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Aula 1: Disciplina de Metodologia de Investigação Particular, Curso Superior de


Tecnologia em Investigação Particular.

Chapter · May 2018

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Alexandre Vuckovic
Fundación Universitaria Iberoamericana
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METODOLOGIA DE
INVESTIGAÇÃO PARTICULAR
AULA 01

Prof. Mestre Alexandre Vuckovic


INTRODUÇÃO À INVESTIGAÇÃO PARTICULAR

CONVERSA INICIAL

Nesta aula o aluno tomará conhecimento das origens da investigação,


trabalho de campo, assim como sobre o perfil do Investigador Particular,
saberá ainda diferenciar “investigação” de “espionagem” e planejar ações para
a realização criteriosa de uma investigação particular.

TEMA 1 – A PROFISSÃO DO INVESTIGADOR PARTICULAR

Talvez, devido à exploração ficcional de Hollywood, os filmes


abordando os temas “investigação” e “espionagem” há décadas atraem milhões
de expectadores ao redor do mundo, sendo garantia de público nas bilheterias.
Não é por acaso que o mais famoso dos espiões do cinema – 007
James Bond – está fazendo sucesso desde 1962, sendo que, deste ícone
surgiram muitos outros filmes, fazendo com que os expectadores se
encantassem não somente pelos dispositivos tecnológicos empregados, mas,
sobretudo, pela inteligência, perspicácia e sangue frio que são requeridos
destes profissionais.
Você é um destes aficionados pelos filmes de James Bond que cresceu
querendo entrar para este fascinante mundo? Vamos à nossa aula!

TEMA 2 – INTRODUÇÃO À PROFISSÃO DO INVESTIGADOR PARTICULAR

O Detetive Particular ou Investigador Particular [também conhecido


internacionalmente por «P.I», (leia-se «pi-ai»), de seu acrônimo em inglês,
Private Investigator], é o profissional que é contratado por uma pessoa (física
ou jurídica) ou grupo de pessoas para fazer investigações particulares.
O Investigador Particular pode trabalhar como autônomo, para
agências de detetives e investigações, escritórios de advocacia, companhias
de seguros, financiadoras, bancos e credores.
Seu trabalho pode consistir na busca por evidências de adultério,
conduta ilegal, desaparecimento de pessoas (crianças ou adultos), localização
de paradeiro, furtos, roubos, espionagem e contraespionagem industrial,
proteção de segredo industrial (patentes, projetos e copyright), planejamento
de segurança privada (pessoal e residencial), investigação forense (suicídios e
homicídios), produção de provas para efeitos legais (judiciais), rastreamento de
suspeitos, monitoramento eletrônico através de sistemas de áudio e vídeo
(pessoas e locais), levantamento e localização de bens, identificação de
documentos falsificados, localização de cargas roubadas, entre outros. Em
suma: é um vasto campo para se trabalhar e se desenvolver profissionalmente,
sobretudo, no Brasil onde há cursos de capacitação, sendo a profissão
regulamentada e havendo demanda por profissionais qualificados.
Durante suas atividades, o Investigador Particular deve estar sempre
atento à observação da ética profissional e, sobretudo, permanecer dentro da
legalidade, ou seja, não desenvolver atividades que não sejam permitidas
por lei ou que sejam exclusivas das forças de segurança pública, como por
exemplo, das polícias judiciárias, quais sejam: Civil e Federal.
Muitos Investigadores Particulares podem se especializar em apenas
um ramo de investigação, como por exemplo: localização de devedores,
vigilância eletrônica, espionagem industrial, localização de cargas roubadas,
dentre outros.
Os chamados Investigadores Corporativos são especializados em
empresas e negócios, e trabalham com antifraudes, proteção de propriedade
intelectual, segredo industrial, antipirataria e transmissão eletrônica de dados
(investigação do sistema de computadores da empresa).
As condições de trabalho do Investigador Particular são bastante
adversas, podendo este exercer atividades burocráticas em escritórios
(fazendo pesquisas na Internet, estudando leis, verificando provas, redigindo
relatórios), ou de campo (rastreando pessoas, vigilância/campana, observação,
filmagem, flagrante, coleta de dados e informações), entre outras.
Rotina é uma palavra que definitivamente está fora do vocabulário
deste profissional, pois devido às atividades de investigação, o mesmo não
está sujeito a horários, dias de trabalho e às condições climáticas. Em alguns
casos o trabalho pode ser tornar estressante e até perigoso.
Geralmente, o profissional trabalha desarmado, todavia, quando
alguma situação exigir o emprego de arma, ele deverá estar devidamente
habilitado com porte de arma, registro da mesma e estar apto a manusear

3
armas e munições. Lembre-se que o objetivo do Investigador Particular é obter
informações e não agir como agente da lei, ou seja, policial!

2.1 Perfil do Investigador Particular

Dentre os principais requisitos para se tornar um profissional de


investigação, estão: possuir bom nível escolar (quando mais qualificado
melhor); possuir formação como Investigador Particular (que pode ser
presencial ou à distância), sendo que a mesma pode ser adquirida através de
um curso de formação profissional, curso superior e/ou através de estágio em
uma agência devidamente credenciada; Registro do Cadastro do Contribuinte
Mobiliário (CCM) da Prefeitura Municipal da cidade onde atua, ter bons
antecedentes; raciocínio acurado; perspicácia; paciência; boa forma física;
conhecimento básico de eletrônica e informática; boa comunicação verbal e
escrita; boa aparência, discrição e noções de Direito.

2.2 Amparo Legal da Profissão

Segundo pesquisa e publicação realizada pela Agência de Detetive


Amaral1 (2019), a profissão de Investigador Particular tem respaldo legal,
sendo amparada pelas seguintes leis federais:

◆ MINISTÉRIO DO TRABALHO: Comissão de Enquadramento Sindical -


Seção Ordinária - Processo Nº 314.606/73, da Delegacia Regional do Trabalho
do Rio de Janeiro, anexou a categoria profissional de Detetive Particular no
Grande Grupo 5, sobre o código CBO 35-18-05, como ocupação lícita.

◆ CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES (C.B.O): Classifica o


Detetive Particular no Código CBO 35-18-05 como ocupação lícita em todo
território Nacional, publicado no Diário Oficial da União (D.O.U), em
22/06/1978.

1
Disponível em: http://www.detetiveamaral.com.br/legislacao.html. Acesso em 28 mar 2019.
4
◆ DECRETO Nº 76.900 DE 12/1975: Diário Oficial da União (D.O.U), de
24/12/1975, criou a RAIS, classificando o Detetive Particular sob o código 57-
80.

◆ PORTARIA DA SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA (SAF)


Nº 229/1981: Ministério da Previdência Social, classificando a profissão de
Detetive Particular para efeito da Previdência Social, Código 30.

◆ DECRETO FEDERAL Nº 50.532/61 de 03/05/1961: Dispõe sobre o


funcionamento das empresas de que trata a Lei Nº 3.099 de 24/02/1957,
ampara a empresa a ser registrada na Junta Comercial em qualquer Estado do
Brasil.

TEMA 3 – ORIGENS HISTÓRICAS DA INVESTIGAÇÃO

3.1 Contexto da Idade Antiga

A atividade de investigar é uma das mais antigas da humanidade e


remonta aos tempos bíblicos. Conforme está escrito no livro de Números
(13:16):

(BÍBLIA, Números 13:16) Estes são os nomes dos homens que Moisés
enviou a espiar aquela terra; e a Oséias, filho de Num, Moisés chamou
Josué.

Outras referências bíblicas às atividades de espionagem, podem ainda


ser encontradas em Números 13:17, Números 13:25, Números 13:32, Números
14:7, Números 14:36, Números 14:38, Números 21:32.

Conforme texto do livro de Josué (2:1), temos:

(BÍBLIA, Josué 2:1) E Josué, filho de Num, enviou secretamente, de


Sitim, dois homens a espiar, dizendo: Ide reconhecer a terra e a Jericó...

Ainda no Livro de Josué, temos outras quatro referências: Josué 2:2,


Josué 2:3, Josué 6:25 e Josué 14:7.

5
À luz do livro de Juízes (1:23), podemos encontrar:

(BÍBLIA, Juízes 1:23) E a casa de José mandou espias a Betel...

Outras citações a espionagem encontradas no Livro de Juízes: 18:2,


Juízes 18:14, Juízes 18:17.

No texto do livro de I Crônicas (19:3), encontramos:

(BÍBLIA, I Crônicas 19:3) Não vieram seus servos a ti, a esquadrinhar, e


a transtornar, e a espiar a terra?

Mais adiante, Novo Testamento, citamos o livro de Gálatas (2:4):

(BÍBLIA, Gálatas 2,4) E isto por causa dos falsos irmãos que se
intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que
temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão.

Consoante à compreensão dos textos bíblicos, podemos extrair duas


informações:

i. A atividade de espionagem tem aproximadamente 3.400 anos [1400 a.C.


(o fim do período da Idade do Bronze Antigo), quando da queda da
cidade de Jericó)];
ii. Josué foi o primeiro espião da humanidade (1450 – 1370 a.C.).

3.2 Contexto da Idade Contemporânea

Na Idade Contemporânea, podemos citar o francês Eugène François


Vidocq (23/07/1775 – 11/05/1857), como o primeiro investigador particular
moderno e escocês Allan Pinkerton (25/08/1819 – 01/07/1884), detetive e
espião, fundador da Pinkerton National Detective Agency (1850), a primeira
agência de detetives dos Estados Unidos, ainda hoje em operação.

TEMA 4 – INVESTIGAÇÃO E ESPIONAGEM: QUAL É A DIFERENÇA?

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Basicamente o que diferencia a investigação da espionagem reside na
sua legalidade.

4.1 O que é “investigação”?

Investigação é a constatação de um fato através da obtenção lícita de


evidências, pistas ou de informações, de forma autorizada pela justiça ou,
quando não autorizada, que não viole o ordenamento jurídico vigente do local
onde o investigador está operando.
Pode ser adotada por um investigador particular, investigador de polícia
ou até mesmo por empresas que queiram abrir uma sindicância interna para
apurar responsabilidades administrativas, civis ou penais.

4.2 O que é “espionagem”?

Espionagem é a apropriação indevida, portanto ilícita e ilegal, de


informações sigilosas de governos ou organizações sem autorização destes,
com o objetivo de obter algum tipo de vantagem, quais sejam: militares,
políticas, industriais, científicas, cibernéticas ou tecnológicas.
Só é permitida entre estados beligerantes, sendo que quando espiões
são capturados em tempo de guerra, geralmente são punidos com sentença de
morte ou mantidos sob custódia para futura troca de prisioneiros.
A espionagem em tempo de paz é um ato ilegal, portanto constitui
crime e está sujeito às sanções penais previstas em lei.

TEMA 5 – PLANEJAMENTO DA INVESTIGAÇÃO

Toda e qualquer atividade profissional, para que atinja seus objetivos,


precisa de planejamento prévio. O bom planejamento é condição sine qua non
para que o Investigador Particular possa coletar apropriadamente os dados de
que necessita para atingir os resultados esperados pelo cliente.
Neste sentido, antes de iniciar as atividades de campo, propriamente
ditas, o bom profissional deve estar preparado, o que equivale dizer que deve
reunir condições suficientes para realizar seu trabalho.

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Assim sendo, independentemente das ferramentas de planejamento
utilizadas, deve-se tomar ações prévias que garantam ao investigador a
execução destas, quais sejam: condições físicas, financeiras, logísticas,
tecnológicas (informática e eletrônica), objeto da investigação, prazos, dentre
outros.
Posteriormente, estudaremos, em detalhes, as ferramentas de
planejamento mais utilizadas pelo investigador e, por conseguinte, como se dá
o início do seu trabalho de campo.

NA PRÁTICA

Assista ao vídeo a seguir para consolidar, na prática, os ensinamentos


adquiridos nesta aula: https://www.youtube.com/watch?v=gjrJSh2OWBY.

FINALIZANDO

- Aprendemos o que é a profissão de Investigador Particular.


- Vimos que o Investigador Particular deve seguir suas ações pautadas no seu
Código de Ética Profissional.
- Que os Investigadores Particulares podem trabalhar para particulares ou para
corporações.
- Entendemos que a investigação teve dois contextos históricos distintos, ou
seja, inicialmente com viés de espionagem e, posteriormente, com viés
investigativo, sendo esta reconhecida como profissão.
- Aprendemos que devemos realizar um bom planejamento antes de iniciar as
operações de campo.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia de Estudo Almeida. São Paulo: Sociedade
Bíblica do Brasil, 2017.

BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO: Comissão de Enquadramento Sindical


- Seção Ordinária - Processo Nº 314.606/73.

BRASIL. Decreto-lei Nº 76.900, de 23 de dezembro de 1975. Lex: Institui a


Relação Anual de Informações Sociais – RAIS e dá outras providências.
8
BRASIL. PORTARIA DA SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA
(SAF): 229/1981.

BRASIL. Decreto-lei Nº 50.532/61, de 03 de maio de 1961. Lex: Dispõe sobre o


funcionamento das empresas de que trata a Lei número 3.099, de 24 de
fevereiro de 1957.

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