Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO O hospital de ensino pode ser definido como o hospital que, além de prestar assistência à saúde
da população, desenvolve atividade de capacitação de recursos humanos. Este fato representa
custos elevados, que devem ser amenizados com aumento da produtividade e da qualidade.
Assim, o objetivo desta pesquisa foi conhecer a produtividade em cinco hospitais de ensino no
estado de São Paulo, utilizando-se como indicadores hospitalares a média de permanência, o ín-
dice de rotatividade, o índice intervalo de substituição e o número de funcionários por leito.
Para melhor entendimento da realidade dos hospitais universitários, foram analisados dados
relativos à morbidade e às regiões de influência de cada hospital. Os dados coletados foram com-
parados com pesquisa anterior realizada em hospitais privados terciários, privados secundários
e públicos secundários, também no estado de São Paulo. Considerou-se mais produtivo o hos-
pital que apresentava a menor média de permanência, o maior índice de renovação, o menor ín-
dice intervalo de substituição e o menor número de funcionários por leito. Observou-se que os
hospitais privados possuem maior produtividade em maior número de indicadores, a partir do
que se deduz que estes hospitais utilizam melhor os recursos disponíveis para a sua atuação,
sejam eles humanos, materiais ou financeiros. Os hospitais de ensino apresentam uma média
de permanência maior do que a média dos outros hospitais (mediana de 7 dias); um índice de
renovação menor do que dos hospitais privados e semelhante ao índice dos hospitais públicos
(mediana de 3,70 dias); um índice de funcionários/leito maior do que os privados e menor do
que os públicos (mediana de 7 funcionários por leito). O índice intervalo de substituição apre-
sentou um comportamento diverso nos quatro tipos de hospitais; para os hospitais de ensino, a
mediana foi de 1,70 dias, menor apenas do que os hospitais públicos secundários.
O hospital de ensino pode ser defi- na atividade universitária, que en- dos. Uma maneira de os hospitais lida-
nido como aquele que, além de prestar volve simultaneamente docência, pes- rem com os altos custos operacionais é
assistência à saúde da população, de- quisa e prestação de serviços de saúde aumentando a produtividade, uma
senvolve atividades de capacitação de à comunidade, a complexidade ine- possível solução para controlar estes
recursos humanos (1). Por sua inserção rente deste tipo de hospital é maior do custos, que deve ser perseguida tam-
que a de outros tipos de hospital. bém pelos hospitais de ensino (3, 4).
Os hospitais universitários possuem A taxa média de permanência dos
1 Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde
características próprias. No Brasil, em pacientes no hospital, o intervalo de
Pública. Correspondência e pedidos de separatas relação ao atendimento, existe uma substituição e o índice de rotatividade
devem ser enviados para esta autora no seguinte multiplicação de exames complemen- têm sido utilizados como indicadores
endereço: Rua Pedro de Toledo 980, conjunto 141,
CEP 04039-002, São Paulo, SP, Brasil. Fone/fax: tares e também uma permanência exa- para avaliar o desempenho de hospi-
+55-11-570-8087. gerada dos pacientes no leito (2). Neste tais ou para medir a utilização de lei-
2 Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde
Pública e Instituto Dante Pazzanese de Cardiolo- ambiente, a execução de serviços de tos hospitalares (5, 6). Mais recente-
gia, São Paulo, Brasil. rotina exige uma estrutura organiza- mente, constatou-se a importância da
3 Universidade de São Paulo, Faculdade de Medi-
cina de Ribeirão Preto e Instituto Dante Pazzanese
cional complexa que, aliada ao excesso relação funcionários por leito nas me-
de Cardiologia, São Paulo, Brasil. de demanda, determina custos eleva- didas de produtividade (7, 8).
TABELA 1. Caracterização da morbidade em cinco hospitais de ensino, estado de São Paulo, Brasil, 1994a
Hospitais
No. (%)
Causas para internação HE1 HE2 HE3 HE4 HE5
REFERÊNCIAS
1. Ministério da Saúde. Terminologia básica em 8. Bittar OJNV. Produtividade em hospitais de de pequeno e médio porte, unidades sanitá-
saúde. 2a ed. Brasília: Centro de Documenta- acordo com alguns indicadores hospitalares. rias. Brasília: Ministério de Saúde; 1978.
ção do Ministério da Saúde; 1987. Rev Saude Publica 1996;30:53–60. 15. São Paulo, Secretaria de Estado da Saúde, Cen-
2. Gonçalves EL. O hospital de ensino: ontem, 9. Movimento estatístico do Hospital das Clínicas tro de Informações sobre Saúde. Relatório dos
hoje e amanhã. Rev Bras Educ Med 1984;8: UNESP, 1994. São Paulo: Universidade Esta- CIDs: São Paulo em 08/94. São Paulo: CIS; 1996.
188–192. dual de São Paulo, Campus de Botucatu; 1994. 16. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
3. Hames DSP. Productivity-enhancing work in- 10. Relatório de atividades 1994. São Paulo: Hos- Estatística. Anuário estatístico do Brasil, 1994:
novations: Remedies for what ails hospitals? pital São Paulo, Universidade Federal de São Seção 2, características demográficas e socioeconô-
Hosp Health Serv Adm 1991;36(4):5–58. Paulo; 1994. micas da população. Rio de Janeiro: IBGE; 1994.
4. Martinelli MCS. Estudo evolutivo de indica- 11. Relatório de exames e serviços. Campinas: 17. São Paulo, Decreto no 40.083, 15 de maio de
dores hospitalares do Hospital Ana Costa. Hospital de Clínicas, Universidade de Campi- 1995. Diário Oficial do Estado de São Paulo,
Qualimetria 1993;5(27):4–16. nas; 1994. São Paulo, 16 maio 95:5.
5. Lasso HP. Evaluating hospital performance 12. Relatório de gestão 1987/1994. Ribeirão Preto: 18. Organização Mundial da Saúde. Classificação
through simultaneous application of several Hospital das Clínicas da Faculdade de Medi- Internacional de Doenças, 9a. revisão. São Paulo:
indicators. Bull Pan Am Health Organ 1986; cina de Ribeirão Preto, Universidade de São OMS; 1975.
20(4):341–359. Paulo; 1994. 19. São Paulo, Associação Paulista de Medicina
6. Massabot NER. Interpretación de los indica- 13. Relatório estatístico anual/94. São Paulo: Fa- Conselho Regional de Medicina. Informativo
dores que miden la utilización de las camas culdade de Ciências Médicas da Santa Casa CQH 1994;3(9).
hospitalarias. Rev Cub Adm Salud 1978;4(1): de São Paulo; 1994. 20. Busby DD, Leming JC, Olson MI. Unidenti-
47–58. 14. Ministério da Saúde. Normas e padrões de fied educational cost in a university teaching
7. Bittar OJNV. Hospital: qualidade & produtivi- construções e instalações de serviços de hospital: an initial study. J Med Educ 1972;
dade. São Paulo: Sarvier; 1997. saúde: conceitos e definições, hospital geral 47(4):243–253.
ABSTRACT Teaching hospitals can be defined as hospitals whose mission is both to provide
health care to the population and to train qualified professionals. This represents high
costs that need to be balanced by higher productivity and quality. The aim of the pres-
Productivity in ent study was to identify the level of productivity in five teaching hospitals in the
teaching hospitals state of São Paulo, Brazil. For that, we measured indicators such as patient length of
in the state of stay, patient turnover rate, substitution interval, and number of employees per hos-
pital bed. For a better understanding of the reality of these teaching hospitals, data re-
São Paulo, Brasil garding morbidity and geographic range of influence were also analyzed. Results
were compared with the results from a previous study which analyzed private ter-
tiary and secondary hospitals and public secondary hospitals. Productivity was de-
fined as inversely proportional to length of stay, patient turnover rate, substitution in-
terval, and number of employees per hospital bed. We observed that private hospitals
have a higher productivity in terms of most indicators, which suggests that these hos-
pitals make a more efficient use of their human, material, and financial resources.
Teaching hospitals have a higher length of stay than the other hospitals (median = 7
days); lower turnover rate than private hospitals and similar to public hospitals (me-
dian = 3.70 days); higher employee per bed ratio than the private hospitals, and
smaller than public hospitals (median = 7 employee/hospital bed). Substitution in-
terval was different for each type of hospital; only public hospitals had a lower sub-
stitution interval than teaching hospitals (median = 1.70 days).