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CONSIDERAÇÕES SOBRE O CRESCIMENTO E A MATURAÇÃO NA GINÁSTICA

ARTÍSTICA

Profª. Ms. Mariana Harumi Cruz Tsukamoto


Profª. Dra. Myrian Nunomura

Introdução

A prática de atividades físicas e esportivas desempenha um papel importante na vida do ser humano.
Há uma série de discussões e debates em relação às influências da atividade física e esportiva sobre
o crescimento e maturação. A Ginástica Artística (GA) é lembrada com muita freqüência, pois é
apontada como uma das modalidades que mais provoca o surgimento de características específicas
aos seus praticantes, como por exemplo, a estatura baixa.
De acordo com Gallahue e Ozmun (2001), o genótipo do indivíduo (potencial de crescimento)
estabelece os limites para o crescimento individual e o fenótipo (condições ambientais) tem influência
marcante no alcance desse potencial de crescimento.
Segundo Roewland (2000), é necessário que, ao trabalhar com crianças e adolescentes, o
profissional tenha conhecimentos dos riscos inerentes a pratica esportiva.
Os eventos de crescimento e maturação manifestam-se de forma mais intensa nas duas primeiras
décadas de vida. O crescimento, de acordo com Malina e Bouchard (1991), pode ser definido como o
aumento do tamanho do corpo como um todo ou das dimensões de partes específicas do mesmo; no
caso da maturação, ela é estabelecida como o tempo e o timing da progressão em direção a um
estado biológico maduro.
As alterações que caracterizam o crescimento e a maturação são, em geral, desencadeadas por uma
série de fatores genéticos, hormonais, nutricionais e ambientais e/ou interação entre eles. No período
da puberdade e da adolescência as mudanças processam-se de uma forma muito perceptível como,
por exemplo, alteração na composição corporal e maturação sexual e esquelética. Alguns indicadores
como o IMC (índice de massa corporal), o PHV (pico de velocidade de crescimento) e o aparecimento
das características sexuais secundárias são utilizados pelos pesquisadores para avaliar o processo
de crescimento e de maturação em crianças e adolescentes.

Crescimento, maturação e atividades físicas e esportivas

Os praticantes de esporte, assim como todos os indivíduos, atravessam uma série de estágios de
desenvolvimento. Dessa forma, é importante que o profissional mantenha o praticante em
perspectiva, o esporte deve ser adaptado à realidade de seus praticantes. É preciso levar em
consideração as capacidades cognitivas, físicas, emocionais e sociais dos praticantes aos planejar
um programa de treinamento.
O processo de crescimento e de maturação pode ser classificado em adiantado (um ano ou mais
antes da média), normal (dentro da média de uma população) ou tardio (um ano ou mais depois da
média). O desvio da curva de crescimento pode ser causado por fatores intrínsecos (genética ou
hipotiroidismo), ou extrínsecos (nutrição deficiente). No caso da tendência genética a uma maturação
tardia, não há como prevenir.
A maturação tardia ou adiantada traz reflexos diretos no desempenho nas modalidades esportivas.
Meninos com maturação adiantada apresentam um porte físico privilegiado. No caso das meninas,
ocorre o contrário. Aquelas que apresentam maturação tardia parecem ter melhore resultados.
De acordo com Malina (1994), o envolvimento em atividades físicas e esportivas não apresenta
efeitos sobre o crescimento ou da maturação. Bailey & martin (1988) apontam o treino intensivo
precoce como um importante fator causador de possíveis influências no crescimento e
desenvolvimento de atletas.

Crescimento, maturação e ginástica artística

A GA é um caso clássico. Realmente é o que constatamos ao analisarmos os dados de diferentes


estudos. Os resultados evidenciam que os ginastas destoam da média populacional ou diferem de
outras modalidades esportivas. Os estudos são sobre atletas e as diferenças podem aparecer em
virtude do nível de treinamento, técnicas de medidas e tamanho das amostras dos estudos.
Portanto, de uma forma geral, os estudos não são conclusivos em relação à influência do treinamento
esportivo em especial da GA, sobre o crescimento e maturação dos atletas. Não motivos para
condenar a prática da modalidade quando os limites são respeitados e é traçado um programa de
treinamento coerente.

E quanto aos não atletas?


Se as evidências não ficam claras para a população de atletas, para o público que pratica a
modalidade com baixa freqüência, a GA só poderia trazer benefícios como o desenvolvimento do
controle corporal, equilíbrio estático e dinâmico (Russel, 1980).
A GA proporciona o incremento das capacidades condicionais (força, flexibilidade, potência) e
coordenativas (agilidade, equilíbrio, coordenação motora), pois proporciona experiências motoras
únicas, como o vôo, o balanço, a altura, a inversão e a rotação.
Mas a prática da GA ainda encontra barreiras em virtude da falta de esclarecimento da população. É
importante que os profissionais do esporte saibam distinguir as diferenças entre prática e
treinamento, seus efeitos e características, para que possam promover e desenvolver oportunidades
e incentivando a prática da modalidade.

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