna-se
uma ideia muito distante da rotina do Engenheiro Civil, pois é a IoT que permite a
comunicação e o gerenciamento de informações entre os objetos. Com ela, os
dispositivos ficam conectados à internet trocando dados entre si, eliminando, entre
outras etapas, as operações manuais de controle dos estágios de obra. Ademais, as
informações sobre os projetos ficam armazenados na nuvem, reduzindo
significativamente o uso do papel e se aproximando, cada vez mais, da inteligência
artificial. (LIMA, 2017)
Com a automatização do canteiro e com a digitalização das informações, é
importante dar atenção também à mudança na forma de trabalho de quem está na
obra, que tende a reduzir as atividades manuais para, em contrapartida, aumentar a
operação de máquinas. Tal mudança requer treinamento e planejamento por parte
14
das empresas, para que não se perca produtividade e haja elevação nos custos sem
o retorno esperado.
Apesar de que o tema (IoT) tenha ganhado bastante destaque no Brasil,
ainda são poucos os estudos científicos que abordam os reais impactos que esse
momento tecnológico pode trazer à sociedade e quais os comportamentos dela em
relação a isso.
Portanto, busca-se com este trabalho elencar algumas das tecnologias
oriundas da inserção da Indústria 4.0 no mercado brasileiro e analisar a aplicabilidade
delas no desenvolvimento de projetos.
1.3 JUSTIFICATIVA
Diante da iminência do uso da tecnologia em todos os processos do
cotidiano, desde o ambiente familiar, com o acréscimo de eletrodomésticos,
computadores, smartphones etc. até as indústrias, sejam elas automobilística,
agroindústria, alimentícia, entre outras, julgou-se interessante desenvolver um estudo
bibliográfico acerca do surgimento da Indústria 4.0 e da Internet das Coisas e elencar
algumas das tecnologias trazidas por esses acontecimentos que tendem a atingir o
âmbito da indústria da construção civil no país nos próximos anos e em que processos,
dentro do ciclo de vida de um projeto, elas podem ser úteis.
15
1.4 LIMITAÇÕES
O presente trabalho se limita a contextualizar a temática da Indústria 4.0 e
a Internet das Coisas (IoT), elencando algumas tecnologias oriundas dessas
revoluções que podem vir a contribuir para uma melhoria na forma de trabalho da
Indústria da Construção Civil, sem se aprofundar no tema referente à necessidade de
mudança comportamental e cultural dentro do cenário da construção civil nos
próximos anos.
16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
18
almejados. Dessa necessidade surge a importância do gerenciamento de projetos e,
consequentemente, o papel do gestor de projetos, que é responsável por planejar, ou
seja, organizar ideias, antecipar objetivos e ações, baseados em métodos, planos ou
lógica, a fim de aumentar a probabilidade de ocorrência dos eventos desejados.
(LOPEZ, 2018)
Para dar vazão aos conhecimentos pertinentes ao gerenciamento de
projetos surge, em 1969, nos Estados Unidos, uma organização sem fins lucrativos
chamada Project Management Institute, PMI. Tal organização elaborou um guia para
a orientação de profissionais acerca do conhecimento em gerenciamento de projetos,
chamado PMBOK – Project Management Body of Knowledge. Segundo o próprio
PMBOK:
19
Gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades,
ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de cumprir os seus
requisitos. O gerenciamento de projetos é realizado através da aplicação e
integração apropriadas dos processos de gerenciamento de projetos
identificados para o projeto. O gerenciamento de projetos permite que as
organizações executem projetos de forma eficaz e eficiente. (PMBOK, Parte
I, pág 10, 2017)
20
O gerenciamento de projetos auxilia as empresas no cumprimento de suas
metas organizacionais e no atingimento dos objetivos definidos, podendo ser
considerado como parte fundamental ao alcance do sucesso na realização dos
projetos.
Outra ferramenta existente é o Ciclo PDCA. O ciclo é composto por quatro
fases: Plan (planejamento), Do (fazer/execução), Check (checagem/verificação) e Act
(ação). O estágio inicial consiste no planejamento, identificação de problemas e
estabelecimento dos planos de ação. Em seguida, passa-se a executar o que foi
planejado. Com a realização das atividades planejadas, tem-se a necessidade de
verificar sua eficácia, acompanhar indicadores e avaliar, constantemente, a
efetividade dos resultados obtidos. Tendo a informação do que precisa ser ajustado,
o gestor tem capacidade para instituir ações corretivas e aprimorar os processos da
empresa. (PERIARD, 2016, apud Lopez, 2018).
Outro fator importante, segundo Lopez, é o entendimento acerca do
universo do projeto, que envolve o ambiente do projeto e o relacionamento entre as
partes interessadas, também conhecidas por stakeholders. (NEWTON, 2011, apud
Lopez, 2018). São elas: os clientes do projeto, as pessoas diretamente envolvidas no
projeto (gestor, equipe de projeto, fornecedores etc.) e os vizinhos do projeto
(indivíduos ou organizações que sofrem influências indiretas do projeto).
O PMBOK discorre sobre um dos componentes chave para um bom
gerenciamento de projetos, que é o entendimento do ciclo de vida de um projeto.
Nesse sentido, diversas ferramentas são capazes de auxiliar o gestor de projetos na
execução de um bom gerenciamento. Um dos objetivos deste estudo é analisar como
as tecnologias emergentes propiciadas pela Indústria 4.0 poderão contribuir nos
diferentes processos presentes no ciclo de vida de projetos de construção civil. Esse
assunto será abordado, mais detalhadamente, no capítulo 4 do presente trabalho.
21
Industrial. Com base nesse avanço da digitalização, combinado à tecnologia da
internet e demais tecnologias orientadas ao futuro, como os chamados "objetos
inteligentes" (máquinas e produtos), observa-se uma nova mudança de modelo na
Indústria. Através dessas expectativas do futuro, foi estabelecido o termo Indústria
4.0, ou a Quarta Revolução Industrial (LASI et al., 2014).
A Indústria 4.0 se caracteriza pela introdução de evoluções tecnológicas no
mercado, tais como a inteligência artificial, robótica, internet das coisas, veículos
autônomos, impressão em 3D, nanotecnologia, biotecnologia, armazenamento de
energia e computação quântica. Novas tecnologias estão fundindo os mundos físico,
digital e biológico de forma a criar grandes promessas e possíveis perigos. A
velocidade, a amplitude e a profundidade desta revolução estão nos forçando a
repensar como os países se desenvolvem, como as organizações criam valor e o que
significa ser humano. (SCHWAB, 2016).
Segundo Schwab (2016) “as mudanças são tão profundas que, na
perspectiva da história da humanidade, nunca houve um momento tão potencialmente
promissor ou perigoso”.
Em se tratando do conceito de Indústria 4.0 e de acordo com o relatório
desenvolvido pelo Conselho Temático Permanente de Política Industrial e
Desenvolvimento Tecnológico – COPIN – conselho esse criado pela Confederação
Nacional da Indústria, o conceito “Indústria 4.0” surgiu da incorporação da
digitalização nas atividades industriais (por digitalização entende-se o processo de
tornar digital dados e informações que anteriormente eram analógicos). Essa
introdução trouxe integração e controle de produção por meio de sensores e
equipamentos conectados em rede e da integração do mundo real e virtual, que
proporciona sistemas ciberfísicos e viabiliza o emprego da inteligência artificial. (CNI,
2016, p. 11).
Entretanto, o conceito não se resume à integração dos processos de
produção e distribuição, mas envolve também todas as etapas que concernem a
cadeia de valor: projeto e desenvolvimento de novos produtos, testes, simulações de
produção e pós-venda. Como benefícios, é facilmente notável o ganho de
produtividade, o encurtamento dos prazos de lançamento de novos produtos, uma
maior flexibilidade nas linhas de produção, bem como também aumento na
racionalidade no uso dos recursos energéticos, hídricos etc. Outro ponto relevante é
22
o aumento na capacidade das empresas de se interligarem em cadeias globais de
valor.
De acordo com o estudo desenvolvido pela Accenture em 2016 (apud CNI,
2016, p. 17), a implementação das tecnologias relacionadas à IoT deverá impactar o
PIB brasileiro em cerca de US$ 39 bilhões até 2030. Se o país criar condições que
venham a acelerar a absorção dessas tecnologias, esse valor pode subir para cerca
de US$ 210 bilhões. Porém, para que isso aconteça, há a necessidade de melhoria
no ambiente de negócios, infraestrutura, programas de difusão tecnológica,
melhoramentos nas normas e regulamentos etc.
Em se tratando dos desafios no contexto brasileiro, o país enfrenta
dificuldades como investimentos em equipamentos para incorporar essas tecnologias,
adaptação de layouts, de processos e formas de relacionamento entre empresas da
cadeia produtiva, como também a dificuldade de criação de novas especialidades e o
desenvolvimento de novas tecnologias. (CNI, 2016, p. 15) Além disso, há a
necessidade da adoção de medidas relativamente rápidas para que se evite um gap
de competitividade entre o Brasil e alguns países em que a Indústria 4.0 já começou
a se tornar realidade.
23
Em se tratando de uma perspectiva cronológica, Santrella, Gala, Policarpo
e Gazoni (2013) dividiram os acontecimentos históricos em cinco eras tecnológicas e
seus dispositivos de mediação. A primeira era diz respeito às tecnologias
eletromecânicas que serviram de suporte à reprodutibilidade técnica, como por
exemplo, linhas de produção de jornais, câmeras fotográficas analógicas telégrafos
etc. A era seguinte foi a da difusão, onde o rádio e a televisão passaram a ser os
principais meios de comunicação, com conteúdos flexíveis que proporcionaram a
ascensão da cultura de massas. A terceira se refere às tecnologias disponíveis, como
controle remoto, máquinas fotocopiadoras, aparelhos de reprodução de músicas e o
início do desenvolvimento das mídias móveis atuais, televisão a cabo e vídeo cassete,
que permitiu ao receptor buscar conteúdos a sua escolha. A quarta era se iniciou com
o surgimento dos computadores pessoais, ligados às redes teleinformáticas, que
foram se miniaturizando em tablets e smartphones, dando origem a quinta era
tecnológica, onde surgiram os dispositivos de comunicação móveis, que passaram a
permitir não apenas a comunicação online, como também a conexão contínua com a
internet, sem limites de espaço e tempo.
Segundo Sônego et al. (2016, apud Ferreira, 2014), a Internet das Coisas
“tem a finalidade de proporcionar inteligência para objetos, de modo a permitir seu
controle e a notificação de alterações em seu estado”.
Segundo Santos, et al. (2015), a IoT pode ser considerada a próxima
revolução da internet, tendo em vista o fato de que ela é capaz de coletar, analisar e
distribuir dados processados por smartphones e micro computadores e transformá-los
em informação, a fim de gerar uma efetiva ação humana ou entre máquinas. Com o
processamento dessas informações tem-se maior poder na tomada de decisões em
questões como segurança, monitoramento, cidades inteligentes, telemedicina etc.
Segundo Santanella et al. (2013), a Internet das Coisas vem se tornando cada vez
mais pervasiva, inteligente e interativa. Além das interfaces já largamente utilizadas
pela sociedade, como smartphones, tablets, desktops etc., há uma grande variedade
de aplicações que vem sendo desenvolvidas nas questões citadas por Santos, como
mecanismos que permitem a visualização das pessoas nos pedágios e alfândegas;
pombos com dispositivos de radiofrequência (RFID) implantados, com sensores que
enviam informações sobre a poluição do ar; médicos que monitoram o estado de
saúde dos pacientes à distância etc. Segundo Buckley (2006), apud Santanella et al.
24
(2013), a internet das coisas atinge também as edificações, que passam a ter sistemas
inteligentes capazes de regular o funcionamento de seus aparelhos eletrônicos,
elétricos, alarmes, climatização, portas, janelas etc.; as fábricas, que passam a ter
inteligência e autonomia em seus processos e até as roupas, que podem registrar as
mudanças de temperatura exterior e se ajustar de acordo com elas.
Toda essa tecnologia que vem sendo apresentada nos últimos anos está
sendo absorvida, paulatinamente, pela administração pública, por meio de políticas
que melhoram suas atividades-fim, de tal forma que um novo conceito de cidades está
surgindo, as Smart Cities.
Segundo Santanella:
25
trânsito, estacionamentos e rotas alternativas etc. Além disso, segundo Meier et al.
(2011), apud Weiss, Bernardes e Consoni (2017), as tecnologias da informação e da
comunicação são de suma importância para o fornecimento de meios para o
monitoramento e o gerenciamento de serviços e recursos de infraestruturas urbanas
e para o encurtamento das distancias entre o poder público e os cidadãos através da
disponibilização de serviços via internet.
Weiss, Bernardes e Consoni afirmam que a rápida urbanização que vem
ocorrendo no cenário mundial atual apresenta uma significativa perda de
funcionalidades básicas de uma cidade, como a dificuldade de gestão de resíduos, de
recursos públicos, a falta de controle dos índices de poluição do ar, problemas na
saúde, educação e mobilidade, entre outros. Porém, segundo os mesmos autores:
2.6 TENDÊNCIAS
A falta de informações, ou a perda no tempo da informação (informações
atrasadas, incompletas, destinadas a pessoas/setores errados) é um dos maiores
problemas encontrados em qualquer empresa. O mau gerenciamento de dados e
informações ocasiona aumento nos custos, retrabalho, perda de oportunidades,
dentre outros. A internet é uma excelente solução no gerenciamento dessas
informações, visto que é uma ferramenta que faz a troca de informações ocorrer em
tempo real, sem interferência da distância física entre os interessados. Diversas
tecnologias estão sendo inseridas no contexto da construção civil, trazendo uma
mudança significativa no modo de trabalho. Algumas delas serão apresentadas,
sumariamente, a seguir:
26
2.6.1 Computação em nuvem
As empresas, de todos os setores da economia, estão caminhando para
um futuro em que seu gerenciamento será quase que totalmente desenvolvido na
computação em nuvem, tendo em vista os aspectos práticos, seguros e eficientes
dessa tecnologia. Nuvem é a nomenclatura utilizada para designar o uso de um
servidor online, que armazena todas as informações desejadas, em detrimento do uso
de dispositivos físicos, como hardwares.
O uso das “nuvens” possibilita a realização de atividades simultâneas, o
que confere maior agilidade nos procedimentos, com alimentação de dados em tempo
real. Os benefícios são claramente notados também na redução de custos com
grandes servidores, que despendem de investimento com equipamentos e
manutenção e na questão da segurança, no que diz respeito à velocidade de
recuperação de dados.
Relacionada à tal tema, difunde-se atualmente o conceito e utilização da
Big Data, que se refere ao ato de coletar e armazenar um grande volume de
informação para servir de base para análises. Tais informações, além de volumosas,
são transmitidas extremamente rápidas (por meio de tecnologias como etiquetas
RFID, sensores e medições inteligentes) para que possam ser analisadas em tempo
hábil, e variadas (números, data bases, textos, vídeos, transações financeiras etc.)
Geralmente, as fontes de big data são oriundas de transmissão de dados
de dispositivos conectados à rede, de mídias sociais e de fontes publicamente
disponíveis. Cabe às organizações definir qual o melhor emprego a se dar a tais
dados, o modo de armazená-los, como analisá-los e o que fazer com a informação
gerada a partir deles. (SAS, 2019)
27
toda cadeia de valor externa à planta, ou seja, relacionando sistemas de TI e fluxos na
cadeia de fornecimento e valor, incluindo os vários processos que passam por ela. Já a
integração vertical permite que todos os níveis da fábrica estejam conectados, desde o
processo de produção até os executivos.
A automação pode ser executada por meio de softwares ou outras
ferramentas que reduzem o tempo e o trabalho necessário para a realização de uma
determinada atividade, o que está diretamente ligado à redução de custos. Para melhor
entender o processo de automação em empresas e sua importância, pode-se analisar o
funcionamento de um supermercado. Segundo Junqueira:
O mercado exige que cada vez mais as lojas sejam dinâmicas e os processos
sejam executados com perfeição por todas as áreas. Dessa forma é
impossível pensar em não utilizar as vantagens que a automação comercial
em supermercados traz. Softwares e ferramentas tecnológicas contribuem
para o dia a dia do varejista e ajudam diretamente no aumento de vendas. O
processo diário de funcionamento de um supermercado torna essa
necessidade ainda mais evidente, o auto número de produtos envolvidos, o
alto giro e a necessidade do consumidor, são fatores que caracterizam o
quanto é importante contar com uma automação comercial em
supermercados. (InfoVarejo, 2017)
28
aplicativo pode ser capaz de inserir cores de tintas nas paredes para que o usuário
possa analisar como ficaria tal escolha, antes de executá-la.
2.6.4 Modelagem 3D
A modelagem 3D utiliza softwares para criar uma representação
matemática de uma forma tridimensional. Segundo Nadine Alves (2018), alguns
softwares de modelagem permitem que os modelos 3D sejam compartilhados e
visualizados em qualquer lugar, principalmente no canteiro de obras.
Dessa forma, o projeto pode ser alterado ou atualizado em tempo real,
dados e cálculos imprecisos podem ser precipitadamente corrigidos e a empresa evita
o retrabalho em várias etapas que acabariam gerando custos extras e atrasos na
execução.
2.6.6 BIM
O Building Information Modeling (BIM), em português, Modelagem da
Informação da Construção, é o novo conceito quando se trata de projetos para
construções. Diferente dos desenhos atuais em 2D, com a habitual representação
planificada do que será construído, a modelagem com o conceito BIM trabalha com
modelos 3D mais fáceis de compreender e mais fiéis ao produto final. Numa
comparação simples, seria como abandonar a ideia de fazer o planejamento
desenhando mapas e trabalhar diretamente com maquetes. (SIENGE, 2016).
29
BIM é uma filosofia de trabalho que integra arquitetos, engenheiros e
construtores (AEC) na elaboração de um modelo virtual preciso, que gera
uma base de dados que contém tanto informações topológicas como os
subsídios necessários para orçamento, cálculo energético e previsão de
insumos e ações em todas as fases da construção” (Eastman, 2008, apud
Gonçalves Junior, 2019).
30
BIM é realidade, é evolução e seu uso ganha força no mercado a cada dia.
Não é preciso dizer que quem não estiver inserido nesse contexto, está
sujeito a maiores dificuldades com concorrentes. Felizmente, a maioria das
ferramentas computacionais específicas para projetos estão alinhadas com
esse conceito. No Brasil, por exemplo, a empresa catarinense AltoQi,
desenvolvedora de softwares como o Eberick e o QiBuilder, já possuem em
seus sistemas, a exportação em arquivos com extensão. (Gonçalves Junior,
2019)
2.7 BRASIL
De acordo com o estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI), o Brasil ainda não assimilou o conceito de Indústria 4.0, e ainda se encontra
em um processo de familiarização com a digitalização e seus impactos sobre a
competitividade no cenário nacional e mundial. (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA
INDÚSTRIA, 2016)
Em se tratando da internalização do conceito de smart city, Weiss,
Bernardes e Consoni trouxeram o seguinte questionamento: “como o conceito de
cidades inteligentes vem sendo aplicado pelas cidades brasileiras com vistas ao
estabelecimento de um novo modelo de gerenciamento das infraestruturas e dos
serviços públicos?” (2017, p. 2)
Para responder, trouxeram três cidades brasileiras com população acima
de um milhão de habitantes, conhecidas como cidades inteligentes nacional e
internacionalmente. São elas: Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba.
O Rio de Janeiro iniciou o projeto de se tornar uma cidade inteligente com
a implantação do centro de operações, em 2010. O Centro de Operações Rio (COR)
é um conjunto de órgãos que monitoram a cidade 24 horas por dia, a fim de gerenciar
crises por meio de antecipação, redução e preparação, como também responder
rapidamente às ocorrências, como chuvas fortes, deslizamentos, condições do mar,
tráfego, entre outros.
Porto Alegre segue a mesma linha do Rio de Janeiro, com um centro de
operações chamado Centro Integrado de Comando (CEIC), inaugurado em 2012, que
interliga diversos órgãos, como Guarda Municipal, Serviço Médico de Urgência
(SAMU), Defesa Civil, Brigada Militar, Polícia Militar, entre outros. Esse centro conta
com dezenas de câmeras de alta capacidade, com sensores de movimento por
infravermelho, e recursos de ampliação, que monitoram as regiões da cidade. Além
do monitoramento por câmeras, Porto Alegre conta com sinais semafóricos
inteligentes instalados nos principais cruzamentos viários da capital que, por meio de
31
laços indutivos instalados no chão, captam o fluxo dos automóveis e se alternam
automaticamente, acelerando o tempo de circulação em até 30% e reduzindo a taxa
de emissão de gases poluentes em até 7% (WEISS, BERNARDES, CONSONI, 2017,
p. 7)
Curitiba é uma cidade planejada, modelo para o país inteiro. É também um
modelo mundial de transporte, urbanização e respeito ao meio ambiente, considerada
uma das dez cidades mais inteligentes do mundo (WEISS, BERNARDES, CONSONI,
2017, p. 7). O destaque se dá pelo sistema viário e de transporte urbano muito
eficiente, além de um centro de monitoramento de segurança pública e um centro de
informações estratégicas.
As três capitais tem objetivos em comum para os próximos anos, tais como:
Implementação de prédios inteligentes; encurtamento das distâncias e mais avanços
nas formas de comunicação com os atores; sensoriamento e monitoração do sistema
de transportes público e do tráfego urbano; redução das emissões de CO2; maior
eficiência no fornecimento de serviços básicos (saúde, transportes, segurança e
educação) apoiados por sistemas modernos e integrados, mais inteligentes e
acessíveis a todos. Inclusão social e digital, mobilidade, educação, saúde, segurança,
uso racional dos recursos naturais e serviços aos cidadãos são os principais e mais
importantes desafios na materialização da cidade inteligente. (WEISS, BERNARDES,
CONSONI, 2017, p. 9)
O mercado da construção civil também segue as tendências que vem
atingindo a economia mundial. Em se tratando do Brasil, há muito o que se fazer em
relação à políticas públicas e iniciativas de mercado para que se incorpore, de fato, os
conceitos aqui abordados no cotidiano da indústria. A seguir, será descrita a
metodologia de trabalho empregada no desenvolvimento do presente trabalho e, no
Capítulo 4, será desenvolvida uma correlação entre as tecnologias advindas da
disseminação da Indústria 4.0 e sua aplicabilidade no ciclo de vida de um projeto.
32
3 METODOLOGIA DO TRABALHO
3.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo será relatado de que maneira foi consistida a pesquisa,
considerando o cenário, os sujeitos envolvidos na investigação e os instrumentos de
coleta de dados.
33
3.3 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS
As etapas seguidas para a elaboração do estudo serão abordadas a seguir:
34
A pesquisa ocorreu de forma 100% online, por se tratar de um assunto bem
atual com escassa bibliografia disponível em bibliotecas. Segundo Gil (2002, p.75):
35
4 DESENVOLVIMENTO
36
Mais abrangente e complexa que as definições de eficiência e eficácia é a
efetividade, pois seu conceito está relacionado ao desempenho das organizações.
Segundo Michaelis (apud Simões, 2018), o termo efetividade é “qualidade ou estado
do que é efetivo, ou seja, que produz ou é capaz de produzir o efeito pretendido.
Eficaz, eficiente. Capacidade de concretizar-se em efeitos reais”. Segundo Cohen e
Franco (1998, apud Simões, 2018), a efetividade é um indicador de sucesso de uma
organização, visto que ela determina o grau de abrangência da finalidade do projeto,
ou seja, mostra se houve ou não mudanças reais onde havia necessidade de
interferências.
Levando tais conceitos para o âmbito da construção civil, pode-se dizer
que, por exemplo, na concepção de um projeto para a construção de uma ponte,
atingir-se-á eficiência se forem utilizados da maneira mais racional possível os
recursos disponíveis (um estudo que apresente a estrutura com melhor custo-
benefício – metálica ou concreto, estaiada, treliçada, em arco etc., redução no
desperdício de materiais, planejamento adequado da alocação da mão-de-obra,
dentre outros); eficácia, se a obra for entregue no prazo, respeitando o orçamento
previsto e com qualidade de execução; e efetiva, se de fato ela estiver localizada em
um trecho onde haja necessidade da sua existência, mediante prévio estudo de
viabilidade, por exemplo.
Como mencionado no Capítulo 2, existem ferramentas essenciais
disponíveis ao gestor de projeto no que diz respeito ao alcance da efetividade e
conclusão dos objetivos. Um exemplo é o ciclo de vida de um projeto, descrito a seguir:
37
escopo, prazo e custo de projeto ainda nas fases iniciais, com alterações durante o
projeto minuciosamente pensadas; no iterativo, determina-se o escopo nas fases
iniciais, mas os prazos e custos são normalmente modificados à medida que a equipe
de projeto estuda e entende o produto/serviço a ser elaborado; no incremental, a
entrega resulta de uma série de iterações que vão adicionando funcionalidades ao
longo de períodos determinados, sendo completa apenas no fim da última iteração;
no adaptativo, o escopo é detalhado e definido antes do início da primeira iteração, e
podem ser iterativos ou incrementais; e o híbrido é uma combinação entre o adaptativo
e o preditivo, onde os elementos do projeto que sejam conhecidos seguem o ciclo
preditivo e aqueles que estiverem em evolução seguem o ciclo adaptativo. (PMBOK,
Parte I, pág 19, 2017)
38
necessidades. A análise de risco consiste em um conjunto de atividades que
identificam os fatores de risco e avaliam seu possível impacto na execução do projeto
e define ações que devem ser executadas para maximizar os riscos positivos e reduzir
e/ou anular os riscos negativos. Ela deve ser constantemente utilizada, através do
monitoramento e da execução das atividades contingenciadas quando da execução
do projeto. (ALENCAR, A. J., 2005, SCHMITZ, E. A., 2005, apud LOPEZ, 2018)
Tendo definidas as intenções do cliente e levantados os dados, deve-se
comparar as soluções possíveis ao atendimento das necessidades, e selecionar
aquela que julga-se melhor. (LOPEZ, 2018)
39
levanta os valores unitários dos serviços e seus quantitativos e determinação do
preço, que é a soma da composição dos custos com o custo indireto e aplicação da
margem de lucro, obtendo-se o preço de venda. (MATTO, A. D., 2016, apud LOPEZ,
2018)
Além do orçamento, é indispensável o planejamento do tempo, que
consiste na elaboração detalhada de um cronograma, desenvolvido após um estudo
das atividades a serem executadas, visando estabelecer o tempo de duração e a
relação de precedência entre elas. Tal produto torna-se uma representação gráfica da
execução de um projeto, mostrando, de forma lógica, os prazos de execução de todas
as atividades necessárias à concretização do projeto. Ele é composto do cronograma
físico, que relaciona as atividades com o tempo de duração e precedência,
apresentando-as em barras horizontais e mostrando a folga entre uma atividade e
outra, do cronograma físico-financeiro, que relaciona as atividades com seu custo de
execução, por período de tempo e do cronograma de mão de obra, também chamado
histograma, que relaciona o número de operários disponíveis por atividade, por
período de tempo. (PRADO, D., 1998, MATTOS, 2010, LIMMER, C.V., 1997 e
MAYERLE, 2008, apud LOPEZ, 2018)
40
e desempenho do projeto, identificar quaisquer áreas nas quais serão necessárias
mudanças no plano, e iniciar as mudanças correspondentes” (PMBOK, Parte I, pág
23, 2017).
Tais processos devem ocorrer durante todo o ciclo de vida, mantendo
constante análise dos riscos levantados e comparando projeto e execução
frequentemente, não devendo ser consideradas atividades posteriores às de
execução (LOPEZ, 2018).
.
4.1.1.5 Grupo de processos de encerramento
Consiste na finalização das atividades e entrega do produto ao cliente.
Envolve a checagem de itens executados e aceitos, avaliação do projeto e da
execução e feedback do cliente. (LOPEZ, 2018)
41
Figura 2 - Gerenciamento da integração do projeto
43
Gerenciamento das partes interessadas do projeto
Envolvem a identificação de pessoas, grupos ou organizações diretamente
afetadas pelo projeto, análise das expectativas dos envolvidos e desenvolvimento das
estratégias de gerenciamento do engajamento das partes, adequadas à efetividade
do projeto. (PMBOK, Parte I, págs 23 e 24, 2017)
A tabela apresentada na página seguinte elucida a relação entre os grupos
de processos de gerenciamento de projetos e as áreas de conhecimento e exemplos
de atividades que compõem esta relação:
44
Tabela 1 - Grupo de processos de gerenciamento de projetos e mapeamento das áreas de conhecimento
GRUPOS DE PROCESSOS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS
ÁREAS DE
Monitoramento e
CONHECIMENTO Iniciação Planejamento Execução Encerramento
controle
Gerenciamento da Desenvolver o Desenvolver o plano de gerenciamento Orientar e gerenciar o Monitorar e controlar o Encerrar o projeto
integração do projeto termo de abertura do projeto trabalho do projeto; trabalho do projeto; ou fase
do projeto Gerenciar o Realizar o controle
conhecimento do integrado de mudanças
projeto
Gerenciamento do Planejar o gerenciamento do escopo; Validar o escopo;
escopo do projeto Coletar os requisitos; Controlar o escopo
Definir o escopo;
Gerenciamento do Planejar o gerenciamento do Controlar o cronograma
cronograma do cronograma;
projeto Definir as atividades;
Sequenciar as atividades;
Estimar a duração das atividades;
Desenvolver o cronograma
Gerenciamento dos Planejar o gerenciamento dos custos Controlar os custos
custos do projeto
Gerenciamento da Planejar o gerenciamento da qualidade Gerenciar a Controlar a qualidade
qualidade do projeto qualidade
Gerenciamento dos Planejar o gerenciamento dos Adquirir recursos; Controlar os recursos
recursos do projeto recursos; Desenvolver a
Estimar o recurso das atividades equipe;
45
Gerenciar a equipe
Gerenciamento das Planejar o gerenciamento das Gerenciar as Monitorar as
comunicações do comunicações comunicações comunicações
projeto
46
4.2 EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Em se tratando da evolução das tecnologias na construção civil ao longo
dos anos, Eder Santin, autor do livro “História, desenvolvimento e tecnologia na
construção civil em São Paulo” afirma que:
4.2.1 BIM
Conforme mencionado no item 2.6.7 do presente trabalho, o BIM é uma
ferramenta que agrega todas as etapas da elaboração de um projeto, fornecendo
informações detalhadas sobre cada uma delas e permitindo a compatibilização dos
processos que o compõem. Por conta disso, diversas das tecnologias que vêm
surgindo na Indústria da Construção Civil utilizam o BIM como parte integrante da sua
funcionalidade.
48
A implementação do BIM demanda um investimento para novas habilidades e
recursos de mão-de-obra de todos os profissionais envolvidos no empreendimento,
como a proposta é manter tudo conectado e compatibilizado, se faz necessário
planejar em conjunto. Dessa forma, toda a cadeia de profissionais deve estar ajustada
ao novo método.
Figura 4 – Cadeia de profissionais
49
informações pertinentes para auxiliar na tomada de decisões. Com um modelo rico
em informações, o BIM 6D trata da sustentabilidade durante o processo de concepção
de um edifício avaliando os resultados e o impacto técnico e financeiro de forma rápida
e econômica. Por fim, o BIM 7D concebe informações de término de obra, facilitando
a possibilidade de manutenções, verificação de equipamentos, garantia de fabricantes
e especificações técnicas. Dessa forma, os gestores da edificação podem
compartilhar informações com empresas que prestam serviços mesmo após o fim da
obra. (GONÇALVES JUNIOR, 2019)
Algumas limitações dificultam a adoção do BIM, como por exemplo a
necessidade de investimento em softwares e computadores de alto desempenho;
investimento em capacitação profissional, especialização em projetos BIM; tempo de
adaptação para obtenção dos benefícios desse novo conceito de trabalho; e revisão
profunda nos projetos tradicionais que são entregues em desenhos CAD 2D
elaborados de maneira sequencial e procrastinada, onde podem haver
inconsistências, desde ineficiência de compatibilização até relatórios de quantitativos
inexatos.
Contudo, a adesão ao BIM se justifica por inúmeras razões, segundo
Gonçalves Junior, pode-se citar algumas:
4.2.2 Drones
Os drones, que são veículos aéreos não tripulados e controlados à
distância, por controle remoto, que podem ser muito benéficos no mapeamento da
área a ser construída, como parte do estudo inicial de um empreendimento. Com tal
tecnologia, pode-se registrar por vídeo e fotos toda a área a ser analisada, úteis para
simular projetos em cima de tais imagens. Utilizam-se os drones também para
50
comandar veículos autônomos, por meio de ferramenta mobile. O equipamento
permite fazer estudos de nivelamento, que dão uma visão da movimentação de terra
no terreno, podendo ser útil no grupo de processos de iniciação. (SIENGE, 2019)
A maior aplicabilidade dos drones na construção civil está no auxílio ao
monitoramento no canteiro de obras. Tal equipamento possibilita a inspeção em locais
altos, de difícil acesso, substituindo a ação humana, reduzindo os riscos com
acidentes de trabalho e os custos com equipamentos de proteção individual e
coletivos, guindastes, cordas etc.
Figura 5 - Uso de drones no canteiro de obras
51
4.2.3 Realidade aumentada
Em relação ao grupo de processos de iniciação, pode-se utilizar a realidade
aumentada para apresentar ao cliente uma amostragem digital de como ficará a obra,
após concluída. No caso de uma reforma, a tecnologia permite que o cliente visualize
o resultado final dentro do ambiente físico que a reforma será executada. Um exemplo
é o aplicativo Augment, que projeta, através de um tablet, uma imagem 3D de uma
planta baixa impressa, em escala correta, possibilitando uma melhor visualização do
projeto, sem custos com prototipagem, por exemplo.
Já o uso de realidade aumentada quando da execução da obra proporciona
uma visão mais exata do que será construído. Por meio de plantas 3D e hologramas,
é possível compreender melhor o projeto, facilitando sua execução. Pode-se citar
como exemplos de tecnologias:
4.2.3.1 AR Sketchwalk
É uma ferramenta que permite, através de um tablet, posicionar o croqui no
plano onde será executado (no terreno, por exemplo) e percorrê-lo, observando como
ficará após realizado.
52
Figura 7 – AR Sketchwalk para reformas
53
Figura 9 – Realidade aumentada através do DAQRI Smart Helmet
4.2.3.3 GAMMA AR
Seguindo a mesma ideia de visualizar o modelo BIM no canteiro de obras,
o aplicativo GAMMA AR permite que o usuário compare a realidade da obra com o
projeto.
Figura 10 – GAMMA AR
4.2.3.4 Fologram
Através de um óculos de realidade aumentada, como por exemplo o
Microsoft HoloLens, o programa transforma modelos 3D virtuais em instruções de
construção em tamanho real. Ou seja, projeta no ambiente a ser construído o método
para execução da estrutura.
54
Figura 11 – Instrução de construção de uma parede com Fologram
55
Outros conceitos que envolvem o processamento de dados são Machine
Learning e Deep Learning. Machine Learning é uma forma de inteligência artificial que
confere maior precisão às aplicações de software, criando algoritmos que aprendem
a ler e compreender novos textos e usando análise estatística para a determinação
de respostas dentro de uma gama finita de possibilidades. (SANTO DIGITAL, 2019)
Tal comportamento pode ser supervisionado, ou seja, as informações submetidas à
máquina são inseridas por humanos e o feedback do resultado por ela entregue
também ou não supervisionado, que utiliza o recurso do Deep Learning para revisar
informações e gerar resultados.
Deep Learning é um recurso que simula o aprendizado dos humanos e
confere à máquina a capacidade de compreensão de uma nova informação, eximindo
a necessidade de inserção de novas informações e feedbacks por parte de um
humano.
4.2.7 Impressão 3D
Ainda pouco difundida na indústria da construção civil, a impressão 3D
consiste na criação de um objeto tridimensional, camada por camada, a partir de sua
projeção digital. O objetivo de tal inovação é agilizar o processo de execução e
56
montagem de peças, tornando-se uma ferramenta de grande utilidade no grupo de
processos de execução. (ALTO QI, 2019)
Segundo Adriana Pacheco (ALTO QI, 2019), diversos estudos têm trazido
resultados significativos para o mercado da construção. Segundo ela:
57
Figura 13 – Execução de casa em 24 horas com impressão 3D
58
Figura 14 – Monitor de monóxido de carbono acoplado no capacete
O novo engenheiro deve ser capaz de propor soluções que sejam não apenas
tecnicamente corretas, ele deve ter a ambição de considerar os problemas
em sua totalidade, em sua inserção numa cadeia de causas e efeitos de
múltiplas dimensões. Não se adequar a esse cenário procurando formar
profissionais com tal perfil significa atraso no processo de desenvolvimento.
(CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2001)
60
onde as informações se limitavam aos escritórios das empresas. Isso traz vantagens
relevantes, pois o trabalho pode ser executado sem fronteiras – o que vem
acontecendo em grandes empresas internacionais, que utilizam o fuso horário de
diferentes países para manter o andamento do trabalho constante – mas que devem
ser geridas cuidadosamente, para que haja equilíbrio entre a rotina profissional e
pessoal.
Cabe aos empresários, gerentes de projetos e equipes de trabalho
buscarem a melhoria contínua dos processos, aliando tecnologias aos métodos
convencionais, em busca de maior qualidade e segurança na execução das obras,
atingindo assim, cada vez mais, a eficiência, eficácia e efetividade na Engenharia Civil.
61
5 CONCLUSÃO
62
REFERÊNCIAS
ALTO QI. Bim: Tudo o que você precisa saber sobre esta metodologia.
Disponível em: http://maisengenharia.altoqi.com.br/bim/tudo-o-que-voce-precisa-
saber/ Acesso em: 15 Maio 2019.
63
ARCH DAILY. Equipamento de “visão raio-x” permite que arquitetos vejam
através das paredes de uma obra. Disponível em:
https://www.archdaily.com.br/br/875057/equipamento-de-visao-raio-x-permite-que-
arquitetos-vejam-atraves-das-paredes-de-uma-obra Acesso em: 07 Maio 2019.
64
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Desafios para a Indústria 4.0 no
Brasil. Confederação Nacional da Indústria. Brasília: CNI, 2016. 34p. Disponível em:
http://www.portaldaindustria.com.br/publicacoes/2016/8/desafios-para-industria-40-
no-brasil/ Acesso em: 21 Out. 2018.
FIRJAN. Construção Civil: Desafios 2020. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em:
https://www.firjan.com.br/construcao-civil/desafios.htm Acesso em: 17 Maio 2019.
65
GOMES, G., BERGAMO, F. Chegou a Era da Internet das Coisas? Um Estudo
sobre Adoção de Objetos Inteligentes no Contexto Brasileiro. Revista Brasileira
de Marketing, 17, mar. 2018. Disponível em:
http://www.revistabrasileiramarketing.org/ojs-
2.2.4/index.php/remark/article/view/3648. Acesso em: 05 Set. 2018.
GONÇALVES JUNIOR, Francisco. BIM: Tudo o que você precisa saber sobre
esta metodologia. Disponível em: http://maisengenharia.altoqi.com.br/bim/tudo-o-
que-voce-precisa-saber/ Acesso em: 17 maio 2019.
LASI, H., FETTKE, P., KEMPER, H., FELD, T., & HOFFMANN, M. (2014). Industry
4.0. Business & Information Systems Engineering, 6(4), 239-242. Disponível em:
https://www.deepdyve.com/lp/springer-journals/industry-4-0-5a0d2JHOyz Acesso
em: 03 Nov. 2018
66
NAKAMURA, Juliana. 5 inovações na construção civil que estão agitando o
mercado. Buildin, [s.l.], 12 nov. 2018. Disponível em:
https://www.buildin.com.br/inovacoes-na-construcao-civil/ Acesso em: 23 Abr. 2019.
RIZZON, F., BERTELLI, J., MATTE, J., GRAEBIN, R. E., & MACKE, J. SMART
CITY: UM CONCEITO EM CONSTRUÇÃO. Revista Metropolitana De
Sustentabilidade, 7(3), 123-142, 2017. Disponível em: https://search-
proquest.ez222.periodicos.capes.gov.br/docview/1968345569?accountid=149306
Acesso em: 08 Set. 2018.
67
______. Big Data – O que é e qual sua importância? Disponível em:
https://www.sas.com/pt_br/insights/big-data/what-is-big-data.html/ Acesso em: 07
Maio 2019.
TECH PLUS. Morpholio Trace adds augmented reality to its arsenal. Disponível
em: https://techplusexpo.com/morpholio-trace-adds-augmented-reality-to-its-arsenal/
Acesso em: 16 Maio 2019.
68