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PAULON, Simone. Clínica Ampliada: Que(m) demanda ampliações? In: FONSECA, T.G. e ENGELMAN, S. (orgs).

Corpo Arte e Clínica. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2004, p. 259-274.

Clínica Ampliada: que(m) demanda ampliações?1

Simone Mainieri Paulon2

Os atuais debates nos “meios psi” têm associado o termo Clínica – que por tanto
tempo foi suficiente para referir saberes e fazeres bem delimitados – a outros que parecem
querer atribuir ao primeiro uma conotação menos restrita. Transdisciplinar, institucional,
porosa, arejada, ampliada... são alguns dos adjetivos que, não raro, têm alimentado
discussões acerca da Clínica e apontado o irrefutável argumento de que algo demanda
ampliações.

A necessidade de adjetivação do que já se bastou como substantivo indica que, em


algum momento, falar-se em Clínica simplesmente parou de designar o que antes
dispensava qualificativos. Estaríamos tentados a diferenciar a Clínica que fazemos – ou
tentamos – de uma outra menos ampliada? Seria isto um indicativo da existência de uma
Clínica Obtusa?!

Este artigo pretende problematizar o surgimento das novas designações para a


Clínica aqui reunidas mais especificamente em torno do conceito de Clínica Ampliada.
Valendo-se de referenciais da análise institucional e filosofia da diferença, parte do
questionamento acerca da necessidade deste tipo de adjetivação pensando ao que ela
possa estar respondendo e o desdobra: Afinal trata-se de ampliar o que? Por quê? Em que
sentido e através de quais meios?

A fim de evitar a tentação das rápidas respostas, o que se propõe aos pensadores
da subjetividade é que exercitem sua vocação a interrogar antes de “solucionar”,
procedendo a uma rápida análise de demanda sobre o que hoje se tem produzido e referido
por instituição psicologia.

Quando a Clínica não pode tanto3

“Antes de ser um saber, a clínica era uma relação universal da humanidade


consigo mesma: idade da felicidade absoluta para a medicina. E a decadência
começou quando foram inauguradas a escrita e o segredo, isto é, a repartição
deste saber com um grupo privilegiado”. Foucault

O convite para que procedamos juntos e brevemente a esta análise vai no sentido de
provocar um debate acerca dos limites com que talvez uma certa Clínica, concebida nos
contornos da modernidade, possa estar se deparando. Proponho trabalharmos um pouco
sobre estes limites com o intuito de fazê-los falar, talvez, sobre aquilo que pode estar
“pedindo passagem”.

1
O presente artigo produziu-se entre os debates que me foram oportunizados pelos convites a participar da Oficina
organizada pelo CRP 07 no III FSM intitulada “Clínica Ampliada” (fevereiro de 2003 em Porto Alegre), da mesa sobre o
mesmo tema no Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (maio de 2003) e do Seminário “Corpo, Arte e Clínica”
promovido pelo PPGPSI-UFRGS (abril de 2003) , que originou a presente coletânea.
2
Psicóloga, analista institucional pela INTERSECÇÃO: Instituições e Clínica, Doutora em Psicologia Clínica (PUCSP) e
professora da UNISINOS.
3
O subtítulo, assim como alguns dos recortes clínicos que o seguem, faz referência à mesa redonda intitulada “O que
pode a Clínica?” ocorrida dia 09/04/2003 com participação do Dr. Eduardo Passos e Dra. Tânia Galli Fonseca como parte
do Seminário supra-citado.
2

Como será que estamos nos virando com nossas estratégias e ferramentas de
trabalho para o enfrentamento com o sofrimento psíquico tal como o momento atual o tem
apresentado? Quais os limites que o contemporâneo impõe a um certo instrumental
analítico? Se, em tempos modernos este instrumental teórico-conceitual deu conta de fazer
profundas intercessões nas formas dominantes de se lidar com a subjetividade, hoje ele
parece mostrar seus sinais de esgotamento.

Birman (1999, p.21) denuncia a impressão de que os psicanalistas não mais


conseguem alcançar a “agudeza e rapidez dos acontecimentos” e diz que “há certos pontos
cegos da psicanálise que a fez excluir de suas teorizações seu próprio mal-estar”. Percebe,
desta forma, uma crise na psicanálise cujos instrumentos interpretativos se tornaram
insuficientes devido a uma redução do poder crítico da comunidade psicanalítica, que a fez
perder o timing para as questões emergenciais postas pela cena contemporânea.

A proposta de que pensemos “O que pode a Clínica” a partir do que ela, talvez “não
esteja podendo tanto” está longe de querer resumir-se à denúncia mera e simples dos
entraves pragmáticos que os atuais grupos privilegiados encontram para ampliar os limites de
seu campo de saber. Ao contrário disto - que seria apenas reforçar as fronteiras que o
dispositivo foucaultiano do saber-poder faz parecerem tão nítidas - partir dos pontos de
desgaste onde elas parecem se esgarçar equivale a tomar estes entraves como
dispositivos-analisadores4 da Instituição-Clínica que se quer analisar. Pensar, com eles,
através deles, onde a “totalidade Clínica’ de outrora deixe aparecer uma outra, cheia de
poros e brechas que a façam exercer sua potência de desindividualização, a façam avançar
na interseção dos planos político e clínico.

“Definir a clínica em sua relação com os processos de produção da


subjetividade implica, necessariamente, que nos arrisquemos numa experiência a
um só tempo de crítica e de análise, ou, como poderíamos dizê-lo, crítico-analítica
das formas instituídas, o que sempre nos compromete politicamente”. (Rauter,
Passos & Benevides , 2002, p.I)

A problematização de algumas situações prosaicas de nosso fazer cotidiano


consistirá no caminho pelo qual se delineará a experiência arriscada de criticar a forma
instituída da Clínica. Forma, esta, que parece já não se sustentar.

Penso, por exemplo, na capacidade de escuta e acolhimento supra-moral5 dos


psicólogos contemporâneos para as questões determinantes do sofrimento psíquico em
nossos dias e rigorosamente impensáveis nos tempos de invenção da psicanálise. Que
curioso não seria um debate entre Freud e Breuer acerca dos processos de filiação e
estruturação edípica das crianças gestadas em barrigas de aluguel ou adotadas por casais
homossexuais. Recente reportagem publicada sob o sugestivo título de “Ética: Incesto de
Proveta” relata o caso de uma francesa de 62 anos que gestou um filho com sêmen doado
pelo irmão e óvulo de uma americana. Levantada a polêmica acerca do caráter moral da
inseminação, o médico defende-se alegando desconhecimento da origem do sêmen e a tia-
mãe dizendo que, para fins de perpetuação da herança biológica familiar, entrou apenas
com o útero, não com o material genético. Segundo a reportagem, isto permite dizer que
“tecnicamente não se trata de um incesto, mas fica no ar uma sensação de mal-estar,
especialmente quando se envolve um tabu tão crucial como o que interdita o sexo e, acima
de tudo, a procriação entre parentes”.6

4
“Chamo analisador a todo acontecimento, todo dispositivo suscetível de decompor (análise de decomposição) uma
totalidade, que até este momento se percebia de forma global”. (Lapassade Apud Coimbra, 1995, p. 63)
5
Conforme Alfredo Naffah Neto, 1994.
6
Veiga, Aida. Ética: Incesto de Proveta. Revista Veja, 27/06/2001, p. 86.
3

Não menos complexo “tecnicamente” é o caso compartilhado em supervisão com


uma colega. Uma família a procurou para analisar o filho único de 10 anos que
desencadeara uma série de sintomas fóbicos relacionados à angústia de separação, a
partir do momento em que o laboratório europeu onde este fora gerado in vitro, enviara uma
solicitação para destruir seus irmãos-embriões, congelados desde sua fertilização. Afora as
usuais ansiedades despertadas pela perspectiva de nascimento de um irmão, as fantasias
deste menino passavam por imaginar que este embrião seria uma espécie de gêmeo ou
clone seu que chegaria, de repente, com 10 anos de vantagem. Além disso, por questões
que iam desde as limitações de idade, até as econômicas para empreenderem um novo
processo de inseminação, a possibilidade de uma nova gestação já não figurava há anos
entre as preocupações dos pais, que agora teriam que tomar uma decisão sobre um
embrião com condições genéticas de seus 10 anos antes. Enfim, a configuração familiar
toda “se bagunçou” completamente a partir da carta-bomba que os levou a pedir ajuda
psicológica.

Teriam as tradicionais abordagens sistêmicas referenciais suficientes para dar conta


de tal injunção? Em que a célebre leitura baseada na triangulação-castração-simbolização
contribuiria com a escuta clínica de crianças geradas sob condições tão intrincadas?

Ainda partindo do desafio de alinhar a Clínica às demandas do contemporâneo,


tomemos outra cena-analisadora para questionar as ferramentas teórico-conceituais de que
dispomos. Ela parte da solicitação de atendimento a um grupo de cuidadores da FEBEM
que experimentou o trauma coletivo de terem sido feitos reféns, incluindo a morte de um
deles, por aqueles de quem cuidam. O pedido, inicialmente endereçado ao setor de saúde
e segurança no trabalho encarregado deste tipo de encaminhamento, desta vez ia além das
usuais solicitações de afastamento e recusa a retornarem à situação estressante de
trabalho. Em função de que a violência experimentada por eles havia extrapolado a
naturalização instituída, desta vez eles clamavam por licença, melhores condições de
segurança no trabalho e também atendimento psicológico por profissionais de fora dos
quadros da Fundação. Isto foi viabilizado através de negociações com o grupo de gestores
da época que me chamou, primeiro, para atendimento emergencial à situação de pane que
se generalizou durante alguns dias pós-motim. Na continuidade, gerou um processo de
grupoterapia transcorrido ao longo de um ano, em espaço privado e sob a forma de
convênio compartilhado entre o grupo e a FEBEM.

Qual dos tradicionais especialismos psicológicos teria sido convocado para tal
atendimento? Que “perfil” estaria suposto para o profissional que a assumisse? E que
designação lhe seria atribuída?

Também no âmbito da formação, teríamos alguns recortes curiosos para nos ajudar
a pensar os rumos que a Clínica pode estar tomando. Como supervisora acadêmica de
estágios de um Hospital Geral, tive oportunidade de debater longamente este tema com
alunos que findavam estágios de psicologia clínica e permaneciam por mais um ano no
mesmo local para fazerem estágio de psicologia organizacional. Com isto mudava a
supervisão, a teorização e as tarefas de que se ocupavam no estágio anterior. Ocorria que
no primeiro ano como estagiários de “clínica mesmo” como eles diziam, o atendimento
baseava-se em prestar apoio a pacientes e familiares na beira do leito. Encerrada esta
etapa, só mantinham o crachá de estagiários de psicologia e seus desejos de continuarem
o trabalho no hospital, mas aí eram lotados nos Recursos Humanos e só voltavam aos
quartos para aplicar questionários de qualidade total no atendimento. Por sorte - ou
descuido dos RH - o crachá não atribuía o “tipo” de psicologia que lhes caberia naquele
momento. Graças a isto, freqüentemente surgiam situações embaraçosas em que os
pacientes e familiares em crise, pelas mesmas circunstâncias que justificariam seus
atendimentos no estágio anterior, ao se depararem com “alguém da psicologia” solicitavam
apoio, queriam ser escutados, enfim, apresentavam-se como usuários de um atendimento
4

que estava longe de poder limitar-se à aplicação dos tais questionários. Além de muita
ansiedade, tal circunstância valeu aos estagiários inflamados debates sobre sua “tarefa
analítica”, sua formação, o sentido que queriam a ela atribuir. Com este processo, o grupo
foi-se autorizando a escutar a demanda endereçada à psicologia do hospital, o que
funcionou como um sinalizador para que negociassem práticas menos fragmentárias com o
local. O caso tornou-se emblemático dos limites a que uma formação voltada aos
especialismos poderia nos levar e forneceu subsídios importantes para a revisão curricular
do Curso em questão que hoje comporta apenas um estágio profissional em psicologia.7

Muitas são as questões que cenas cotidianas como estas poderiam convocar a
pensar: Que querem de nós, afinal? Que indicam do que se demanda da nossa atividade
hoje? Que psicologia estamos fazendo e que ampliações dela/de nós aí se demanda?

Em suma, como apontado por Baremblitt (1997, p.19), “El Poliverso Psy
contemporâneo se divesifica y se multiplica interiormente en uma dispersión y en un
combinacionismo y/o sincretismo incesante en el que co-existen todas las tendencias de su
historia, mas o menso ‘aggiornadas’, com otras neo-arcaicas y muchas enteramente
novedosas.”

Neste contexto polissêmico, mutante, heterólogo a que esse autor refere por
“Poliverso Psy”, será uma questão de repensarmos nosso âmbito de atuação e
diversificarmos as possibilidades de inserção no mercado de trabalho? Ou trata-se, antes,
de afinarmos e atualizarmos nosso instrumentos e técnicas a fim de fazê-los acompanhar
os processos atuais?! Ou, talvez, as mudanças sociais obriguem-nos a repensar mais
profundamente os próprios pilares teóricos de onde se originaram as diferentes correntes
da psicologia.

Sem que se coloque na “ordem do dia” questões como estas corremos o risco de
simplesmente inventar um novo nome para legitimar o que temos de mais instituído em
nome da necessidade de ampliar as demandas sobre a Clínica. Responder às demandas
de mercado, para dizer de outro jeito. Neste caso, falar-se de uma Clínica Ampliada
corresponderia a vestir uma nova roupagem em velhas formas de intervenção em nome de
alguma espécie de “modernização”.

Historicamente a psicologia é fértil em produzir este tipo de engodo ao dispor suas


ferramentas tecnocráticas para responder acriticamente ao sistema exclusor em seus
tradicionais segmentos de mercado seja ele organizacional, escolar ou clínico. Cito como
exemplos a proliferação de práticas “disfarçadas” de psicologia institucional para normatizar
sujeitos trabalhadores quando a psicologia organizacional evidenciava todo seu caráter
ideológico; ou o uso descriterioso e acrítico das técnicas grupais em saúde pública para
disseminar uma psicologia que continua funcionando na mais estrita lógica privada.

Pensarmos uma ampliação da Clínica que não se limite à criação de um novo clichê
– referendo de velhos especialismos - parece mesmo requerer esforços teóricos, éticos e
políticos que extrapolam em muito meras respostas às ampliações das demandas para o
trabalho Clínico que o contemporâneo também impõe.

Quero, com isto, enfatizar que não apenas respeito como considero da maior
relevância todas as iniciativas – em grande parte das vezes, inclusive, de grande ousadia –
para ampliar o acesso às metodologias de intervenção na subjetividade de todo um
contingente de pessoas, condenadas à solidão das saídas individuais ao próprio sofrimento

7
Informações mais detalhadas acerca do modelo de estágio gerado pelo processo de revisão curricular do curso de
Psicologia da UNISINOS podem ser obtidas no texto “Outras leituras e práticas clínicas na formação do psicólogo” de
autoria de Fábio Moraes, São Leopoldo, 2002, não publicado.
5

psíquico. A problematização que aqui trago recai, especificamente, na utilidade de se criar


um novo nome – ou na necessidade de adjetivar a Clínica – para referir uma mera
multiplicação, geralmente acrítica, daquilo que, de fato, requer muitas outras revisões.

Trata-se aí, muito mais de questionarmos as novas formas com que o sofrimento
psíquico se apresenta, os sintomas sociais contemporâneos se impõem e os modos pelos
quais os fazeres “psi” estão estruturados para atendê-los. Isto requer que a análise aqui
proposta recaia sobre os diferentes eixos que sustentam a Clínica, incluindo desde seu
âmbito de atuação; as técnicas e instrumentos através dos quais ela se realiza, até as
concepções de sujeito e da própria Clínica daí decorrentes.

Qualquer um destes eixos permitiria a análise de demanda da instituição


psicologia e conduziria, inevitavelmente, à discussão aos demais. Todas as entradas são
válidas, desde que as saídas sejam múltiplas, já nos ensinaram Deleuze e Guattari
inspirados por Kafka (1977). Para fins do debate aqui proposto, entretanto, será priorizada
a questão da concepção de Clínica que merece ampliações, como tentativa de evitar os
riscos que se incorre de meramente amplificar o instituído e superficializar uma discussão
que, no mínimo, se empobrece quando limitada ao âmbito da intervenção.

Baptista (2000) refere-se a esses riscos, por exemplo, como a disseminação de uma
espécie de “psicologia vaidosa” que desenvolveria práticas meio pastorais, com a intenção
de estender o que consideram benefícios dos ensinamentos freudianos às camadas sociais
desfavorecidas. “Subir o morro” e reunir as pessoas em grupo para interpretar Édipo de um
a um não é exatamente alguma ampliação que nos interesse implementar à Clínica.
Tampouco parece ser isto que os segmentos sociais alijados de qualquer tipo de acesso a
práticas profissionais de saúde mental teriam a nos solicitar. Mas aí já é outra questão.
Castel (1980) também fala dos riscos de uma psicologização do social e aponta uma
ideologização da psicanálise operada através de uma infiltração difusa na cultura de
massas que a aproxima aos mais diversos campos e modos de aplicações numa espécie
de “ampliação em círculos concêntricos a partir do divã”.

Fico imaginando o quanto não se perde ao circunscrever nestes termos as novas


configurações familiares exemplificadas acima, ao restringir a uma tarefa de segurança do
trabalho a solicitação do grupo de funcionários da FEBEM ou ao fragmentar o fazer
psicológico como se fazia no hospital em que as psicologias não se misturavam. Fico
pensando por onde anda nossa tão promulgada capacidade de escutar e tão procurada
possibilidade de se deixar afetar pelo outro.

Não é definitivamente culpabilizando indivíduos pelo próprio adoecimento,


naturalizando o que é da ordem da história, enfim, disseminando práticas que só
aprofundam a ideologia de um “sujeito psicológico” que algo no plano da flexibilização dos
diferentes modos de existir poderá se ampliar.

Se ficarmos, então, discutindo a ampliação no âmbito da intervenção de uma Clínica


meramente disseminadora dos mesmos modos de subjetivação existentes, estaremos, no
máximo, ampliando os pontos de tensionamento entre um campo de saber que resiste a
reconhecer seus sinais de esgotamento e as demandas do contemporâneo que poderiam
indicar exatamente onde eles estão. Demandas de novo que fariam clarear, inclusive, onde
o “clássico” virou simplesmente “velho”, onde o que já foi “linha de fuga” enrijeceu-se em
instituição. A ampliação neste sentido parece-me mais autofágica que desejável, pois se
não pudermos tomar os limites com que vimos nos deparando cotidianamente como
analisadores do que vimos produzindo em nome desta instituição psicologia, dificilmente
conseguiremos fazê-la acompanhar as exigências de seu tempo. No máximo, renovaremos
respostas às sempre atualizadas demandas capitalísticas.
6

E é nesta perspectiva do limite tomado como analisador, dos aparentes fracassos


sinalizando movimentos instituintes, do veneno como a chave para um possível antídoto
que talvez possamos pensar sentidos menos torpes para a tal ampliação. Como somos
bons em colecionar “cases” e como nos é difícil compartilhar “micos” terapêuticos! Nunca
conheci um homem vil, já ironizava Brecht...

A clínica dos desvios: ensaios de risco


"O dizer Sim à vida, mesmo em seus problemas mais duros e estranhos; a
vontade de vida, alegrando-se da própria inesgotabilidade no sacrifício de
seus mais elevados tipos - a isto chamei dionisíaco, isto entendi como a
ponte para a Psicologia do poeta trágico. Não para livrar-se do pavor e
da compaixão, não para purificar-se de um perigoso afeto mediante uma
veemente descarga..., mas, para, além do pavor e da compaixão, ser em si
mesmo o eterno prazer do vir a ser - esse prazer que traz em si também o
prazer no destruir..." NIETZSCHE

Lancemos, então, mão do espírito genealógico - que não teme olhar de frente para
as próprias produções no que tenham de mais desejável e execrável - para aproximarmos
nossa concepção da Clínica a algo que faça jus ao fatídico adjetivo.

A impossibilidade – ou debilidade, no duplo sentido do termo – de nos debruçarmos


sobre qualquer uma das demandas trazidas pelos pacientes/clientes das cenas ilustrativas
tratando-as como sintomas da ordem dos “sujeitos psicológicos” parece notável.
Compreendermo-los como portadores de algum sofrimento individual que, em última
instância, encontra referências em uma configuração familiar X da qual só temos a saída Y,
na melhor das hipóteses uma Z, seria, além de uma negação sobre toda dimensão cultural
das pulsões, renegar juntamente o caráter transgressor tão inerente à tarefa analítica.

Sem desconsiderar que nem toda prática clínica precisa referenciar-se na


psicanálise, a reincidente associação feita entre a concepção de Clínica aqui esboçada e o
pensamento psicanalítico é intencional. Primeiro, porque muito do que se faz hoje em
psicologia encontra seus fundamentos, mais ou menos assumidamente, no procedimento
psicanalítico. Mais do que isto, porque me parece pertinente à presente discussão
recuperar algo da aventura freudiana em sua força intercessora que a fez tão potente em
resistência E criação no século em que se forjou.

Pode-se pensar a força de Intercessão exercida pela psicanálise no sentido bem


demarcado por Deleuze (1992) de algo que se põe a operar no cruzamento de diversos
domínios e não pode ser pensado fora da relação de interferência desestabilizadora de um
domínio de saber instituído. É uma espécie de força maquinadora de resistências
equivalente à escuta Clínica que permitiu a Freud “ver” no corpo das histéricas algo para
além do visível. Enxergar no obscuro grito de úteros silenciados algo que nenhum cientista,
em pleno século das luzes, pudera até então ver. Nesta criação de visibilidades outras que
não se deixou ofuscar pelo excesso de luz da racionalidade de seu tempo é que um certo
Freud fez-se intercessor.

No resgate, então, do espírito subversivo que acompanhou os “anos loucos” da


psicanálise caberia retomarmos a própria ambigüidade que etimologicamente o termo
grego de onde deriva o controvertido termo Clínica oferece. Uma primeira vertente vem do
Kliné, que significa cama e dá origem ao klinicos, aquele que guarda a cama, o que
esclarece a forte herança médica da qual, por certo, a concepção atual da Clínica mantém-
se refém. Só que a outra vertente etimológica provém do klinos, e klinamen que, em seu
7

significado de inclinação e desvio, abre outras possibilidades para a concepção da Clínica


incluir a potência de intercessão, (Baremblitt, 1997, p. 24 e 26).

E se, ao invés de “debruçarmos” um dado saber sobre o sofrimento do outro,


dispusermo-nos a inventar com ele desvios possíveis? Se, no lugar de “estirarmos” nosso
saber-fazer sobre um corpo prostrado frente àquele que “há de saber o que é bom para ele”
criarmos juntos saídas outras que o desencaminhem daquela única encontrada?! Se, muito
antes de uma clínica ortopédica que se ocupe da correção de sentidos, apostarmos numa
clínica desviante, produtora de mundos?!

Em uma entrevista na PUC/SP, em agosto de 1992, Guattari se refere à “revolução


extraordinária operada por Freud” ao propor o conceito de pulsão. Compreender a
dimensão maquínica da pulsão, seu caráter híbrido de construção de existência, implica o
reconhecimento da absoluta inseparabilidade entre produção e produto. Implica, ato
contínuo, apreender o mecanismo de engendramento do inconsciente como processo de
incessante mutação.

Além de arriscada, a tarefa que se apresenta à Clínica assim pensada é altamente


inventiva.

Na análise de uma teoria psicológica em Nietzsche, Giacoia Jr. (2001) compara a


forma como Freud postulava para o psíquico um domínio próprio de objetos, conceitos e
métodos, à proposição nietzscheana da alma entendida como pluralidade do sujeito, como
estrutura social de impulsos e de afetos. Nesta crítica direta ao atomismo anímico
prevalente na tradição da psicologia racional, o martelo do filósofo dispara contra a
identificação do psíquico com o consciente e espatifa a crença na unidade substancial da
alma. A tese de uma psicologia fundamentada nos impulsos (na grande Razão que é o
corpo, segundo Nietzsche) e não mais na superstição da unidade subjetiva, do fetiche de
um “Eu” centrado na razão, valerá aos psicólogos seus adeptos uma solidão bem
conhecida pelo filósofo que dizia ter nascido postumamente.

“Ao por fim à superstição que até agora proliferava com uma frondosidade
quase tropical em torno da representação da alma, o novo psicólogo se desterrou
a si mesmo, desde logo, por assim dizê-lo, a um novo deserto e a uma nova
desconfiança – pode ser que os psicólogos antigos vivessem de modo mais
cômodo e mais divertido -; por fim, ele se sabe, justamente com isso, também
condenado a inventar - e, quem sabe, talvez a encontrar. -”(Nietzsche apud
Giacoia Jr., 2001, p.58)

Os grifos do autor chamam a atenção para o jogo de palavras destacado no


original alemão entre inventar (erfinden) e encontrar (finden). Ao abandonar a hipótese
científica persistente da identificação do psíquico com a consciência e assumir o desafio de
pensar a subjetividade como estruturação hierárquica dos impulsos e afetos, o novo
psicólogo condena-se, de alguma forma, a falar sozinho. Priva-se do convívio possível com
os seus pares que permanecem limitando os horizontes do psiquismo aos preconceitos da
razão.

“Privado do diálogo, não lhe resta outra alternativa senão inventar


(erfinden), já que a tradição não pode mais lhe fornecer aquilo de que necessita.
Porém, quem sabe se a invenção não é exatamente o caminho da descoberta?
Quem sabe se Erfindung (invenção) não é exatamente aquele caminho ao longo
do qual você talvez possa finden, isto é, encontrar alguma coisa?” (Giacoia Jr.,
2001, p.59)
8

A tarefa do novo psicólogo, assim vista, é ousar, arriscar-se nos ensaios de criar
estratégias que acompanhem as modalidades variadas de constituição da subjetividade.
Irrevogavelmente descolada da concepção tradicional de uma psicologia racional centrada
no átomo consciência, a tarefa do novo psicólogo implica inventar procedimentos clínico-
críticos conseqüentes à descoberta de uma outra hipótese sobre a unidade do sujeito
sustentada pelo corpo como grande razão.

Tarefa esta que requer algo de uma psicologia social que outrora revirou o
conceito de subjetividade; algo de trágico para produzir enfrentamentos com o inusitado da
vida; algo de humana, demasiado humana, para encaixar-se em especialismos
cientificistas; algo de psicanalítico, para recuperar o espírito cartográfico de um Freud tanto
quanto de esquizoanalítica em sua fórmula essencial de incrementar o que funciona.

Mas que operação pode nos levar a encontrar a potência utópica da invenção?

O ato clínico ou operadores do ponto de viragem

“O que dizer dos momentos iluminados? Aqueles que nos ocorrem de


tempos em tempos, em que funcionamos como fulgurantes analistas ou ‘bichos-
gente’... Momentos em que nos sentimos passageiros da luz.”
Ruas de Melo

Ao desgrudar de um certo “gabarito interpretativo” que só consegue enxergar o


sujeito numa dada configuração familiar; ao oferecer uma escuta “de corpo inteiro”8,
disposta a analisar cada demanda em seu aspecto mais singular; ao dispor uma psicologia
meio sem nome (que não cabe em nenhum crachá), mas deixa emergir novas formas de
expressão – estaremos muito mais próximos de sermos acompanhantes na tarefa inventiva
de novas estratégias existenciais que de algum tipo de decifradores dos “segredinhos sujos
de alcova”, função que tanto já fizemos por encarnar.

Clínica aqui passa a ser entendida como tecnologia da subjetividade inventando


sempre novas formas de reordenar a existência. Uma clínica comprometida em remexer as
formas de estar no mundo, fazendo-as sempre potencializadoras de vida, produtoras de
uma nova saúde. Como se pode daí deduzir, tal concepção da Clínica não cabe em um só
campo disciplinar, não pode ficar circunscrita a um só saber, muito menos ser
compreendida na lógica médico-patologizante de um klinicos. Ela é indissociavelmente
política, nos termos já apontados por Guattari e Deleuze (s/d) ao afirmarem que economia
do desejo e economia política não são decididamente farinhas de sacos diferentes.

Potencializar este seu caráter desviante passa por arriscar-se mais nos limites que
fazem borrar as fronteiras disciplinares e anunciam os pontos de esgarçamento do que já
não se conforma aos contornos restritos de uma certa instituição. Mas o que pode se
constituir em ferramenta desta clínica que faz o sujeito derivar de si mesmo?

“Em oposição às subjetividades que uniformizam e assujeitam , sabemos que o


desejo pode ser revolucionário. Neste sentido, nossa questão não é se o desejo é
o desejo da falta, mas o que devemos ao desejo. Buscamos então construir uma
perspectiva na qual, através do processo terapêutico, fosse possível trabalhar
outras formas de enfrentamento.” (Coimbra e outros, 2002, p. 118)

8
Sobre este conceito psicanalítico de inspiração nietzscheana, ver Naffah Neto, “Dez Mandamentos para a Psicanálise
Trágica” In: Revista Percurso – Revista de Psicanálise, ano XV, n. 28, São Paulo, 1o semestre de 2002, pp.15-22.
9

Para esses autores este enfrentamento inclui 1º) a investigação de agenciamentos


desejantes que apontem as saídas singulares para a transformação; 2º) a construção de
dispositivos e estratégias que desnaturalizem o que é da ordem da história e coletivizem o
que se traveste de sintoma individual.

Os mecanismos e instrumentos pelos quais estas formas inéditas de enfrentamento


podem ser potencializadas vão desde os mais tradicionais até os igualmente inéditos: a
geração do novo pode ser disparada pela abrupta evolução da tecnologia ou pelo incômodo
crachá do estagiário de psicologia; novos processos podem irromper a mesmice
egosintônica do mundo instituído através do trágico acontecimento de uma morte no
trabalho ou do trivial preenchimento de um questionário de qualidade total. Nunca se sabe
a potência que um encontro pode ter. Jamais saberemos a esperteza metodológica que
uma relação pode conter.

Nas palavras de Ruas de Melo, a ‘Técnica’ pode apenas servir de justificativa aos
olhos da Razão para que o processo terapêutico encontre seus “momentos iluminados”.

“Se o significante deslizou, se a transferência se desfez, se o fantasma


surgiu, nunca se sabe se foi só isto. Porque também sabemos do brilho do olhar,
da força da vida transbordando o dique das palavras, da leveza e da suavidade,
da expressão surpresa, do prazer de inventar. Misteriosamente belo e poderoso, o
momento se congela na memória, mas rápido, volatiza-se para habitar outros
momentos. Não o captura a técnica: ele é fugaz, singular, oblíquo, renitente e
subversivo. Resiste à letra: escapa-lhe. Dele não se pode dizer muito. “ (Ruas de
Melo, 1997, p. 143)

Pode-se, entretanto, abrir mão da busca de aparatos metodológicos que alimentam a


fantasia consumista de uma clínica “de resultados”, para garimpar nos movimentos da vida
os nós que a tem enredado e os pontos que já não a deixam fluir. Para o filósofo-psicólogo
com quem vimos dialogando até aqui, estes pontos indicativos do niilismo em cada um de
nós, sinalizadores da decadência a que se condenou a civilização cristã-ocidental, são os
mesmos pontos que, no seu limite extremo, indicam as saídas potencializadoras da vida
que, vale lembrar, tende sempre a superar-se.

O veneno contém em si a possibilidade de virar antídoto. Conversão do negativo em


poder de afirmar. Não a mera substituição de uma força por outra, mas a negação que
destrói as forças reativas, convertendo-as em ação afirmativa: “O negativo torna-se o trovão
e o relâmpago de um poder de afirmar.” Atingir o “fundo do poço”, em algum momento,
pode ser o dispositivo necessário a não mais desejarmos conservar o que nos levou até lá.
Problematizada como potência transformadora, a dolorosa experiência da queda pode
oferecer a alavanca para não se deixar cair no mesmo lugar. Destruição ativa colocando-
se à serviço de um excedente de vida, dobrando as forças reativas impiedosamente,
“destruição de tudo o que for degeneração e parasitismo”. Este o sentido da “eterna alegria
do devir”, ponto decisivo da filosofia dionisíaca (DELEUZE, [s. d.], p. 261).

Neste ponto de viragem, como denominado por Nietzsche, entre uma posição
depreciadora da vida e uma vontade de poder expandi-la, é possível identificar-se um
potente dispositivo para a Clínica que quiser, também, ampliar a vida que se quer maior.

O que significa dizer que a tarefa analítica, como a vimos entendendo, exige mais do
que a tão promulgada posição em meios psicanalíticos de escuta ou acolhimento. Requer,
efetivamente, uma capacidade de acolhimento dos múltiplos devires não apenas
percebidos no paciente/cliente mas também em si mesmo. Todavia, para que tais devires
funcionem como dispositivo de novas formas de subjetivação, criadoras de novos valores e
inventoras de outras instituições, o analista será ainda exigido a questionar os próprios
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valores subjacentes à instituição analista/perito que o autoriza à intervenção. Tarefa nobre


que pressupõe, como já anunciado por Naffah Neto( 1994, p. 89), que “no nível da sua
própria vida, o terapeuta tenha superado, em grande parte, a perspectiva moral e liberado
uma boa porção das forças ativas que compõe o seu ser/devir”.

Ampliar a Clínica, antes de esquecer a amplidão

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.


A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos
e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se costuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender cedo a luz.
E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

Clarice Lispector,

Tomando por alerta, as palavras de Lispector, tratemos logo de dizer que a Clínica
contemporânea parece demandar SIM algumas ampliações.

Ampliação de modos de habitar territórios existenciais no qual até a existência de um


analista – assim compreendido como um território de saber dado a priori por alguma filiação
– precisa ser suspensa.

Ampliação das estratégias de aproximação ao campo da Clínica – na qual até a noção


de que ela seja um campo delimitável – precisa ser revista.

Ampliação, por fim - e só assim mesmo, no fim, é que ela pode fazer sentido –
também das ferramentas de intervenção que possam instrumentalizar uma Clínica a
realizar sua potência desviante retomando a ousadia, nem sempre lembrada por nossos
contemporâneos seguidores daquele que talvez siga sendo seu mais subversivo inspirador.

Talvez a maneira com que Freud, em carta a Fliess, referiu-se à tarefa analítica (em
1910!) aponte de forma mais contundente, do que eu pude aqui fazê-lo, este caráter
transgressor e amplificador da vida que a Clínica deve assumir:

“a própria análise só funciona se o paciente descer das abstrações


substitutivas até os ínfimos detalhes”,. “Disso resulta que a discrição é
incompatível com uma boa exposição sobre a psicanálise. É preciso ser
sem escrúpulos, expor-se, arriscar-se, trair-se, comportar-se como o artista
que compra tintas com o dinheiro da casa e queima os móveis para que o
modelo não sinta frio. Sem algumas dessas ações criminosas não se pode
fazer nada direito.”

Bibliografia Citada:

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COIMBRA, Cecília; ANDRADE, Jorge; SÁ LEITÃO, Maria Beatriz e BRASIL, Vera.
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desnaturalizadora na teoria, na ética, na política. In: RAUTER, PASSOS & BENEVIDES
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dos direitos humanos. Rio de Janeiro: TeCorá/IFB, 2002.
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