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artefíssil
H a n s U l r ic h G u m b r e c h t
Atmosfera,
ambiência,
Stimmung
Sobre um potencial
oculto da literatura
TRAD U ÇÃO
COBITRAPOnTO
E d it o r a
PUC
R IO
PUC R [o
Reitor
Pe. Jo s a fá C a rlo s de Siqueira, S.J.
Vice-Reitor
Pe. Francisco Ivern Sim ó, S.J.
Decanos
Prof. P aulo Fernando C arneiro de A n drade (C T C H )
Prof. Lu iz R ob erto A. C unha (CC S)
Prof. Luiz A lencar R eis d a Silva M ello (C T C )
Prof. H ilton A u gu sto K och (C C B M )
© 2 0 1 1 , C arl H an ser V erlag M ünchen
Título original: Stim m ungen Lesen: über eine verdeckte
W irklichkeit der Literatur
D ireitos ad q u irid os p ara a língua portu gu esa por C on trapon to E d itora Ltda.
V edada, nos term os da lei, a reprod ução total ou parcial deste livro,
p or qu aisqu er m eios, sem au torização, por escrito, da Editora.
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Ia edição: m aio de 2 0 14
Tiragem : 1 .2 0 0 exem plares
G 9S4a
Gumbrecht, H ans Ulrich, 1948-
Atm osfera, ambiência, Stimmung : sobre um potencial oculto da literatura / Hans
Ulrich G um brecht; tradução Ana Isabel Soares - 1. ed. - Rio de Janeiro : Contrapon
to : Editora l’ UC Rio, 2014
176p. ; 2 lcm
Tradução cie: Stimmungen Lesen: über eine verdeckte Wirklichkeit der Literatur
ISBN 978-85-7866-097-0
ISBN (PUC-Rio) 978-85-8006-132-1
Momentos 35
A legrias fugazes nas canções de
W alther von der Vogelweide 37
Situações 129
A energia iconoclasta do surrealism o 131
Agradecimentos 169
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Desde que Stimmung deixou de implicar qualquer forma de
reconciliação ou de harmonia - inflexão totalmente incom
patível com seu sentido original - , ou seja, desde que a au
sência de Stimmung no sentido clássico passou a valer
como uma das formas de Stimmung, o conceito ficou dis
ponível para uso universal. Hoje não existe situação sem
sua atmosfera própria, sem seu ambiente “ próprio” , o que
significa que é possível procurarmos o Stimmung caracte
rístico de cada situação, obra ou texto. Por isso, o livro que
o leitor agora tem em mãos não se limita a contextos histó
ricos em que o desejo de mediação e de harmonia ocupe
lugar central. N a verdade, acontece o contrário: o Stim
mung é explorado como categoria universal. N ão há cultu
ra nem época que não admita a questão universal das at
mosferas e dos ambientes específicos.
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* X *
Por estas palavras podemos perceber que não era tão claro
para Friedrich que artistas como ele mantivessem uma rela
ção adequada com as coisas-do-mundo. Daí advém que a
harmonia tivesse se tornado o objeto do seu desejo. A situação
incitava ao Stimmung - atmosfera e ambiente. Esse ideal
emergiu na transição do século XVIII ao XIX, quando os
grandes pensadores (Goethe e Kant, entre outros) buscavam
a harmonia entre a existência e as coisas-do-mundo - uma
relação “ adequada” que deixara de ser, por si só, evidente.
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mais que hoje a associação nos pareça óbvia. Até aí, pensa-
va-se ser indispensável uma componente de harmonia para
que esta dimensão existisse, e a harmonia é incompatível
com o sublime. Friedrich trabalhou com uma gama mui
to vasta de Stimmungen, no sentido que o termo só mais
tarde viria a adquirir; isto é, ele o fez de um modo que es
tava à frente do pensamento e dos conceitos do seu tempo.
Quando olhamos os quadros de Friedrich, os observadores
que neles se apresentam nos abrem espaços para a imagi
nação; podemos então experimentar mil e uma formas de
contato físico.
Em contraste com o que é “ representado” nos textos e
imagens de épocas anteriores - um nível de experiência que
muitas vezes requer explicação e tradução para os termos
do nosso presente - , os Stimmungen do passado podem nos
atingir de modo direto e sem mediação, desde que estejamos
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