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CURSO

COVID-19: Atuação da Psicologia


Durante e Após a Pandemia

Psicóloga Rita de Cássia Tassi -


CRP 23/1534
COVID-19: Atuação da Psicologia Durante e Após a Pandemia.
MÓDULO 1

“Sofrimento não é o mesmo que dor, embora


a dor possa levar a um sofrimento, mas não é
qualquer dor que nos faz sofrer. Da mesma
forma, o sofrimento não equivale a uma
perda, embora as perdas possam,
ocasionalmente, nos fazer sofrer” (BRASIL,
2013).

AULA 01

Introdução

No dia 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde


(OMS) declarou que o surto da doença causada pelo novo Coronavírus
(COVID-19) tratava-se de uma “Emergência de Saúde Pública de
Importância Internacional”, o mais alto nível de alerta da OMS,
conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional (OPAS,
2020).

Os noticiários mencionavam as graves consequências e o


contágio acelerado da doença, na China, já no final do ano de 2019,
onde o número de contaminados e de mortos foi assolador,
paralisando uma das maiores potências mundiais.
No Brasil, em 26 de fevereiro, foi confirmado o primeiro caso de
Coronavírus, em um paciente do sexo masculino, de 61 anos, que
retornara de uma viagem à Itália (SANAR/MED, 2020).
Desde então, rapidamente o número de casos suspeitos
começou a aumentar de forma acelerada, em todo o mundo.
No dia 27 de fevereiro de 2020, o Brasil, através do Ministério da
Saúde, já monitorava 132 casos suspeitos e em 06 de março, o
número de contaminados chegava a 13 (SANAR/MED, 2020).
Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela
OMS (2020) como uma Pandemia, atingindo vários países e diversas
regiões geográficas, indiscriminadamente.
Rapidamente a Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP, 2020),
constituiu um grupo de trabalho (GT), para o enfrentamento da
pandemia de COVID-19, elaborando materiais de orientação para a
atuação dos (as) psicólogos (as) brasileiros (as), no âmbito do
enfrentamento da pandemia. A situação vislumbrava uma crise
psicológica sem precedentes, demandando dos profissionais de saúde
mental acolhida e manejo adequado.
O GT passou a reunir orientações técnicas para a atuação de
psicólogos junto a profissionais de saúde, o que pareceu ser uma
prioridade, diante de um cenário dinâmico e preocupante, que
mostrava seu ritmo acelerado e implacável: crescimento exponencial
de contaminados sendo hospitalizados, mortes se multiplicando,
precarização das condições de trabalho destes, que passavam a temer
por suas próprias vidas, cumprindo turnos de trabalho prolongados
(SBP, 2020).

Um clima de incerteza passou a dominar a todos, diante de uma


modificação radical dos hábitos e de rotinas, com estratégias de
contenção e de prevenção do COVID-19, impondo-se a necessidade de
medidas extremas como quarentenas, distanciamento social,
isolamento, uso de máscaras, higienização constante das mãos, uso de
álcool em gel e equipamentos de proteção individual.

A incerteza sobre o futuro, aliada ao


desconhecimento de tratamentos eficazes,
produz insegurança na dinâmica
econômica, política e social, fazendo com
que as soluções tenham de ser pensadas
dia a dia. As consequências dessa
instabilidade e insegurança dominam toda
a população (SBP, 2020).
O Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2020), passou a enfocar
o papel dos psicólogos na conscientização da população sobre as
mudanças necessárias e as muitas implicações emocionais implicadas,
bem como, sobre a contribuição dos profissionais da Psicologia, na
prestação de informações claras e precisas, de modo a evitar o pânico
e minimizar o sofrimento psicológico.

Em 21 de abril de 2020, a Organização Pan- Americana de Saúde


(OPAS) e o Ministério da Saúde do Brasil, iniciaram campanhas com o
objetivo de promover a saúde mental no contexto da COVID-19,
voltadas para profissionais de saúde e, para a população em geral,
oferecendo estratégias de suporte psicológico para o “enfrentamento
dessa situação de estresse, com saúde mental suficiente para não
adoecerem” (OPAS, 2020).

Até o dia 19 de junho de 20201, foram confirmados no mundo,


8.385.440 casos de COVID-19 (142.451 novos casos, em relação ao
dia anterior) e 450.686 mortes (5.151 novas mortes, em relação ao dia
anterior) (OPAS, 2020).

O Brasil, de acordo com o site Coronavírus Brasil (Brasil, 2020e),


até o dia 21 de junho de 2020 (data de fechamento deste módulo),
registrava 1.085.038 casos confirmados e, 50.617 vítimas fatais da
doença.

Espera-se que, eventualmente, a Pandemia de COVID-19, seja


vencida, uma vez que muitos países estão trabalhando com afinco, em
busca de uma vacina e de medicações que sejam eficazes e eficientes
no combate ao novo Coronavírus. Mas, mesmo que haja êxito nestas
buscas, as sequelas emocionais desse período prolongado de
instabilidades e incertezas poderão, não apenas perdurar por longos
períodos, como poderão se manifestar tardiamente, com intensidade
em vários indivíduos e grupos, afetando direta ou indiretamente, vários
segmentos da sociedade.

1
Para conhecer os números atuais, acesse: FOLHA INFORMATIVA COVID-19 – OPAS BRASIL
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875
Diante desta dura realidade, este mini curso se dispõe a
contribuir com os esforços da Psicologia, enquanto ciência e profissão,
fornecendo subsídios técnicos atualizados, extraídos de fontes
confiáveis, sobre a Pandemia do COVID-19, destacando as implicações
emocionais e as contribuições da Psicologia, para o cuidado emocional
e para a minimização do sofrimento emocional, resultantes desta
experiência, traumática para muitos.

Neste primeiro módulo serão abordados os conceitos básicos e


fundamentais para o entendimento do contexto atual, uma vez que se
trata de uma experiência nova para todos e que, muitos dos termos
utilizados podem causar uma certa confusão, quando não
compreendidos corretamente.
A Psicologia não é apenas uma profissão, mas também
uma ciência. Isso significa que ela é regida pelas mesmas leis
do método científico que dirigem outras ciências e, portanto, deve estar
a par e embasar-se em fatos científicos fidedignos e atualizados.

Para tal, deve acompanhar o crescimento de informações


derivadas de investigações, artigos teóricos e revisões da literatura,
bem como, de uma diversidade de fontes, a fim de promover bem-estar
e qualidade de vida, à população em geral, baseando-se em princípios
éticos e em conhecimento científico, para melhor compreender e
assistir grupos e indivíduos, no atual contexto de pandemia.
Ressalta-se, que o presente curso, não tem a pretensão de
esgotar o vasto campo em que se desenvolvem pesquisas, a respeito
do referido tema, mas sim, elucidar os fatores que mais se destacam
nesse campo de estudo, tão novo para todos, oferecendo subsídios
para a atuação qualificada da categoria.
Seja bem-vindo! E, mãos à obra.
Há muito trabalho pela frente.
Que bom que você também está engajado nessa luta!
Aula 02

"Disse ao paciente que somos uma família e que ele vai se recuperar"2

"Minha manhã foi marcada por emoções. Trabalhar em terapia intensiva sempre foi
muito dinâmico, cheio de novidades, mas ultimamente estamos vivendo um momento ainda
mais intenso. Hoje trabalhei das 7h às 14h. Tínhamos quatro pacientes com covid-19 e
quatro pacientes com suspeita internados na unidade. Cuidei de três deles, e todos estavam
melhores e estáveis. No início da manhã, entrei no boxe de um paciente para examiná-lo e
conversamos muito. Ele me falou que está com sentimento à flor da pele, muito emotivo.
Chorou bastante. Dei-lhe a mão e disse que estamos ali para cuidar dele, que somos uma
família que o ama assim como a sua família. Ele me disse que nunca imaginava encontrar
pessoas tão boas e que realmente se preocupam com o outro. Ainda mais em um hospital,
local onde nunca se espera estar. Eu disse que só pensaríamos em coisas boas, que só
teríamos pensamentos positivos, que ele vai se recuperar e vai voltar para a sua família, que
tanto o ama. Foi um momento marcante de extrema empatia, pois essa doença é muito
solitária. Os pacientes estão longe da família e dos amigos, e todos com uma carga
emocional muito grande. Inclusive nós, profissionais. A equipe médica reuniu toda a equipe
do CTI que cuida de pacientes com covid-19 e agradeceu pela parceria e pelo
comprometimento. Um médico também falou do agradecimento a Deus porque ninguém da
equipe se contaminou com esse vírus.
No início da tarde, recebi o meu novo crachá, para que os pacientes me conheçam
sem máscara, touca e óculos de proteção. A foto do crachá foi escolhida por mim, e nela
estou com os cabelos soltos e sorrindo. Fiquei tão feliz. Logo entrei no boxe de um paciente.
Ele me olhou e disse:
— Nossa, como você é linda!
Brincou comigo dizendo que ia até querer tirar uma foto comigo. Ele também disse:
— Que Deus te proteja sempre. Muito obrigado pelas conversas de hoje e por cuidar
de mim tão bem.
Também recebemos bolos, do familiar de uma paciente que teve alta ontem, pelo
excelente atendimento. São esses acontecimentos e esse tipo de atitude que são tão valorosos
e que tornam o trabalho de terapia intensiva tão gratificante."

2
Relato de profissional da Enfermagem, para o “Diário do Front: a linha de frente no combate ao
Coronavírus”, do Jornal Zero Hora, abril de 2020.
Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/noticia/2020/04/diario-do-front-leia-os-relatos-
de-quem-esta-na-linha-de-frente-do-combate-ao-coronavirus-ck8kmw6mj01eu01o51zbqh7w0.html.
1. Aspectos Gerais e Conceitos Norteadores

Nesta aula, serão abordados aspectos gerais e alguns conceitos


norteadores, relacionados a pandemia de COVID-19, que desde seu
surgimento vem impondo alterações significativas não apenas no
cotidiano, como também, no funcionamento psíquico da sociedade
como um todo e que, consequentemente vem mobilizando profissionais
da área da saúde mental.
A situação imposta pelo avanço da pandemia e pelos números
diários de novos contaminados, fez com que os olhares se voltassem, e
reconhecessem, a importância dos cuidados com a saúde mental da
população mundial.
Cuidados esses que se farão necessários, não apenas durante o
período pelo qual a pandemia se estende, mas também, no pós-
pandemia, quando se estima, poderão ocorrer complicações tão ou
mais complexas, como as enfrentadas durante sua ocorrência.

A Psicologia passa a ocupar um papel de destaque, diante de


tantas mudanças na rotina, no modo de se relacionar e de planejar o
futuro, não apenas durante a pandemia em si, mas diante da previsão
de uma verdadeira pandemia de adoecimento mental e emocional
(consequência do distanciamento social, do isolamento, das mortes em
massa, do medo de adoecer e/ou morrer e de tantas incertezas), que
poderá assolar o mundo.
Sendo assim, neste primeiro módulo, algumas informações e
conceitos básicos serão revisitados, dando enfoque para suas
interfaces com a Psicologia e suas possibilidades de atuação na
prestação de serviços éticos e de qualidade e de informações claras e
precisas.
2. Coronavírus, COVID-19 e SARS-CoV-2.

Coronavírus é uma grande família de vírus que causam infecções


respiratórias. A primeira vez que os Coronavírus humanos foram
isolados foi no ano de 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi
descrito como Coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia,
cuja imagem assemelha-se a uma coroa (BRASIL, 2020).

Imagem disponível em: https://bvsalud.org/vitrinas/post_vitrines/novo_coronavirus/

A maioria das infecções por Coronavírus em humanos são


causadas por espécies de baixa patogenicidade, levando ao
desenvolvimento de sintomas de resfriado comum. No entanto, podem
eventualmente levar a infecções graves em grupos de risco, em idosos
e em crianças (BRASIL, 2020).
Previamente ao ano de 2019, duas espécies de Coronavírus,
altamente patogênicos, e provenientes de animais, foram responsáveis
por surtos de síndromes respiratórias agudas graves. Trata-se da
Síndrome Respiratória Aguda Grave-Coronavírus (SARS-CoV) e
Síndrome Respiratória do Oriente Médio-Coronavírus (MERS-CoV)
(FIOCRUZ, 2020; BRASIL, 2020a).
Segundo a Organização Mundial da Saúde
o SARS-CoV foi transmitido por gatos
selvagens, para humanos na China, em
2002, e o MERS-CoV foi transmitido pelos
dromedários para humanos na Arábia
Saudita, em 2012. Vários Coronavírus
conhecidos e, que circulam entre os
animais, ainda não infectaram humanos.
Quando um vírus que circula em uma
espécie animal é transmitido para os
humanos, ocorre o que se denomina
"spillover“ 3(FIOCRUZ, 2020b).

Existem diferentes tipos de Coronavírus, que causam sintomas


respiratórios e, às vezes, sintomas gastrointestinais. As doenças
respiratórias podem variar de uma gripe comum à uma pneumonia e,
na maioria das pessoas, os sintomas tendem a ser leves. No entanto,
existem alguns tipos de Coronavírus que podem ter maiores riscos de
evoluir para formas graves da doença. Segundo a OMS, adultos com
mais de 60 anos e pessoas com doenças preexistentes, têm maiores
riscos de ter a doença agravada. Algumas das doenças preexistentes
de alerta são: hipertensão arterial, diabetes, doença cardíaca, doença
pulmonar, neoplasias, transplantados e uso de imunossupressores
(FIOCRUZ, 2020b).

O novo Coronavírus não é o mesmo vírus que provoca a SARS e a


MERS. Ele é diferente geneticamente de outros Coronavírus que já
atingiram animais e seres humanos. É um vírus, cuja origem ainda é
desconhecida, tendo sido ele identificado como causador de um surto
de doença respiratória, detectado pela primeira vez na cidade de
Wuhan, na China, no final do ano de 2019. Os casos ocorreram em um
mercado de frutos do mar e de animais vivos (FIOCRUZ, 2020; BRASIL,
2020a).

3
Spillover é um termo em inglês que pode ser traduzido como transbordamento e é usado no contexto
da ecologia para dizer que um vírus ou micróbio conseguiu se adaptar e migrar de uma espécie de
hospedeiro para outra. Foi o que ocorreu com o agente infeccioso causador da Covid-19 (Fonte:
https://saude.abril.com.br/medicina/coronavirus-pandemia-zoonose/).
Em dezembro de 2019, o aumento do número de casos de
pneumonia chamou a atenção das autoridades sanitárias chinesas e
as investigações realizadas identificaram que a causa desse quadro
deveria ser atribuída a um vírus, até então desconhecido, que passou a
ser chamado SARS-CoV-2, por sua semelhança genética com o
Coronavírus da SARS de 2003 (FIOCRUZ, 2020b).
Desde o início de fevereiro de 2020, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) passou a chamar, oficialmente, a doença causada pelo
novo Coronavírus de COVID-19. COVID significa COrona VIrus Disease
(Doença do Coronavírus), enquanto “19” se refere a 2019, quando os
primeiros casos em Wuhan, na China, foram divulgados publicamente,
pelo governo chinês, no final de dezembro. A denominação é
importante para evitar casos de xenofobia e preconceito, além de
confusões com outras doenças (FIOCRUZ, 2020).

Fig.1. O que é Coronavírus.


Fonte: SecomVc, 2020.
AULA 03

1. Diagnóstico, Transmissão, Sintomas e Prevenção da COVID-19.

O diagnóstico do novo Coronavírus é feito “a partir da coleta de


amostras respiratórias de pacientes considerados suspeitos,
submetidas a testes baseados em técnicas de biologia molecular”
(FIOCRUZ, 2020).
Ainda com relação ao diagnóstico da COVID-19, o Ministério da
Saúde (BRASIL, 2020a), esclarece que este é realizado, primeiramente,
pelo profissional de saúde que deve avaliar a presença dos seguintes
critérios clínicos:

 Pessoa com quadro respiratório agudo, caracterizado por


sensação febril ou febre, que pode ou não estar presente na hora
da consulta (podendo ser relatada ao profissional de saúde),
acompanhada de tosse OU dor de garganta OU coriza OU
dificuldade respiratória, o que é chamado de Síndrome Gripal.
 Pessoa com desconforto respiratório/dificuldade para respirar OU
pressão persistente no tórax OU saturação de oxigênio menor do
que 95% em ar ambiente OU coloração azulada dos lábios ou
rosto, o que é chamado de Síndrome Respiratória Aguda Grave.
Caso o paciente apresente os referidos sintomas, o profissional
de saúde poderá solicitar exame laboratoriais:

 De biologia molecular (RT-PCR em tempo real), que diagnostica


tanto a COVID-19, a Influenza ou a presença de Vírus Sincicial
Respiratório (VSR).
 Imunológico (teste rápido) que detecta, ou não, a presença de
anticorpos, em amostras coletadas somente após o sétimo dia de
início dos sintomas.
O diagnóstico da COVID-19 também pode ser realizado a partir de
critérios como: histórico de contato próximo ou domiciliar, nos últimos 7
dias antes do aparecimento dos sintomas, com caso confirmado
laboratorialmente para COVID-19 e, para o qual não foi possível realizar
a investigação laboratorial específica, também observados pelo
profissional durante a consulta. (BRASIL, 2020a).
O código para registro dos casos confirmados (CID 10) é: U07.1 –
Infecção pelo novo Coronavírus (COVID-19).
Com relação à transmissibilidade do novo Coronavírus,
pesquisadores da Fiocruz (2020), esclarecem que as investigações
ainda estão em andamento, mas, a disseminação de pessoa para
pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo e pode
ocorrer de forma continuada.

Ainda não está claro com que facilidade o


novo Coronavírus se espalha de pessoa
para pessoa. Apesar disso, a transmissão
dos Coronavírus costuma ocorrer pelo ar
ou por contato pessoal com secreções
contaminadas, como: gotículas de saliva;
espirro; tosse; catarro; contato pessoal
próximo, como toque ou aperto de mão; e
contato com objetos ou superfícies
contaminadas, seguido de contato com a
boca, nariz ou olhos (FIOCRUZ, 2020).

Fig. 1. Sintomas em relação à progressão da infecção por COVID-194.

4
Formas de contágio entre humanos e sintomas da COVID-19 nos casos leves e graves. Fonte: world
Health Organization (WHO). Novel Coronavírus (2019 – nCoV) technical guidance, 2020.
Sua transmissibilidade é de, em média, 7 dias após o início dos
sintomas, havendo sugestões de que a transmissão também pode
ocorrer, mesmo sem o aparecimento de sintomas e sinais (BRASIL,
2020b).
No que se refere às formas de transmissão da COVID-19, esta
pode se dar das seguintes formas:

 Transmissão local: A identificação do caso suspeito ou


confirmado, em que a fonte de infecção seja conhecida OU até a
4ª geração de transmissão (BRASIL, 2020).
 Transmissão comunitária/sustentada: Incapacidade de
relacionar casos confirmados através de cadeias de transmissão
para um grande número de casos ou, pelo aumento de testes
positivos através de amostras sentinela (testes sistemáticos de
rotina de amostras respiratórias de laboratórios estabelecidos)
(BRASIL, 2020).
O "período de incubação" se refere ao tempo entre a infecção do
ser humano pelo vírus e o início dos sintomas da doença. De acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020), no caso da COVID-
19, esse intervalo varia de 1 a 14 dias, geralmente ficando em torno de
5 dias.
Os sintomas da COVID-19 podem variar de um simples resfriado
até uma pneumonia severa. Sendo os sintomas mais comuns: tosse,
febre, coriza, dor de garganta e dificuldade para respirar (BRASIL,
2020a).

Um dos motivos para a COVID-19 ser o principal desafio da saúde


contemporânea, são os sintomas inespecíficos, que podem ser
confundidos com síndromes gripais e até mesmo com alergias, como
sinusite e rinite (IRRD/LIKA, 2020).
Fig. 2. Apresentações Clínicas do COVID-19.

Imagem disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51673933

A prevenção contra o Coronavírus, inclui medidas como: lavar as


mãos ou na impossibilidade de fazê-lo, higienizar as mãos com
desinfetantes para as mãos, a base de álcool 70%; evitar tocar olhos,
nariz e boca, com as mãos não lavadas; usar lenço descartável para a
higiene nasal; cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir, com a parte
interna do cotovelo; não compartilhar objetos de uso pessoal; manter
ambientes bem ventilados; evitar sair de casa e aglomerações; limpar e
desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência; uso de
máscara e, no caso de profissionais da área da saúde, utilizar medidas
de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica,
luvas, avental não estéril e óculos de proteção) (BRASIL, 2020;
FIOCRUZ, 2020).
A prevenção e controle de infecção é de extrema importância no
combate a epidemias e pandemias causadas por agentes infecciosos,
como é o caso da COVID-19. Apesar de ainda não existir um protocolo
otimizado para o controle de transmissão do SARS-CoV-2, diversas
medidas devem ser tomadas no contexto comunitário e hospitalar para
evitar a disseminação do vírus e, como consequência, promover um
controle da pandemia (IRRD/LIKA, 2020).
Fig. 3. Rotina de Higienização para Superfícies de Serviços de Saúde no
enfretamento da COVID-195.

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2020), “o


espectro clínico do novo Coronavírus não está descrito completamente
(...) e, ainda não há vacina ou medicamentos específicos disponíveis”.
O tratamento é feito com base nos sintomas individuais de cada
paciente (FIOCRUZ, 2020).
Por tratar-se de uma Emergência de Saúde Pública de
Importância Internacional (ESPII), segundo o Regulamento Sanitário
Internacional, a infecção humana pelo Coronavírus caracteriza um
evento de saúde pública, e, portanto, é de notificação imediata (BRASIL,
2020b).

5
Rotina de Higienização para Superfícies de Serviços de Saúde no enfretamento da COVID-19. Fonte:
Adaptado do Australian Guidelines for The Prevention and Control of Infection in Healhtcare, Canberra:
National Health and Medical Research Council, 2019.
AULA 04

Pandemia, Endemia e Medidas de Distanciamento Social.

1. Pandemia e Endemia.

Segundo a OMS (2020), uma PANDEMIA é a disseminação


mundial de uma nova doença. O termo é utilizado quando uma
epidemia - grande surto que afeta uma região - se espalha por
diferentes continentes, com transmissão sustentada de pessoa para
pessoa.

O termo, refere-se à distribuição geográfica de uma doença e não


à sua gravidade (FIOCRUZ, 2020b).
Ao caracterizar o COVID-19 como uma pandemia, Tedros
Adhanom, diretor-geral da OMS (2020a), afirmou que o termo não deve
ser usado de forma leviana:
Pandemia não é uma palavra a ser usada de
forma leviana ou descuidada. É uma palavra
que, se mal utilizada, pode causar medo
irracional ou aceitação injustificada de que a
luta acabou, levando a sofrimento e morte
desnecessários".

Há 100 anos, o mundo enfrentou uma pandemia, devastadora e


letal, de gripe espanhola. Estima-se que, entre 50 e 100 milhões de
pessoas, tenham morrido entre 1918 e 1920 (UFRGS, 2020).
A última vez que a OMS havia declarado uma pandemia foi no
ano de 2009, em função do vírus influenza A, de origem suína, que
surgiu no México, no início de 2009 e se espalhou rapidamente pelo
mundo, dando origem a uma pandemia em fase 6, declarada pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de junho do mesmo ano
(OMS, 2009).
Em seu primeiro ano de circulação, esse vírus, denominado
influenza A H1N1 2009, causou cerca de 12.800 óbitos no mundo,
sendo que, a maior taxa de mortalidade ocorreu no continente
americano, com 76,9 mortes a cada 10 mil habitantes. No Brasil,
2.051 óbitos e mais de 44 mil casos da doença foram confirmados no
mesmo ano e, a maior incidência ocorreu nas regiões Sul e Sudeste,
em crianças menores de 2 anos e em adultos com idade entre 20 e 29
anos (BRASIL, 2010).
Por ENDEMIA, entende-se a ocorrência de casos de uma doença,
comportamento especificamente relacionado à saúde, ou outros
eventos, relacionados à saúde, claramente em excesso da expectativa
normal, em determinada comunidade ou região. A comunidade ou
região, e o período nos quais os casos ocorrem, são precisamente
especificados. O número de casos indicando a presença de uma
epidemia varia de acordo com o agente infeccioso, tamanho e tipo de
população exposta, além de experiência prévia ou falta de exposição à
doença, tempo e lugar de ocorrência. (FIOCRUZ, 2020b).

2. Estratégias de Intervenção Não Farmacológicas: Medidas de


Distanciamento Social.

A pandemia da COVID-19, se tornou o principal tópico de saúde


pública desde o início do ano de 2020. Devido à alta taxa de contágio e
à ausência de estratégias terapêuticas, ou protetivas, eficientes até o
momento, uma série de medidas passaram a ser estabelecidas, no
intuito de reduzir a velocidade de transmissão do vírus.

Estas estratégias são chamadas de “estratégias de intervenção


não farmacológicas”, por se tratarem de estratégias adicionais,
importantes, para a supressão e mitigação do impacto da COVID-19.
São elas:
2.1. Distanciamento Social Ampliado (DAS).

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2020c) esta


estratégia não se limita a grupos específicos, exigindo que todos os
setores da sociedade permaneçam em suas residências, durante a
vigência da decretação da medida, pelos gestores locais. Esta medida
restringe ao máximo o contato entre pessoas. Seu objetivo, é reduzir a
velocidade de propagação, visando ganhar tempo para equipar os
serviços, com os condicionantes mínimos de funcionamento: leitos,
respiradores, testes laboratoriais e recursos humanos.

2.2. Distanciamento Social Seletivo (DSS) ou Isolamento.

Estratégia onde apenas alguns grupos ficam isolados, sendo


selecionados os grupos que apresentam mais riscos de desenvolver a
doença ou, aqueles que podem apresentar uma quadro mais grave,
como idosos, pessoas com doenças crônicas (diabetes, cardiopatias,
etc.) ou condições de risco como, obesidade e gestação de risco.
Pessoas abaixo de 50 anos, podem circular livremente, se estiverem
assintomáticos. Esta estratégia também visa conter e separar pessoas
que forem classificadas como caso suspeito, confirmado, provável
(contato íntimo com casos confirmados), portador sem sintoma e
contactante de caso confirmado (BRASIL, 2020c; BRASIL, 2020d).
Nesses casos, o isolamento deverá ser em ambiente domiciliar,
podendo ser feito em hospitais públicos ou privados, conforme
recomendação médica, por um prazo de 14 dias, podendo ser
estendido por até igual período, dependendo do resultado do exame
laboratorial (BRASIL, 2020d).
Nos casos em que o diagnóstico for confirmado, todos os
moradores da casa devem se isolar por 14 dias, mesmo quando estes
não apresentam sintomas, monitorando o aparecimento de possíveis
sinais da doença. E o doente, por sua vez, deve ficar isolado em um
cômodo separado, com boa ventilação, tomando-se o cuidado de
manter a higiene do local e separar objetos de uso pessoal (BRASIL,
2020).

 Isolamento vertical: separação apenas de pessoas que têm mais


risco de evoluírem para casos graves ou óbitos (UFRJ, 2020).
 Isolamento horizontal: restringe a circulação do maior número de
pessoas, a fim de reduzir o contato a transmissão do vírus (UFRJ,
2020).

2.3. Quarentena

A quarentena é uma medida restritiva para o trânsito de pessoas,


que busca diminuir a velocidade de transmissão do Coronavírus, afim
de garantir a manutenção dos serviços de saúde em local certo e
determinado e que será definido mediante ato administrativo formal,
estabelecido pelas secretarias de saúde dos estados, municípios, do
Distrito Federal, pelo ministro de estado de saúde, ou superiores, em
cada nível da gestão e publicado em Diário Oficial e amplamente
divulgado pelos meios de comunicação. Poderá ser adotada por um
prazo de até 40 dias, podendo se estender pelo tempo necessário,
enquanto vigorar a Declaração de Emergência em Saúde Pública de
Importância Nacional (ESPIN) (BRASIL, 2020d).

2.4. LOCKDOWN ou Bloqueio Total.

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2020c), esse é o


nível mais alto de segurança e pode ser necessário em situações de
grave ameaça ao Sistema de Saúde. Durante um bloqueio total, TODAS
as entradas do perímetro são bloqueadas por profissionais de
segurança e ninguém tem permissão de entrar ou sair do perímetro
isolado.
Durante o lockdown, apenas estão autorizados a funcionar os
serviços considerados essenciais. Para que cumprido as autoridades
podem tomar medidas que vão desde a aplicação de multas e até
mesmo prisão. O lockdown pode ser aplicado em uma área específica
que pode ser um prédio, um quarteirão, uma cidade ou até mesmo um
país inteiro (REIS, 2020).

2.5. SHUTDOWN ou “Desligamento”.

O termo shutdown significa "desligamento" de algumas atividades.


Este termo está sendo utilizado no Brasil para definir um tipo de
bloqueio parcial com o desligamento de atividades em áreas com maior
incidência por Coronavírus e no qual as autoridades estão encontrando
maior dificuldade para controlar os casos da doença (REIS, 2020).

AULA 5

Saúde, Transtorno Mental e Sofrimento Psicológico na Pandemia.

1. Saúde Mental.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2018), ” saúde


mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo exprime as suas
capacidades, enfrenta os estressores normais da vida, trabalha
produtivamente e de modo frutífero, e contribui para a sua
comunidade”.
A saúde mental é fundamental para nossa
capacidade coletiva e individual, pois os
humanos pensam, se emocionam,
interagem entre si, ganham a vida e
desfrutam a vida. Nesta base, a promoção,
proteção e restauração da saúde mental
pode ser considerada uma preocupação
vital de indivíduos, comunidades e
sociedades em todo o mundo (OMS,
2018).

Mais do que a ausência de doença, a saúde mental é parte


integral da saúde, e está intimamente ligada com a saúde física e com
o comportamento humanos (HERRMAN, et. al., 2004).
Em meio à pandemia, os cuidados com a saúde física e mental
precisam ser redobrados, uma vez que a situação aumenta a
ansiedade, a insegurança, a tristeza e outros sentimentos diante do
isolamento social, das dificuldades financeiras, das mortes e das
incertezas.
Durante uma pandemia é esperado que
estejamos frequentemente em estado de
alerta, preocupados, confusos,
estressados e com sensação de falta de
controle frente às incertezas do momento.
Estima-se que entre um terço e metade da
população pode vir a sofrer alguma
manifestação psicopatológica, caso não
seja feita nenhuma intervenção de
cuidado específico para as reações e
sintomas manifestados. Entretanto, é
importante destacar que nem todos os
problemas psicológicos e sociais
apresentados poderão ser qualificados
como doenças. A maioria será classificada
como reações normais diante de uma
situação anormal (OPAS, 2006; FIOCRUZ,
2020a).

Para muitos especialistas, a pandemia atual, deixará um vasto


rastro de transtornos psicológicos, que representarão uma segunda
epidemia.
Em situações em que há um grande número de pessoas doentes,
de mortes, e prejuízos econômicos, como no caso de uma pandemia,
ocorre uma perturbação da saúde mental e uma perturbação
psicossocial, que podem ultrapassar a capacidade de enfrentamento
da população afetada (OPAS, 2006).

Fig. 4. Dicas da OPAS OPMS Brasil para manter uma boa saúde mental 6.

2. Sofrimento Psicológico.

Sofrimento psicológico é um termo geral, usado para descrever


sentimentos desagradáveis ou emoções que afetam o nível de
funcionamento de um indivíduo. Em outras palavras, é o desconforto
psicológico que interfere em suas atividades da vida diária. É uma
experiência subjetiva, experimentada por cada indivíduo à sua própria
maneira e, a gravidade desse sofrimento dependerá da situação e, de
como cada um a percebe (WILLIAMS, 2014).
A medida que a pandemia avança, também avança a fragilização
psíquica da população e aumenta o sofrimento psicológico da

6
FONTE: OPAS OMS Brasil, 2019.
Disponível em: https://www.facebook.com/OPASOMSBrasil/photos/hoje-%C3%A9-o-dia-mundial-da-
sa%C3%BAde-mentalsaiba-o-que-voc%C3%AA-pode-fazer-para-estar-em-di/1287396391433676/.
população e muitos transtornos psíquicos, imediatos ou tardios,
começam a se desenvolver ou até mesmo, a se agravar.

Na atual situação de pandemia da COVID-19, sentimentos e


emoções negativas, como medo, tristeza, raiva e solidão, além de
ansiedade e estresse, são comuns.
O excesso de notícias sobre a pandemia, a mudança de rotina, o
distanciamento físico, e as consequências econômicas, sociais e
políticas relativas a esse novo cenário podem aumentar, ou prolongar,
o sofrimento psicológico.
Cabe salientar que, nem sempre o sofrimento psicológico está
associado à uma psicopatologia. Uma pessoa pode sofrer, sem estar
doente. Principalmente em contextos atípicos como o atual. Muitas
vezes, tratam-se de respostas involuntárias de reação, à uma situação
nova, difícil e/ou estressante.
Outro aspecto a se considerar, é que o sofrimento psicológico
pode levar as pessoas a procurarem por meios alternativos de alívio,
como bebidas alcóolicas, drogas e remédios de uso controlado,
tornando-se assim um problema de saúde.
Da mesma forma o estresse prolongado, pode ter efeitos
maléficos sobre o organismo e desencadear transtornos como
ansiedade patológica e depressão.

3. Transtorno Mental

Segundo o DSM-V (APA, 2014) “um Transtorno Mental é uma


Síndrome, caracterizada por perturbação clinicamente significativa na
cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um
indivíduo, que reflete uma disfunção nos processos psicológicos,
biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento
mental”.
Estes transtornos estão frequentemente associados a sofrimento
ou incapacidade significativos, que afetam atividades sociais,
profissionais ou outras atividades importantes.
Cabe ressaltar que respostas esperadas, ou aprovadas
culturalmente, diante de um estressor ou perda comum, como as
reações diante de uma pandemia, e de suas consequências, não se
constituem como um transtorno mental, mas sim de uma reação à
situação.
De acordo com a OPAS (2006), depois de grandes catástrofes,
importante voltar as atenções para a saúde mental dos sobreviventes,
durante um período prolongado, pois estes precisam enfrentar a tarefa
de reconstruir a própria vida.
Para tanto, declara a OPAS (2006), é necessário distinguir três
momentos (antes, durante e depois) e quatro grupos de pessoas, a
saber:

 Os doentes;
 Os que sofreram da doença e sobreviveram;
 Os que não estão doentes, mas podem potencialmente adoecer e
podem ter sofrido perdas importantes (mortes ou doentes entre
seus familiares, amigos ou vizinhos);
 Os membros das equipes de resposta que trabalham na
emergência.

Esta distinção possibilita estabelecer as manifestações


psicológicas e sociais presentes em cada fase, e assim elaborar e
aplicar de ações de saúde mental, de acordo com cada uma delas.
Como exemplo, pode-se citar algumas ações, sugeridas pela
OPAS (2006), relacionadas a cada uma destas fases e aos sentimentos
nelas presentes.
QUADRO 1. Ações de saúde mental de acordo com as fases.7

Fases/manifestações psicológicas e Ações de saúde mental


sociais da população
ANTES  Comunicação de risco à população,
 Ansiedade, tensão, insegurança e com ênfase aos grupos vulneráveis;
vigilância obsessiva dos sintomas da  Sensibilização e informação sobre o
doença; assunto;
 Expectativa de inevitabilidade com alto  Capacitação de equipes de saúde
grau de tensão na população; mental e profissionais de atenção
primária de saúde no assunto;
 Preparação de grupos de apoio
emocional e psicológico;

DURANTE  Avaliação rápida das necessidades


 Medos, sentimentos de abandono e psicossociais da população nas
vulnerabilidade; condições específicas do lugar;
 Ansiedade, depressão, lutos, estresse,  Promover mecanismos de auto-ajuda
crises emocionais e de pânico; e ajuda mútua. Inclui grupos e ajuda
 Reações coletivas de agitação, de seus pares.
descompensação de transtornos  Recuperar a iniciativa e elevar a
psíquicos preexistentes; autoestima;
 Transtornos psicossomáticos.  Atenção psiquiátrica a pessoas com
transtornos mentais definidos;

DEPOIS  Atenção à saúde mental aos que


 Sequelas sociais e de saúde mental: ajudaram (equipes de resposta);
depressão, lutos patológicos, estresse  Discutir as experiências e as lições
pós-traumático, abuso de álcool e aprendidas.
drogas, violência;  Implementação da atenção à saúde
 Medo de uma nova pandemia; mental individual e de grupo às
 Lento e progressivo processo de pessoas, famílias e comunidades
recuperação. que foram afetadas, como parte de
um plano de recuperação
psicossocial de médio prazo (6
meses, no mínimo);

7
Fonte: ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2006.
Aula 06

Nível de Intensidade dos Desastres

De acordo com o Escritório das Nações Unidas para Redução de


Riscos de Desastres (United Nations Office for Disaster Risk Reduction),
um desastre trata-se de qualquer evento ou situação, incluindo as
relacionadas aos riscos biológicos e Pandemias, que resulta em uma
grave perturbação do funcionamento de uma comunidade ou
sociedade em qualquer escala. Envolve as condições de exposição da
população e de vulnerabilidade, bem como as capacidades de
respostas e de redução de riscos, que combinadas resultam em perdas
e impactos humanos (doenças e óbitos), materiais, econômicos e
ambientais.
A Pandemia por COVID-19 combina ambas as características
devendo ser tratada como um Desastre Global.

Os danos e prejuízos causados pelos desastres e catástrofes são


qualificados em função da magnitude do evento e grau de
vulnerabilidade do sistema afetado, sendo quatro os níveis de
intensidade estabelecidos para os desastres, conforme explica Castro
(1998):

 Nível I
São os desastres de pequeno porte ou acidentes, ou seja, os
danos e/ou prejuízos pouco importantes, os quais tanto a comunidade
como os indivíduos afetados suportam melhor.

 Nível II
No nível II são os desastres de médio porte, ou seja, os danos e
prejuízos causados são de alguma importância. Desta forma, são
suportáveis pelos indivíduos e/ou comunidades bem preparados e
mobilizados. As condições de normalidade podem ser restabelecidas
com recursos disponíveis na própria área afetada desde que sejam
racionalmente mobilizados e utilizados.

 Nível III
Este nível diz respeito aos desastres de grande porte, nos quais
os danos e prejuízos são importantes, mas suportáveis pela
comunidade. A situação pode ser restabelecida, mas necessita apoio,
de recursos estaduais e federais, já disponíveis para esse tipo de
situação.
 Nível IV
Neste nível são considerados os desastres de grande porte, cujos
danos causados são muito importantes e os prejuízos muito vultosos.
Nesse caso, não são bem suportáveis e superáveis pela comunidade e
indivíduos afetados, mesmo que estes sejam preparados para o
enfrentamento de desastres. A situação de normalidade necessita de
suporte externo, nacional e em alguns casos internacional.
A pandemia da COVID -19 foi classificada e codificada como
Estado de Calamidade Pública, provocada por desastre natural
biológico, Nível III – Desastre de Grande Intensidade - caracterizado por
epidemia de doenças infecciosas virais, que provoca o aumento brusco,
significativo e transitório da ocorrência de doenças infecciosas geradas
por vírus (Tribuna do Norte, 2020).
CONCLUSÃO

Neste módulo foram abordados, brevemente, alguns conceitos,


nomenclaturas e definições, pertinentes à atuação dos psicólogos(as),
no acolhimento e atendimento de pessoas e grupos afetados pelo novo
Coronavírus.
A partir dessa noção os profissionais da Psicologia tornam-se
mais aptos a analisar os fenômenos atuais e a criar estratégias,
partindo de informações fundamentadas e adequadas ao contexto
vigente, bem como, amplia a comunicação do profissional da Psicologia
com as demais áreas, como Medicina e Enfermagem, por exemplo,
bem como, possibilita aplicar a Psicologia e promover o bem-estar da
sociedade como um todo e, promove a produção de material científico
de qualidade.
No decorrer do curso, outros conceitos pertinentes ao contexto
atual serão abordados, como os conceitos de crise, emergências e
desastres, tão em voga na atualidade e fundamentais para uma melhor
compreensão sobre o papel e a importância da Psicologia em tempos
de pandemia.
Até lá!
Sugestões de Atividades Complementares

 Acesse o link abaixo e assista uma divertida animação sobre


“Como o estresse afeta o corpo”, produzida por Sharon Bergquist.
https://www.ted.com/talks/sharon_horesh_bergquist_how_stress_affects_your_bo
dy

 Assista o vídeo “Live Especial: A Psicologia e a Crise do


Coronavírus”, realizada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP),
no dia 18 de março de 2020, com a Presidente do CFP, Ana
Sandra Fernandes, que conversou com a categoria sobre a
pandemia e as ações do CFP nesta crise. Acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=tlg3nghF6SY.
Referências Bibliográficas

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estatístico de transtornos mentais – DSM-5. Porto Alegre: Artmed,
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