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Aula 4: Disciplina de Metodologia de Investigação Particular, Curso Superior


de Tecnologia em Investigação Particular.

Chapter · August 2018

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Alexandre Vuckovic
Fundación Universitaria Iberoamericana
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METODOLOGIA DE
INVESTIGAÇÃO PARTICULAR
AULA 04

Prof. Mestre Alexandre Vuckovic


PRÁTICA INVESTIGATIVA

CONVERSA INICIAL

Nesta aula tomaremos conhecimento das ações de investigação de


campo, propriamente ditas, onde aprenderemos a preencher e analisar a Ficha
do Sindicado, assim como levantar dados e informações importantes para
atingir o objetivo ou escopo da investigação, fazer análise de rotina,
procedimentos de campana, tais como: preparação de campo, abordagens
direitas e indiretas, diligências, análise ambiental, captação de dados,
inviolabilidade do sindicado, arquivamento de dados e relatório de investigação.

TEMA 1 – INICIANDO A INVESTIGAÇÃO DE CAMPO

Por ocasião do primeiro contato com o prostect, ou seja, o cliente em


potencial, o qual está buscando orientação profissional para o seu caso, o
Investigador Particular deve proceder à entrevista inicial para coleta de dados.
Em havendo o aceite de ambas as partes para a contratação dos
serviços de investigação particular, deve, necessariamente haver a
formalização do mesmo através da celebração de um contrato formal.
Tão logo essa formalização seja concluída, o Investigador deve, como
vimos na Aula 03, realizar o planejamento de investigação deste caso concreto,
pois por mais que a investigação seja sobre a mesma temática, como por
exemplo, infidelidade conjugal, o sindicado é outro e, portanto, passível de
nova coleta e análise de dados, como veremos nos tópicos que seguem.

1.1 Análise da Ficha do Sindicado

A chamada “Ficha do Sindicado” deve ser desenvolvida de acordo como


as necessidades pessoais de cada Investigador, ou se este trabalhar para uma
Agência de Investigação, deverá utilizar o formulário corporativo padrão
fornecido pela mesma.
De modo a tornar o processo de investigação mais célere e preciso,
sempre que possível, o Investigador deve tentar preenchê-la durante a
entrevista inicial com o cliente, pois poderá obter as informações de que
necessita diretamente com uma das pessoas mais próximas do sindicado,
poupando assim, tempo com a coleta de dados em campo.
Uma vez preenchida a Ficha do Sindicado, parte-se para a análise desta
no sentido de se traçar um perfil do mesmo, verificando quais informações
essenciais para a investigação precisam ser levantadas de modo a atingir o
escopo do contrato.

1.2 Levantamento de Dados

O levantamento de dados pode inicialmente, ser realizado no próprio


escritório, utilizando-se sites de busca, redes sociais, órgãos públicos, tais
como: Tribunal Regional Eleitoral, Vara de Execuções Penais, Instituto de
Identificação do Estado, Cartórios de Registros de Imóveis, dentre outros.
Atualmente, dada a publicidade proporcionada pela Internet, assim como
a popularidade das redes sociais, geralmente consegue-se obter muitas
informações até sobre pessoas desaparecidas ou há muito falecidas.

1.3 Análise da Rotina do Sindicado

Indubitavelmente, se há a pretensão de obter provas materiais


incontestes contra o sindicado, torna-se imperativo ir a campo propriamente
dito, para fazer a coleta destas, seja através de um flagrante, de gravações,
fotografias, evidências materiais ou testemunhas.
Neste sentido, o Investigador deve, necessariamente, tomar
conhecimento da rotina do sindicado, pois obviamente que se o mesmo cumpre
expediente numa indústria, por exemplo, por óbvio que não haverá
necessidade daquele ficar entre 8 e 9 horas por dias fazendo campana na
porta da mesma.
Há que se tomar conhecimento sobre a hora que o sindicado sai de
casa, seu horário de expediente, trajetos percorridos entre a casa e o trabalho
e vice-versa, se estuda, local de seus estudos, locais que frequenta (academia,
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bares, restaurantes, igrejas, etc.), pessoas de seu relacionamento, dentre
outros.

TEMA 2 – PROCEDIMENTO DE CAMPANA

Ao mesmo tempo em que a campana é o momento mais esperado dos


Investigadores, pois envolve a emoção de seguir e investigar alguém sem o
seu conhecimento, fazendo-o se sentir um personagem do cinema o qual o
conduzirá ao objeto final do seu contrato, também é uma atividade estressante
e perigosa.
Estressante, pois o Investigador pode ter que passar horas a fio dirigindo
ou andando atrás do sindicado, esperando-o sair de um banco, empresa, local
de trabalho, cinema, motel, restaurante ou até mesmo deslocamentos para
outros estados, muitas vezes à mercê das intempéries, tais como excesso de
frio ou calor, chuvas ou ventanias.
Perigoso, pois nunca se sabe ao certo qual o trajeto que o sindicado vai
percorrer, com quem ele se relaciona, locais em que vai permanecer durante a
campana, se vai estar armado e, principalmente, como reagirá.

2.1 Preparação de Materiais de Campana

Dados todos os fatores relacionados anteriormente, é imprescindível


que, antes de sair para campo em ação de campana, o Investigador tome
alguns cuidados na preparação de seu Plano de Ação ou Checklist, de maneira
a certificar-se que está realmente preparado para esta atividade.
Antes de ir para as ruas, certificar-se antecipadamente, sobre as
condições climáticas e se está adequadamente vestido para com o clima do
momento. Ainda quanto às vestimentas, no caso de realizar uma campana em
ambiente fechado, como por exemplo, um restaurante ou evento, verificar se
está devidamente trajado para o mesmo. O mesmo cuidado também deve ser
tomado se for realizar uma incursão na praia, campo ou locais perigosos ou
distantes da região urbana.
O veículo a ser utilizado para a ação de campo é outro fator relevante,
pois um veículo de baixa potência terá dificuldades para seguir um modelo de
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maior potência. Outra variável a ser considerada é utilizar veículos para seguir
o sindicado em grandes centros urbanos, dado o alto tráfego e baixa
mobilidade. Neste caso o Investigador deverá optar por uma motocicleta a qual
poderá circular com maior liberdade no trânsito e despertar menos suspeitas.
Atentar para outros fatores menores, porém de vital importância para o
Investigador em atividade de campana, tais como: trazer consigo dinheiro em
espécie em diversas notas, pois nem todos os lugares aceitam moeda
eletrônica ou tem troco para devolver.
Verificar se os seus equipamentos eletrônicos estão com a manutenção
em dia e com as baterias carregadas, sendo indispensável lembrar-se de ter
consigo carregadores ou baterias portáteis.
Certifica-se de ter um equipamento de GPS no veículo, bem como no
celular um aplicativo de mapas eletrônicos e, como procedimento de
segurança, o chamado back-up, ter um mapa da cidade em mãos, o qual
poderá ser adquirido previamente em bancas de jornal ou livrarias.
Desnecessário dizer que um Investigador que não traz consigo uma
prancheta com papel e caneta não serve para esta profissão!

2.2 Abordagem do Sindicado

Trata-se do momento mais crítico da investigação de campo, onde o


Investigador conseguirá a prova de que necessita para cumprir o escopo de
sua investigação ou poderá colocar tudo a perder sendo descoberto pelo
sindicado.
Ao contrário do que os filmes de investigação e espionagem nos
mostram, o bom Investigador é aquele que consegue circular livremente por
qualquer ambiente sem levantar suspeitas. Em outras palavras, é condição
sine qua non para este profissional ser discreto e furtivo, caso contrário sempre
correrá o risco de ser descoberto ou de não conseguir obter as evidências de
que necessita.
Uma vez em contato direto e próximo do sindicado, o Investigador
poderá se deparar com duas situações distintas de abordagem, quais sejam:

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2.2.1 Abordagem Direta

Esta é a situação mais perigosa e indesejável a qual o Investigador pode


passar, sendo que a mesma deve ser evitada a todo e qualquer custo.
Esta ocorre quando o sindicado e o Investigador tem um contato visual,
do tipo “olho no olho”, a qual tanto pode ser perigosa no sentido deste ser
descoberto por aquele, quanto pela reação do sindicado, a qual pode ser
violenta e gerar uma situação de risco à integridade física dos envolvidos.
Quando este contato ocorrer com o sindicado e o mesmo abordar o
Investigador com perguntas ou de forma agressiva, o mesmo sempre deve
negar suas ações, desconversar e tratar de deixar o local rapidamente no
sentido de evitar agressões físicas e confirmar a sua posição de Investigador.
Dentro do que vimos anteriormente no tópico “Pensamento
Investigativo”, em toda e qualquer atividade de campana o Investigador sempre
deve ter um plano de fuga, para no caso de ser descoberto, evadir-se do local
rapidamente, tirando-o da situação de risco.
Mesmo que este contato ocorra sem levantar suspeitas sobre o
Investigador, ainda assim o mesmo deve preservar sua identidade, pois a
última coisa que um Investigador deve desejar é ter uma identidade pública e
conhecida por todos.

2.2.2 Abordagem Indireta

Esta situação é a mais comum e perfeitamente normal e ocorre quando


o Investigador tem contato à distância com o sindicado e consegue obter as
provas às quais estava buscando.
Neste tipo de abordagem podem-se obter fotografias, filmagens ou
gravações, as quais confirmarão as suspeitas do cliente ao contratar os
serviços de investigação particular.
Fica evidente que o Investigador não vai tirar fotografias do sindicado a
uma distância que comprometa a sua posição ou trabalho, tampouco usar flash
no horário noturno.
Atualmente os smartphones possuem tão boa resolução de imagens que
dispensa o Investigador de adquirir sofisticadas câmeras fotográficas, as quais

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acabam por demais chamando a atenção das pessoas quando portadas em
ambientes públicos.

TEMA 3 – DILIGÊNCIAS

No meio profissional investigativo, diligência tem o significado de “coleta


de prova”, sendo que toda atividade de campo do Investigador deve ser
considerada uma diligência, pois estará coletando provas para o seu caso.
Neste sentido, é imprescindível para o Investigador proceder
previamente à análise ambiental da qual será cenário da sua captação de
dados e como será realizada a mesma.

TEMA 4 – INVIOLABILIDADE DO SINDICADO

Um dos principais cuidados que o Investigador deve ter é quando da


obtenção de dados, sendo que jamais deve violar os direitos e garantias do
sindicado, sob pena de incorrer em crime.
Dentre as principais inviolabilidades, podemos citar: à intimidade, à vida
privada, à honra, à imagem, domiciliar, correspondências, comunicações e
dados telemáticos, sendo todos estes direitos constitucionais do cidadão.
Deverá ainda ter em mente que todo acusado tem o direito a ampla
defesa, contraditório e à presunção de inocência.

TEMA 5 – MANIPULAÇÃO DE DADOS

São todos os dados direta ou indiretamente relacionados ao sindicado


que vão desde a entrevista inicial com o cliente, a Ficha do Sindicado, assim
como todo o material coletado durante a investigação, tai como: gravações,
fotografias, arquivos eletrônicos, documentos digitais ou impressos, dentre
outros.
Todo este material deverá ser entregue ao cliente por ocasião da
conclusão das investigações, ou seja, quando o escopo do contrato for
cumprido.

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Devido ao fato do Investigador Particular não ter a mesma prerrogativa
que o Advogado quanto à inviolabilidade de seu ambiente de trabalho (art. 7º,
II, Lei Nº 8.906/94), bem como de seus arquivos físicos e eletrônicos, não
convém ao investigador manter estas informações consigo.
E, por último, ao entregar todo o material coletado durante a
investigação para o cliente, por medida de segurança, não se identificar em
hipótese alguma.

NA PRÁTICA

Assista ao vídeo a seguir para consolidar, na prática, os ensinamentos


adquiridos nesta aula: https://www.youtube.com/watch?v=OtWhix1N9ww.

FINALIZANDO

- Aprendemos como iniciar a investigação de campo através da análise da


Ficha do Sindicado, levantamento de dados e sobre o estudo da rotina do
mesmo.
- Vimos como executar a campana, preparação dos materiais e equipamentos
a serem utilizados e como abordar o sindicado.
- Entendemos o que vem a ser uma diligência e como executá-la sem violar os
direitos e garantias fundamentais do sindicado.
- Tomamos conhecimento sobre a manipulação de dados relacionados com a
investigação e como proceder com o relatório final da investigação.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Nº 8.906, de 4 de julho de 1994. Lex: Dispõe sobre o Estatuto da


Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 17ª ed. São Paulo:


Saraiva, 2013.

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