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mente responsáveis, mas somente espera ser provida de


respo_idade social daempresa bens e serviços elaborados dentro da lei e das normas de
honestidade e integridade (Steiner, 1978, p. 37). No en-
tanto, com um debate mais profundo sobre este assunto,
1. Introdução; observar-se-á que é mais provável que a disposição das pe-
2. Objetivos; quenas empresas em ter um comportamento socialmente
3. Metodologia; responsável seja maior do que a das grandes e poderosas
4. Conceitos de responsabilidade social; em investir em atividades sociais.
5. Os beneficiários da responsabilidade social; Para tal fim, parte-se da percepção de que a empresa
6. Andlise descritiva dos resultados; está cercada por diversas categorias de pessoas: emprega-
7. Conclusões. dos, consumidores, credores, fornecedores, acionistas,
proprietários e a sociedade como um todo. Aceita-se
ainda que cada uma dessas categorias exige atenção espe-
cial da empresa, a qual, contudo, nem sempre está dis-

Responsabilidade social em
posta ou tem condições de atendé-las satisfatoriamente.
Em conseqüéncia, dependendo da ideologia do empresá-

pequenas e médias empresas**


rio e da filosofia e política adotadas pela empresa, ela
privilegiará uma destas categorias, que se constituirá no
motivo principal de sua existência. Com relação às ou-
tras, a atenção será unicamente a necessária para manter
a sua contribuição â empresa. Com base em tal aspecto,
procurar-se-á observar o grau de atenção dispensada às
José Artmatés de Oliveira diversas categorias.
DoPPGA/UFRS

2. OBJETIVOS

O objetivo principal deste estudo foi formulado no sen-


tido de investigar as opiniões do empresariado da peque-
na e média indústria alimentícia, setor de conservas, do
Rio Grande do Sul, no que se refere ã responsabilidade
social e seus beneficiários.
Especificamente, este objetivo pode ser dividido nos
seguintes: a) identificar opiniões entre os dirigentes das
pequenas e médias empresas da indústria alimentar, setor
de conservas do Rio Grande do Sul, no que se refere ã
responsabilidade social; b) identificar a categoria de
1. INTRODUÇÃO beneficiários que merece a maior atenção por parte da
empresa; c) identificar que tipos de atenção os empresá-
A responsabilidade social abrange todo o espectro da rios admitem que deveriam ser dadas âs categorias restan-
administração, incluindo o governo, universidades, hos- tes.
pitais, entidades de classe, associações religiosas, enfim,
as organizações em geral. No entanto, os termos respon-
sabilidade social da administração tomam-se sempre si- 3. METODOLOGIA
nônimos de responsabilidade social das empresas, até
mesmo porque a administração tem amplo controle 3.1 Varidveis e indicadores
sobre o comportamento das mesmas. Por este motivo, o
presente estudo límitar-se-é ao comportamento das em- Entende-se, para fins desta pesquisa, que a variável prin-
presas, no que se refere a sua responsabilidade social. cipal é a responsabilidade social da empresa. Esta variá-
No que se refere à capacidade de atender aos proble- vel absorve cinco dimensões, representadas pelos empre-
mas sociais; observa-se que tanto as grandes empresas, gados, conswnídores, credores e fornecedores, comuni-
como também as pequenas e médias, têm uma responsa- dade e sócios ou acionistas da empresa. As demais variá-
bilidade para com a sociedade em que operam, embora veis 810 o tamanho da empresa, a localização da empresa,
alguns cientistas sociais da área de administração (Ko- sua principal atividade e o numero de empregados, tanto
bayashi, 1977; OdeIl, 1974; Steiner, 1978;.e outros que fixos quanto no período de safra.
advogam um maior desenvolvimento social das empresas) Cada uma das dimensões citadas, aqui consideradas
dirijam sua atenção somente para o estudo das grandes como categorias beneficiárias, suportou um número de
empresas. Provavelmente, a sociedade espera a participa- 11 questões de opinião, referentes aos indicadores sele-
ção das empresas na resolução de seus problemas, obser- cionados, totalizando, portanto, 55 questões no instru-
vando-se, é claro, a proporcionalidade quanto ao seu ta- mento de coleta de dados.
manho e capacidade de atender às suas exigências. Steí- Em uma vido geral, as questões tratam sobre a opi-
ner, contrário a esse ponto de vista, exclui as pequenas nião dos empresários: quanto ao fornecimento de infor-
empresas do peso da responsabilidade social, afirmando mações sobre a empresa para cada uma das categorias de
que a sociedade não espera delas muitas atividades social- pessoas citadas; quanto li capacidade que tem a empresa

Rev. Adm.Empr. Rio de Janeiro, 24 (4): 203-210 out/dez. 1984


de permitir a participação das categorias na sua adminis- Contrariamente a este ponto de vista, Frederíck
tração através de sugestões; quanto Il qualidade de vida (1979) vê a responsabilidade social como uma preocupa-
oferecida pela empresa; quanto ao tratamento dado aos ção das empresas para com as expectativas do público.
conflitos existentes entre a empresa e os demais grupos Seria, então, a utilização de recursos humanos, físicos e
ou categorias; quanto ao respeito que é dispensado aos econômicos para fins sociais amplos, e não simplesmen-
interesses das categorias que cercam a empresa. SA'o te para satisfazer interesses de pessoas ou organizações
ainda formuladas questões que tratam da opinião do em- em particular.
presário quanto aos resultados que advírão Il empresa se Estes conceitos, emitidos ambos no decorrer da dé-
-' a atenção dada a cada grupo for considerável. cada de 50, demonstram o caráter polêmico do assunto,
já que neste caso são defendidos dois pontos de vista
3.2 Instrumentação totalmente contraditórios sobre a questão da responsabi-
lidade social.
o instrumento utilizado para a coleta de dados, um ques- Em 1961, uma contribuição significante â teoria da
tionário, constou de duas partes. A primeira tem ques- responsabilidade social foi feita por Eells e Walton
tões de interesse geral, tais como o ·município de locali- (1975, p. 457-8). Afirmaram eles que, normalmente,
zação da empresa, a atividade principal a que a empresa quando as pessoas falam sobre responsabilidade social,
se dedica, o número de empregados fixos e no período pensam em problemas sociais enfrentados pelas empre-
de safra.
sas e os princípios éticos que são seguidos pelos empresá-
A segunda parte apresenta 55 questões organizadas rios para resolvê-los. Assim, deve-se ver a empresa como
numa escala somatória do tipo Ukert, que permite aos um elo de ligação entre os indivíduos, a sociedade como
respondentes expressarem suas opiniões em termos de um todo e o governo, para uma melhor consecução das
vários graus de aprovação ou desaprovação a cada item. metas de crescimento econômico e conseqüente melho-
ria da qualidade de vida.
Por outro lado, Milton Friedman (1972), um dos
4: CONCEITOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL mais conceituados representantes da corrente neoclas-
sica da economia, afirma que a meta principal da empre-
A -responsabilidade social das empresas tem recebido sa deve ser o lucro, sem preocupações com responsabili-
muitos significados e muitas interpretações durante o dades sociais. Ele cita a já conhecida idéia de Adam
período em que tem sido estudada. e um assunto que Smith, no sentido de quea empresa deve buscar os lu-
tem despertado interesse tanto no meio acadêmico quan- cros, na certeza de que uma "mão invisível" fará todo o
to entre os empresários, órgãos governamentais e até no complemento de uma forma automática. Este comple-
seio dos grupos interessados na melhoria da qualidade de mento inclui, também, o aspecto social, sem contudo
vida. haver intromissão direta da empresa.
Para uns, é tomada como uma responsabilidade legal Recentemente, autores como Davis (I 979), Gamer
QU obrigação social; para outros, é o comportamento so- (1977), Zenisek (1979) e outros também demostraram
cialmente responsável em que se observa a ética, e para a dificuldade de interpretação. Alegam, por exemplo,
.outros, ainda, não passa de contribuições de caridade que a responsabilidade social é um alvo em movimento,
que a empresa deve fazer. Há também os que admitem fato que dificulta o seu estudo e acompanhamento. Ou,
que a responsabilidade social é, exclusivamente, a res então, que se trata de questão das mais complexas e des-
ponsabilidade de pagar bem aos empregados e dar-lhes concertantes da administração pois não há limites para
bom tratamento. Logicamente, responsabilidade social possível variedade de ramificações díscutrveís e sensíveis
das empresas é tudo isto, muito embora não seja somen- (Garner, 1977, p, 50). No entanto, o fato de não poder
te estes itens isoladamente (Zenísek, 1979, p. 359). ser facilmente definido, discutido ou até quantificado,
não é uma razão segura para que o problema não seja le-
Entre os. estudiosos do assunto também reina uma vantado e estimulado o seu estudo. e, ao contrário, uma
certa dificuldade no que se refere Il definição do termo. certeza de que, para ele, serão dirigidas todas as atenções
Há os que se manifestam a favor de comportamentos so- possíveis, objetivando a sua resolução, o que constitui
cialmente responsáveis por parte das empresas, mas tam- um aspecto positivo para o desenvolvimento da doutrina
bém são muitos os que discordam de tais atitudes. da responsabilidade social.
Os estudos sobre responsabilidade social nos tem- Odell (1974, p. 598), numa tentativa de atribuir
pos modernos parecem ter sido reiniciados por Bowen uma definição à responsabilidade social das empresas,
(1957) em 1953. Seguindo o trabalho de Bowen, muitos imaginou um esquema para a quantificação dos custos
autores tentaram contribuir para o entendimento deste e dos benefícios usufruídos com comportamentos social-
fenômeno, como, por exemplo, Chamberlain (1979), mente responsáveis, e definiu o fenômeno como o saldo
Eells e Walton (1975), Frederíck (1979), Friedman positivo da relação entre o investimento e os benefícios
(1972) e outros.
referentes a um determinado grupo.
Chamberlain (1979), defíníndo responsabilidade so-
É mais ou menos nestes termos que Carrol (I 979)
cial, considera-a em termos de ação dos dirigentes da em- encara a responsabilidade social, pois afirma que no en-
presa frente a uma determinada situação. A propósito, volvimento social da empresa, seja com os empregados,
esta idéia combina bem com a de Bowen (1957), que era com as pessoas que estão ligadas tecnicamente à empresa
seu contemporâneo. Explica ainda que a responsabilida-
ou com a sociedade, a grande questão é mesmo "quan-
de social pode ser satisfeita somente pelo ótimo desem-
to" custa a adoção de comportamentos socialmente
penho das obrigações para com os indivíduos em parti- responsáveis e .não o simples fato de adotar tais compor-
cular e não para a sociedade como um todo.
tamentos. Por isto, a empresa deve avaliar muito bem os
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Revista de Administração de Empresas
aspectos econômico, legal e ético, além das expectativas colherá a que mais lhe convier, para ser sua principal be-
da sociedade, no que se refere a sua responsabilidade so- neficiária, apesar de todas as partes saírem beneficiadas.
cial (Carrol, 1979, p. 500). A categoria escolhida fornece a razão para a existência
As definições e as idéias expostas comprovam o que da organização, enquanto os benefícios feitos As outras
foi comentado no início do item a respeito da dificulda- são essencialmente para mantê-las â disposição da empre-
de em estabelecer uma definição ou conceituação de sa. Esta escolha tanto pode ser clara e evidente quanto
responsabilidade social. Foram apresentados os pontos sub-reptícia.
de vista de mais de 20 autores, entre eles muitos clássi- Admitír-se-ã, também, cinco categorias que podem
cos. No entanto, poucos concordam entre si sobre os li- ser beneficiárias da responsabílídade.socíal das empresas.
mites da responsabilidade social. Elas são: a) os. empregados; b) os proprietários e acionis-
tas; c) os consumidores; d) o público ou a comunidade
einteressante, portanto, que aqui seja reservado um onde a empresa opera; e) os fornecedores/credores.
espaço para a definição do termo. Não será simplesmente A posição tomada com relação â idéia de que a em-
um acréscimo ao grande número existente atualmente. presa tende a eleger uma das categorias de pessoas do seu
Será uma conceituação baseada nas que foram apresenta- ambiente como principal beneficiária é baseada na tipo-
das, numa tentativa de aproximar os aspectos favoráveis .logía de Blau e Scott (1977), quando afirmam que: "(. .. )
e não-favoráveis responsabilidade social.
ã
apesar de todas as partes saírem beneficiadas, os bene-
fícios a uma das partes fornecem a razão para a existên-
Admitir-se-á, para fins deste estudo, que responsabi- cia da organização, enquanto que os benefícios feitos às
lidade social é a capacidade de a empresa colaborar com outras' são, essencialmente, uma despesa" (Blau e Scott,
a sociedade, considerando seus valores, normas e expec- 1977,p.57).
tativas para o alcance de seus objetivos. No entanto, o
simples cumprimento das obrigações legais, previamente As categorias de pessoas que cercam a organização
determinadas pela sociedade, não será considerado como com o intuito de obter melhorias na qualidade de vida e
comportamento socialmente responsável, mas como de receber os benefícios destinados a elas serão aqui ca-
obrigação contratual óbvia, aqui também denominada racterizadas, para melhor esclarecimento sobre seus obje-
obrigação social. tivos dentro da sociedade e para com as empresas.

5. OS BENEFICIÁRIOS DA RESPONSABILIDADE 5.1 Os empregados


SOCIAL
Eles constituem, antes de tudo, 11mdos fatores de produ-
As empresas fazem parte de um ambiente complexo e ção, embora, de maneira alguma, possam ser considera-
mutável e elas próprias podem ser responsabilizadas pelas dos unidamente como tal. Devem ser vistos pela empresa
suas ações, uma vez que estas .são o resultado de uma como seres humanos que precisam-ser respeitados e devi-
série de relacionamentos sociais que parecem ser inde- damente recompensados pelas suas contribuições à em-
pendentes das qualidades individuais das 'pessoas envolvi- presa. Esta recompensa não se refere apenas ao aspecto
das. monetário. Eles esperam da empresa maior atenção para
Na defínição dos elementos que compõem o am- com as condições de trabalho e a ampla utilização de
biente organizacional, há uma certa unanimidade em re- suas potencialidades.
conhecer que o ser humano é um deles, surgindo depois
classificações que incluem também os recursos físicos, as 5.2 Os consumidores
condições econômicas e de mercado, as atitudes das pes-
soas e as leis. Esta categoria de pessoas é responsável pelo sucesso ou
As pessoas que compõem o ambiente organizacional fracasso da empresa. Na realidade, ela é o motivo da exis-
são divididas em categorias. Alguns autores agrupam-nas tência da empresa, pois se não existissem consumidores,
em duas, três, quatro ou mais categorias, afirmando que a empresa nem ousaria produzir.
as empresas as consideram como beneficiárias de suas O que o consumidor espera é que as empresas pro-
ações socialmente responsáveis. No entanto, nem sempre duzam com boa qualidade, dêem garantias de seus pro-
é possível que a organização dirija os benefícios a todas dutos, tenham lealdade em suas propagandas e anúncios
elas da mesma forma. Há sempre uma delas que é consi- e em toda a sua relação para com os consúmidores. Se
derada a principal beneficiária, muito embora não seja a isto não acontece, é provável que em pouco tempo os
única. consumidores tenham condições de revidar tais compor-
Inicialmente, Bowen (1957) sugeriu uma classifica- tamentos, através de boicotes ou de campanhas em seu
ção que continha cinco categorias de pessoas, assim dis- favor. Por outro lado, uma atenção maior aos consumi-
tribuídas: operários, fregueses, fornecedores, competido- dores permitirá às empresas maior tranqüilidade para
res e outros com que a empresa tivesse transações comer- com' a venda de seu'! produtos.
ciais. Outros autores ratificaram esta categorização, ape-
sar de que alguns a aumentaram com as mesmas caracte- S.3 Credores e fornecedores
rísticas, como é o caso em Blau e Seott (1977), Simon
(1978), Gamer (1977) e Sadler (1979). Esta é também uma das categorias que estão tecnicamen-
Neste trabalho, com base em autores e pesquisado- te ligadas à empresa. Não tem muita condição de influên-
res de fenômeno, adota-se a idéia de que a empresa tem cia para com os rumos da empresa mas, algumas vezes,
ao seu redor todas estas categorias beneficiárias. Ela es- funciona como tábua de salvação, em momentos difíceis.

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Os credores, principalmente, estão incluídos nesta situa- cidade gerencial, localização próxima às plantações, ca-
ção. Nas empresas de pequeno porte, esta categoria é pacidade lucrativa e outros. No entanto, com referência
bastante necessária, pois deve-se levar em conta que há ao tamanho, as empresas visitadas. são consideradas em
dificuldade na captação de recursos para giro na empresa. dois grupos: pequenas e médias.
O que os credores e fornecedores esperam das em- Dentro do ramo de conservas, as empresas se dístin-
presas é o cumprimento dos prazos estipulados entre si, guem quanto ao tipo de produto que fabricam,já que al-
a lealdade e a reciprocidade nas suas relações comerciais. gumas utilizam somente as frutas da região, enquanto
Isto tudo faz parte de um código de ética que devería ser outras operam com legumes e outras com doces enlata-
obedecido pelas empresas para com as categorias de peso dos; no entanto, a maioria dessas empresas fabrica con-
soas que as cercam. servas de frutas e legumes, aproveitando as culturas exís-
tentes na região.
5.4 A comunidade
6.2 Discussão dos resultados e conclusões
Esta categoria abrange todas as pessoas que convivem
com a empresa, de urna ou de outra forma. Não são ape- Os resultados aqui obtidos, ao serem comparados com
nas as pessoas que residem perto da empresa. Ela é for- estudos realizados em empresas norte-americanas, mos-
mada por diversos grupos que esperam comportamentos tram poucas diferenças em relação a esses. Os motivos
socialmente responsáveis da empresa. Os grupos podem das diferenças são, provavelmente, o tamanho das em-
ser formados por intelectuais, ambientalistas, sindicatos, presas pesquisadas e o contexto social da região onde es-
pesquisadores, consumeristas, humanistas e até mesmo tão localizadas. No estudo de Lessen (1979, p. 28),
os concorrentes da empresa. Todos eles têm interesses dedicado a grandes empresas, o ambiente físico mereceu
definidos e a empresa, como uma instituição de poder maior atenção por parte das empresas, seguido dos em-
dentro da sociedade, está sujeita a ser convidada a resol- pregados, da comunidade, dos consumidores e dos cre-
ver os problemas individuais de alguns ou de todos os dores/fornecedores. Por outro lado, a pesquisa de
grupos citados. Luthans e Hodgetts (I 975, p. 508), feita em 50 ernpre-
sas americanas, conhecidas como responsáveis social.
5.5 Acionistas, sócios ou proprietdrios mente, apontou uma primeira colocação para a catego-
ria dos acionistas, em segundo a sociedade e no extremo
Estas são as pessoas que primeiro acreditaram no futuro inferior, os empregados. Essa pesquisa aproximou-se
da empresa. Elas arriscaram seu capital e investiram na mais ainda do presente estudo, já que da mesma forma
empresa que ainda não tinha futuro certo. os empregados ficaram em último lugar, enquanto que
No entanto, a empresa, através de sua direção - que os primeiros lugares foram merecidos pelos acionistas e
nem sempre são os investidores - pode ludibriar os inte- a comunidade.
resses dos donos do capital, desviando os lucros para Assim, tendo em vista os objetivos propostos para
atividades reconhecidamente de pouco retomo ou não a execução desta pesquisa, e como os resultados obtidos
rentáveis financeiramente. O principal exemplo é a preo- através do tratamento estatístico dos dados indicaram
cupação que algumas empresas têm com os problemas alguns aspectos merecedores de aprofundamento, os
sociais, no sentido de ajudar a comunidade na área assís- mesmos serão aqui discutidos.
tencial, promover melhorias na qualidade de vida da so- No que se refere ao grupo de empresas como um to.
ciedade etc. Não há dúvida que estas atitudes serão lou- do, isto é, as pequenas e médias empresas do ramo de
vadas e receberão todo o apoio das pessoas que cercam a conservas alimentícias do Rio Grande do Sul, foram efe-
empresa e que solicitam muitas contribuições. Mas os ín- tuadas várias análises que serão aqui apresentadas.
vestidores não têm como ficar satisfeitos com esta polí- Inicialmente, convém agrupar as categorias de peso
tica, pois tratam-se de atitudes que estio contra os seus soas que envolvem as empresas, por ordem de impor.
interesses de obter lucros. Eles esperam da empresa, por- tância, baseando-se na distância ou proximidade entre si,
tanto, a restituição do capital investido, na forma de dos escores obtidos em cada categoria. A tabela 1 de.
lucros. monstra tal agrupamento.

6. ANÁLISE DESCRITIVA DOS RESULTADOS Tabela 1


Importância dada às diversas categorias de pessoas
6.1 Caractertsticas das empresas- envolvidas na empresa, pelos dirigentes das pequenas e
médias empresas
Os dados obtidos através do instrumento de coleta de da-
dos aplicados demonstram alguns resultados que são aqui Grupo Categorias Médias dos Média das
descritos em seus detalhes. escores médias *
As empresas pesquisadas, um total de 18, estão con-
Mais Comunidade 3,86
centradas no municfpío-de Pelotas, RS, onde se encon tram
importante Acionistas,
67% delas. As restantes distribuem-se por diversos muni-
sócios ou proprietários 3,79 3,80
cípios (Rio Grande, Gramado; Torres, Osório, Cachoeí- Consumidores 3,74
tinha e São Sebastião do Caí), numa média de urna em- Menos Credores e fornecedores 3,38 3,37
presa por município. importante Empregados 3,36
Essas empresas diferem entre si quanto a alguns as-
pectos não analisados por esta pesquisa, tais como: capa- • Média ponderada pelo número de itens em cada grupo.

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Revist« de Administração de Empresas
6.3 A responsabilidade social das empresas seja de maneira sofisticada ou de uma forma intuitiva, os
efeitos a curto e longo prazos, das atitudes tomadas para
Conforme demonstram os dados, as empresas, de um com a sociedade ou as categorias que dela fazem parte.
modo geral, mostram-se favoráveis a comportamentos Se for possível um retomo a curto prazo, há uma ten-
socialmente responsáveis para com as categorias benefi- dência em serem tomadas tais decisões. Se, por outro la-
ciárias. Esta afirmação é baseada no fato de que as mé- do, o retomo for a longo prazo, a possibilidade de se to-
dias gerais para empregados, consumidores, credores/for- mar em consideração decisões relativas à responsabilida-
necedores, comunidade e investidores foram de 3,36: de social serã-mais remota. Os empresários, quer grandes
3,74, 3,38, 3,86 e 3,79 respectivamente (ver tabela 1). ou pequenos, estão interessados no seu crescimento, no
Ao ser computada a média destas médias, obteve-se um aumento de seus lucros e na boa imagem perante a socie-
valor de 3,62. Numa escala de 1 a 5 pontos, como a que dade, daí o nível acima da média, para as empresas-alvo
foi usada neste estudo, considera-se que 3,62 esteja mais desta pesquisa.
próxima do máximo do que do mínimo. Em um primeiro grupo (ver tabela 1), com médias
bastante parecidas, constatou-se que os principais bene-
Esta constatação implica, portanto, discordar, de al- fiéiãrios das empresas, no que se refere à responsabilida-
gum modo, das afirmativas feitas por Kobaiashi (1977, de social, eram os membros da comunidade (média 3,86),
p. 64). Bowen (1957, p. 41) e Odell (1974, p. 599). os acionistas, sócios ou proprietários (média 3,79) e os
Eles são unânimes em defender a idéia de que a responsa- consumidores (média 3,74). Isto confirma o que foi dito
bilidade social das empresas de pequeno porte é anulada anteriormente sobre a busca de uma imagem perante a
pela característica de seu tamanho. Para esses autores, sociedade.
a ação socialmente responsável da empresa é limitada f: possível afirmar que a atenção dada às três catego-
pelo montante dos lucros. Ora, o argumento contra esta rias, juntas, mostra a tendência das empresas para o cha-
opinião baseia-se no fato de que para se admitir compor- mado "auto-interesse esclarecido" tanto do ponto de vis-
tamentos socialmente responsáveis, nem sempre há ne- ta social quanto financeiro, já que há sempre a idéia de
cessidade de fazer investimento financeiro, pois os prin- retomo lucrativo através da sua "responsabilidade social"
cipais benefícios solicitados pela sociedade à empresa
têm custo zero.' No entanto, esse tipo de empresa sente Quanto à divulgação de informações sobre a empre-
alguns problemas relativos li responsabilidade social no sa, os empresários são de opinião que os sócios, proprie-
aspecto decisório, pois seus executivos são, geralmente, tários ou acionistas merecem sempre estar informados
pessoas simples e de pouca capacidade gerencial, o que sobre o desempenho da empresa, a qualquer momento.
dificulta a tomada de decisões na referida área. Os credores e fornecedores também merecem receber es-
Por outro lado, o fato de os proprietários, sócios ou sas informações. No entanto, aos empregados não há
acionistas terem conseguido uma boa classificação na or- muita necessidade de informar sobre a empresa, já que
dem de importância dada às categorias pode implicar sua média neste indicador foi a mais baixa de todo Q gru-
uma atenção especial aos objetivos monetários da empre- po.
sa. A atenção dada li categoria dos investidores funciona Sobre a participação na empresa, um fato importan-
como um controle da responsabilidade social, pois, possi- te acontece, no sentido em que a categoria que merece
velmente, quanto mais alta for esta atenção, maior será o maior consideração da empresa é a dos credores e forne-
interesse da empresa pelos lucros e,portanto, menor a cedores. Uma explicação para esta atuação pode ser o fa-
sua responsabilidade social para com os membros da so- to de que os pequenos empresários têm pouco poder de
ciedade, representados pelos empregados, pelos consumi- barganha, sendo, portanto, favoráveis a uma atenção es-
dores, pelos credores e fornecedores e pela comunidade. pecial a esta categoria, já que ela é a responsável pelo
Os empresários aqui estudados têm a tendência de satis- abastecimento tanto fmanceiro quanto de matéria-prima,
fazer os interesses dos investidores em detrimento dos merecendo, por isto, se possível, maior participação na
aspectos sociais, embora se tenha observado que a cate- vida da empresa.
goria mais importante para eles seja a comunidade onde No que se refere à qualidade de vida, os executivos
a empresa opera. entrevistados são propensos a dar maior atenção à comu-
Mesmo assim, o senso de responsabilidade social da nidade, enquanto os credores e fornecedores não são
empresa para com as principais categorias de pessoas que muito merecedores de melhoria. na qualidade de vida, já
a cercam é de bom nível, como foi constatado na presen- que sua média foi bem inferior, sem, contudo, ser baixa.
te pesquisa. O aspecto mais importante a ser ressaltado é No grupo intermediário ficam os acionistas, os consumi-
a busca constante de uma boa imagem perante as referi- dores e os empregados, por ordem de importância, mui-
das categorias. Essa boa imagem buscada representa uma to embora seja mínima a diferença entre os três.
tendência clara no sentido de atender às reivindicações Com referência ao indicador que observa a opinião
das categorias, não pensando no bem-estar da mesma, do empresário sobre o respeito que deve ser dado aos in-
mas percebendo que resultados a empresa terá com tais teresses das categorias, não houve, também, diferenças
atitudes "socialmente responsáveis". f: bastante claro significativas entre elas. No entanto, entendem os empre-
que esta não é uma característica exclusiva das pequenas sários que os interesses dos empregados devem ser um
e médias empresas pesquisadas. E, no entanto, uma ca- pouco mais respeitados do que os das outras categorias.
racterística geral do sistema de produção capitalista. A julgar pela baixa, mas não muito diferente média obti-
Keim (1978) admite que esta tendência das empresas em da pelos credores e fornecedores, pode-se afirmar que
trabalhar e agir na área social com. interesse próprio seja mesmo permítindo-lhes participação ou dando abertura
bastante normal em nossa sociedade. Para o referido sobre seu desempenho, quando têm oportunidade, os in-
autor, há uma preocupação muito forte em avaliar, quer teresses dessa categoria do menos respeitados.

Rerpon$llbilidade IOcial -I 207


6.4 Conseqüências da responsabilidade social para.as plica afirmar que os empresários acham pouco necessário
empresas e para as categorias envolvidas dar-lhes atenção especial, porque os credores e fornece-
dores não teriam condições de influir no bom desempe-
Na opinião referente às conseqüências para a empresa nho da empresa. Este é um resultado interessante, pois a
por ter comportamento socialmente responsável dirigido opinião geralmente aceita é que pequenos e médios em-
a cada uma das categorias, ficou confirmada que a causa presários dependem muito dos credores e dos fornecedo-
principal da atenção a cada uma delas depende também res para o andamento de seus negócios, devido, principal-
do resultado financeiro a curto prazo, bem como do mente,l1 falta de capital de giro. A aceitar esta afirmati-
receio de uma imagem não-favorável. Isto é confirmado va, os empresários entrevistados deveriam ter opinado ser
pelo fato de que a mais alta média foi obtida pela comu- conveniente dar urna atenção bem mais diferenciada a
nidade, seguida de perto pelos investidores. A atenção esta categoria e confiar em bons retornos para a empresa
aos empregados não compensa mesmo para a empresa, a partir dessa ação.
pois a sua média neste indicador foi a mais baixa, sendo Talvez mais inconsistentes ainda sejam as opiniões
até mesmo a menor média obtida em qualquer dos indi- referentes 11categoria empregados, com a média extrema
cadores para qualquer das categorias. de 2,72 quanto ao retomo da ação socialmente responsá-
Os empresários acreditam que se a comunidade for vel da empresa. Os empresários, neste caso, acham que,
bem atendida nos seus interesses, se a atenção da empre- nem mesmo com um máximo de atenção dirigida a eles,
sa for dirigida especialmente a esta categoria, o retomo a empresa logrará bons resultados. Em suma, a atenção
do investimento, monetário ou não, será imediato. Isto que deve ser dada aos interesses dos empregados é espe-
porque na comunidade como um todo estão incluídas cificamente aquela que determina a legislação em vigor.
todas as outras categorias. Assim, se a empresa conseguir Qualquer outra atenção complementar que se caracteri-
uma boa imagem diante da comunidade, estará procuran- ze como responsabilidade social deve ser dada unicamen-
do obter o apoio das demais categorias. Por exemplo, se te com o objetivo de satisfazer os empregados o suficien-
a comunidade tem uma boa imagem da empresa, poderá te para que continuem atendendo aos interesses da em-
influenciar os consumidores e haverá maior aceitação dos presa.
seus produtos; isto pode influir no comportamento dos É bem provável que estes resultados tenham alguma
credores e fornecedores, que agora vêem a empresa como relação com a legislação· social para defendê-los, baseada,
bom mercado e com boa capacidade de compra e venda; principalmente, na Consolidação das Leis do Trabalho
os empregados sentir-se-ão.maís satisfeitos por pertence- (CLT); os credores, os fornecedores e os acionistas são
rem a uma organização de tão boa imagem dentro da so- respaldados por diversos instrumentos legais, tais como:
ciedade; e os investidores, enfim, sentir-se-ão muito mais o Código Civil, Código Comercial, Lei das Sociedades
seguros para aplicar seu capital numa empresa com tais Anônimas, Lei das Falências, além de outros; já para os
características. consumidores e para a própria comunidade, há muito
pouco, ou quase nada, a seu favor, no que se refere aos
Verificou-se, ainda, que os investidores recebem das aspectos legais de sua relação comas empresas. Alguns
empresas um bom crédito e muita confiança no que diz dos poucos instrumentos existentes são, por exemplo,
respeito ao retomo do investimento em responsabilidade algumas leis antipoluição e outras que pregam a defesa
social, desde que seja dada grande importância aos inte- do consumidor, E conveniente, portanto, observar tal
resses da categoria. O motivo não provoca surpresa, pois aspecto deste estudo, já que o mesmo considera o iní-
sabe-se da importância dos donos do capital no tipo de cio da responsabilidade social da empresa a partir do mo-
empresas pesquisadas. Até mesmo porque 810 poucos os mento em que a legislação deixa de atuar, o que deixa
investidores, já que são constituídas por cotas de respon- urna margem menor de necessidade para as categorias
sabilidade limitada ou individuais, com um pequeno nú- que já são beneficiadas pela legislação.
mero de sociedades anônimas. Muitas vezes, os sócios são
os próprios familiares do empresário (mulher, filhos ou Mesmo assim, não se pode admitir que, pelo moti-
irmãos), constituindo, na realidade, uma empresa indivi- vo de uma categoria receber mais benefícios que outra
dual, onde, sem dúvida, o investidor merece toda a aten- por força da lei (obrigação social), não necessite dos be-
ção possível. Eles, portanto, são muito importantes para nefícios da responsabilidade social.
a empresa, e uma atenção especial dirigida a eles será Outra explicação para o fato é que a maioria. dos
sempre benéfica. empregados, em boa parte do ano, é constituída dos cha-
Com uma média não muito alta, os empresários mados "safristas", que, como o próprio nome indica; são
acreditam que há um certo retomo do investimento feito chamados a prestar seus serviços somente no perío-
com os consumidores. Se a empresa atender bem aos in- do ida safra de frutas. Este tipo de mão-de-obra é ca-
teresses do mercado, a resposta será favorável para a em- racterizado por vários aspectos: é passageira; é numero-
presa, não em níveis- altos como 11comunidade e aos in- sa; é "qualquer tipo de pessoa", sem nenhum ou pouco
vestidores, mas em um bom nível. A média (3,80) está controle .no recrutamento; é, na sua maioria, composta
bem distanciada da média global de importância das ca- de pessoa de pouca cultura e ''sem condições de enten-
tegorias (3,62), o que permite supor uma boa confiança der as condições de sua empresa"; é, também em sua
nos resultados da responsabilidade social para com os grande maioria, formada por pessoas do sexo feminino,
consumidores, pois, afinal de contas, é do mercado que que "deverão voltar para cuidar de suas casas". Talvez
depende a empresa; sem ele, ela não existe. por estes motivos os empresários não fiquem à vontade
Já os credores e fornecedores não merecem tanta no trato com a categoria empregados, já que sua expe-
atenção dos empresários no que se refere aos resultados riência com a mesma é bastante marcada por "íngrati-
de ações especiais no campo social. A média de 3,33 im- . dão", como dízemos próprios dirigentes.

208 Revista de Administraçiio de EmpresfU.


6.5 Comparação entre pequenas e médias empresas 4. Ainda no mesmo grupo de categorias merecedoras da
quanto à responsabilidade social ação socialmente responsável da empresa, encontra-se a
dos consumidores, com uma média bem próxima à da
Considerando, separadamente, a responsabilidade social comunidade e dos acionistas.
nas empresas pequenas e médias, pode-se afirmar que
não há diferenças significativas entre ambas. O compor- 5. As categorias de beneficiários da responsabilidade so-
tamento das empresas, tanto pequenas quanto médias; cial que merecem menor apoio por parte da empresa são
no que se refere ao seu envolvimento com os aspectos os credores e fornecedores, seguidos pelos empregados.
sociais, é quase idêntico, apesar de haver ocorrido urna Essas duas categorias foram preferidas pelas empresas
pequena diferença entre as categorias credores e forne- com médias' bem próximas, embora bastante afastadas
cedores e investidores. Este fato foi devido, unicamente, do grupo formado por Comunidade, investidores e con-
à constatação de que, para as pequenas empresas, os in- sumidores.
vestidores recebem uma atenção média (3,62), enquanto
que as médias empresas classificam essa categoria em pri- 6. Não há relação alguma entre as idéias dos empresá-
meiro plano. A diferença relativa ao grupo dos credores e rios, no que se refere às suas declarações genéricas sobre
fornecedores está no fato de que, para as pequenas em- q principal beneficiário de sua responsabilidade social, e
presas, a atenção dada a essa categoria é a mínima obti- as resultantes das indagações detalhadas. Por exemplo,
da (média 3,15), enquanto que as médias empresas re- eles afirmam, por um lado, que o seu principal beneficiá-
servam uma colocação melhor para os interesses dessa rio é o empregado, mas, por outro, os resultados da pes-
categoria (média 3,83). Como é perceptível, estas não
quisa mostraram evidências de que os empregados for-
são diferenças muito significativas, que permitam defen-
mam a categoria que merece menor grau de atenção.
der a idéia de que há opiniões distintas entre os empresá-
rios das pequenas e das médias empresas de conservas
7. No que se refere às conseqüências da responsabilida-
alimentícias quanto à responsabilidade social para com
de social, confirmou-se que quanto mais importante é a
as categorias de pessoas que mantêm transação com tais
categoria para a empresa, maior é o seu crédito de con-
empresas.
fiança relativo ao retorno do investimento (financeiro ou
Prova-se, então, através da pesquisa realizada neste
não) feito em seu favor.
segmento da indústria de alimentação, que as pequenas
e médias empresas também têm condições de adotar
8. Na adoção de comportamentos socialmente responsã-
comportamentos socialmente responsãveis para com as
veis pelas empresas, a comunidade, que é a principal be-
categorias de pessoas que as cercam. E necessário, no en-
neficiária, terá como resultado principal a melhoria da
tanto, entender os motivos pelos quais elas dão atenção
S11aqualidade de vida.
maior ou menor a uma ou a outra categoria de pessoas.
Cada categoria é vista com características diferentes nes-
9. Os acionistas, proprietários e sócios serão beneficia-
te tipo de empresa, já que estas constituem um segmen-
dos, principalmente através da participação nos lucros e
to totalmente atípico dentro do elenco de indústrias, nas decisões administrativas da empresa.
principalmente pelo fato de dependerem .integralmente
do período de safra da região para o desenvolvimento de
10. Os consumidores terão bons resultados no que se re-
suas atividades. No restante do ano, ou diversificam sua fere à sua contribuição à empresa, pela garantia de quali-
produção com outras culturas agrícolas ou fecham suas
dade dos produtos comprados, e à compreensão da em-
portas e esperam a próxima safra.
presa quanto às suas reivindicações.

11. Os credores e fornecedores serão beneficiados pelo


7. CONCLUSÕES
fato de poderem dar maior contribuição às empresas
com seus conhecimentos, além de poderem acompanhar
Resumidamente, as conclusões obtidas com a execução
o desempenho das mesmas, muito embora com pouca
desta pesquisa são as seguintes:
atenção por parte das empresas.
1. As pequenas e médias empresas do setor de conservas 12. Os empregados, mesmo em baixo nível, terão algu-
alimentícias do Rio Grande do Sul apresentam tendên-
mas melhorias na qualidade de vida no trabalho e serão
cias à adoção de comportamentos socialmente responsá-
ouvidos no que se refere a suas reivindicações.
veis.
13. Não há diferenças significativas entre as empresas pe-
2. A comunidade onde opera a empresa é a categoria que
quenas e as médias quanto aceitação de comportamen-
merece a maior atenção por parte das empresas pesquisa-
â

tos socialmente responsáveis. Os resultados mostram que


das.
as categorias de pessoas preferidas pelas pequenas são
praticamente as mesmas escolhidas pelas médias empre-
A atenção a esta categoria é o seu principal interesse. sas.

3. Embora haja uma tendência responsabilidade social,


â

as empresas apresentam evidências de grande atenção


aos interesses dos acionistas, proprietários ou sócios, fa-
* Resumo da dissertação de mestrado apresentada ao .Pro~ama
to que inibe a ação da responsabilidade social para com de Pós-Graduação em Administração· (PPGA) da Universídade
as categorias restantes. Federal do Rio Grande do Sul.

ResponSllbilidade 3IOCioJ - I 209


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Motivação no trabalho La edição - 1965 - enc. - CrS 3.900
Tomás de Vilanova Monteiro Lopes
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Problemas de pessoal na empresa moderna Vanya M. Sant ~nna
Tomás de Vilanova Monteiro Lopes 1.8 edíção - CrS 3.300
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210 Revista de Adminidrrlçãó de Emp~lfIS .

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