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Po r u m a h i s tó ri a d a noção de
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patri mô ni o cult ural no B rasil
(...) Esses homens! Todos puxavam o mundo estruturar a partir dessa distinção da natureza
e
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para si, para concertar o consertado. Mas cada um dos objetos, organizando-se em setores
só vê e entende a coisa dum seu modo. de patrimônio material e imaterial – bem
Guimarães Rosa. Grande sertão veredas. como à proposição de projetos e ações que a
reforçam, apresento algumas considerações
Neste artigo, proponho uma viagem sobre a história dessa divisão, para estimular
prospectiva sobre a possibilidade de pensar o desenvolvimento e a proposição de projetos
novos paradigmas para a preservação do integrados e integradores da noção de
do
patrimônio cultural, que efetivamente patrimônio cultural.1 Ao focar especialmente
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operem com uma noção de patrimônio determinados aspectos que se consagraram
cultural integradora. Para isso, é preciso em versões oficiais da história da preservação
começar por uma trilha retrospectiva, a fim do patrimônio cultural no Brasil, espero
de compreender os motivos e os sentidos levantar algumas pistas que possam nos levar a
da divisão, nas ações atuais de preservação outras leituras possíveis e ao aprofundamento
no Brasil, entre a materialidade e a das pesquisas sobre o assunto.
imaterialidade do patrimônio cultural. Em 1980, a primeira versão oficial sobre 147
A noção de patrimônio cultural – a história da preservação do patrimônio
categoria-chave para a orientação das cultural no Brasil foi publicada pela Secretaria
políticas públicas de preservação cultural do Patrimônio Histórico e Artístico
– é historicamente constituída e tem se Nacional e Fundação Nacional Pró-Memória
transformado no tempo. No Brasil, as (Sphan/PróMemória), intitulada Proteção e
singularidades da trajetória de formação revitalização do patrimônio cultural no Brasil:
do campo de patrimônio levaram a uma uma trajetória. Nessa obra, delineava-se
configuração dicotômica dessa categoria, uma trajetória das ações de preservação
dividida entre material e imaterial. Não há,
hoje, vozes dissonantes em torno do consenso 1. Alguns poucos projetos foram desenvolvidos no Iphan,
até o momento, com essa preocupação desde a publicação
de que se trata de uma falsa divisão, numa do decreto nº 3.551/2000, que institui o Registro de Bens
Procissão da Glória na
Festa da Boa Morte, em
aparente unanimidade sobre o assunto. Culturais de Natureza Imaterial. Dentre eles, podemos citar o Cachoeira (BA) evidencia
o caráter indivisível do
projeto Rotas da Alforria: trajetória das populações afrodescendentes patrimônio cultural
No entanto, na medida em que a referida na região de Cachoeira (Iphan, 2008), desenvolvido na Copedoc/ Foto: Renata Gonçalves, 2005.
Projeto Rotas da Alforria,
Iphan e o projeto desenvolvido pela Superintendência Regional
divisão tem levado à reestruturação das do Iphan em São Paulo sobre o Bairro do Bom Retiro na capital
Copedoc/Iphan
Andrade2 de preservar construções deixadas da equipe dele (Prudente de Moraes Neto e Afonso
pelos holandeses no Recife. Esta versão Arinos trabalharam com ele antes da formação
oficial também introduziu uma periodização da equipe de arquitetos). Grande contribuição de
que se tornou consagrada, organizando em Mário de Andrade para o patrimônio foi ter-nos
duas grandes fases a trajetória institucional: trazido o Luís Saia (...)4
a fase heroica e a fase moderna.3 A partir dela,
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anteprojeto apresentado, em 1936, por Mário figura de Mário de Andrade como fundador
de Andrade a pedido do então ministro da das práticas de preservação cultural no Brasil
Educação e Saúde, Gustavo Capanema, para pareceu estratégica: ela empresta forte carga
a organização de um serviço voltado para a simbólica e concede legitimidade a todos
preservação do patrimônio, no qual propõe que pleiteiam parte de sua herança, apesar
a criação do Span (Serviço do Patrimônio da distância já constituída no tempo, de
do
Artístico Nacional), havia sido matricial mais de 50 anos da sua morte. No entanto,
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a atenção para os danos ético-políticos Distrito Federal (UDF), no Rio de Janeiro.
causados pela adoção de uma visão “histórica” Nesse percurso de construção, há
essencialmente cronológica e linear, bem diferentes concepções de patrimônio em
como suas consequências para as formulações jogo, em campos de ação que se cruzam
das políticas públicas por ela subsidiadas. (ou não) na trajetória histórico-política
Um ano antes de sua morte, em 1944, dessas concepções, com a demarcação de
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Mário de Andrade lembrava a Rodrigo M. questões e a constituição de temas tornados
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F. de Andrade seu orgulho de ser brasileiro.6 clássicos em cada um desses campos, até
E mais, sua honra em fazer parte daqueles a estabilização de nichos e a consolidação
privilegiados sujeitos históricos que, como de visões hegemônicas, inclusive com a
agentes do poder público, “inventaram” o separação de categorias por cada um deles.
Brasil. Minha intenção, aqui, não é realizar Quero dizer com isso que, embora diferentes
mais um estudo a respeito de Mário de grupos estivessem preocupados em conhecer
do
Andrade, o que há em profusão, com e preservar a cultura brasileira e em construir
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enfoques e perspectivas as mais variadas. uma identidade nacional (Vilhena, 1997;
Mas, antes, colocar em evidência aspectos Chuva, 2009; Bomeny, 1994), as relações
das políticas públicas para o campo do entre eles apontaram para tensões e disputas
patrimônio cultural no Brasil a partir da que, ao longo do tempo, definiriam as noções
construção histórica da noção de patrimônio, apropriadas pelas áreas de conhecimento que
distanciando-se da concepção de uma linha se estruturavam, tornando-se aparentemente
de continuidade em que bens culturais de nativas a tais campos. Bom exemplo são as 149
diferentes naturezas e tipos foram sendo associações correntes feitas entre patrimônio
agregados a essa categoria, segundo a qual histórico e artístico e arquitetura, cultura
praticamente tudo pode ser patrimonializado. popular e antropologia.
Quero sugerir a complexidade desse
processo, fortemente inserido no campo
político e também acadêmico-científico, A herança de Mário de
considerando que a partir dos anos 30, Andrade: trajetórias
enquanto as ações de preservação do bifurcadas
patrimônio eram introduzidas no âmbito
das políticas públicas, concomitantemente, Figura ímpar nos campos intelectual
ia se constituindo uma série de novos e literário brasileiros, Mário de Andrade
campos de conhecimento, fruto de divisões introduziu ideias fecundas acerca da cultura
e especializações e de lutas por autonomia, brasileira e das políticas públicas para a sua
preservação, as quais se tornaram balizas
6. Carta de 10/2/44, reproduzida em Andrade (1981:187). que inspiraram o pensamento brasileiro em
Po r uma hist ór i a da noção de pat r i mônio. . .
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Mário de Andrade tomando banho de rio na Praia do Chapéu Virado, em Belém (PA), 1927. Acervo: Arquivo Central do Iphan, seção Rio de Janeiro
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certos domínios da cultura – tanto aquele que não julgando pertinente essa distinção.
constitui o patrimônio histórico e artístico Suas viagens em missão ao Nordeste,
nacional com bens materiais (arquitetônicos; seguidas da ação no Departamento de
objetos de arte; conjuntos urbanos), quanto Cultura da Prefeitura de São Paulo, foram
aquele que se interessava pelas práticas as suas principais fontes de experiência
150 cotidianas ou extraordinárias, celebrações e para a construção de uma metodologia de
ritos, manifestações de arte. Seu idealismo, conhecimento da cultura brasileira de caráter
sua produção intelectual e sua capacidade de científico,7 que subsidiaria a criação, em 1947,
execução – apesar da morte prematura, em da Comissão Nacional de Folclore,8 e para
1945 – legaram aos brasileiros um vastíssimo a formulação das suas concepções de arte,
território semeado por seu pensamento cultura e patrimônio, que fundamentariam o
criativo, cheio de paixão e vivacidade, que anteprojeto para a criação do Span. 9
não envelheceu com o tempo.
É sabido que, nos anos 30, Mário 7. De acordo com Vilhena (1997), o caráter científico – termo
adotado na época – era considerado necessário às novas
de Andrade encarnou o papel de agente pesquisas para se distinguirem dos textos literários que
do poder público para a promoção da predominavam nos estudos folclóricos até então.
8. A Comissão Nacional de Folclore (CNF) foi criada em
cultura brasileira, lançando tanto as bases 1947, sendo uma das comissões temáticas do Instituto
para a ação do Estado na preservação do Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC),
organizada no Ministério das Relações Exteriores (MRE) para
patrimônio artístico no Brasil, quanto para ser representante brasileira na Unesco (Cf. Vilhena, 1997).
9. Sobre o sentido de arte pensado por Mário de Andrade
o conhecimento do folclore brasileiro – que como categoria mais abrangente ao propor a criação do Span,
denominava também de cultura popular, ver Chagas (2003).
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Feira em Ferrão Veloso (AL), registrada por Mário de Andrade. Acervo: Arquivo Central do Iphan, seção Rio de Janeiro
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Mas a diversidade de posições dos cultural brasileiro – de um nacionalismo não
vários intelectuais que fizeram parte da meramente retórico, mas constituído em
administração do governo Vargas não pode política de Estado pelo governo Vargas – os
ser ignorada e talvez seja possível afirmar, campos do patrimônio e do folclore tiveram
conforme Silvana Rubino (2002:153), que, suas trajetórias apartadas na origem.
no âmbito do patrimônio cultural, “não Ao que tudo indica, o (re)encontro 151
houve o monopólio dos modernistas. Talvez desses dois caminhos vai se dar somente
tenha sido deles, contudo, o monopólio na atualidade, incorporados, inclusive, em
da versão dos fatos, das publicações, termos institucionais dentro do Iphan, fruto
da ocupação do espaço intelectual”. As do surpreendente gigantismo alcançado pelo
diferenças presentes na gênese dessas campo do patrimônio cultural brasileiro.
políticas perduraram e “o que não coube A expansão desse campo tem abarcado
no Sphan virou, décadas depois, Funarte” um universo muito amplo de agentes
(Rubino, 2002:152). sociais, de bens e práticas culturais passíveis
Mário de Andrade apontava para uma de se tornarem patrimônio, bem como
concepção integral da cultura, na qual promovido uma série de consequências
concebia patrimônio em todas as vertentes sociais, políticas e administrativas relativas
e naturezas, sendo que o Estado deveria à sua gestão, tanto relacionada aos bens de
estar pronto para uma atuação integradora. natureza material, com sua proteção, quanto
Embora originados da mesma matriz aos bens de natureza imaterial, com as
andradiana e no mesmo contexto político- políticas de salvaguarda. Esse campo tem se
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tornado, progressivamente, multidisciplinar, A noção de patrimônio cultural tornou-
o que pode ampliar as possibilidades de se maleável e ampla, capaz de agregar
diálogo em busca de novos consensos. Sob valores, visões de mundo e ações políticas
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trabalho ou prestígio, essas disputas podem política, em que suas ideias são atualizadas
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conta de todos os aspectos que envolvem trabalhos de viés mais acadêmico,10 Mário
o trabalho com o patrimônio cultural – de Andrade é apresentado como mentor e
dificulta um olhar mais atento para as lutas fundador de um novo tempo. Inicialmente,
de representação travadas entre diferentes então, gostaríamos de analisar como se deu
setores e áreas, em busca desse domínio. a divisão entre esses dois campos de ação das
Na atualidade, a área do patrimônio políticas públicas: o do patrimônio e o do
152 engloba um conjunto significativo de questões folclore, que estavam unidos no pensamento
de ordem política, de relações de poder, de Mário de Andrade.
de campos de força e âmbitos do social.
Anteriormente alheio a essa prática, hoje o
patrimônio toma em consideração questões O âmbito do patrimônio
relativas à propriedade intelectual, ao meio
ambiente, aos direitos culturais, aos direitos Para Antônio Gilberto Ramos Nogueira
difusos, ao direito autoral, ao impacto cultural (2005:50), a experiência e o aprendizado
causados pelos grandes empreendimentos,
além dos temas já tradicionais, como aqueles 10. Isso pode ser verificado na maioria dos artigos que tratam do
que envolvem questões de urbanismo e assunto. A reprodução dessa ideia pode ser vista em publicações
recentes (Cf. Chagas e Abreu, 2003; Lima F., Eckert e Beltrão,
uso do solo, expansões urbanas sobre áreas 2007); na Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional nº
históricas decadentes, questão habitacional 32/2006; na Revista Tempo Brasileiro nº 147, 2001. E também, em
diversos textos oficiais, tais como os encontrados em Iphan (2003
em áreas históricas urbanas e, principalmente, e 2006), além da publicação disseminadora dessa ideia, tratada
anteriormente (Iphan, 1980). O mesmo se repete na exposição
os limites que o tombamento impõe à de motivos para o encaminhamento do decreto nº 3.551/2000, já
propriedade privada. citado, como será visto adiante.
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das viagens realizadas por Mário de Andrade de um tratamento integral da cultura cuja
mostram que, em sua tentativa de construção trilha seria traçada na experiência, na
da nação, o passado seria uma matéria-prima metodologia de inventário, nas técnicas de
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a ser resgatada como referencial. Não um registro, na noção de arte com que trabalhava.
passado que não existe mais, mas justamente a Com o desmonte do Departamento
existência, nesse imenso Brasil, de diferentes e o consequente afastamento de Mário de
temporalidades, encontradas por ele em suas Andrade, o recém-criado órgão federal de
missões ao interior do Brasil, distante de São patrimônio – o Sphan – não tomou para
Paulo ou das grandes cidades; distante das si aquelas funções de caráter nacional,
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elites e da sua erudição europeia e bastante curiosamente exercidas por um departamento
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próximo do popular, encontrado no próprio municipal, ainda que Mário de Andrade
tecido social, a ser apreendido por meio do tenha tentado, sem sucesso, que o Ministério
que vem do olhar, do escutar, do saborear, da Educação e Saúde as incorporasse.12 Na
do conversar. Nicolau Sevcenko (1992) conjuntura política do Estado Novo, foi, sem
analisa de modo brilhante o surgimento do dúvida, graças à forte amizade entre Mário de
moderno como um valor positivo, durante os Andrade e Rodrigo Melo Franco de Andrade
do
anos 20, e a sua progressiva vinculação com que o primeiro conseguiu, depois de alguns
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a ideia do “popular” associada àquilo que é anos no Rio de Janeiro, ser abrigado no Sphan
autenticamente brasileiro. Sobre o popular, como funcionário da Representação Regional
lugar da redescoberta do Brasil, foi feito do Serviço em São Paulo, sob a direção
imenso esforço de pesquisa e se construiu, de seu amigo e discípulo nas missões de
pela primeira vez, segundo o autor, o vínculo pesquisa folclórica, o arquiteto Luís Saia
entre distinção social, sofisticação, passado (Chuva, 2009).
colonial e raiz popular.11 Até aquele momento, poder-se-ia 153
No curto período de 1936 a 1938, Mário imaginar a existência de um pensamento
de Andrade organizou a Missão de Pesquisas integrado em torno de um mesmo projeto,
Folclóricas, no Departamento de Cultura do tendo em conta a apresentação de Rodrigo
município de São Paulo; busca etnográfica Melo Franco de Andrade (1937:4) no
em que realizou seu maior investimento primeiro número da Revista do Sphan, ao
no sentido de um inventário da cultura lamentar que “o presente número desde logo
brasileira. Mário de Andrade estruturou, a se ressente de grandes falhas, versando quase
partir do poder político local, um projeto todo sobre monumentos arquitetônicos,
de conhecimento e construção da nação como se o patrimônio histórico e artístico
brasileira. Nesse projeto, tinha a perspectiva nacional consistisse principalmente nesses”.
ainda que constituída pela mais ampla artes, e dominarem o campo do patrimônio
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ele valorizadas como partes constitutivas de Melo Franco, que percebia no branco
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Os estudos de Mário de Andrade
apontavam para registros etnográficos
condizentes com a produção intelectual
de sua época, que experimentava sua
primeira fase de institucionalização com a
criação da USP e a presença de uma série
de intelectuais estrangeiros e brasileiros.17
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Segundo Vilhena (1997), contudo, na
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medida em que as ciências sociais se
institucionalizavam no Brasil, dava-se,
progressivamente um afastamento da
temática folclorista no campo acadêmico.
Na administração pública, o
distanciamento entre as vertentes do
do
patrimônio e do folclore tornou-se evidente
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com a criação da Comissão Nacional do
Folclore, em 1947, no Ministério das
Relações Exteriores (MRE), por um
grupo de intelectuais que almejava o
reconhecimento do folclore como saber
científico. Eles ramificaram o movimento
em comissões estaduais, promoveram 155
da Dphan nas reuniões da Comissão Nacional do um projeto e assumiu uma missão voltada
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do campo do patrimônio cultural em escala de Cultura” (Miceli, 1984:57), de 1975, durante
global, que vinha se constituindo desde o final a gestão de Ney Braga no Ministério da Educação
da 2ª Guerra Mundial, alcançou seu ápice com e Cultura, que inseriu o domínio da cultura
a aprovação final da Convenção do Patrimônio entre as metas da política de desenvolvimento
Mundial Cultural e Natural, de 1972, que social do período.18 Ainda que nos tempos de
vinha sendo desenhada desde a década anterior Getúlio Vargas enormes investimentos tenham
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(Leal, 2008), na Assembléia Geral da Unesco. sido feitos no campo cultural, esse foi o primeiro
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Para Eric Hobsbawm (1993), as décadas documento que formalizou um conjunto de
de 1970 e 1980, por ele denominados de “as diretrizes e previu colaborações intersetoriais,
décadas de crise” do capitalismo, marcaram envolvendo parceiros históricos em projetos
um novo tipo de concorrência em termos culturais pontuais, como o Ministério das
globais. Associado a outros fatores estruturais, Relações Exteriores e o Ministério da Justiça,
o advento da tecnologia promoveu um severo além de considerar a participação dos outros
do
enfraquecimento dos Estados e a expansão níveis do poder público.
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fantástica do poder transnacional do capital a Nessa nova política, foram germinadas
ignorar as fronteiras nacionais. Novos valores e ideias relacionadas à diversidade e pluralidade
clivagens foram sendo constituídos a partir desse cultural da sociedade brasileira, integrando os
contexto, e esmaeceram a ideia de nação em Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs),
favor do fortalecimento de recortes identitários formulados na ditadura militar, especialmente,
de outras naturezas, como por exemplo, a partir do governo do general Ernesto Geisel.
religiosa, étnica, ideológica, de gênero etc. Na leitura de Miceli (1984), os dois órgãos do 157
Novas concorrências se instalaram, portanto, e a MEC que atuavam na preservação da cultura –
identidade nacional foi reconfigurada, sofrendo o Iphan e a CDFB – sofreram transformações
transformações significativas. É nessa conjuntura significativas nesse novo contexto. Ao analisar
que ocorre a ampliação da noção de patrimônio aquele momento da formulação de uma política
cultural, em que novos objetos, bens e práticas nacional de cultura, que promoveu a coesão
passam a ser incluídos ou a concorrer para se das inúmeras ações dispersas em diferentes
tornarem patrimônio cultural. De um modo agências do Estado, Miceli compreendeu que
geral, tal ampliação tem sido explicada em o campo cultural encontrava-se dividido em
função da guinada antropológica no âmbito das duas frentes: uma executiva e outra patrimonial.
ciências sociais, a partir da qual a cultura passou A frente executiva foi formada com a criação
a ser observada como processo, e as relações
cotidianas tornaram-se objetos de investigação.
18. A respeito da Política Nacional de Cultura, ver artigo de
No Brasil, os estudos de Sérgio Miceli sobre Lúcia Lippi de Oliveira (2007); sobre o Conselho Federal de
Cultura, de 1971 a 1974, ver artigo de Lia Calabre (2006);
política cultural são ainda importante ponto de sobre a política cultural da Funarte, ver artigo de Isaura
partida para se compreender aquele que teria Botelho (2000).
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Forte Coimbra à margem direita do rio Paraguai, na cidade de Corumbá (MS). Tombamento realizado pelo Iphan na década de 1970. Foto: Edgar
Jacintho, 1975. Acervo: Arquivo Central do Iphan, seção Rio de Janeiro
do
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O CNRC propunha uma associação entre Sphan/Pró-Memória, nasceu exatamente de
cultura e desenvolvimento que se coadunava uma brecha encontrada por Aloísio Magalhães
aos parâmetros fornecidos pelos PNDs, que na estrutura de poder do Estado brasileiro.
por sua vez propunham uma desconcentração Considerando esses aspectos, tornam-se
da riqueza do país no Centro-Sul e uma maior mais compreensíveis os motivos que levaram
assistência às regiões Norte e Nordeste, a tais escolhas, pois apesar das críticas feitas à
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visando ao seu desenvolvimento. Segundo folclorização da cultura popular, é evidente que o
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Miceli (1984), num momento de crise, foco das ações do CNRC o aproximava bem mais
em que corria o risco de ver os projetos da frente executiva da cultura – tendo em vista
do CNRC ficarem sem continuidade, os estudos desenvolvidos pela CDFB, seguida
Aloísio Magalhães conseguiu articular-se pelo INF – do que da frente patrimonial. Além
politicamente e assumir a presidência do disso, uma série de reformulações conceituais
Iphan, para onde levaria os projetos e toda a no campo do folclore vinha se concretizando em
do
equipe do CNRC.22 Transformando o risco razão das críticas oriundas do âmbito acadêmico
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em oportunidade de se fortalecer em termos desde a década de 1950. Dessa forma, vinha se
políticos, ele ocupou estrategicamente o processando uma aproximação progressiva da
comando da frente patrimonial, naquele visão matricial de Mário de Andrade, em que
momento, mais enfraquecida, dando-lhe não haveria distinções marcadas entre folclore e
novo fôlego. Com a criação da Fundação cultura popular, mas que vinha constituída, sim,
Nacional Pró-Memória, Aloísio Magalhães pela diversidade de expressões culturais.
promoveu ainda a incorporação de vários 159
outros órgãos da esfera da cultura que se
encontravam em condições bastante precárias Por um novo paradigma
naquele momento,23 o que proporcionaria o da preservação do
crescimento e a requalificação significativos patrimônio cultural
do setor cultural, cujos resultados se
verificariam na década de 1980. Ao que tudo Esse panorama do campo cultural do
final dos anos 70 ainda tem muitas lacunas a
serem preenchidas.
22. Nessa reforma, o Programa das Cidades Históricas (PCH),
também originário de setores econômicos e de planejamento, No contexto da época, várias estratégias
foi, da mesma forma, levado para o campo político da cultura, foram adotadas para dar sentido à reforma
por meio de sua incorporação ao Iphan (Sant’Anna, 1995).
23. A Fundação Nacional Pró-Memória foi criada em institucional que se promovia com a junção
sua gestão, como braço executivo do antigo Iphan, agora do CNRC ao Iphan e não àqueles que se
Subsecretaria do Ministério da Educação (Sphan). A Fundação
incorporou uma enorme gama de instituições de cultura, como apresentavam como herdeiros de Mário de
a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Belas-Artes, o
Museu Histórico Nacional, centralizando então o processo de
Andrade e que formularam políticas para
modernização dessas unidades nos anos 1980. a cultura popular, agora ligados à Funarte.
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Dentre essas estratégias, foi necessário forjar
um elo entre as diferentes frentes de ação
do Estado que, historicamente, estiveram
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identidade brasileira, trazendo para a cena para nosso patrimônio cultural. Um consenso que
jurídico-política a noção de bens culturais de se forja na pregação da Mário de Andrade, Câmara
natureza imaterial.25 Cascudo e Aloísio Magalhães e de tantos outros
Na década de 1990, o resultado do líderes e intelectuais (Iphan, 2003:72).
Grupo de Trabalho do Patrimônio Imaterial
e da Comissão de assessoramento ao Grupo Por sua vez, o Grupo de Trabalho
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de Trabalho – criados pelo Ministério que subsidiou a elaboração do decreto, ao
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da Cultura26 com a tarefa de elaboração apresentar seu relatório final, afirmava que
de uma nova legislação que atendesse em função do enorme problema em se
às especificidades da preservação do
patrimônio imaterial, conforme determinava estabelecer dispositivos de proteção para
a Constituição – se concretizaria em 4 de equacionar questões específicas que o uso e
agosto de 2000, com a assinatura do decreto a comercialização desses produtos envolve
do
nº 3.551, que instituiu o Registro de Bens (...) optou-se por iniciar um trabalho de
R evista
Natureza Imaterial e criou o Programa identificação, inventário, registro e conhecimento
Nacional de Patrimônio Imaterial. Esse do patrimônio imaterial de relevância nacional
Programa, inicialmente vinculado ao antes (Iphan, 2003:19).
Ministério da Cultura, foi transferido em
2003 para o Iphan, que absorveu todas as À semelhança das proposições de Mário
atribuições relativas ao patrimônio imaterial.27 de Andrade e também da tradicional política
No encaminhamento ao ministro da de patrimônio do Estado brasileiro, manteve- 161
Cultura, de 9 de setembro de 1999, a se a preocupação em atribuir um valor
Comissão assim tratava o assunto: nacional às manifestações culturais passíveis
de registro. Nesse contexto, isso significou
25. Lê-se, no artigo 216 da Constituição Brasileira: “Constituem pensar e agir politicamente em relação à
patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material ou identidade cultural brasileira, cujo valor
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores
de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes primordial destacado é sua diversidade.
grupos formadores da sociedade brasileira (...)”.
26. A Comissão foi criada pela portaria nº 37 de 4 de março de
O marco de 1980, portanto, é significativo
1998, com a finalidade de estabelecimento de critérios, normas para se compreender as dificuldades atuais
e formas de acautelamento do patrimônio imaterial brasileiro,
e o Grupo de Trabalho, cuja finalidade era dar assessoramento para se construir uma noção de patrimônio
à referida Comissão, foi criado pela portaria nº 229, de 6 cultural integral, pois embora sejam evidentes
de julho de 1998, ambas assinadas pelo ministro da Cultura
Francisco Weffort (Iphan, 2003). Sobre a composição dos dois os avanços no sentido da preservação de bens
grupos citados ver também Iphan (2003). culturais de natureza imaterial, a origem
27. Interessante frente de pesquisa a ser desenvolvida é
investigar as correlações entre o grupo responsável pelo lobby na artificial, em termos conceituais, da unificação
Constituinte para formulação do capítulo da Cultura e o grupo
que tomará a frente, a partir de 1997, das novas diretrizes
desses universos distintos – material e
previstas internacionalmente para o campo do patrimônio. imaterial –, no momento de junção do CNRC
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e Iphan, tem impedido a identificação, com destacar aqui. O esforço em desconstruir
maior clareza, das diferenças de postura que se essa memória histórica vem ao encontro da
apresentam ainda hoje. necessidade de se problematizar a noção de
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Talvez a opção pela perpetuação da patrimônio cultural por meio de uma efetiva
memória histórica que estabelece uma linha investigação da sua trajetória histórica, tendo
de continuidade dos anos 30 até hoje, por em vista seu papel na configuração do campo
meio da atualização do mito fundador de e das políticas de preservação cultural.
Mário de Andrade, venha obscurecendo os A divisão entre patrimônio material e
antagonismos e dificultando a percepção imaterial é, conceitualmente, enganosa, posto
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dessa trajetória e os recortes temporais que bem como da ideia de um patrimônio cultural
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propusemos como rupturas nesse processo, não divisível não tem se revelado o melhor
visando tirar da obscuridade aspectos até caminho à formulação de novos paradigmas
então delegados a um segundo plano pela para a ação de preservação do patrimônio
visão hegemônica acerca dessa trajetória. Suas cultural, condizentes com as questões colocadas
nuances foram obscurecidas por não se ter na agenda contemporânea. Nesse caminho,
dado luz a momentos e fatos que buscamos demarcamos alguns passos já dados e que
162
Paneleira moldando
panela de barro com
a cuia. Goiabeiras (ES)
Primeiro Registro de
Patrimônio Imaterial na
categoria de saberes,
realizado pelo Iphan
Foto: Márcio Vianna
Acervo: DAF/Iphan, Brasília
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podem ser pistas para melhor se desenhar uma com frequência, em sítios urbanos tombados
perspectiva integradora do patrimônio cultural: como patrimônio cultural. A percepção da cidade
1) Os valores identificados nos bens apenas como patrimônio cultural material induz
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culturais, visando a sua patrimonialização, são a um entendimento limitado dos moradores e
atribuídos pelos homens e, portanto, não são usuários cujos modos de vida estão vinculados
permanentes, tampouco são intrínsecos aos àquele espaço. Se esta população for expulsa do
objetos ou bens de qualquer natureza. Logo, sítio tombado, cabe perguntar o que exatamente
os processos de patrimonialização de qualquer se pretendia preservar naquele amontoado de
tipo de bem cultural de qualquer natureza pedra e cal.
e
P atrimônio H istórico
devem colocar em destaque os sentidos e os A noção de referência cultural,
M árc ia Ch u va
significados atribuídos ao bem pelos grupos formulada nos anos 70, foi fundamental para
de identidade relacionados a ele. Contudo, a inclusão dos grupos sociais como sujeitos no
os instrumentos a serem adotados para sua processo de seleção do patrimônio cultural.
efetiva proteção ou salvaguarda podem Sem perdê-la de vista, outras noções, como
variar e serem aprimorados de acordo com a a de paisagem cultural, têm se tornado
natureza e o tipo do bem cultural. importantes nesse processo. Originariamente
do
2) Os sujeitos produtores de sentidos são lançada pela Unesco, a categoria de paisagem
R evista
vários, diferenciados e deveriam ser confrontados cultural talvez seja, hoje, um dos principais
em fóruns de discussão. Nas ações de proteção passos dados no sentido da superação da
e salvaguarda, os sujeitos a que nos referimos falsa dicotomia entre patrimônio material
são aqueles cujas relações estabelecidas com e imaterial, pela ênfase na relação entre o
os bens culturais os tornam constituintes e homem e o meio, especialmente se associada
constituídos por tais bens, numa dialética à noção de lugar, não como uma categoria de
construção de identidades por meio de elos patrimônio imaterial, mas como um dos elos 163
comuns ao grupo. Por haver uma concorrência pertinentes para constituir um patrimônio
para a atribuição de valores por grupos que se cultural integral.29
diferenciam por interesses diversos, as políticas Como procurei apontar aqui, a noção
públicas de patrimônio precisam, portanto, de patrimônio cultural não é desinteressada.
explicitar quem são os sujeitos que estão sendo E, por isso mesmo, não se trata de
privilegiados, para que não se tornem políticas descobrir uma noção verdadeira, pois ela
“lobistas”. A título de exemplo, podemos pensar
nos processos de gentrificação,28 que ocorrem,
29. No Brasil, a categoria de paisagem cultural ainda não
se constituiu em um instrumento de gestão do patrimônio
cultural, não gerando consequências normativas ou legais
28. O termo gentrificação é a versão do inglês gentrification, com sua aplicação. Para refletir sobre a noção de paisagem
utilizado para denominar uma espécie de enobrecimento cultural e patrimônio ver Ribeiro (2007). Vale a pena um maior
(gentry) de áreas históricas decadentes ou deterioradas, por meio investimento no sentido de se incluir a noção de diversidade
da implementação de projetos urbanos de reforma visando a cultural dentre as categorias que podem operacionalizar uma
sua requalificação, nos quais as populações nativas são expulsas noção de patrimônio cultural integral, desde que pensada
direta ou indiretamente, por meio de desapropriações ou por de modo ampliado e não somente relacionada às práticas
optarem pela venda do seu imóvel inserido na referida área recorrentemente classificadas como chamado patrimônio
valorizada. Para o assunto ver Zukin (2000) e Tamaso (2006). imaterial. Sobre essa categoria, ver Oliveira (2004).
Po r uma hist ór i a da noção de pat r i mônio. . .
não é única. Trata-se de explicitar a noção Referências
em uso e as divisões que ela provoca,
considerando as lutas de representação
A rtístico N acional
Estabelecer novos paradigmas para Freyre, Gilberto. Mocambos do Nordeste, 1937. (Série
Publicações do SPHAN, nº 1).
a preservação do patrimônio cultural,
________. Programa. Revista do SPHAN, nº 1, 1937.
enfrentando verdadeiramente a construção ARANTES, Antônio A. Patrimônio imaterial e
de uma noção de patrimônio cultural referências culturais. Revista Tempo Brasileiro. nº 147. Rio
de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2001.
integral, exigirá que as pistas aqui BOMENY, Helena Bousquet. Guardiães da razão.
apontadas, por vezes provocadoras, Modernistas mineiros. Rio de Janeiro: UFRJ-Tempo
do
estimulando investigações de maior fôlego política cultural, 1976-1990. Rio de Janeiro: Casa de
sobre a política cultural brasileira e o Rui Barbosa, 2000.
CALABRE, Lia. O Conselho Federal de Cultura. Brasília:
superlativo dimensionamento do campo
MinC, 2006.
do patrimônio cultural nos dias de hoje, CHAGAS, Mário. O pai de Macunaíma e o patrimônio
tornado lugar estratégico das políticas de espiritual. Em Chagas, Mário e Abreu, Regina
(orgs.). Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos.
Estado. A perspectiva histórica é um dos Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
164 caminhos para esse exercício. CHUVA, Márcia. Os arquitetos da memória. Sociogênese
Mercado Ver-o-Peso em
Belém (PA), tombado
pelo Iphan em 1977 nos
Livros Histórico, de Belas-
Artes e no Arqueológico,
Etnográfico e Paisagístico, e
em processo de inventário
para o registro como
patrimônio imaterial na
categoria de lugar:
1 – Cais de Venda do
Pescado. Foto: E. Cavalcante,
1974. Acervo: Arquivo Central do
Iphan, seção Rio de Janeiro
2 – Mercado da Carne –
Balcões de Vendas
Foto: E. Cavalcante, 1974
Acervo: Arquivo Central do 1 2
Iphan, seção Rio de Janeiro