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Capítulo 26
Argamassas
Helena Carasek1
Doutora em Engenharia, Programa de Pós-Graduação em Geotecnia e Construção Civil – PPG-GECON
Universidade Federal de Goiás
e-mail: hcarasek@eec.ufg.br
1. Introdução
1.1 Definição e histórico
Argamassas são materiais de construção, com propriedades de aderência e
endurecimento, obtidos a partir da mistura homogênea de um ou mais aglomerantes,
agregado miúdo (areia) e água, podendo conter ainda aditivos e adições minerais.
As argamassas são materiais muito empregados na construção civil, sendo os
seus principais usos no assentamento de alvenarias e nas etapas de revestimento, como
emboço, reboco ou revestimento de camada única de paredes e tetos, além de
contrapisos para a regularização de pisos e ainda no assentamento e rejuntamento de
revestimentos de cerâmica e pedra.
Os primeiros registros de emprego de argamassa como material de construção são
da pré-história, há cerca de 11.000 anos. No sul da Galiléia, próximo de Yiftah’el, em
Israel, foi descoberto em 1985, quando de uma escavação para abrir uma rua, o que hoje
é considerado o registro mais antigo de emprego de argamassa pela humanidade: um
piso polido de 180 m2, feito com pedras e uma argamassa de cal e areia, o qual se estima
ter sido produzido entre 7.000 a.C. e 9.000 a.C. (European Mortar Industry Organization –
EMO, 2006; Hellenic Cement Industry Association – HCIA, 2006). O segundo registro
mais antigo é de 5.600 a.C., em uma laje de 25 cm de espessura, também executada
com argamassa de cal, no pátio da Vila de Lepenske-Vir, hoje Iuguslávia (Venuat apud
Guimarães, 1997). A partir daí existem vários registros do emprego de argamassas de cal
e gesso pelos egípcios, gregos, etruscos e romanos.
Como visto, as argamassas mais antigas eram à base de cal e areia. No entanto,
com as alterações das técnicas de construção, novos materiais foram desenvolvidos. As
argamassas modernas geralmente possuem em sua composição também o cimento
Portland e, muito freqüentemente, aditivos orgânicos para melhorar algumas
propriedades, como a trabalhabilidade. Esses aditivos são, por exemplo, os
incorporadores de ar que modificam a reologia da massa fresca pela introdução de
pequenas bolhas de ar, ou mesmo os aditivos retentores de água (à base de ésteres de
celulose, os quais regulam a perda da água de amassamento). Já no final século IXX
surgiram, na Europa e nos Estados Unidos, as argamassas industrializadas, misturas
prontas, dosadas em plantas industriais, para as quais, na obra, só é necessária a adição
de água (EMO, 2006).
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propriedades com alguns métodos de ensaio disponíveis para sua determinação. São
discutidos também aspectos da dosagem e preparo das argamassas. São abordadas
somente as argamassas inorgânicas, principalmente argamassas à base de cimento
Portland e cal ou de cimento Portland e aditivos, com função de assentamento de
alvenaria e de revestimento de paredes. As demais argamassas destinadas a outras
funções são tratadas mais superficialmente, uma vez que essas apresentam inúmeras
particularidades. Além disso, em termos de consumo de materiais na obra, essas outras
argamassas representam menor volume e são freqüentemente compradas prontas
(argamassas industrializadas) ficando a responsabilidade do seu proporcionamento aos
fabricantes.
Cabe destacar-se que o foco do capítulo é o estudo da argamassa enquanto
material de construção. No entanto, não se deve esquecer que, na prática, é importante,
dentro de uma visão sistêmica, a análise do material aplicado, ou seja, a avaliação do
desempenho. Nesse sentido, uma rápida abordagem de desempenho de alguns
subsistemas constituídos por argamassas é feita na seção 3, além de serem
apresentados no CD-ROM, anexo ao livro, alguns aspectos sobre manifestações
patológicas de revestimentos de argamassa.
2. Classificações
As argamassas podem ser classificadas com relação a vários critérios, alguns dos
quais são propostos no Quadro 1.
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Função Tipos
Para construção de alvenarias Argamassa de assentamento (elevação da alvenaria)
(ver item 3.1) Argamassa de fixação (ou encunhamento) – alv. de vedação
Argamassa de chapisco
Para revestimento de paredes e Argamassa de emboço
tetos Argamassa de reboco
(ver item 3.2) Argamassa de camada única
Argamassa para revestimento decorativo monocamada
Argamassa de contrapiso
Para revestimento de pisos
Argamassa de alta resistência para piso
Para revestimentos cerâmicos Argamassa de assentamento de peças cerâmicas – colante
(paredes/ pisos) Argamassa de rejuntamento
Para recuperação de estruturas Argamassa de reparo
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Figura 1 – Aplicação de argamassa de assentamento: (a) bisnaga (foto: Prudêncio Jr.) e (b) meia
desempenadeira ou palheta (foto: ABCP).
A retenção de água é uma propriedade muito importante para as argamassas de
assentamento, uma vez que, após a sua aplicação sobre uma fiada de blocos ou tijolos, a
argamassa começa a perder água, pela sucção dos componentes de alvenaria e pela
evaporação. Nesse momento, a propriedade em questão torna-se importante, regulando a
perda da água de amassamento durante o processo de secagem. Se perder água muito
rapidamente, a argamassa ressecará, e não será possível o adequado ajuste dos blocos
da próxima fiada, prejudicando o seu nivelamento e o prumo da parede, o que pode levar
a uma distribuição não uniforme das cargas atuantes na parede pela área resistente dos
blocos. Por outro lado, caso queira corrigir esse problema com uma argamassa de baixa
retenção de água, o pedreiro deverá reduzir a área na qual espalhará a argamassa,
prejudicando a produtividade do serviço. Além disso, a retenção de água influirá na
aderência, uma vez que, se a argamassa perder água muito rapidamente para o bloco
abaixo da junta, poderá faltar água (a qual carrega consigo aglomerantes) para garantir
uma adequada ligação da argamassa com o bloco superior. A Figura 2 ilustra a perda de
água da argamassa fresca em uma junta de assentamento; observe que além da
argamassa entrar em contato primeiro com o bloco inferior, sofrendo o efeito da sucção
pelos seus poros, o efeito da força da gravidade também contribui para ocorrer uma
ligação mais efetiva entre a junta de assentamento e o bloco inferior.
A aderência, por sua vez, é uma propriedade essencial no caso das argamassas
de assentamento, tendo em vista que ela permitirá à parede resistir aos esforços de
cisalhamento e de tração, além de garantir a estanqueidade das juntas, impedindo a
penetração da água das chuvas.
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100
90
80
70
60
Resist. Argamassa
50
40 Resist. Alvenaria
30
20
10
0
1:0:3 1:1/4:3 1:1:6 1:2:9 1:3:12
Traço da argamassa
(cimento:cal:areia - em volume)
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Propriedades Definição
É a maior ou menor facilidade da argamassa deformar-se sob ação de
Consistência
cargas.
É a propriedade pela qual a argamassa tende a conservar-se deformada
Plasticidade
após a retirada das tensões de deformação.
Retenção de água e É a capacidade de a argamassa fresca manter sua trabalhabilidade
de consistência quando sujeita a solicitações que provocam a perda de água.
Refere-se às forças físicas de atração existentes entre as partículas
Coesão
sólidas da argamassa e as ligações químicas da pasta aglomerante.
É a tendência de separação da água (pasta) da argamassa, de modo que
a água sobe e os agregados descem pelo efeito da gravidade.
Exsudação
Argamassas de consistência fluida apresentam maior tendência à
exsudação.
Densidade de massa Relação entre a massa e o volume de material.
Adesão inicial União inicial da argamassa no estado fresco ao substrato.
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uma vez que as proporções dos componentes são pré-fixadas. Esse ajuste, pela adição
de mais ou menos água, em primeiro lugar, diz respeito à consistência ou fluidez da
argamassa, a qual pode ser classificada em seca, plástica ou fluida, dependendo da
quantidade de pasta aglomerante existente ao redor dos agregados (VALDEHITA
ROSELLO,1976), como detalhado no Quadro 6.
N
S
I Uma fina camada de pasta
S Argamassa aglomerante “molha” a superfície
Plástica* dos agregados, dando uma boa
T adesão entre eles com uma
estrutura pseudo-sólida.
Ê
N
C
I As partículas de agregado estão
A imersas no interior da pasta
Argamassa aglomerante, sem coesão interna e
Fluida com tendência de depositar-se por
gravidade (segregação). Os grãos
de areia não oferecem nenhuma
resistência ao deslizamento, mas a
argamassa é tão líquida que se
espalha sobre a base, sem permitir
a execução adequada do trabalho.
* Obs.: O termo consistência plástica pode gerar alguma confusão entre os conceitos das
propriedades consistência e plasticidade. Poder-se-ia, então, propor o termo consistência
adequada para substituir consistência plástica. No entanto, isso não é feito, pois nem sempre a
consistência adequada para uma argamassa é a plástica, como é o caso das argamassas de
contrapiso que são elaboradas com uma consistência seca, para permitir a sua compactação.
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Quadro 7 – Influência do teor de finos (partículas < 0,075 mm) da mistura seca na plasticidade
das argamassas (LUHERTA VARGAS; MONTEVERDE COMBA, 1984 apud CINCOTTO, SILVA,
CARASEK, 1995).
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Argamassadeira
80,0
74
74
70,0
Penetração estática do cone (mm)
y = 640,5x - 52,31 66 67
2
60,0 R = 0,987
60 y = 794x - 84,53
51 55 2
50,0 R = 0,9948
45
40,0 41
36
30,0
27 y = 809,5x - 91,84
2
20,0 R = 0,9352
16
10,0
0,0
0,13 0,14 0,15 0,16 0,17 0,18 0,19 0,2 0,21
Relação água/materiais secos
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5
Um detalhamento deste assunto enfocando argamassas pode ser obtido, dentre outras, nas seguintes
referências: Cardoso, Pileggi e John (2005), Souza (2005) e Bauer (2005).
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Consistência, Tensão de
Gtec teste --- plasticidade e escoamento e
coesão viscosidade
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Argamassas mistas de
Aumento
cimento e cal
da
Argamassas com aditivo
retenção
incorporador de ar
de água
Argamassas de cimento
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2500
2000
Densidade de massa (kg/m )
3
1500
1000
500
y = -2 0 ,4 1 4 x + 2 0 7 2 ,5
2
R = 0 ,9 3 5 3
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Te o r d e a r (%)
Figura 10 – Relação entre densidade de massa e teor de ar das argamassas no estado fresco.
Quadro 10 – Tensão superficial medida para diferentes soluções, sendo as medidas realizadas a
uma temperatura de 22oC em um tensiômetro de Nouy. (CARASEK, 1996).
Soluções Tensão superficial (dina/cm)
Água destilada 71,1
Água destilada + cal 66,9
Água destilada + cimento 66,7
Água destilada + cal + cimento 42,2
Água + aditivo incorporador de ar 39,5
4.2 Retração
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da junta com o bloco superior, conforme já discutido no item 3.1), diminuindo a resistência
da parede e constituindo-se em um caminho para a entrada da água da chuva.
A tensão de tração na argamassa oriunda da retração é função direta do seu
módulo de elasticidade, de sorte que argamassas muito ricas em cimento sofrem notável
influência da retração, estando mais sujeitas às tensões de tração que causarão fissuras.
Ainda com relação aos materiais, a granulometria da areia determina o volume de
vazios a ser preenchido pela pasta aglomerante. Quanto mais elevado for esse volume,
maior o teor de pasta necessário, elevando-se o potencial de retração da argamassa. A
Figura 11 ilustra a classificação das areias quanto à distribuição granulométrica,
associando-as com o volume de vazios. O Quadro 11 apresenta resultados experimentais
de medida de retração de argamassas preparadas com diferentes areias.
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1,448
Figura 12 – (a) Gráfico mostrando a relação água/cimento necessária para obtenção de uma
consistência plástica e trabalhável para argamassas de revestimento preparadas com finos de
diferentes naturezas: argila – saibro; silicosos – micaxisto e granulito; e calcário, com um traço de
referência 1:1:6 (cimento:cal:areia, em volume, fazendo as substituições de parte da areia pelos
finos. (b) Valores de retração após 12 semanas de secagem, para as argamassas com teores
máximos de finos. (ANGELIM, ANGELIM, CARASEK, 2003)
Também o teor de água das argamassas influencia na retração, uma vez que ao se
aumentar a quantidade de água o volume proporcional de agregado será reduzido e,
conseqüentemente, o de pasta aumentado, crescendo o risco de fissuração6.
O Quadro 12 apresenta dados de Fiorito (1994), com medida da retração livre em
barras prismáticas, tanto para uma pasta como para uma argamassa. Nesse quadro
pode-se observar que a retração das argamassas é menos da metade da medida na
pasta e, principalmente, que a retração aos sete dias, por secagem ao ar, já é da ordem
de 60% a 80% do seu valor aos 28 dias. Daí vem a recomendação nos procedimentos
para a execução de revestimentos em argamassa, quando estes servirão de base para
outras camadas de argamassa ou revestimentos colados (por exemplo, emboço ou
contrapiso que receberá revestimento cerâmico aplicado com argamassa colante), de se
aguardarem no mínimo 7 dias para a execução das camadas ou serviços subseqüentes,
sendo mais prudente aguardar ao menos 14 dias quando a maior parcela de retração já
ocorreu. Com isso, garante-se a estabilidade dimensional das camadas de argamassa
utilizadas como base. Tal estabilidade é necessária para evitarem-se tensões de retração.
6
Alguns aspectos da fissuração por retração são complementados no texto que consta do CD, sobre
patologia dos revestimentos.
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4.3 Aderência
O termo aderência é usado para descrever a resistência e a extensão do contato
entre a argamassa e uma base. A base, ou substrato, geralmente é representada não só
pela alvenaria, a qual pode ser de tijolos ou blocos cerâmicos, blocos de concreto, blocos
de concreto celular autoclavado, blocos sílico-calcários, etc., como também pela estrutura
de concreto moldado in loco. Assim, não se pode falar em aderência de uma argamassa
sem especificar em que material ela está aplicada, pois a aderência é uma propriedade
que depende da interação dos dois materiais.
Didaticamente, pode-se dizer que a aderência deriva da conjunção de três
propriedades da interface argamassa-substrato:
• a resistência de aderência à tração;
• a resistência de aderência ao cisalhamento;
• a extensão de aderência (razão entre a área de contato efetivo e a área total possível
de ser unida).
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a) b)
Tendo em vista os mecanismos de ligação, pode-se concluir que quanto melhor for
o contato entre a argamassa e o substrato maior será a aderência obtida8. Dessa forma, a
aderência está diretamente relacionada com a trabalhabilidade (ou reologia) da
argamassa, com a energia de impacto (processo de execução), além das características
e propriedades dos substratos e de fatores externos. A Figura 14 reúne os principais
fatores que exercem influência na aderência.
Percebe-se que os materiais constituintes das argamassas, tanto a natureza como
as proporções, exercem grande influência na aderência. Assim, na subseção a seguir,
será discutida resumidamente a influência, nessa propriedade, do cimento, da cal, da
areia e de suas proporções na argamassa9. Também relacionados aos materiais, as
características do substrato (porosidade, absorção de água e rugosidade) e o seu preparo
(limpeza e tratamentos superficiais, como o chapisco) influenciarão grandemente essa
propriedade. Por outro lado, aspectos como a mão-de-obra, as técnicas de execução e as
condições climáticas durante a aplicação podem ser também decisivos no desempenho
da aderência. Apesar de muito importantes, esses últimos aspectos citados não serão
discutidos neste capítulo, por se desviarem do escopo proposto10.
8
Antunes (2005) encontrou uma relação inversamente proporcional entre a resistência de aderência e a
taxa de macrodefeitos na interface. O conceito de taxa de macrodefeitos na interface nada mais é do que o
inverso da extensão de aderência.
9
Uma abordagem mais completa sobre a influência desses e de outros materiais constituintes da
argamassa (incluindo aditivos e adições), bem como da influência do substrato, pode ser vista em Carasek,
Cascudo e Scartezini (2001).
10
A esse respeito pode-se sugerir a leitura de algumas referências: (a) sobre influência dos substratos e o
seu preparo – Carasek (1996); Candia (1998), Scartezini (2002), Paes (2004); (b) sobre a energia de
Livro Materiais de Construção Civil 22
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CONDIÇÕES
ADERÊNCIA
CLIMÁTICAS SUBSTRATO
Figura 14 – Fatores que exercem influência na aderência de argamassas sobre bases porosas.
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a) argamassa b) argamassa
Bloco Bloco
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Areias muito grossas não produzem argamassas com boa capacidade de aderir
porque prejudicam a sua trabalhabilidade e, conseqüentemente, a sua aplicação ao
substrato, reduzindo a extensão de aderência. No entanto, no campo das areias que
produzem argamassas trabalháveis, uma granulometria mais grossa garante melhores
resultados de resistência de aderência. Exemplificando: em estudo com os traços 1:1:6 e
1:2:9 (cimento, cal e areia, em volume) com duas areias distintas, uma classificada como
fina (MF = 2,32) e a outra como muito fina (MF = 1,75), encontraram-se para as
argamassas com as duas composições, maiores valores de resistência de aderência
quando foi utilizada a areia de partículas maiores (ANGELIM, 2000).
Areias ou composições inertes com altos teores de finos (principalmente partículas
inferiores a 0,075 mm) podem prejudicar a aderência. Nesse caso, podem ser
apresentadas duas hipóteses como explicação. A primeira refere-se ao fato de que,
quando da sucção exercida pelo substrato, os grãos muito finos presentes na areia
podem penetrar no interior de seus poros, tomando o lugar de produtos de hidratação do
cimento que se formariam na interface e produziriam o travamento da argamassa. A
segunda hipótese versa sobre a teoria dos poros ativos do substrato11, segundo a qual
uma areia com grãos muito finos produziria uma argamassa com poros de raio médio
pequeno; argamassas com poros menores do que os poros do substrato dificultam a
sucção da pasta aglomerante, uma vez que o fluxo hidráulico se dá sempre no sentido
dos poros maiores para os menores. Sendo assim, os poros do substrato seriam, em sua
maioria, ineficientes para succionar a pasta aglomerante da argamassa, reduzindo as
chances de produzir boa aderência12. Angelim (2000) estudou o efeito de diversos teores
de finos de diferentes naturezas (silicosos, argilosos e calcários) na composição da
argamassa de revestimento, substituindo parte da areia por agregado com elevado teor
de finos inertes. Ele confirmou as hipóteses anteriores, verificando uma redução da
resistência de aderência à medida que aumentou o teor total de finos das argamassas.
Para obtenção de bons resultados de aderência, a areia deve possuir uma
distribuição granulométrica contínua. De uma forma geral, quanto maior o módulo de
finura das areias, desde que produzam argamassas trabalháveis, maior será a resistência
de aderência obtida.
11
Maior detalhamento sobre a teoria de poros ativos pode ser vista nos trabalhos de Carasek (1996) e
Carasek, Cascudo, Scartezini (2001).
12
Isso foi comprovado também por PAES (2004) que, empregando sensores de umidade, estudou o fluxo
de água de argamassas aplicadas a blocos cerâmicos e de concreto e obteve como resultado que a
argamassa elaborada com a areia mais fina foi a que apresentou maior resistência interna ao fluxo de água
no sentido argamassa-substrato, principalmente nos primeiros 60 minutos.
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P/ 2 P/ 2 P V
P P
P/ 2 P
P/ 2 V/ 2 V/ 2
Tração Tração Corte
P/ 2 P/ 2
P
P/ 2 P/ 2
Tração por Flexão Tração por arrancamento
Figura 17 – Algumas propostas de métodos existentes para a avaliação da resistência de
aderência de juntas de assentamento.
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Traço em volume
Tipo de argamassa cimento cal areia Referências
Revestimento de paredes interno e de fachada 1 2 9 a 11 NBR 7200
(ABNT, 1982)*
Assentamento Alvenaria em contato com o solo 1 0-1/4 2,25 a 3 x
de alvenaria Alv. sujeita a esforços de flexão 1 1/2 (volumes ASTM C 270
estrutural de
Uso geral, sem contato com solo 1 1
cimento +
Uso restrito, interno/baixa resist. 1 2 cal)
*Norma antiga: a versão atual (1998) não apresenta proposições de traços de argamassa.
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1,6 3
(1) y = 0,12x - 0,47 (1) y = 0,19x + 0,079
Relação cal/cimento (kg/kg)
1,4
R2 = 0,9999 2,5 R2 = 1
1,2
Areia1 2
a/c (kg/kg)
1
Areia2
0,8 1,5
0,6
1
0,4
(2) y = 0,12x - 0,12 0,5 Areia1 (2) y = 0,19x + 0,004
0,2
R2 = 0,9995 Areia2 R2 = 0,9986
0 0
4 6 8 10 12 14 4 6 8 10 12 14
E = (areia+cal)/cimento (kg/kg) E (kg/kg)
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17
O ideal seria que os materiais fossem medidos em massa na obra (empregando balança), pois isso
levaria a uma garantia da composição da argamassa preparada; seriam evitadas as variações introduzidas
pelo efeito do inchamento da areia e da compactação dos materiais ao preencher as padiolas.
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6. Normalização
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7. Referências
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