Avaliação laboratorial e diagnóstico da resistência insulínica
A resistência insulínica ocorre quando o pâncreas secreta mais insulina para
regular a alta quantidade de glicose no sangue, porém o organismo cria resistência à insulina devido à alta produção do hormônio. É uma característica predominante nos indivíduos com obesidade, diabetes tipo 2, cetoacidose diabética e diabetes tipo 1 descontrolado. Essa alteração metabólica está associada a aterosclerose e hiperinsulinemia, por isso a importância do seu diagnóstico.
Existem dois métodos para avaliação, o método indireto e direto. Entre os
métodos indiretos destacam-se: ● Insulinemia de jejum, ou seja a dosagem da insulina em jejum, é um método simples e considerado “padrão-ouro” para a avaliação da sensibilidade à insulina, alguns pontos negativos desse exame são que esse método avalia a sensibilidade tecidual e apresenta pouca correlação com a ação da insulina in vivo; pode ocorrer reação cruzada com pró-insulina (precursor do pró-hormônio da insulina); quando é encontrado um nível reduzido em pacientes diabéticos, pode significar uma falência na função da célula beta pancreática e não necessariamente uma baixa da resistência insulínica. ● Teste oral de intolerância à glicose (TOTG), esse teste mede a curva glicêmica avaliando o valor da glicose após a ingestão de cerca de 75h de um liquido açucarado, medindo a glicose e insulina a cada 15 ou 30 minutos durante 2 ou 3 horas. A medida que a resistência insulínica piora, a glicose estará aumentada após as refeições e também em jejum porque o fígado tenta compensar a falta de açúcar nas células. ● Cálculo do índice de HOMA (Modelo de Avaliação da Homeostase) , esse cálculo é realizado para avaliar a relação entre a quantidade de açúcar e a quantidade de insulina no sangue, é um método interessante pois avalia a resistência à insulina (HOMA-IR) e atividade do pâncreas (HOMA-BETA). ● QUICKI (Quantitative insulin sensitivity check index), este também é um método matemático que visa determinar a insulina e a capacidade funcional das células beta pancreáticas, realizando as dosagens da insulinemia e da glicemia em jejum, é um método interessante como um marcador da alteração metabólica.
E entre os métodos diretos os principais são:
● Teste de tolerância à insulina (KITT), esse teste avalia de forma direta in vivo a sensibilidade a insulina. É realizado atrvés da injeção em bolo de 0,1 U/kg d insulina regular, avaliando a taxa de decaimento da glicose durante 15 minutos, quanto mais rápida for a queda de glicose, mais sensível é o paciente à insulina. Esse método tem se mostrado eficiente na avaliação da resistência insulínica. ● A técnica de clamp é considerada “padrão-ouro” na avaliação da sensibilidade a insulina. Nesse teste é administrado uma taxa constante de insulina, o que causa uma queda da glicose, e para manter a glicose no sangue constante, é administrado glicose exógena, dessa forma os níveis de insulina e glicose são “clampeados” ou fixados, ocorrendo uma retroalimentação negativa da secreção de insulina pelo pâncreas e de glicose pelo fígado. Permite a análise da resposta secretória de insulina à glicose, quantifica qual o consumo do organismo em uma situação de hiperglicemia fixa e a captação de glicose em uma situação de hiperinsulinemia fixa. É um teste muito eficaz, porém o alto custo e especificidade do processo, inviabilizam o teste na prática laboratorial, sendo usado em pesquisas e centros especializados. Cada método possui vantagens e desvantagens, sendo o clamp o “padrão- ouro”, porém em suas desvantagens temos o alto custo com aparelhos, como bombas de infusão e aparelho de análise instantânea de glicose. Os outros testes são mais acessíveis sendo usados mais frequentemente para o diagnóstico de resistência insulínica.