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NASCIMENTO, André Marques.

Português Intercultural: Contribuições para a formação superior de professores indígenas numa perspectiva bilíngue
intercultural. Tese de Doutorado em andamento, Universidade Federal de Goiás: Goiânia, 2010.

Dourados, 24-28/05/2010

Ensino de português para professores e professoras indígenas em formação superior: reflexões sobre a
elaboração curricular a partir de uma perspectiva bilíngue intercultural

André Marques do NASCIMENTO1 (UFG)

 A Licenciatura Intercultural da UFG

O curso de Licenciatura Intercultural da Universidade Federal de Goiás destina-se aos povos indígenas situados
na região Araguaia-Tocantins e inclui, atualmente, cerca de 170 acadêmicos e acadêmicas das etnias Apinajé,
Gavião, Guajajara, Guarani, Javaé, Karajá, Karajá Xambioá, Krahô, Krikati, Tapirapé, Tapuia e Xerente,
ingressos por processos seletivos realizados anualmente, desde 2006. Esses acadêmicos e acadêmicas vivem em
diversas aldeias, em diferentes Terras Indígenas, nos estados brasileiros de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e
Maranhão e apresentam situações sociolinguísticas e culturais bastante diversificadas.

 A Proposta Político-Pedagógica da Licenciatura Intercultural da UFG

Os eixos norteadores do curso da Licenciatura Intercultural da UFG são a Diversidade e a Sustentabilidade,


“definidos com base na realidade das sociedades indígenas, no reconhecimento da diferença étnica, na situação em
que cada comunidade vive e no seu relacionamento com outros povos” (PPP-LI, 2006, p. 11).

Os princípios pedagógicos da Licenciatura Intercultural, a partir dos quais busca-se cumprir com os objetivos
acima, são a Transdisciplinaridade e a Interculturalidade, compreendidos, segundo a professora Maria do
Socorro Pimentel da Silva e o professor Leandro Mendes Rocha, “de forma dialógica, tanto no que se refere à
relação entre as diferentes culturas quanto à interação entre as várias áreas do saber” (PIMENTEL DA SILVA &
MENDES ROCHA, 2006, p.101).

São estes eixos norteadores e princípios pedagógicos que embasam os seguintes objetivos do curso:
- Propiciar a formação de professores indígenas da região Araguaia/Tocantins para o desenvolvimento de seus
trabalhos docentes;
- formar professores indígenas para lecionar no Ensino Fundamental e Médio das escolas indígenas;
- possibilitar aos professores indígenas a aquisição de conhecimentos teórico e metodológico necessários para o
desenvolvimento de pesquisas;
- contribuir com a inserção dos professores indígenas na comunidade científica e em redes das quais participam
pesquisadores de diferentes áreas do saber, favorecendo a esses docentes a leitura do conhecimento de forma
transdisciplinar e intercultural;
- promover debates teóricos e políticos que contribuam com a construção de propostas educacionais que respeitem
e incluam os projetos propostos pelas comunidades indígenas;
- criar condições de produzir materiais didáticos, que contemplem os conhecimentos produzidos pelos indígenas e a
diversidade lingüística em que eles estão envolvidos;
- proporcionar condições teórica e prática para a elaboração do currículo pleno das escolas indígenas, em
conformidade com a realidade, com os projetos sociais e reivindicações das comunidades;
- adotar políticas de valorização das línguas e culturas maternas;

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Doutorando em Letras e Linguística. Professor de Português como segunda língua para povos indígenas no curso de
Licenciatura Intercultural da Universidade Federal de Goiás. E-mail: marquesandre@yahoo.com.br

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NASCIMENTO, André Marques. Português Intercultural: Contribuições para a formação superior de professores indígenas numa perspectiva bilíngue
intercultural. Tese de Doutorado em andamento, Universidade Federal de Goiás: Goiânia, 2010.

- propiciar condições para o desenvolvimento de projetos de sustentabilidade econômica e de políticas de


revitalização/manutenção das línguas e culturas indígenas (PPP-LI, 2006, p.12-13).

 Organização Curricular :

Matriz Básica de Formação dos Professores Indígenas (2 anos iniciais)


Matrizes Específicas de Formação dos Professores Indígenas (3 anos finais):
Ciências da Linguagem
Ciências da Natureza
Ciências da Cultura
A proposta curricular da LI – UFG propõe que os conhecimentos são organizados em grandes áreas, delineáveis,
mas não isoladas (Linguagem, Natureza e Cultura), e abordados a partir de temas contextuais (e não de
disciplinas) relevantes para as diferentes comunidades indígenas brasileiras e de estudos complementares aos
temas contextuais.

 Estudos Complementares no currículo da Licenciatura Intercultural da UFG

De acordo com o Projeto Político-Pedagógico do curso, os Estudos Complementares “têm por objetivo
oferecer aos acadêmicos e acadêmicas indígenas mais condições para ampliar seus conhecimentos e acesso a outras
realidades, mas também para valorizar os conhecimentos próprios. Compõem esses estudos: 1) o acesso às
tecnologias da informação básica, que busca ampliar o contato com a informação mais ampla e dos diversos
conhecimentos; 2) o estudo do inglês, que oferece aos alunos oportunidades de ampliação de seus conhecimentos e
de acesso ao mundo globalizado, de forma crítica, ou seja, sem perder de vista os processos de assimilação cultural;
3) o estudo mais aprofundado da língua portuguesa na sua modalidade escrita, proporcionando ao
aluno/professor mais confiança no desempenho de sua função docente. A língua portuguesa é, não só, uma
das principais áreas do currículo da escola indígena, mas também uma das línguas de ensino, o meio através
do qual o conhecimento é discutido, estudado e produzido; e 4) o estudo das línguas indígenas com ênfase em
sua manutenção e em sua modernidade. Analisar e estudar as línguas indígenas em seus diversos aspectos vai
ajudar os professores a concebê-las como línguas de cultura, de ciências etc. Os estudos complementares, portanto,
contribuem com a construção dos currículos escolares, que deverão propor o ensino de línguas numa perspectiva
sociológica” (PPP-LI, 2006, p. 58, destaques meus).

 Português Intercultural

Bases prévias:

Reconhecimento das diferentes realidades sociolinguísticas dos acadêmicos e acadêmicas indígenas e de suas
comunidades:

Monolinguismo em português (por processos de perda da língua indígena na comunidade, em que a


língua identitária é a língua indígena, diglossia, busca por revitalização da língua indígena): Karajá
Xambioá

Monolinguismo em português (por confluência de fatores sócio-históricos, como aldeamentos, presídios,


miscigenação interétnica, português é a primeira língua, bidialetalismo): Tapuia

Bilinguismo português/línguas indígenas (português como segunda língua, manifesto em diferentes


graus e com diferentes funções para cada uma das línguas, diglossia, manutenção das línguas indígenas,
expansão das habilidades em língua portuguesa): Apinajé, Gavião, Guajajara, Guarani, Javaé, Karajá,
Krahô, Krikati, Tapirapé, e Xerente
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intercultural. Tese de Doutorado em andamento, Universidade Federal de Goiás: Goiânia, 2010.

Reconhecimento dos diferentes meios de aquisição/aprendizagem do português como segunda língua:

Aprendizagem em contexto escolar formal na aldeia ou fora dela:

“Eu aprendi o português na série transição, o professor ensinava a duas línguas. Era professor índio, fazia frase e
os aluno traduzia na palavra contrário como português para Karajá.”

Manaijé Karajá, Aldeia Santa Isabel do Morro, TO

“No primeiro passo foi na escola que aprendi a Língua Português.”

Gilmar Antônio de Brito Xerente, Aldeia Funil, TO

Aprendizagem em contexto informal/não escolar

“Aprendi o português ouvindo, meu pai falava e eu ficava observando e às vezes perguntava: “O que ele está
falando?”E muitas das vezes meu pai respondia, mas às vezes não. Estava mais ou menos uns 8 anos por aí. Isso,
quando nós íamos a cidade vizinha. Na verdade aprendi com outras crianças não índias que iam visitar a nossa
aldeia.”

Sinvaldo Oliveira Karajá, Aldeia Buridina, GO

“Primeiro, aprendi o português, ouvindo da conversa dos não índios que trabalha na nossa aldeia no posto de
saúde, na escola e assim foi. Depois aprendi mais na escola. Nós começa estudar na língua portuguesa em 2º ciclo
e 3ª fase.

Cleberson Tapirapé, Aldeia Majtyri’tawa, MT

 Concepções fundamentais:

Interculturalidade

A compreensão e a adoção de uma atitude intercultural crítica (TUBINO, 2004) torna-se um imperativo para
qualquer proposta de política educacional bilíngue, e consequentemente linguística, destinada a povos indígenas
brasileiros, pois tem como dever, dentre outros, explicitar e questionar as políticas e as estratégias seculares que
contribuíram com o extermínio, a subalternização e a minorização (MAY, 2008) sócio-políticas históricas dos
povos e das línguas indígenas, bem como reconhecer o papel da língua portuguesa nesses processos, geradores de
profundas assimetrias sociais, políticas, culturais e econômicas, além dos mecanismos políticos e ideológicos que a
alçaram ao status atual de única língua oficial, portanto hegemônica, no Brasil, para que só assim se compreendam
seus papéis nas relações interculturais contemporâneas e em projetos de educação escolar bilíngue.

Transdisciplinaridade

A partir de uma perspectiva que envolva a educação sob a ótica transdisciplinar, propõem se que “o
pesquisador/professor comece por um problema, questões ou tema, relacionados à linguagem e a educação e
então combine ferramentas de pesquisa de seu repertório intelectual para explorá-los” (Hornberger e Hult, 2006, p.
78).

Ensino bilíngue ≠ Ensino de línguas

Autonomia no uso da língua portuguesa

Descolonização das práticas e atitudes linguísticas

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 Questão problematizadora para implementação do Estudo de Língua Portuguesa na Licenciatura


Intercultural da UFG:

“Como resolver a tensão entre a necessidade de uma língua de comunicação mais ampla como ferramenta para
o empoderamento e o acesso pleno e autônomo a questões nacionais e o desejo de manter as línguas locais como
centrais para as identidades indígenas e a sobrevivência cultural?”

 Português Intercultural: decisões sobre o currículo

Reconhecer a dimensão moral, política e ética do ensino de língua portuguesa para povos indígenas brasileiros,
significa reconhecer que as decisões, difíceis e ambíguas, sobre esta prática devem ser compartilhadas com os
próprios sujeitos do processo, ou seja, com os professores e as professoras indígenas para que, a partir de suas
próprias experiências, anseios e expectativas, determinem eles e elas o que é melhor para si, definindo, assim, os
objetivos e os rumos da proposta de ensino e tornando mais equilibrada a relação entre professor e alunos. Neste
movimento, são os próprios professores e professoras indígenas quem decidem sobre o lugar da língua portuguesa
em suas práticas linguísticas cotidianas, considerando também o uso de suas línguas originárias, bem como as
funções de cada uma das línguas nessas práticas, e ainda a razão pela qual querem aprofundar o estudo do
português e o quê, especificamente, desejam, ou precisam, aprender.

 Português Intercultural: concepção de língua portuguesa

1- A língua portuguesa não é uma língua própria

“Nós da aldeia Santa Isabel, procuramos aprender a escrever a língua portuguesa, ortografia, gramática, para apreender a
fazer os documentos, ofícios, projetos, entre outro. Por isso interessamos pela língua portuguesa que é não é nossa.” Manaijé
Karajá

2- A língua portuguesa é uma língua de contato/ segunda língua

“Assim, hoje em dia o povo Karajá valoriza muito a língua português, ou melhor, depois da língua Karajá, estudamos não
para trocar a língua Karajá por português e sim por ser a língua de contato, consideramos a segunda língua, depois da língua
Karajá.” Leandro Lariwana Karajá

“Para mim a língua portuguesa é muito importante, por que para nós a língua portuguesa significa segunda língua, então por
isso é muito importante saber a língua portuguesa.” Fabíola Mareromyo Tapirapé

3 - A língua portuguesa é mais fácil de se entender do que outras línguas indígenas para comunicação intercultural com
outras etnias

“A língua portuguesa é a fala mais fácil de se entender o povo brasileiro indígena ou não indígena se comunicar e trocar a
idéia com o outro, porque o povo indígena não com a própria língua do outro.”Dorivaldo Idiaú Javaé

4 - A língua portuguesa é importante por ser a língua predominante/oficial no Brasil

“A língua portuguesa é muito importante para os indígenas por viver em um país em ela é predominante.” Cândido Tapuia

5 - O domínio da língua portuguesa é uma forma de ruptura da relação de submissão e um meio de defesa da
comunidade

“A língua portuguesa é uma língua muito difício pois não e nossa lingua, mas no mundo no qual nós vivemos que é no país
chamado Brasil, infelizmente a 1ª língua e o português não as línguas indígena pois apesar de sermos os 1º moradores desse
país. Em fim nós temos que aprende o português, pois só assim podemos fala com um pessoa não índio de ingual para
ingual.” Manoel Mahalarim Karajá

“Por isso eu fala para minha comunidade que todas as língua são importantíssimo tanto como a português e lingua indigenas,
a lingua português, ele é uma arma para nós por que com ele que nós se defendemos de alguns invasores, e também ao
perante autoridade.” Luiz Pereira Kurikalá

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6 - O domínio da língua portuguesa evita discriminação

“Hoje a sociedade cobra bastante das pessoas, se ela fala corretamente ela e bem aceita, agora se ela fala com erros ela e
excluida e sofre grande discriminação.” Suzilar Mauri Pereira

7 - A língua portuguesa é uma língua difícil e pode gerar insegurança

“Pelo que eu pude observar, com relação a fala do português e a escrita é que muitos indígenas tem muita dificuldade na
hora de se expressar oralmente. A maioria não tem segurança, pelo fato de que pode errar na hora de pronunciar alguma
palavra ou escrever. Porque hoje o português foi entrando nas comunidades indígenas, e cada comunidade tem em seu íntimo
que o português é muito importante, e é verdade porque nós temos um grande contato com os não-índios.” Ana Cristina
Kawinan dos Santos

“Mesmo sendo a nossa primeira língua temos dificuldades na escrita e na fala e na colocação das palavras certas; porque o
português é uma língua que tem letras diferentes com o mesmo som dificultando nossa escrita.”Ueder Tapuio

8 - A escrita em língua portuguesa é difícil

“E principalmente nós alunos de Universidade Federal de Goiás, que encontramo maior dificuldade para produzi um texto
nas línguas português, por isso nós precisamos dos melhoramentos de escreve no atual.” Rivael Idjamoa Karajá

9 - A escrita formal em língua portuguesa tem valor nas relações sociais interculturais

“Isso para mim tem muito importância, onde língua escrita vai facilitar na hora de escrever alguns documentos necessários
ou até mesmo quando estou na sala de aula ensinando os alunos as formas de escritas. Portanto a escrita, de qualquer forma,
ela tem grande valor para nós aprender, de maneira formal.” Wasari Karajá

Conforme as percepções dos acadêmicos e acadêmicas indígenas, a língua portuguesa é concebida como segunda
língua, ou uma língua de contato, não se configurando como uma língua própria, no sentido de representar uma
identidade cultural, política ou social indígena. Por outro lado, a língua portuguesa se apresenta como um
importante meio de comunicação intercultural, seja com a sociedade não-indígena, seja com outras etnias
indígenas. Por ser a língua oficial/predominante no Brasil, o acesso a e o domínio de certas práticas comunicativas
nesta língua, especialmente através da modalidade escrita formal, que pode gerar dificuldades e insegurança
sociolinguística, se tornam uma importante forma de ruptura com uma relação de submissão e de discriminação,
referentes à sociedade não-indígena. Neste sentido, a ampliação de recursos comunicativos em língua portuguesa
representa uma forma de autonomia dos povos indígenas diante da necessidade de interação intercultural.

Disso se segue que, para o programa de trabalho com a língua portuguesa no âmbito da Licenciatura Intercultural
da UFG, essa língua deve ser concebida como uma língua de relações interculturais, cujos domínios de uso a
serem abordados no currículo correspondam, especialmente, aos característicos das relações estabelecidas entre as
comunidades indígenas e a sociedade não-indígena e atendam aos anseios e necessidades dos professores e
professoras indígenas, e de suas comunidades, no desempenho linguístico nestes contextos específicos de uso.

Português Intercultural: identificação das funções da língua portuguesa mais importantes para os acadêmicos e
acadêmicas indígenas

Funções da língua portuguesa nas práticas linguísticas interculturais dos acadêmicos e acadêmicas indígenas da
Licenciatura Intercultural - UFG
Para conhecer e reivindicar direitos; Para defender a si e a comunidade; Para
Defesa e gerenciamento de falar com autoridades; Para defesa do território; Para melhor conhecimento
interesses das comunidades das leis; Para defender e preservar a cultura e as tradições; Para
indígenas gerenciamento de projetos, investimentos e negociações financeiras;
Para comunicação com a sociedade não-indígena de maneira geral; Para
comunicação com a sociedade não-indígena através da escrita oficial e não-
Comunicação intercultural oficial; Para viajar pelo Brasil; Para comunicação com outros povos; Para ser
um articulador das relações entre indígenas e não-indígenas/liderança;
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Para ensinar português nas escolas e nas comunidades indígenas; Para o


Prática profissional mercado de trabalho;
Para falar bem e escrever/se expressar corretamente/melhor; Para ampliação
do vocabulário em língua portuguesa; Para bom desempenho na escrita/vida
Proficiência linguística acadêmica; Para conhecimento do funcionamento da gramática da língua
portuguesa;
Para romper com a relação de submissão em relação à sociedade não-
Autonomia indígena; Para auto-representação;
Para levar conhecimentos não-indígenas para a comunidade; Para acesso aos
Informação e novos meios de informação; Para compreender melhor o mundo do não-indígena;
conhecimentos Para aquisição/ampliação de saberes e conhecimentos;
Divulgação da cultura Para registro e divulgação da cultura indígena;
Melhoria de vida Para uma vida melhor

 Português Intercultural: definição dos temas de trabalho nos cursos de Português Intercultural na
LI-UFG

Currículo para os cursos de Português Intercultural da Licenciatura Intercultural da UFG


Matriz Básica de Formação de Professores e Professoras Indígenas
Temas Referenciais:
Identidade Conflito Autonomia Alteridade Interculturalidade Sustentabilidade Diversidade e Diferença
1- Estudo complementar: Português Intercultural I
Semestre: 2º / Carga horária: 20 h + horas de estudo
Ementa: Apresentação de tópicos da variedade padrão da língua portuguesa, em sua modalidade escrita, entendida como uma
língua de contato, adquirida como segunda língua.

TEMA CONTEXTUAL: A experiência sociolinguística de cada um: auto-representação e autoria

OBJETIVOS:
- Refletir sobre as relações entre as línguas indígenas e a língua portuguesa no Brasil a partir das experiências sociolinguísticas
dos acadêmicos e acadêmicas e de suas comunidades;
- Apropriação/ampliação de habilidades orais e escritas para relatos da experiência sociolinguística;
- Apropriação/ampliação de habilidades orais e escritas para produção de textos de opinião sobre atitudes linguísticas;
- Apropriação/ampliação de habilidades orais e escritas para produção de textos narrativos a partir da experiência e da memória
compartilhadas socialmente;
- Apropriação/ampliação de habilidades para leitura e interpretação de textos em língua portuguesa, em variedades mais
formais;
- Apropriação/ampliação de habilidades para o planejamento, execução e reescrita de textos em língua portuguesa em
variedades mais formais;
- Familiarização com noção de Gêneros Textuais, bem como com os gêneros textuais relato de experiência, artigo e texto de
opinião/dissertativo, narrativas com base na memória social;
- Desenvolvimento e ampliação da reflexão linguística a partir de fenômenos linguísticos característicos da escrita em segunda
língua;
- Desenvolvimento de metalinguagem a partir dos fenômenos linguísticos abordados;
- Ampliação do vocabulário da língua portuguesa a partir dos textos e contextos abordados.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
- Debate e produção textual sobre o uso da língua portuguesa pelas comunidades indígenas atualmente, a partir de temas como:
Importância do português para as comunidades indígenas; Relação do português com as línguas indígenas; Riscos para as
línguas indígenas; Português e línguas indígenas nas escolas indígenas; Funções do português nas comunidades indígenas;
Dificuldades em relação ao português como segunda língua; Português na formação de professores indígenas; Aspectos
positivos e negativos do uso da língua portuguesa nas comunidades indígenas atuais; Português como primeira língua de
algumas comunidades indígenas; Status político das línguas no Brasil;
- Relatos orais e escritos sobre a experiência sociolinguística nas comunidades indígenas e com a sociedade não-indígena;
- Leitura e interpretação de relatos de experiência sociolinguística de indivíduos em contexto de assimetria/diglossia, bem
como de artigo sobre juízos de valores e atitudes linguísticos;
- Atividade de produção de texto narrativo a partir da memória social da comunidade de cada acadêmico e acadêmica indígena,
sob o tema: “Como você (re)contaria a história de seu povo?”;
- Atividades sobre aspectos gramaticais da língua portuguesa e principais características de textos escritos em língua
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portuguesa como segunda língua e em contextos bidialetais;


- Reescrita de textos;
- Oficina de língua Materna: Apresentação de seminários e elaboração de material sobre os contextos de uso das línguas
indígenas e portuguesa em contextos de bi/trilinguismo e/ou bidialetalismo no Brasil.
- Produção de relatório reflexivo-avaliativo sobre as aulas de Português Intercultural I

GÊNEROS TEXTUAIS ABORDADOS:


- Relato de experiência;
- Artigo;
- Narrativa de memória;
- Texto de opinião
- Relatório

2 - Estudo complementar: Português Intercultural II


Semestre: 3º / Carga horária: 20 h + horas de estudo
Ementa: Prática de leitura e produção de textos escritos oficiais e não-oficiais usados em contextos interculturais.
TEMA CONTEXTUAL: Continuum oralidade-escrita em contextos bilíngues/bidialetais interculturais

OBJETIVOS:
- Refletir sobre relação entre a fala e a escrita em língua portuguesa e nas línguas indígenas, bem como sobre as principais
características de cada um desses meios de interação e as relações que se estabelecem entre essas modalidades em contextos
interculturais assimétricos e diglóssicos;
- Refletir sobre os diferentes graus de formalidade das línguas portuguesa e indígenas em diferentes práticas linguísticas
interculturais orais e escritas e os reflexos nas estruturas linguísticas;
- Apropriação de formas características de variedades mais formais da escrita e da fala em língua portuguesa;
- Apropriação/ampliação de habilidades para produções de correspondências oficiais e não-oficiais em língua portuguesa;
- Apropriação/ampliação de habilidades para leitura e interpretação de textos em língua portuguesa, em variedades mais
formais;
- Apropriação/ampliação de habilidades para o planejamento, execução e reescrita de textos em língua portuguesa em
variedades mais formais;
- Ampliação da noção de Gêneros Textuais e suas funções sociais, através da abordagem de gêneros textuais como verbete,
debate, palestra, bilhete, notícia, ofício, conto, carta, requerimento, memorando, recibo, ata, declaração, relatório;
- Desenvolvimento e ampliação da reflexão linguística a partir de fenômenos linguísticos característicos da escrita em segunda
língua;
- Desenvolvimento de metalinguagem a partir dos fenômenos linguísticos abordados
- Ampliação do vocabulário da língua portuguesa a partir dos textos e contextos abordados.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
- Debate sobre as relações entre a fala e a escrita nas línguas portuguesa e indígenas, bem como sobre suas funções sociais nas
diversas comunidades;
- Atividade para identificação de características da oralidade e da escrita em língua portuguesa;
- Leitura e interpretação de textos com graus de formalidade diversos, a depender dos contextos de produção e uso;
- Atividades sobre Gêneros Textuais produzidos em diferentes situações e com diferentes graus de formalidade nas línguas
indígenas e no português;
- Atividade de correção de textos;
- Leitura, interpetação e produção de contos como exercício de retextualização da oralidade;
- Leitura e produção de textos de correspondências oficiais e não-oficiais usados em contextos de comunicação intercultural,
como carta, ofício, requerimento, memorando, recibo, ata, declaração, relatório;
- Atividades sobre aspectos gramaticais da língua portuguesa e principais características de textos escritos em língua
portuguesa como segunda língua e em contextos bidialetais;
- Reescrita de textos;
- Oficina de língua Materna: Apresentação de seminários e elaboração de material sobre os contextos de uso das línguas
indígenas e portuguesa em contextos de bi/trilinguismo e/ou bidialetalismo no Brasil, considerando diferentes situações de uso
e diferentes graus de formalidade.
- Produção de relatório reflexivo-avaliativo sobre as aulas de Português Intercultural II

GÊNEROS TEXTUAIS ABORDADOS:


- verbete, debate, palestra, bilhete, notícia, ofício, conto, carta, requerimento, memorando, recibo, ata, declaração, relatório,
conto, relatório

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intercultural. Tese de Doutorado em andamento, Universidade Federal de Goiás: Goiânia, 2010.

3- Estudo complementar: Português Intercultural III


Semestre: 4º / Carga horária: 20h + horas de estudo
Ementa: Prática de leitura e produção de textos escritos oficiais e não-oficiais usados em contextos interculturais.

TEMA CONTEXTUAL: Leitura, autoria e argumentação

OBJETIVOS:
- Refletir sobre as experiências individuais de leitura e de autoria em contextos interculturais;
- Ampliar/desenvolver as habilidades necessárias para a leitura autônoma, contribuindo para que os acadêmicos e acadêmicas,
na leitura de textos em diferentes gêneros, se tornem capazes de identificar temas e assuntos dos textos, identificar teses e
argumentos dos textos; identificar estratégias argumentativas dos textos; articular as estratégias argumentativas dos textos com
as posições ideológicas de seus autores;
- Estabelecer inter-relações e interações entre diferentes textos;
- Refletir sobre a capacidade argumentativa das línguas e o uso da argumentação na defesa de direitos e no posicionamento
sobre temas relevantes para as comunidades indígenas brasileiras;
- Ampliar/desenvolver as habilidades para produção de textos argumentativos;
- Desenvolvimento e ampliação da reflexão linguística a partir de fenômenos linguísticos característicos da escrita em segunda
língua;
- Desenvolvimento de metalinguagem a partir dos fenômenos linguísticos abordados.
- Ampliação do vocabulário da língua portuguesa a partir dos textos e contextos abordados.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
- Reflexão e debate sobre diferentes possibilidades de leitura do mundo e da palavra, com especial ênfase aos contextos
indígenas e interculturais, a partir da leitura e atividade de interpretação do texto “A importância do ato de ler”, de Paulo
Freire;
- Apresentação de relatos orais de experiências dos acadêmicos e acadêmicas com a leitura, em seu sentido amplo;
- Reflexão e debate sobre autoria indígena, práticas pedagógicas e autonomia, a partir da leitura e da interpretação do texto “A
escrita e a autoria fortalecendo a identidade”, de Daniel Munduruku;
- Atividade para identificação de relações intertextuais entre os textos lidos;
- Introdução das características argumentativas das línguas naturais;
- Leitura e interpretação de textos argumentativos, com temática referente aos territórios indígenas brasileiros (com especial
ênfase à demarcação da Reserva Indígena Raposa Terra do Sol) e posicionamentos contrários, para a identificação de
argumentos e contra-argumentos, relação entre as opiniões expressas nos textos e posições sócio-políticas dos autores e
identificação de estratégias argumentativas;
- Produção textual de texto argumentativo sobre o tema abordado;
- Leitura, interpretação e produção de texto argumentativo sobre fatores que colocam as línguas indígenas brasileiras em risco;
- Identificação e sistematização coletiva dos principais fatores mencionados;
- Oficina de língua materna: aprofundamento da reflexão sobre as situações e fatores que colocam em risco as línguas
indígenas no Brasil contemporâneo, a partir da sistematização prévia e através da produção de materiais bilíngues e da
apresentação de seminários.
- Produção de relatório reflexivo-avaliativo sobre as aulas de Português Intercultural III

GÊNEROS TEXTUAIS ABORDADOS:


- Relato de experiência, artigo de opinião, biografia, reportagem, lei, relatório.

Matrizes Específicas de Formação de Professores e Professoras Indígenas


Ciências da Linguagem, Ciências da Natureza e Ciências da Cultura
Temas referenciais:
Identidade Conflito Autonomia Alteridade Interculturalidade Sustentabilidade Diversidade e Diferença Melhoria de Vida
1-Português Intercultural IV
Semestre: 5º / Carga horária: 40h
Ementa: Aspectos gerais do português escrito em contexto intercultural bilíngue/trilíngue e/ou bidialetal: funcionamento
gramatical e textualidade; Leitura e produção de textos informativos de contextos públicos.

TEMA CONTEXTUAL: Produção de informação e povos indígenas brasileiros

OBJETIVOS:
- Refletir sobre os contextos de produção e recepção de textos informativos de circulação pública referentes à realidade
indígena brasileira, bem como sobre o acesso aos meios de comunicação contemporâneos e seu impacto nas comunidades
indígenas brasileiras;
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intercultural. Tese de Doutorado em andamento, Universidade Federal de Goiás: Goiânia, 2010.

- Refletir sobre a relação entre informação e conhecimento a partir da perspectiva indígena;


- Ampliar/desenvolver as habilidades necessárias para a leitura de textos informativos e para a identificação de sua
informatividade, bem como para a avaliação de informações apresentadas nos textos;
- Ampliar/desenvolver as habilidades necessárias para a produção de textos informativos;
- Contribuir com o acesso aos meios de informação de maneira crítica através da reflexão sobre aspectos ideológicos
vinculados aos textos informativos de circulação pública sobre os povos indígenas brasileiros;
- Refletir sobre a representação dos indígenas em textos midiáticos no Brasil;
- Contribuir com a apropriação de meios técnicos para produção e difusão de saberes e outras formas simbólicas indígenas;
- Desenvolvimento e ampliação da reflexão linguística a partir de fenômenos linguísticos característicos da escrita em segunda
língua;
- Desenvolvimento de metalinguagem a partir dos fenômenos linguísticos abordados.
- Ampliação do vocabulário da língua portuguesa a partir dos textos e contextos abordados.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
- Debate a sistematização de experiências através de atividade escrita sobre conhecimento, informação e seus meios de
transmissão nas diferentes sociedades indígenas contemporâneas, bem como relacioná-los com formas de produção e difusão
de informação tradicionais;
- Observação e sistematização das principais características de diferentes suportes textuais que veiculam publicamente textos
de informação;
- Reflexão e atividade escrita sobre níveis de formalidade linguística, clareza, neutralidade e objetividade textuais;
- Leitura e interpretação textuais de textos informativos para levantamento de informações relevantes para os acadêmicos e
acadêmicas indígenas;
- Leitura e interpretação textuais de textos informativos para observação dos níveis de formalidade linguística, clareza,
neutralidade e objetividade textuais;
- Leitura, interpretação e produção de textos sobre os aspectos ideológicos manifestos em textos de informação concernentes à
temática indígena, bem como a identificação de recursos linguísticos utilizados nesses textos para a representação dos povos
indígenas no Brasil;
- Produção e reescrita de textos informativos;
- Oficina de língua materna: produção de textos informativos bilíngues que abordam a realidade das comunidades indígenas
brasileiras para a composição de um número do Jornal Takinahakỹ.
- Produção de relatório reflexivo-avaliativo sobre as aulas de Português Intercultural IV

GÊNEROS TEXTUAIS ABORDADOS:


-verbete; reportagem, notícia, editorial, textos instrucionais, artigo de opinião, relatório.

2-Português Intercultural V
Semestre: 6º / Carga horária: 40h
Ementa: Aspectos gerais do português escrito em contexto intercultural bilíngue/trilíngue e/ou bidialetal: funcionamento
gramatical e textualidade; Leitura e produção de textos acadêmicos: resumos e resenhas.

TEMA CONTEXTUAL: A escrita acadêmica indígena em contexto intercultural

OBJETIVOS:
- Identificação das funções sociais dos gêneros resumo e resenha em contexto intercultural;
- Ampliar/desenvolver habilidades necessárias para a leitura e produção de gêneros textuais usados em contexto acadêmico,
com especial ênfase em resumos e resenhas;
- Ampliar/desenvolver as habilidades necessárias para a leitura, interpretação, síntese, sistematização e avaliação de
informações de textos-fonte, através de resumos e resenhas;
- Estabelecer relações entre os gêneros acadêmicos resumo e resenha com práticas linguísticas orais, como narrativas de fatos e
avaliações de outros textos;
- Ampliar/desenvolver a habilidade de inferência de conteúdos de textos-fonte a partir da leitura de resumos e resenhas;
- Ampliar/desenvolver a capacidade de relacionar, citar e referenciar textos, inclusive orais, para a produção de resumos e
resenhas;
- Desenvolvimento e ampliação da reflexão linguística a partir de fenômenos linguísticos característicos da escrita em segunda
língua;
- Desenvolvimento de metalinguagem a partir dos fenômenos linguísticos abordados;
- Ampliação do vocabulário da língua portuguesa a partir dos textos e contextos abordados.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
- Atividade para identificação das funções dos gêneros resumo e resenha;
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NASCIMENTO, André Marques. Português Intercultural: Contribuições para a formação superior de professores indígenas numa perspectiva bilíngue
intercultural. Tese de Doutorado em andamento, Universidade Federal de Goiás: Goiânia, 2010.

- Leitura de resumos e resenhas para a inferência e sistematização de suas funções e características formais principais;
- Produção de resumos e resenhas escritos a partir da leitura de textos escritos e da audiência de produções audiovisuais com
temática indígena;
- Reescrita de textos;
- Oficina de língua materna: produção de coletânea com resenhas bilíngues, a partir da leitura de textos escritos e da audiência
de produções audiovisuais com temática indígena.
- Produção de relatório reflexivo-avaliativo sobre as aulas de Português Intercultural V

GÊNEROS TEXTUAIS ABORDADOS:


- Resumo, resenha, artigos de opinião, artigos acadêmicos, verbete, textos instrucionais, sinopse de filme, relatório.

3- Português Intercultural VI
Semestre: 7º / Carga horária: 40h
Ementa: Aspectos gerais do português escrito em contexto intercultural bilíngue/trilíngue e/ou bidialetal: funcionamento
gramatical e textualidade; Leitura e produção de textos argumentativos.

TEMA CONTEXTUAL: Argumentação para defesa de direitos indígenas

OBJETIVOS:
- Ampliar e aprofundar a reflexão sobre a capacidade argumentativa das línguas e o uso da argumentação na defesa de direitos
e no posicionamento sobre temas relevantes para as comunidades indígenas brasileiras;
- Ampliar/desenvolver as habilidades para produção de textos argumentativos escritos;
- Ampliar/desenvolver as habilidades para produção de argumentação oral em contextos públicos;
- Desenvolvimento e ampliação da reflexão linguística a partir de fenômenos linguísticos característicos da escrita em segunda
língua;
- Desenvolvimento de metalinguagem a partir dos fenômenos linguísticos abordados;
- Apreensão e uso de formas linguísticas usuais em contextos de maior formalidade;
- Ampliação do vocabulário da língua portuguesa a partir dos textos e contextos abordados.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
- Reflexão sobre a capacidade argumentativa da linguagem e seu uso para persuasão dos interlocutores;
- Identificação de contextos de uso da argumentação nas comunidades indígenas e nas relações interculturais, nas línguas
indígenas e na língua portuguesa;
- Atividade para identificação de funções dos textos argumentativos;
- Atividade para a elaboração e organização de argumentos para uma proposição;
- Leitura e interpretação de textos argumentativos concernentes à realidade indígena brasileira contemporânea e identificação
dos argumentos principais;
- Debate sobre temas polêmicos concernentes às populações indígenas brasileiras;
- Leitura e interpretação de texto envolvendo temática indígena para posterior posicionamento dos acadêmicos e acadêmicas
através de produção argumentativa escrita;
- Prática de recursos linguísticos necessários para a argumentação pública em língua portuguesa: conectores discursivos;
- Leitura, interpretação e produção de cartas argumentativas;
- Prática de recursos linguísticos necessários para a argumentação pública em língua portuguesa: formas de tratamento;
- Oficina de língua materna: elaboração de textos bilíngues para composição de material didático abordando a argumentação e
os diferentes recursos argumentativos nas línguas indígenas, bem como seus principais contextos de uso, a partir das
experiências individuais dos acadêmicos e acadêmicas;
- Produção de relatório reflexivo-avaliativo sobre as aulas de Português Intercultural VI.

GÊNEROS TEXTUAIS ABORDADOS:


- textos instrucionais-metalinguísticos; artigo de opinião, notícia, projeto de lei, reportagem, carta argumentativa, relatório.

4-Português Intercultural VII


Semestre: 8º / Carga horária: 30h
Ementa: Leitura e produção de textos literários/artísticos numa perspectiva intercultural bilíngue/trilíngue e/ou bidialetal;
Aspectos formais e estéticos do português escrito.

TEMA CONTEXTUAL: Linguagem e arte em contextos interculturais

OBJETIVOS:
- Refletir sobre o uso da linguagem para manifestação estética e artística na língua portuguesa e nas línguas indígenas;
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NASCIMENTO, André Marques. Português Intercultural: Contribuições para a formação superior de professores indígenas numa perspectiva bilíngue
intercultural. Tese de Doutorado em andamento, Universidade Federal de Goiás: Goiânia, 2010.

- Refletir sobre as diferentes concepções de arte e estética através da linguagem, em contextos interculturais, em diferentes
línguas;
- Apresentar gêneros textuais artísticos em língua portuguesa, bem como analisar os principais recursos linguísticos
empregados;
- Estimular a reflexão sobre gêneros textuais artísticos em línguas indígenas, bem como sua produção;
- Estimular a autoria e a auto-representação indígena através da produção de textos escritos estéticos/artísticos/literários;
- Desenvolvimento e ampliação da reflexão linguística a partir de fenômenos linguísticos característicos da escrita em segunda
língua;
- Desenvolvimento de metalinguagem a partir dos fenômenos linguísticos abordados;
- Ampliação do vocabulário da língua portuguesa a partir dos textos e contextos abordados.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
- Debate sobre a função estética da linguagem, as diferentes manifestações artísticas através da linguagem verbal e sobre a
existência de literatura indígena brasileira;
- Reflexão sobre produção artística nas línguas indígenas e na língua portuguesa;
- Atividade para identificação de gêneros textuais considerados artísticos/estéticos, orais ou escritos, nas comunidades
indígenas e reflexão sobre os diferentes recursos linguísticos empregados em sua produção;
- Leitura e interpretação de textos sobre autoria e poética indígenas;
- Leitura, produção e análise de textos artísticos/literários produzidos em língua portuguesa por autor@s indígenas brasileir@s;
- Produção de textos artísticos em língua portuguesa com temática indígena, para desenvolvimento da autoria e da auto-
representação indígena;
- Reescrita de textos;
- Oficina de língua materna: produção/compilação/tradução de textos artísticos/literários bilíngues de diferentes gêneros, para
composição de coletânea de autoria indígena.
- Produção de relatório reflexivo-avaliativo sobre as aulas de Português Intercultural VII.

GÊNEROS TEXTUAIS ABORDADOS:


- artigo, canto, mito, conto, poema, romance, relato de experiência, narrativas de memória, relatório.

5- Português Intercultural VIII


Semestre: 9º / Carga horária: 30h
Ementa: Aspectos gerais do português escrito em contexto intercultural bilíngue/trilíngue e/ou bidialetal: funcionamento
gramatical e textualidade; Leitura e produção de textos de divulgação científica: artigos acadêmicos/científicos; estrutura de
trabalho monográfico e relatório acadêmico.

TEMA CONTEXTUAL: A escrita acadêmica indígena em contexto intercultural

OBJETIVOS:
- Refletir sobre as formas e as finalidades da produção e da divulgação de conhecimento nas diferentes culturas;
- Refletir sobre a oposição entre conhecimento científico e conhecimento tradicional indígena: suas origens, estratégias de
legitimação e consequências;
- Refletir sobre a escrita de textos para divulgação de conhecimento;
- Ampliar/desenvolver as habilidades necessárias para a produção de textos escritos de divulgação de conhecimentos
produzidos sistematicamente em contexto acadêmico, com ênfase em artigos, trabalho monográfico, projetos e relatórios;
- Estimular a reflexão sobre novas/outras possibilidades de sistematização e divulgação de conhecimentos produzidos pelos
acadêmicos e acadêmicas indígenas;
- Desenvolvimento e ampliação da reflexão linguística a partir de fenômenos linguísticos característicos da escrita em segunda
língua;
- Desenvolvimento de metalinguagem a partir dos fenômenos linguísticos abordados;
- Apreensão e uso de formas linguísticas usuais em contextos de maior formalidade;
- Ampliação do vocabulário da língua portuguesa a partir dos textos e contextos abordados.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
- Debate sobre as formas de produção e de divulgação de conhecimento em diferentes culturas;
- Reflexão sobre a oposição entre conhecimento científico/universal e conhecimentos tradicionais indígenas através de debate e
de produção escrita;
- Leitura e interpretação de textos de divulgação de conhecimentos da sociedade não-indígena, em língua portuguesa, como
artigos e relatórios de pesquisa, para inferência das principais características formais e funcionais; sistematização das
principais características;
- Produção de artigos com base na experiência dos acadêmicos e acadêmicas na educação escolar indígena, com ênfase nas
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NASCIMENTO, André Marques. Português Intercultural: Contribuições para a formação superior de professores indígenas numa perspectiva bilíngue
intercultural. Tese de Doutorado em andamento, Universidade Federal de Goiás: Goiânia, 2010.

práticas de Estágio;
- Apresentação das principais características formais e funcionais de trabalhos monográficos a partir da observação de
trabalhos referentes à temática indígena; sistematização coletiva das principais características;
- Reflexão sobre novas/outras possibilidades de sistematização e divulgação de conhecimento produzidos em âmbito
acadêmico, a partir das diferentes relações entre oralidade e escrita, em língua portuguesa e nas línguas indígenas;
- Reescrita de textos produzidos pelos acadêmicos e acadêmicas;
- Oficina de língua materna: organização de coletânea com textos de divulgação de conhecimentos produzidos pelos
acadêmicos e acadêmicas, abordando aspectos de seu interesse em língua portuguesa e/ou nas línguas indígenas, para posterior
publicação.
- Produção de relatório reflexivo-avaliativo sobre as aulas de Português Intercultural VIII.

GÊNEROS TEXTUAIS ABORDADOS:


- artigos de divulgação de conhecimento, artigo de opinião, textos instrucionais, relatório, monografia, resumo, resenha.
 Português Intercultural: dimensões linguísticas abordadas a partir dos temas contextuais

 Gêneros textuais usados em contextos interculturais


- Atividades de letramento
-Leitura
- Escrita
- Reescrita de textos
 Oralidade
- Contextos de fala pública
 Reflexão (socio)linguística
-Aprofundamento da compreensão das estruturas linguísticas e da metalinguagem
- Relações entre línguas indígenas e portuguesa

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