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GUIAS DE CAMPO

“Não há dúvida de que o guia da WCS é o


melhor já publicado para as aves do Brasil”
BRASIL Guy M. Kirwan
Editor da Cotinga, revista do Neotropical Bird Club, Reino Unido
Volume 1:
Pantanal & Cerrado
O Brasil, quinto maior país do mundo, é um dos lugares mais
ricos em diversidade e endemismo de aves em todo o plane-
ta. Com a série de guias de campo Aves do Brasil, a Wildlife
Volume 2: Rio de Janeiro Conservation Society reúne uma equipe internacional de pri-
MATA ATLÂNTICA São Paulo meira, que faz justiça à incrível exuberância da avifauna bra-
DO SUDESTE sileira. Este segundo guia da série apresenta 927 espécies de
aves que ocorrem no domínio da Mata Atlântica no Sudeste
do Brasil. Moderno e compacto, este guia de campo traz ilus-
trações em cores de qualidade incomparável, textos com as
características de identificação e mapas de distribuição de
cada ave, facilitando o reconhecimento de todas as espécies
com ocorrência regular nessa área tão importante do país.

Robert S. Ridgely é presidente da organização Rainforest


Trust. É o renomado autor de The Birds of South America, Field
Guide to the Songbirds of South America, Birds of Ecuador e
A Guide to the Birds of Panama.

John A. Gwynne é vice-presidente emérito da Wildlife


Conservation Society, tendo sido também diretor de criação
da instituição. Artista plástico, é ilustrador de livros como
Field Guide to the Birds of Panama e Birds of Venezuela.

Guy Tudor é o mais respeitado ilustrador de aves neotro-


picais, ilustrador sênior de The Birds of South America, Field
Guide to the Songbirds of South America e A Guide to the
Birds of Colombia.

Martha Argel é ornitóloga, com destacada atuação no


Brasil, onde tem publicado vários livros de divulgação cien-
tífica e didáticos.
.
Ilustração da capa: John A Gwynne Ilustração da lombada: Guy Tudor

Um projeto da Wildlife Conservation Society

9 788588 031388

Patrocínio
Seção Protegendo a Natureza Brasileira
Autores do texto
WILDLIFE CONSERVATION SOCIETY
Martha Argel (WCS) Tim Hirsch John A. Gwynne (WCS)

Fotógrafos
Ciro Albano Bruno Lima André Saidenberg
Theo Anderson
Boeri Studio
Luciano Lima
Silvia Faustino Linhares
José Robson dos Santos
Mucio Scorzelli Mata Atlântica
do Sudeste
Demis Bucci Luiz Claudio Marigo Guilherme Serpa
Fabio Colombini (In Memoriam, 1950-2014) Robson Silva e Silva
Valdemir Cunha Dimitri Matoszko Lindolfo Souto
Carolina Da Riva Fabio Olmos Thiago Tolêdo
Pavel Dodonov Haroldo Palo Jr. Flávio Varricchio
Lilian Sayuri Fitorra Júnior Petar Wallace Wittkoff
Ernesto Reghran/ Autor Sênior: Robert S. Ridgely
PULSAR Imagens
Diretor do Projeto na WCS: John A. Gwynne
Corpo Consultor
Martha Argel (WCS) Alexine Keuroghlian (WCS) Maria Antonietta Pivatto Diretor de Arte: Guy Tudor
Juan Mazar Barnett Katherine Lemcke (WCS) (Photo In Natura)
(In Memoriam, 1975-2012) Vincent Kurt Lo (Ibama) Wandir Ribeiro Coordenadora do Projeto na WCS
Dennis Driesmans Beyer André De Luca (Jatobá Engenharia Florestal)
(Animalia Consultoria em (SAVE Brasil/BirdLife) Rômulo Ribon e Tradutora: Martha Argel
Meio Ambiente) (Universidade Federal de Ouro Preto)
Fernanda Marques (WCS-Brasil)
Dante R. C. Buzzetti Fernanda Melo Robert S. Ridgely Diagramação e Produção: Terry Clarke
Braulio Carlos (Rainforest Trust)
(Caiman Ecological Refuge)
(Pantanal Bird Club) Leonardo Vianna Mohr Fernando C. Straube Artistas:
Pedro F. Develey (Hori Consultoria Ambiental)
(ICMBio – Ministério do Meio Ambiente)
(SAVE Brasil/BirdLife) Vitor Piacentini Eduardo Martins Venticinque Guy Tudor Michael DiGiorgio Dale Dyer
Neiva Guedes (Projeto Arara Azul) (WCS)
(Museu de Zoologia da USP)
John A. Gwynne (WCS) Carlos Yamashita (Ibama) John A. Gwynne Barry Van Dusen Sophie Webb

Mapas das Espécies: Robert S. Ridgely,


Maria Allen e Terry Clarke

editora horizo

iv v
Descubra as aves do Brasil Tecnologia em campo
Os birdwatchers dispõem de inúmeros recursos tecnológicos para uso
Com uma fauna de 1902 espécies, o Brasil é um dos três países do em campo. Com as câmeras fotográficas digitais cada vez mais aces-
mundo mais ricos em aves e está repleto de espécies espetaculares, síveis, a fotografia de aves tornou-se muito popular no Brasil.
muitas delas exclusivas. Por isso, é um lugar privilegiado para a observa- Aparelhos como smartphones, iPods e gravadores digitais são usados para
ção de aves, prática que se popularizou no país na última década e que gravar as aves e para tocar gravações e atraí-las, facilitando a observação
fascina cada vez mais brasileiros. (essa técnica é chamada de playback). Eles também podem ser carrega-
Observar aves é divertido e faz bem ao ambiente dos com aplicativos que são guias digitais para a identificação de aves.
Também conhecida como passarinhada, birdwatching ou birding, a ob- Avanços tecnológicos recentes abriram perspectivas incríveis para a
servação de aves pode ser praticada por pessoas de qualquer idade observação de aves a distância. Armadilhas fotográficas com detec-
ou condição física. É uma forma de lazer que envolve o contato com a tores de movimento, instaladas em trilhas e cevas no meio do mato,
natureza, proporciona bem-estar e relaxa a mente. As saídas em grupo registram aves e outros animais que passam. Webcams instaladas em
propiciam a convivência familiar e novas amizades, e permitem compar- comedouros e ninhos transmitem em tempo real a atividade das aves,
tilhar experiências e momentos agradáveis. para internautas do mundo todo, sem interferir em seu comportamento.
Além disso, essa atividade nos ensina muito sobre o ambiente e o modo Existem câmeras e binóculos com GPS, que registram automaticamente
como as pessoas se relacionam com ele. O turismo de observação de a posição onde foi observada uma dada ave, e ainda com gravadores
aves constitui, ainda, uma fonte sustentável de renda que beneficia co- de áudio e vídeo acoplados.
munidades dos locais visitados pelos birdwatchers e ajuda a proteger Trazendo as aves para perto de você
os ambientes naturais. Os observadores podem fornecer informações
importantes para ornitólogos e ecólogos. No site WikiAves, por exemplo, Um ambiente hospitaleiro atrai mais aves. Quanto mais vegetação,
as fotos de milhares de fotógrafos ajudam os cientistas a entender me- mais aves frequentam uma área, pois há mais alimento, abrigo e lugar
lhor a ocorrência das aves do Brasil. para a nidificação.
Como observar Pitangueira, jabuticabeira, aroeira, jerivá, guaçatonga, crindiúva são
algumas árvores da Região Sudeste cujos frutos as aves comem. Plantas
Se possível, use binóculos (de 7 a 10 aumentos), que ampliam a ima- como brinco-de-princesa, mulungu, paineira, bromélias, helicônias e
gem da ave e permitem ver mais detalhes. Ao observar, caminhe deva- ipês dão flores que os beija-flores e outras aves vão visitar em busca
gar, atento à vegetação e ao céu, e seja silencioso. Em geral há mais de néctar e de bichinhos. E há inúmeras espécies vegetais nativas que
aves em atividade de manhãzinha, mas mesmo que você acorde tarde atraem os insetos dos quais as aves insetívoras se alimentam, como
pode ver espécies interessantes, ainda que em menor número. No Su- a sibipiruna e a caliandra.
deste do Brasil pode-se passarinhar o ano todo; a melhor época, porém,
é setembro e outubro, quando as aves estão criando e são mais ativas. Um recanto para as aves
Muitos birdwatchers dedicam-se também à fotografia de aves. Você en- Enriqueça o ambiente com plantas nativas que atraem as aves, como
contra informações sobre equipamentos e técnicas na internet e em as citadas acima. Pode ser em seu jardim ou sua varanda, nas áreas
grupos especializados nas redes sociais. verdes de seu prédio, nas calçadas de seu bairro, na escola, em praças
Identificando as aves perto de sua casa ou na chácara ou fazenda de sua família.
Use este livro para identificar as aves. Encontre nele os grupos de si- Você pode ter até um telhado verde – uma horta ou jardim plantados
lhueta parecida à que procura (por exemplo, gaviões, beija-flores, saíras Saia e explore sua região. numa camada de terra ou substrato especial que reveste o alto de
etc.). Compare entre si as ilustrações de espécies semelhantes à que Aves incríveis podem estar prédios e casas. Além de aumentar o conforto térmico dentro de casa,
deseja identificar. Preste atenção a características descritas no texto; por aí, como o urubu-rei. um telhado verde pode virar um paraíso para aves que se alimentam
detalhes em itálico são mais úteis para a identificação. Veja abaixo os pelo chão. E se plantar espécies que fornecem alimento, você pode ter
nomes das partes das aves; conhecê-los facilita identificar as aves. De- 15 ou 20 espécies de aves em seu próprio telhado!
pois, analise os mapas e veja se o local de sua observação está dentro As aves também são atraídas com a oferta de alimentos e de água para
da área onde uma dada espécie ocorre. primárias beber e para o banho. Comedouros com frutas ou sementes, bebedouros
Outro modo de identificar as aves é pela voz, pois muitas são mais com água açucarada, recipientes com água para o banho, tudo isso
ouvidas que vistas; este guia descreve cantos e chamados da maioria pode ser colocado até na janela de um apartamento.
das aves. Visite sites como o WikiAves e o Xeno-canto, que têm grandes
acervos de gravações de vozes. secundárias
Explore os recursos da internet:
VISITE SITES sobre observação de aves e ornitologia, bem como web-
rabadilha coberteiras cams de observação on-line.
cauda (retrizes) auriculares cauda (furcada) cabeça
uropígio costas PARTICIPE DE GRUPOS DE DISCUSSÃO on-line sobre observação de
nuca sobrancelha cera aves, nos quais é possível tirar dúvidas e partilhar informações.
espelho
crisso coroa coberteiras
inferiores COLABORE com bancos de dados (WikiAves, Xeno-canto, Táxeus, Muitos beija-flores são
secundárias testa loro e-Birds), nos quais suas informações ajudarão cientistas e outros atraídos para bebedouros
crisso com água açucarada
primárias observadores do mundo todo.
perna maxila perna
coxa barriga
mandíbula
tarso mento peito
anel ocular
barriga
garganta Uma dica para reconhecer mais aves:
papo folheie este guia nas horas vagas e, assim,
flanco
peito
familiarize-se com as aves de sua região.
xvi xvii
Ár vores emergentes
A riqueza Ambientes que se vão. Em 1500, a
costa do Brasil era quase totalmente flores- Tucano-de-bico-verde
de ambientes tada. Embora habitada por pessoas desde
ao menos 12 mil anos antes, a “descober-
gera diversidade ta” europeia trouxe uma mudança extensa
A diversidade da Mata Atlântica revela-se e permanente à ecologia regional.
enquanto percorremos suas múltiplas pai- Cinco séculos depois, a Mata Atlântica
sagens, a partir da costa. Ilhas costeiras e Dossel está reduzida a uma fração diminuta
manguezais dão lugar às restingas, terre- da extensão original. Apenas 7% a 8%
nos arenosos com vegetação única e ame- dela sobrevivem em remanescentes de
açada, e às matas de baixada. Nas serras, tamanho significativo. Somando-se os
matas de encosta e serranas sobem, no fragmentos menores (mais de 250 mil!), Anambé-de-rabo-preto
sul, até a mata de araucária e os campos pouco mais de 11% restam, mas as ma-
de altitude. Mais além estão a matas se- tinhas isoladas não são eficientes para a
midecíduas dos planaltos interiores e as Subdossel proteção da fauna silvestre.
paisagens do Cerrado. A extensão de ambiente sobrevivente Saíra-ferrugem
Cada paisagem tem seu conjunto próprio varia muito dentro do vasto mosaico da
de espécies de aves. Uma curta viagem Mata Atlântica. As encostas íngremes da
de fim de semana, entre uma cidade no Sub-bosque Serra do Mar, voltadas para o oceano, es-
planalto e a praia, demonstra isso. Preste tão melhor preservadas por serem inaces- Quando a floresta é fragmentada, suas aves
síveis e pela proteção legal dentro de par- começam a desaparecer. Em Campinas (SP),
atenção e você verá, nas matas de baixa- nove anos depois que uma floresta maior foi
da ou na praia, aves que nunca viu ao re- Chão da mata ques. No outro extremo, os manguezais, a reduzida a um bloco isolado de 252 hectares,
dor de sua casa. Esta simples observação restinga e as matas da baixada costeira os cientistas registraram a perda do tucano-
ajuda a entender por que a proteção de Dentro da mata, diferentes aves ocupam têm sido devastados pela urbanização e de-bico-verde, de dois surucuás e de mais
diferentes níveis. Os tucanos vivem nas árvores expansão portuária. Da mesma forma, no oito espécies. Nos 15 anos seguintes, sumi-
um único ambiente é insuficiente para as- emergentes e no dossel. Arapaçus escalam os ram outras 30 espécies, incluindo a saíra-
segurar a sobrevivência de toda a imensa troncos no subdossel. Tangarás voejam por entre interior a mata de planalto já quase se foi, ferrugem, o anambé-de-rabo-preto e muitos
variedade de espécies da Mata Atlântica. o sub-bosque. Tovacas caminham pelo chão. engolida pela agropecuária. insetívoros de sub-bosque.

Campos de altitude

As serras costeiras capturam a umidade dos ventos que sopram


do mar, e boa parte dela cai como chuva nas vertentes voltadas
para o mar, onde vicejam orquídeas, bromélias e outras epífitas.
Na vertente interior, crescem matas de planalto mais secas.
Matas de araucária

Matas serranas

Matas semidecíduas Matas serranas

Cerrados

Algumas aves, como a araponga, o sabiaúna e o bandeirinha,


migram entre diferentes altitudes nas serras costeiras, em ciclos
anuais ainda não totalmente compreendidos.
Matas de baixada Restingas
Manguezais

Esta é uma seção típica que vai das baixadas


costeiras de São Paulo–Rio (direita) em direção
a Minas Gerais, no interior (esquerda). Oceano Atlântico
4 5
Canais no manguezal. Foto: L. C. Marigo Restinga de Jurubatiba, RJ. Foto: L. C. Marigo

Manguezal Restingas
O manguezal cresce em lodaçais costeiros, na foz de Nas planícies arenosas da costa cresce uma vegetação
rios e em baías. Aqui, muitas espécies animais mari- intrigante, variada, chamada (como a planície em si) res-
nhas, inclusive peixes, moluscos e crustáceos de valor tinga. Ela surge como plantas rasteiras e esparsas ao
comercial, passam o início da vida nas águas protegi- longo da praia, e longe do mar vai se tornando uma mas-
das e ricas em nutrientes, antes de ir para mar aberto. sa arbustiva densa. Esta dá lugar a uma mata pitoresca
Ambiente valioso. Estima-se que um único hectare de de árvores tortas, às vezes rica em coloridas bromélias
manguezal rende, por ano, cerca de 3/4 de tonelada de terrestres. Por fim, surge uma mata alta e exuberante.
peixe e camarão para a pesca. O tremendo valor disso Paisagem variada. No estado de São Paulo, a mata de
para as comunidades locais é ignorado cada vez que os restinga é bem úmida, muitas vezes alagada, a ramaria
manguezais são destruídos para dar lugar a loteamen- carregada com rica variedade de epífitas (plantas que
tos, portos e ocupações ilegais. usam outras como suporte). No estado do Rio de Janei-
Os manguezais que restam são lugares fascinantes ro, grandes lagoas costeiras são rodeadas por uma pai-
para visitar, com canais sinuosos que percorrem densos sagem árida cheia de cactos. Na Bahia, arvoretas e moi-
maciços vegetais, onde caranguejos vermelhos escalam tas formam capões em meio a um tapete ralo de ervas.
as raízes cobertas de ostras, expostas pela maré bai- Somente na restinga. O ameaçado formigueiro-do-lito-
xa. Aí é possível avistar o socó-do-mangue, a garça-azul ral habita uma região restrita da costa fluminense, em
e garças-brancas alimentando-se na lama e aninhando boa parte protegida pelo Parque Estadual Costa do Sol.
nas árvores de mangue. A águia-pescadora pode ser vis- Uma pequena população do formigueiro-de-cabeça-pre-
ta mergulhando atrás de peixes. Certas aves, como a ta, antes tido como extinto, foi descoberta em Angra dos
figuinha-do-mangue, vivem apenas nesse ambiente. Reis, em 1987. Tipos diferentes de restinga abrigam di-
ferentes faunas de aves.
O espetacular guará foi, por muito tempo, As restingas enfrentam graves pressões pela urbanização
dado como extinto no Sudeste do Brasil. Na década
de 1980, uma colônia surgiu em um local improvável, costeira. Cada trecho de restinga é um miniecossistema
Guará Formigueiro-do-litoral
o poluidíssimo manguezal de Cubatão. Hoje, Garça-azul
quase único. Em cada ponto onde esta paisagem com- Papagaio-de-cara-roxa
a ave habita vários pontos da costa paulista. Saracura-do-mangue plexa é destruída, uma biodiversidade única é perdida. Tiê-sangue
6 7
JACUTINGA Pipile jacutinga 70-75 cm 41
EN Rara, de ocorrência localizada, em dossel e borda de mata e capoeira, no L
e S de São Paulo; a distribuição original era bem mais ampla, chegando ao
S da Bahia e muito mais para o interior, ao longo dos rios paulistas. Hoje, as
populações mais numerosas estão no PE Intervales e arredores. Até 1050 JACUTINGA
m de altitude. Inconfundível, com plumagem chamativa. Bico azul-claro com BLACK-FRONTED PIPING GUAN
ponta preta, anel ocular branco e grande barbela vermelha com azul na parte
anterior (azul aparentemente mais extenso na época de cria); pernas rosa-
vivas. Cor geral preta, com coroa e nuca brancas despenteadas e grande
mancha branca nas coberteiras da asa; rajado branco esparso no peito e
na barriga. Não há nada parecido na região. Vive em grupinhos e é quase
totalmente arborícola; pode ser fácil de detectar de manhã cedo, quando
costuma pousar em locais expostos, como embaúbas (Cecropia) e cachos
de frutos de juçara, dos quais se alimenta. Em geral silenciosa, no início da
época de cria (set-out), faz uma exibição em que desce planando entre duas
árvores, enquanto produz dois matraqueios mecânicos ao vibrar as penas das
asas (chamado de “rasgar de asas”), sendo o segundo mais longo. Quando
alarmada, dá um “psiiu” suave, descendente. Sua população e sua área de
ocorrência foram drasticamente reduzidas pela caça intensa, combinada ao
desmatamento; há tentativas de reintrodução, como na Fazenda Macedônia
(em Ipaba, Minas Gerais) e na Regua (Rio de Janeiro). Às vezes classificada
no gênero Aburria.
mutuns Aves imponentes, muito grandes e parcialmente terrícolas. Hoje em número muito reduzido em
razão da caça descontrolada e do desmatamento, estão entre as aves neotropicais mais ameaçadas. Na
região, há duas espécies, ambas com penas da coroa longas e curvas, formando uma crista encaracolada,
que na revela algum branco.
MUTUM-DO-SUDESTE Crax blumenbachii 89-96,5 cm
Raro, de ocorrência localizada em mata e bordas, com frequência perto de
CR córregos, na baixada costeira do N do Espírito Santo (sobretudo em Linhares),
talvez com alguns sobrevivendo em porções adjacentes da Bahia e de Minas
Gerais; no passado tinha distribuição muito mais ampla, do Rio de Janeiro
ao SE da Bahia. Até 500 m de altitude (talvez apenas no passado). O tem
bico preto com base, carúncula e pequenas barbelas laterais vermelhas; é
todo preto com barriga branca. A tem bico cinza-azulado, amarelado na
ponta; é enegrecida por cima e na garganta e pescoço, tem asa com vermi-
culado castanho e barriga canela. Inconfundível, sem sobreposição com o
mutum-de-penacho. Vive em casal, às vezes grupinhos familiares. Caminha MUTUM-DO-SUDESTE
pelo chão da mata; onde não é perseguido, pode ser relativamente manso, RED-BILLED CURASSOW
frequentando bordas e até o entorno de edificações próximas. Alimenta-se
de frutos e sementes, que geralmente pega no chão. Na época de cria, o
produz um ribombar gutural, muito grave (daí o nome mutum), ouvido de longe
mas difícil de localizar. Ambos os sexos dão um assobio “ríííu!” débil quando
alarmados e também vários cacarejos. Resta torcer para que os projetos de
reintrodução já em andamento consigam estabelecer populações estáveis
e duradouras desta ave elegante. MUTUM-DE-PENACHO
BARE-FACED CURASSOW
MUTUM-DE-PENACHO Crax fasciolata 86-94 cm
Raro, em mata, cerradão e capoeira, no N de São Paulo e O de Minas Gerais.
Ao menos até 800 m de altitude (São Carlos). com cera e base do bico
amarelas; pernas escuras. Todo preto, barriga branca, penas externas da cau­
da com pontas brancas. com bico escuro; pernas amareladas ou rosadas.
Por cima preta, riscada de branco, exceto no pescoço; barriga cor de canela,
cauda com pontas brancas. Inconfundível, único mutum em sua área de
ocorrência. Comportamento como o do mutum-do-sudeste. O produz um
ribombar muito grave, “hum, hu! hum-hu, hum-hu, hum-huhu”. Quando agi-
tado, dá assobios finos. Como o mutum-do-sudeste, seus números e área de
ocorrência foram muito reduzidos pela caça e pelo desmatamento; ao menos
tem ampla distribuição, e por isso não chega a estar globalmente ameaçado.
gênero Falco Reúne falcões de asas longas e pontudas e voo muito veloz. Variam em tamanho do 101
pequeno quiriquiri ao poderoso peregrino. As são maiores que os .
CAURÉ Falco rufigularis 24-28 cm CAURÉ
Escasso, em borda de mata, capoeira e arredores. Em geral abaixo de 1000 BAT FALCON
m de altitude, alguns até 1500 m. Pequeno. Cabeça preta, partes superiores
cinza-escuras. Garganta, pescoço e papo branco-sujos, peito e flanco pretos,
com fino barrado claro; baixo-ventre e crisso ferrugíneos. Cauda com fino
barrado branco. Em voo, asas estreitas, no geral escuras. Compare com o
raro falcão-de-peito-laranja e, em voo, com o andorinhão-de-coleira (página
171), de silhueta parecida. Sozinho ou em casal, passa muito tempo pousado
em algum galho seco bem exposto. Captura no ar aves, insetos grandes e
morcegos. Chamado, um “ki-ki-ki-ki...” estridente.
FALCÃO-DE-PEITO-LARANJA Falco deiroleucus 35,5-40,5 cm
Muito raro, de ocorrência localizada em beira de mata e arredores de pare-
dões rochosos expostos, onde aninha; registrado do S da Bahia ao N do Rio
de Janeiro. Ao menos até 600 m de altitude. Garras muito fortes, evidentes
quando está pousado. Lembra o cauré, mas é maior, mais preto por cima,
com garganta branca, papo e pescoço laranja-ferrugíneos e “colete” preto
com barrado claro no peito. Imaturo mais claro por baixo. Em voo, asas largas
na base, lembrando mais o falcão-peregrino. Pode ser di­fícil distingui-lo do FALCÃO-DE-PEITO-LARANJA
cauré (cuja tem quase o tamanho do do falcão-de-peito-laranja), mais ORANGE-BREASTED FALCON
numeroso. Empoleira em árvores mortas e penhascos, de onde sai para
capturar aves (até o tamanho de papagaios). Chamado, um “ke-ke-ke-ke...”
forte, dado sobre­tudo perto dos locais de nidificação.
FALCÃO-PEREGRINO Falco peregrinus 38-48 cm adulto
Migrante escasso, visitante (out-abr) em áreas abertas, sobretudo perto da
costa e de grandes corpos d’água; ocorre regularmente em cidades, inclusive
São Paulo e Rio de Janeiro. Em geral abaixo de 1000 m de altitude. Grande e FALCÃO-PEREGRINO
robusto, com asas longas, afiladas, de base larga. Adulto cinza-azulado-escuro PEREGRINE FALCON
adulto
em cima, cabeça preta; largo bigode preto, lados do pescoço brancos. Por
baixo, branco com barrado preto variável, lados lavados de róseo; cauda com
barrado pardo. Em voo, branco-sujo barrado de preto sob a asa. Imaturo
amarronzado por cima, com cabeça mais parda e sobrancelha branca; rajado imatura
e mancha­do de escuro por baixo. Em geral visto sozinho, pousado em locais
expostos como galhos secos; nas cidades pousa em marquises de prédios
altos, torres e antenas. Caça aves grandes (como pombos), que pega no ar FALCÃO-DE-COLEIRA
com arremetidas vindas de cima ou em persegui­ções muito rápidas. Quase APLOMADO FALCON
cosmopolita, não cria na região. As aves que chegam aqui criam na América
do Norte; é possível que haja também migrantes vindos de sul. imaturo
FALCÃO-DE-COLEIRA Falco femoralis 37-43 cm
Escasso, em áreas abertas, inclusive cerrados, pastos e plantações; ocorre
também em cidades (São Paulo). Até 1800 m de altitude. Elegante e esguio,
de asas e cauda longas. Adulto cinza-azulado por cima, com so­brancelha
branco-suja, face branca e pequeno bigode preto. Garganta e papo brancos; adulto
faixa no peito e flanco pretos com fino barrado branco, baixo-ventre e coxas
ferrugíneos; cauda preta com faixas bran­cas finas. Em voo, fina orla branca no
bordo posterior da asa. Imaturo um pouco mais amarronzado por cima, peito
mais rajado. Compare com o peregrino, maior, de asas mais largas e cauda
proporcionalmente mais curta. Sozinho ou em casal, pousa em locais altos e
expos­tos, persegue aves (sobretudo rolinhas, mas até andorinhões), num voo
rápido em nível, e às vezes pega insetos no ar. Sobrevoa queimadas. Silencioso.
QUIRIQUIRI Falco sparverius 25,5-29 cm QUIRIQUIRI
Comum, de ocorrência ampla e fácil de ver em áreas abertas, inclusive pas­ AMERICAN KESTREL
tos, plantações e entorno humano, até em cidades. Até 2000 m de altitude
(Espinhaço). Pequeno, de cauda longa. com coroa cinza-azulada, face
branca com bigode e “costeleta” pretos; dorso ferrugíneo contrasta com
asa cinza-azulada. Branco por baixo com pintas pretas; cauda ferrugínea,
com faixa subterminal preta e laterais brancas. barrada de ferrugíneo e
preto por cima, rajada de marrom por baixo; cauda marrom barrada de preto.
Compare com o gaviãozi­nho (página 75), cinza-escuro por cima. Sozinho
ou em casal, pousa em fios e postes; caça pairando no ar (“penei­rando”)
e mergulha para capturar presas, sobretudo insetos. Vocaliza muito, um
“quiri-quiri-quiri...” estridente.
PAPAGAIOS, ARARAS e PERIQUITOS (Psittacidae) Aves coloridas, de bico curto muito curvo 139
e pés hábeis. Porte variável, cauda longa ou curta. Sociáveis, voam em bandos ruidosos que silenciam
quando pousam. Comem frutos e sementes e a maioria aninha em ocos de árvores.
ARARA-CANINDÉ
ARARA-CANINDÉ Ara ararauna 81-86 cm BLUE-AND-YELLOW MACAW
Rara, em declínio, em mata e áreas abertas próximas, em geral onde há
palmeiras; está presente sobretudo no O e N de São Paulo, mas no passado
chegava à costa em alguns pontos. Escapes de cativeiro podem ser vistos
em qualquer local, mesmo em cidades. Até 500 m de altitude. Inconfundível:
enorme, de cauda muito longa, azul-vivo por cima, amarelo-ouro por baixo.
Face nua branca, com fileiras de peninhas pretas e um pequeno “babador”
preto; bico preto. Quando iluminada pelo sol baixo, pode parecer vermelha.
Em casal ou bandinhos, é mais vista em voo, às vezes a grande altura. É bem
ruidosa, mas quando pousa pode silenciar e ser difícil de localizar. Grito mais
característico, um “rraaah!” rouco e potente, em geral repetido várias vezes.
A arara-vermelha-grande (A. chloropterus) ocorria em boa parte da região, mas parece só persistir no
O de São Paulo, rara e em poucos locais; até recentemente existia no Espírito Santo (onde talvez possa
ser reintroduzida). Escapes de cativeiro podem ocorrer em qualquer lugar. Inconfundível: vermelha com MARACANÃ
coberteiras da asa verdes e penas de voo azuis. Voz rouca, mais potente e grave que a da canindé. BLUE-WINGED MACAW
MARACANÃ Primolius maracana 38-42 cm
Escassa ou razoavelmente comum, em mata, capoeira e cerradão; às vezes
em áreas mais abertas, mesmo extensamente desmatadas. Em alguns locais,
até 1400 m de altitude (Ibitipoca). Verde-vivo com face nua branca ou branco-
amarelada, testa vermelha, co­roa e cabeça azuladas e man­cha avermelhada no
baixo-ventre; também com mancha vermelha no baixo dorso (mais visível em
voo). Penas de voo azuis, cauda vermelha e azul por cima; amarelo-oliva sob a
asa e a cauda. Embora pouco frequente na região, é mais vista que as araras
grandes. Compare com a maracanã-do-buriti, maior, de face mais amarela,
sem testa vermelha; também com a maracanã-pequena, bem menor. Forma
bandos com até várias dezenas de aves. Ruidosa, o chamado mais frequente MARACANÃ-DO-BURITI
é um “rénh” repetido; dado em voo, em geral revela a aproximação do bando. RED-BELLIED MACAW
Tem sofrido redução populacional. Às vezes chamada de maracanã-do-buriti.
MARACANÃ-DO-BURITI Orthopsittaca manilata 46-48 cm
Escassa, de ocorrência localizada em matas de galeria e veredas de buriti,
no N de São Paulo e em Minas Gerais; presente apenas onde há buritizais.
Até 900 m de altitude. Verde, face nua amarelada, coroa azulada, garganta e
peito esbranquiçados, parecendo enfarinhados; mancha vermelha na barriga.
Primárias azuis; amarelo-esverdeado-claro sob asa e cauda. Compare com a
maracanã, de face mais branca, vermelho na testa e baixo dorso, sem amarelo
sob as asas; voz diferente. Vista em grupos com até dezenas de aves, em geral
voando entre locais de pernoite e de alimentação, às vezes bem alto. Em voo,
esguia, com asas finas e pontudas e cauda estreita, às vezes meio erguida. Voz
mais estridente e suave que a de outras araras, um “cri-i-ik” repetido. Também
chamada de maracanã-de-cara-amarela.
MARACANÃ-PEQUENA Diopsittaca nobilis 33-35 cm
Escassa, em mata de planalto e de galeria, e perto de buritizais, no N de São
Paulo e em Minas Gerais; há populações estabelecidas também em algumas MARACANÃ-PEQUENA
áreas urbanas (como em São Paulo e Rio de Janeiro). Até 900 m de altitude. RED-SHOULDERED MACAW
Uma arara pequena. Verde-vivo, com pequena área branca nua na face, bico
bicolor e testa azulada; ombro vermelho. Compare com a maracanã e a mara-
canã-do-buriti, maiores, sem vermelho na asa; também com o periquitão-mara-
canã, com bico claro, e face e corpo salpicados de vermelho. Vive em grupinhos
que pousam em palmeiras; mansa, persiste bem na vizinhança humana. Voz
um tanto anasalada, um “ain-ain” que repete depressa; lembra uma Aratinga.
PERIQUITÃO-MARACANÃ Psittacara leucophthalma 33-35 cm
Razoavelmente comum, de forma localizada, em borda de mata e cerradão,
também em áreas abertas com árvores e até em cidades. Em geral até 1100
m de altitude, localmente até 2000 m (Itatiaia). Bico claro; anel orbital bran-
co-amarelado. Verde-vivo, face e pes­coço salpicados de penas vermelhas. PERIQUITÃO-MARACANÃ
Mancha vermelha na borda da asa; sob a asa, as coberteiras menores são WHITE-EYED PARAKEET
vermelhas e as maiores amarelas (estas visíveis sobretudo em voo). Compare
com a maracanã-pequena. Visto em bandos que podem ser numerosos; come
frutos e pode voar longas distâncias para se alimentar. Barulhento, dá guinchos
rascantes, “scrii-scríah” ou “scrá-scrá-scra-scra”, tanto em voo como pousado.
Antes classificado no gênero Aratinga.
BESOURINHO-DE-BICO-VERMELHO Chlorostilbon lucidus 9 cm 183
Razoavelmente comum ou comum, de ocorrência ampla em bordas, áreas
abertas com árvores, campos de altitude e chácaras; mais escasso perto BESOURINHO-DE-BICO-VERMELHO
da costa. Até 2000 m de altitude. , bico vermelho com ponta preta. Verde- GLITTERING-BELLIED EMERALD
dourado-brilhante, garganta e peito mais azulados; cauda furcada azul-escura.
, menos vermelho no bico. Linha branca atrás do olho e más­cara escura; de
resto, verde por cima e cinza por baixo; cantos da cauda cinzentos. Sob boa
iluminação, o é reluzente, muito bonito. Compare com o do beija-flor-
de-garganta-azul. com padrão facial inconfundível e mais vermelho no bico
que as de espécies parecidas. Visita flores a baixa altura e bebedouros.
Em voo, dá um zumbido breve, repetido. Antes chamado C. aureoventris.
BEIJA-FLOR-DE-GARGANTA-AZUL Chlorestes notata 9 cm
Razoavelmente comum, de forma localizada, em mata, capoeira e áreas ajar-
dinadas próximas, nas baixadas costeiras da Bahia ao Rio de Janeiro (aqui,
talvez apenas registros antigos). Até 700 m de altitude. Mandíbula vermelha
na base. verde-brilhante por cima. Verde iridescente por baixo, mento azul
iridescente (difícil de ver), brilho azulado no pescoço e no peito; cauda meio BEIJA-FLOR-DE-GARGANTA-AZUL
arredondada, preto-azulada. branca por baixo, com garganta salpicada de BLUE-CHINNED SAPPHIRE
verde e flanco verde (de extensão variável). Compare com do besourinho-
de-bico-vermelho e do beija-flor-de-garganta-verde (página 185). Alimenta-se
a altura variável, do chão às copas das árvores. Não vocaliza muito; canto, um
“tzz, tzz, tzz...” débil. Às vezes classificado como Chlorostilbon notata.
BEIJA-FLOR-ROXO Hylocharis cyanus 9 cm
Razoavelmente comum, de forma localizada, em mata, capoeira e jardins
próximos, nas baixadas costeiras da Bahia a São Paulo. Em geral até 500
m de altitude, às vezes até 1000 m. com bico vermelho com ponta preta.
Bonito, com cabeça, pescoço e papo roxo-azulados iridescentes; mento branco
(difícil de ver). De resto, verde por cima, baixo dorso acobreado; peito e barriga
esverdeados. Cauda azul-escura. com mandíbula rosada com ponta escura.
Por cima, como o ; cinza-clara por baixo, lados da garganta manchados de BEIJA-FLOR-ROXO
azul-esverdeado, lados do peito de tom verde. Cauda com cantos brancos. WHITE-CHINNED SAPPHIRE
Compare com a do beija-flor-safira. Visita flores a altura variável. Para cantar,
2-3 formam arenas em locais sombreados; canto, uma série confusa
de notas agudas, “suisi-si-si-sí”, lembrando a cambacica, mas mais lento.
BEIJA-FLOR-SAFIRA Hylocharis sapphirina 9 cm
Escasso ou razoavelmente comum em mata, capoeira e áreas ajardinadas
próximas, nas baixadas costeiras da Bahia ao Rio de Janeiro (onde é raro).
Localmente até 800 m de altitude. com bico vermelho com ponta preta. BEIJA-FLOR-SAFIRA BEIJA-FLOR-DOURADO
Verde-reluzente por cima, rabadilha e cauda castanho-acobreadas. Mento RUFOUS-THROATED SAPPHIRE GILDED SAPPHIRE
ferrugem (em geral visível), garganta e peito azul-arroxeados iridescentes; por
baixo, verde-brilhante. com mandíbula avermelhada. Como o por cima,
incluindo a cauda castanho-acobreada. Mento acanelado; de resto, branco-
suja por baixo salpicada de azul nos lados do papo, crisso pardo. O mento
ferrugem permite a identificação (atenção para outros beija-flores sujos de
pólen); não há beija-flores parecidos com cauda castanha. Comportamento
como o do beija-flor-roxo. Canto do , um “tsii-tsii” débil e agudo.
BEIJA-FLOR-DOURADO Hylocharis chrysura 9,5 cm
Comum, em borda de mata e capoeira, e em áreas ajardinadas, no interior
de São Paulo. De 300 a 800 m de altitude. O tem bico vermelho com
ponta preta. Verde-dourado luzidio uniforme; cauda dourada. um pouco
mais apagada, com bico mais rosado. Fácil de reconhecer em sua área de
ocorrência, onde existem poucas espécies de beija-flor. Compare com o
besourinho-de-bico-vermelho, bem mais verde, de cauda furcada preto-
azulada. Alimenta-se em flores a altura variável, em geral não muito alto;
visita bebedouros. O canto, dado pelo , é uma série rápida de notas “tzz”
extremamente agudas, durando 3-5 segundos, que pode passar despercebido.
BEIJA-FLOR-DE-BICO-CURVO Polytmus guainumbi 10 cm
Escasso, de ocorrência um tanto localizada, em vegetação arbustiva com capim
alto, em geral à beira d’água ou de brejos. Até 1000 m de altitude. Bico um
tanto longo e curvo, com base rósea. por cima verde-bronzeado-dourado,
linha atrás do olho e bigode brancos; por baixo, verde-dourado. Cauda um tanto BEIJA-FLOR-DE-BICO-CURVO
longa, em forma de cunha, verde com branco na base das penas externas (bem WHITE-TAILED GOLDENTHROAT
visível em voo pairado). mais parda por baixo, salpicada de verde. Fácil de
reconhecer em seu ambiente bem restrito. Alimenta-se em flores a baixa altura.
gênero Celeus Inclui pica-paus elegantes e com crista, fáceis de reconhecer. Vivem em ambientes 213
florestais; duas espécies estão restritas à porção norte da região.
PICA-PAU-AMARELO Celeus flavus 26 cm
Raro, em mata e capoeira, bordas e áreas abertas adjacentes, na baixada
costeira da Bahia e N do Espírito Santo. Abaixo de 100 m de altitude. Crista
arrepiada e pontuda, bem visível, bico amarelo. Amarelo ou amarelo-creme
( com bigode vermelho), com marrom-enegrecido mesclado nas coberteiras
da asa, alto dorso e peito (às vezes muito pouco); penas de voo escuras,
cauda enegrecida. Inconfundível, é o único pica-pau todo amarelo. Percorre
a mata a qualquer altura, movendo-se ao longo de troncos e galhos gros­sos.
Tem predileção por cupins e formigas arborícolas, e é visto em embaúbas.
Não costuma juntar-se a bandos mistos. Vocalização mais frequente, um PICA-PAU-DE-COLEIRA
“kri-kri-kri-kri-ku” forte e ressoante, a última nota sempre um pouco mais RINGED WOODPECKER
grave. A população do L do Brasil é tida como ameaçada. PICA-PAU-AMARELO
PICA-PAU-DE-COLEIRA Celeus torquatus 28 cm CREAM-COLORED
Raro, em dossel de mata, capoeira e bordas, nas baixadas costeiras da WOODPECKER
Bahia e N do Espírito Santo. Abaixo de 100 m de altitude. Bico cinza. Crista
arrepiada e pontuda. Cabeça e pescoço pardo-acanelados ( com bigode
vermelho); por cima ferrugíneo-vivo barrado de preto. Grande área preta no
peito; de resto, barrado de branco-sujo e preto por baixo. De padrão vistoso,
é um pica-pau elegante, difícil de confundir. Vive em casais, que parecem
manter territórios extensos; em geral fica a grande altura, sozinho ou em
casal, e não se junta a bandos mistos. Perfura a madeira para pegar insetos
e larvas e, como os demais Celeus, também come muitas formigas e cupins.
Chamado, um “kli! kli! kli!...” potente e sonoro, dado de forma espaçada.
Esta população isolada às vezes é considerada uma espécie à parte (C. JOÃO-VELHO B
tinnunculus) e está ameaçada pelo desmatamento. BLOND-CRESTED WOODPECKER
JOÃO-VELHO Celeus flavescens 28 cm
Escasso ou razoavelmente comum, de ocorrência ampla, em mata, capoeira
e arvoredos plantados, e até na arborização urbana (na cidade de São Paulo
parece estar aumentando em número). Ao menos até 1500 m de altitude. A
Atraente, com crista longa e arrepiada, bem característica. Na maior parte
da área (A) quase todo preto por baixo, com cabeça e crista amarelo-claras
(bigode vermelho no ). Por cima enegrecido com escamado amarelo-claro;
rabadilha também amarela. No L da Bahia (B), bem diferente, muito mais claro
por cima, com o amarelo da cabeça prolongando-se por toda a parte superior,
com marcas pretas, mais densas, no baixo dorso e nas asas; esta forma talvez
constitua uma espécie à parte (C. ochraceus). Aves com plumagem intermediária
são encontradas onde ambas as formas entram em contato. No L da Bahia e
do Espírito Santo, compare com o pica-pau-amarelo (mais amarelo-creme) e o
pica-pau-de-coleira (com papo preto). Visto em geral sozinho, às vezes em casal
ou até grupinhos, percorrendo a vegetação a qualquer altura; come sobretudo
formigas e cupins, mas também frutos; chega a visitar pomares e comedouros
perto da mata. Voz, uma repetição rápida de 2-4 notas “kri”, penetrantes e
ressonantes. Também chamado de pica-pau-de-cabeça-amarela.
PICA-PAU-DE-CARA-CANELA Dryocopus galeatus 28 cm
Raro, em mata e capoeirão serranos, no S de São Paulo (sobretudo em
EN Intervales). Até 800 m de altitude. Bico branco ou córneo. Crista bem longa
(dependendo da atitude da ave, pode parecer pontuda ou arrepiada, como
um “moicano”). Cabeça, crista e mento vermelhos, área auricular com fino
barrado castanho e preto; demais partes superiores pretas, estria branca
descendo pelo lado do pescoço (mas não além) e rabadilha e coberteiras
supracaudais de cor creme. Papo e peito pretos, demais partes inferiores
barradas de pardo e preto. com mais pardo na face e na testa. Difícil de
confundir; compare com o pica-pau-rei (página 215), bem maior, de pescoço
vermelho, sem pardo na face. Não é visto com frequência e é sempre muito
procurado pelos observadores de aves na região. Sozinho ou em casal, per-
corre troncos e galhos mais grossos, a qualquer altura, em geral procurando
larvas de besouro sob a cortiça; nesse processo, costuma arrancar grandes
pedaços de casca. Quieto e discreto; fácil de observar uma vez localizado,
PICA-PAU-DE-CARA-CANELA
não tenta se esconder. Canto característico, uma série de 3-7 notas “reip”
potentes e bem enunciadas. Também dá um tamborilar forte. Provavelmente HELMETED WOODPECKER
nunca foi comum e agora está ameaçado pelo desmatamento.

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