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Propriedades Mecânicas

Fundamentais
Propriedades Mecânicas

As propriedades mecânicas que interessam para o Engenheiro


de Projetos são diferentes daquelas que interessam para o
Engenheiro de Manufatura:

 Projeto – trabalha-se com tensões abaixo do limite de escoamento do


material;

 Manufatura (Conformação Mecânica) – trabalha-se com tensões acima do


limite de escoamento do material, com foco principal no comportamento
plástico do material.

 Principal método avaliativo: curva tensão x deformação (Ensaio de


Tração).
Ensaio de Tração

 Ensaio com aplicação de carga


uniaxial e sem atrito, que resulta
no alongamento do corpo de prova
Base de medida:
e redução da sua seção 50 ou 80 mm.
transversal;

 A variação de carga e a
deformação sofrida pelo material
são caracterizadas pela relação
tensão x deformação;

 São captados em tempo real os


valores de força (célula de carga) e
alongamento (extensômetro).
Ensaios de tração / corpos de prova

 Corpos de prova para


o ensaio de tração
conforme DIN EN 10
002.

 Os cantos cisalhados
devem ser fresados
para eliminar trincas
que podem ocorrer
durante o corte.
Curva Tensão x Deformação

 Relativa ou Curva Convencional (de Engenharia):

Def. Elástica Def. Plástica Uniforme Def. Plástica Não-Uniforme

Tensão máxima - LR

Ruptura – tensão de
ruptura

Tensão de escoamento - LE

Alongamento uniforme Alongamento total


A curva tensão vs. deformação relativa
ou curva convencional
Tensão convencional (ou tensão nominal):
σ: tensão,
F Nesta expressão não é
 F: força e
S0: seção inicial do
considerada a alteração da seção
S0 do corpo de prova durante o
corpo de prova.
ensaio!

Deformação relativa:
É o quociente do comprimento inicial do corpo de prova e do alongamento
durante o ensaio:
e: deformação relativa,
l l l l0: comprimento incial do corpo de prova,
e 1 0 
l0 l0 l1: comprimento atual do corpo de prova e
Dl: alongamento do corpo de prova.
A curva tensão vs. deformação relativa
ou curva convencional

•A curva convencional permite obter facilmente o limite de escoamento (LE ou


LE0,2), o limite de resistência (LR), o alongamento uniforme (Au) e o
alongamento total (A).

•Os valores retirados desta curva são usados no dimensionamento de


componentes para máquinas etc.

•Eles não podem ser usados em cálculos para a avaliação do comportamento


destes materiais em processos de conformação mecânica usando os métodos
conhecidos do cálculo de força ou a simulação.
Curva tensão vs. deformação relativa ou
curva convencional

Para o planejamento de processos de conformação mecânica não é suficiente


saber a tensão que é necessária para iniciar o escoamento do material

=> os materiais encruam durante os processos.

É necessário saber a tensão necessária para manter o escoamento em


andamento em qualquer momento de processo.

=> Tensão de escoamento ou tensão real

A tensão de escoamento ou tensão real é geralmente representada em um


diagrama tensão de escoamento vs. deformação real.

=> A curva neste diagrama é chamada a curva de escoamento.


Curva tensão vs. deformação real ou
verdadeira
Tensão real: é calculada utilizando a área instantânea do corpo de prova em
qualquer ponto, e não a sua área inicial.
Onde:
F F S0
 eng .   verdad .  S1  S0: seção inicial,
S0 S1 1 e S1: seção atual
e: deformação
convencional.
Então a relação entre a tensão de engenharia e a tensão real fica:

 verdad .   eng .  (1  e / 100)


Curva tensão vs. deformação real ou
verdadeira

Deformação real ou verdadeira (ε) : é definida como sendo o alongamento


instantâneo por unidade de comprimento do corpo de prova.

Onde:
L
dL L
   ln   ln(1 e)  : deformação real,

Lo
L Lo e : deformação relativa.

Desta forma pode ser construída a curva tensão x deformação verdadeira.


Curva  x ε verdadeira e convencional

Análise comparativa do perfil das curvas:


Coeficiente de Encruamento

Na região de deformação plástica a tensão verdadeira aumenta continuamente.


Isto implica que o material tem um aumento de resistência a medida que a
deformação evolui = “Strain Handening”.

A relação entre a tensão verdadeira e a deformação verdadeira pode ser


expressa pela equação de Hollomon / Ludwik (“Power Law”):

  K n

log  log K  n log 


Onde :
Coeficiente de resistência (K)
Coeficiente de encruamento (n)

K é igual a tensão quando a deformação é igual a 1 e


n é a inclinação da reta.
Coeficiente de Encruamento

log σ= log K + n log ε

Tensão Verdadeira (MPa) 550

400

250

150

100
0.01 0.1 1.0

Deformação Verdadeira (mm/mm)


A curva de escoamento ou curva real

Os diagramas das curvas de escoamento são representados em


duas formas:

1. com eixos lineares,


2. com eixos logarítmicos.

Vantagem da segunda opção é que ela permite em certos casos a


leitura fácil do índice de encruamento!
(p. ex. aços de baixo carbono: conforme ABNT 5915, DIN 1623,
DIN EN 10130)
A curva de escoamento ou curva real na representação com
eixos lineares
Tensão real kf

kf  f ( )

kf = f()

Deformação verdadeira 
A curva de escoamento ou curva real na representação com
eixos logaritmicos
Tensão real kf

kf  K n
n
kf = C 
logkfkf 
log = log
log K log
C +nn log
tan=nn
tan
0,01 0,1 1

Deformação verdadeira 
Taxa de Deformação

 = d / dt = 1/h x dh / dt = v/h

Constante proporcional (C)


Coeficiente de sensibilidade à taxa de deformação (m)

 = C m ou ln  = ln C + m ln 

onde:
C é igual à tensão quando a taxa de deformação é igual a 1 s-1 e
m é a inclinação da reta.

Valores típicos de m para aços para conformação:


Trabalho a frio - 0,05  m  0,05
Trabalho a quente 0,05  m  0,3
Superplasticidade 0,3  m  0,7
Fluído Newtoniano (vidro pastoso) m=1
Avaliação dos dados obtidos / cálculo da
curva de escoamento

Os valores do diagrama tensão vs. deformação relativa que é gravado durante o ensaio
podem ser convertidos em tensão real e deformação real seguindo o esquema abaixo:
Cálculo do grau de encruamento
conforme SEW 1125
A seguir encontram-se exemplos para as curvas de escoamento
de duas chapas diferentes:

• aço de baixo carbono EEP conf. NBR 5915


(DC 04, W.-Nr. 1.0338 conforme DIN EN 10130)
• aço inoxidável ASTM 304
(X5 CrNi 18 10, W.-Nr. 1.1403 conforme 17460)

O grau de encruamento, n, pode ser obtido como tan a da inclinação


da curva de escoamento em um papel log-log.

Pode também ser calculado usando-se a expressão da norma


SEW 1125: N
N N

N  (ln  Li ln k fi )    ln  Li *  ln k fi 
n  i 1  i 1 i 1 
2
N
 N

N  (ln  Li ) 2    ln  Li 
i 1  i 1 
Resultados
800
Tensão convencional em N mm-2

700

X5 CrNi 18 10
600

500

400

300
DC 04
200

100

0
0 10 20 30 40 50 60

Deformação relativa em %
Resultados
1000

900

800
Tensão real em N mm -2

700 X5 CrNi 18 10
600

500

400

300
DC 04
200

100

0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4

Deformação verdadeira
Resultados
1000
Tensão real em N mm-2

X5 CrNi 18 10


DC 04

100
0,01 0,1 1

Deformação verdadeira
Comparação dos ensaios tração /
compressão

Ensaio Carga Atrito Até  


Tração Tração não 0,4
uniaxial

Compressão Compressão sim 1,0


uniaxial

Bulge teste Estiramento não 0,7


biaxial
Textura e anisotropia

Textura: presença de orientações preferenciais dos grãos


cristalinos causada pela deformação plástica ou pela
recristalização e devida ao alongamento e rotaçãodos grãos

Fibragem Mecânica: alongamento dos grãos cristalinos e


alinhamento de partículas de acordo
com o modo de escoamento

Um material com fibragem mecânica não


necessariamente apresenta textura
TEXTURAS PRODUZIDAS POR DEFORMAÇÃO A FRIO

Estrutura Cristalina Processos Texturas


<111>
cfc Trefilação e Extrusão Paralelo ao eixo do fio
<100>
ccc Trefilação e Extrusão <110> Paralelo ao eixo do fio

hc Trefilação e Extrusão <1010> Paralelo ao eixo do fio

{110} Paralela ao plano de laminação


cfc Laminação
Paralela à direção de laminação
<112>
{001} Paralela ao plano de laminação
ccc Laminação
Paralela à direção de laminação
<110>
{0001} Paralela ao plano de laminação
hc Laminação
Paralela à direção de laminação
<1120>
Textura e anisotropia

Uma parcela da anisotropia


de chapas metálicas é causada
pelo alongamento dos grãos
durante o processo de
laminação.

Este fenômeno é a causa para o


orelhamento nos processos de
embutimento profundo.
Textura e anisotropia
Retirada de corpos-de-prova para avaliar a anisotropia

P R45o
R90o
R0o
DL
w0

l0
t0

P
Textura e anisotropia

DETERMINAÇÃO DA ANISOTROPIA EM CHAPAS METÁLICAS


• Extração de corpos-de-prova para ensaios de tração a partir de
diversas direções no plano da chapa
• Realização dos ensaios de tração, mantendo a deformação do
comprimento constante (alongamento)
• Medição das deformações na largura (ew) e na espessura (et) dos
corpos-de prova
w
 w  ln  t0 - espessura inicial do corpo de prova
 w0  t - espessura final de ensaio
w0 - largura inicial do corpo de prova
t
 t  ln  w - espessura final de ensaio

 t0 
Textura e anisotropia
COEFICIENTES DE ANISOTROPIA
• Coeficiente de anisotropia normal (R)
w
R
t
• Coeficiente de anisotropia planar (R )

R00  R900  2 R450


R 
2
• Coeficiente de anisotropia médio (R )

R00  2 R450  R900


R
4
Textura e anisotropia
Anisotropia
Textura e anisotropia

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