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FACULDADE ICESP

DJULHA RODRIGUES
LIAN DE BRITO

APLICAÇÃO DA MULTA DE 10% DO


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
ARTIGO – DIREITOS PROCESSUAL CIVIL III

BRASÍLIA/DF
2020
1. LEI DE CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
O processo de execução de título executivo, antes da Lei 11.232/05, tinha
um desenvolvimento oneroso e lento para as partes interessadas, porém com o
advento da Lei de Nova Execução Civil, o procedimento mudou. A novidade faz com
que, o processo seja mais ágil e menos oneroso, no qual acarretou maior
efetividade na tutela jurisdicional.
A Nova Execução Civil, inseriu no ordenamento jurídico o cumprimento de
sentença para as obrigações de quantia certa, de forma mais prática e objetiva, sem
a necessidade estabelecer uma nova relação processual. Essa Lei, revogou, a
antiga e tradicional sistemática, criando uma nova fase processual, introduzida na
competência do processo de conhecimento, que apresenta uma terminologia
interessante, o peculiar, cumprimento de sentença.
No Novo Código de Processo civil está presente no artigo no artigo 523, que
o devedor ao ser intimado terá o prazo de 15 dias nas quantias já fixadas na
liquidação, com a pena de multa de 10% e mandado de penhora e avaliação. Traz
que no caso de não cumprimento o devedor fica a pagar além da multa, os
honorários advocatícios. Já na hipótese de cumprimento parcial, a multa e os
honorários serão de 10% e incidirão sobre a diferença.

2. COMPETÊNCIA NA EXECUÇÃO DA SENTENÇA


A competência da execução de sentença é tutelada pelo art. 516 do Novo
CPC, que estipula regras de competência específicas para o cumprimento da
sentença. E como dito anteriormente, o processo se tornou mais flexível e
descomplicado, e nesse caso para as causas processuais no juízo de primeiro grau.
Permite, também, que a execução possa ser proposta no local onde se encontram
os bens usados como garantia ao pagamento da prestação; no local onde se
encontra o objeto (coisa) de execução; ou o local onde a obrigação deve ser
cumprida.
O inciso I do artigo 516, deixa isso claro, que a competência é originária, isto
é, aquela iniciada no Tribunal, ou seja, toda qualquer ação será exclusiva dos
tribunais, quando esse, originalmente estiver competência para julgar e processar o
caso concreto. A competência será do Juízo que processou a causa no primeiro
grau de jurisdição, isto é, no qual houve um curso de processo originário à sentença
condenatória.
Entretanto, como toda norma do direito, existe uma exceção, e na Execução
da Sentença não seria diferente. Essa exceção à regra, se estabelece quando o
próprio tribunal, que executou a ação, fica por conta da competência por execução
de decisão proferida em homologação de sentença estrangeira, que nesse caso,
tem competências originária no STF (Superior Tribunal de Justiça), sendo essa
executada por um juiz federal de primeiro grau, segundo a Constituição Federal de
88.

3. DO PRECEITO COMINATÓRIO LEGAL


A multa cominatória de 10% (dez por cento), foi criada como finalidade
compelir o devedor a solucionar o título executivo, sobre o valor da condenação, em
benefício do réu. Devemos ressaltar, que essa multa só será aplicada, após a
imunização da sentença e o trânsito em julgado, garantindo à estabilidade e/ou
segurança das relações jurídicas, em um prazo de quinze dias. Dessa forma, na
sentença condenatória, por quantia líquida e decisão de liquidação de sentença, à
legislação estabelece que o devedor tem, no prazo de quinze dias, que cumprir
voluntariamente sua obrigação.

4. A MULTA
O artigo 523, § 1º, do NCPC deixa explícito em dizer que, caso o devedor
não pague o que foi determinado pelo Juiz, à multa recairá sobre o montante da
condenação. Nelson Nery afirma (2006, p. 641):
Intimado o devedor, na pessoa de seu advogado, pode
cumprir (pagar) ou não cumprir o julgado (não pagar). O
descumprimento desse dever de cumprir voluntariamente o
julgado acarreta ao devedor faltoso a pena prevista no caput
do CPC 475-J: acresce-se ao valor do título 10% (dez por
cento), sob a rubrica de multa. O percentual incide sobre o
valor total e atual da condenação, isto é, o valor que consta da
sentença (ou da decisão de liquidação – CPC 475-A et seq.),
acrescido de juros legais, correção monetária ou por conta do
que estiver contido no título.

Apesar de usar os antigos artigos do CPC de 1973, como argumento,


podemos reutilizar sua afirmação como base, pois, apesar das mudanças o
raciocínio de Nery, ainda é válido e se aplica a norma atual vigente.
Diante do exposto, podemos observar que, se o devedor não liquidar a
obrigação de forma voluntária, no prazo de quinze dias, esse terá que pagar à multa
de 10% (dez por cento) sobre o valor da dívida, no qual seria o incentivo de pagar a
prestação, diante dos atos constitutivos.

5. TERMO INICIAL PARA CUMPRIMENTO – DA INTIMAÇÃO DO


DEVEDOR E O ENTENDIMENTO DO STJ
O devedor tem, fixado por lei, o prazo de quinze dias, para pagar o que
deve ou esse enfrentará uma execução forçada resultado da sentença. Em regra, a
intimação deve ser efetuada por meio de um advogado, constituído nos autos,
através do Diário da Justiça assim como na anterior. Porém, havia um debate
doutrinário e jurisprudencial sobre a validade da intimação pessoal do advogado, e
com a reforma de 2015 o CPC no art. Artigo 513, §2º, esclareceu que a intimação ia
ser constituída pelo advogado.
Diante disso, neste ano, a terceira turma STJ (Superior Tribunal de Justiça)
entendeu que é cabível recurso quando o pronunciamento judicial for feito pelo
advogado. A colegiado afirma que, esse tipo intimação, pode causar danos à parte,
pois, não foi observada a necessidade da intimação pessoal do devedor para a
incidência da prestação.
Na súmula anterior, revogada, determinava que a contagem do prazo para o
cumprimento de sentença, na incidência de uma multa arbitrária, começava a partir
da intimação pessoal. Recentemente, por meio de Resp. 1.737.829/SP
(2018/0097965-0), o STJ legitimou os termos da súmula 410, afirmando, a
necessidade da intimação pessoal da parte nas sentenças proferidas quando o
antigo CPC estava em vigência.
Diante, com a nova legislação vigente, a controvérsia sobre o tema é
superada, no sentido contrário ao entendimento do STJ, como vimos anteriormente.
Visto que, a lei entende que é irrelevante a intimação do devedor nessas ações de
execução, sendo assim, a súmula 410 do STJ é superado.

6. DO VALOR DA CONDENAÇÃO VIA CÁLCULO ARITMÉTICO


As sentenças carecem da determinação do valor da condenação, via cálculo
aritmético e a incidência da multa
Está descrito no artigo 509, § 2º Novo Código de Processo Civil.
 Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de
quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a
requerimento do credor ou do devedor:
§ 2º Quando a apuração do valor depender apenas de
cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o
cumprimento da sentença.

7. MOMENTO E CONDIÇÕES DE INCIDÊNCIA DA MULTA


A multa recai sobre o devedor, ainda que este, não tenha nenhum recurso
disponível ou ter bens imóveis e móveis. Porém, não recai nos casos que o
cumprimento imediato desta obrigação pelo réu seja muito difícil ou impossível, visto
que causaria um gravame excessivo e desproporcional entre as partes. Necessário
se faz, o devedor demonstrar que não tem patrimônio à disposição para saldar a
dívida.
Dessa forma, o devedor pode afastar a multa, se provar em juízo que não
tem as condições necessárias para garantir que a obrigação seja cumprida, assim
como comprovar que consegue satisfazer a prestação. Nessa hipótese, a multa é
uma penalidade desproporcional e sem medida, ao devedor, que não ofereceu
resistência nenhuma ao cumprir a sentença.

8. JUSTIFICATIVA DO DEVEDOR
O devedor, após ser intimado, pode tomar duas atitudes: passiva e ativa. A
atitude passiva, não paga e nem oferta uma impugnação, deixa transcorrer o prazo,
no qual expedirá um mandado de penhora e avaliação, como requerer o credor. A
atitude passiva, o devedor se manifesta via uma impugnação, nos termos em lei, e
insurge alegando impossibilidade prática de conversação dos bens em dinheiro. A
impugnação, nesse caso, não se caracteriza como uma ação autônoma, visto que o
cumprimento da sentença é apenas mais uma fase do processo e tem natureza
jurídica de um incidente processual.
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o
pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias
para que o executado, independentemente de penhora ou
nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua
impugnação. § 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o
processo correu à revelia; II - ilegitimidade de parte; III -
inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; IV -
penhora incorreta ou avaliação errônea; V - excesso de
execução ou cumulação indevida de execuções; VI -
incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; VII -
qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como
pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição,
desde que supervenientes à sentença.

9. DO PAGAMENTO PARCIAL E INCIDÊNCIA DA MULTA


Se houver pagamento parcial, previsto no prazo, à multa e honorários
recairá sobre o restante, previsto no artigo 523, § 2º. Sendo assim, o devedor pode
discordar dos cálculos apresentados, pelo credor, e realizar um pagamento parcial
do débito, pagando o principal sem considerar os juros, correção monetária, custas
e honorários.
 Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já
fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela
incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a
requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar
o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se
houver.
§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput,
a multa e os honorários previstos no § 1º incidirão sobre o restante.

10. ARTIGO 523, § 1º DO CPC


O artigo 475-J do CPC/73 diz que mesmo antes da tentativa de
expropriação de bens, o devedor deve cumprir a obrigação dentro do prazo de 15
dias, sob a multa no percentual de dez por cento.
Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de
quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de
quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no
percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e
observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á
mandado de penhora e avaliação.
Sendo reproduzida a norma no art. 523, § 1º, do CPC/2015.
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já
fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela
incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a
requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar
o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se
houver.
§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o
débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de
honorários de advogado de dez por cento.
No §2º aborda como irá proceder a intimação do devedor. Nos parágrafos 3º
ao 5º ocorrem mudanças relacionadas ao antigo código de processo, trazendo
punição aquele que atrasa o início do cumprimento, e apresentando uma proteção
ao fiador.

11. NATUREZA JURÍDICA

É certo que a natureza jurídica das astreintes é coercitiva e não indenizatória.


Tem o objetivo de forçar o réu a cumprir com determinada obrigação possível, em
que esta deixando de cumprir por descaso.
Diz Cassio Scarpinella Bueno:
"A multa não tem caráter compensatório, indenizatório
ou sancionatório. Muito diferentemente, sua natureza jurídica
repousa no caráter intimidatório, para conseguir, do próprio
réu, o específico comportamento (ou a abstenção) pretendido
pelo autor e determinado pelo magistrado. É, pois, medida
coercitiva (cominatória). A multa deve agir no ânimo da
obrigação e influenciá-lo a fazer ou não fazer a obrigação que
assumiu. Daí ela deve ser suficientemente adequada e
proporcional para este mister. Não pode ser insuficiente a
ponto de não criar no obrigado qualquer receio quanto às
consequências de seu não-acatamento. Não pode, de outro
lado, ser desproporcional ou desarrazoada a ponto de colocar
o réu em situação vexatória.."
Referências Bibliográficas

https://ajufesc.org.br/wp-content/uploads/2017/12/OSCAR-VALENTE-
CARDOSO.pdf

https://www.editorajc.com.br/o-cabimento-de-multa-e-honorarios-em-cumprimento-
de-sentenca/

https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/sentenca-e-cumprimento-de-
sentenca/

https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/20343/a-aplicacao-de-multa-
na-fase-de-cumprimento-da-sentenca-e-o-posicionamento-do-stj

http://www.lex.com.br/doutrina_23527784_CUMPRIMENTO_DE_SENTENCA_ASP
ECTOS_DA_MULTA_DO_ARTIGO_475_J_DO_CPC.aspx

https://blog.sajadv.com.br/novo-cpc-cumprimento-da-sentenca/

https://jus.com.br/artigos/81899/a-intimacao-do-executado-e-a-sumula-410-do-stj

https://www.conjur.com.br/2019-nov-11/cumprimento-sentenca-cpc-2015-incluir-
honorarios
https://www.conjur.com.br/2016-mar-13/chegada-cpc2015-adeus-sumula-410-
stj#:~:text=Naquela%20oportunidade%2C%20definiu%2Dse%20que,de%20fazer
%20ou%20n%C3%A3o%20fazer%22

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