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RESUMO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL III – 1º Bimestre

PROVA PERICIAL

1. Conceito

- Prova pericial é a destinada a levar ao juiz elementos de convicção sobre fatos que dependem de
conhecimento especial técnico, isto é, juízos especializados sobre os fatos relevantes da causa.
- Função da prova pericial é subministrar ao processo a experiência técnica, para que seja
empregada na dedução judicial.
- Verificar fatos interessantes/relevantes à causa
- Dependência de um conhecimento técnico, que fuja do conhecimento jurídico

 Perito: auxiliar da justiça, pode ser qualquer profissional legalmente habilitado


Novidade do CPC: Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de
conhecimento técnico ou científico.
§ 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de
divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta
direta a universidades, a conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à
Ordem dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos
interessados (cadastro e rotatividade)
EXCEÇÃO: § 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal,
a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico
ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia.

Obs: exame médico-legal (DNA, erro médico) é feito pelo IMESC.

- CPC dispensou o compromisso para os peritos, pois ele decorre da própria lei
- As partes podem impugnar o perito

Hipóteses de impugnação:
- Impedimento ou suspeição
- Questão técnica

- Requerimento de prova pericial (RPP)  juiz avalia a relevância e necessidade  se defere:


nomeia um perito  15 dias úteis para as partes impugnarem  juiz decide sobre a impugnação,
se acolher: afasta e nomeia outro perito; se rejeitar: arbitra os honorários  parte pode impugnar o
valor dos honorários
- Fase de “quesitação”: partes apresentam quesitos para a perícia
* Intimadas da nomeação do perito, as partes poderão, no prazo de 15 dias, indicar assistente
técnico, apresentar quesitos, e, se for o caso, arguir impedimento ou suspeição.

 Assistentes técnicos são auxiliares da parte, pois não se subordinam à hipótese de


impedimento ou suspeição

 Espécies de prova pericial:


- Exame pericial
- Vistoria
- Avaliação
 Hipótese de indeferimento:
Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.

§ 1º O juiz indeferirá a perícia quando:


I - A prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico;
II - For desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III - a verificação for impraticável.

 Hipóteses de antecipação de provas:


- Perigo de dano pela demora
- Para decidir se haverá composição amigável
- Para decidir se a ação será viável

 Novidade: produção de prova técnica simplificada (“Expert witness”)


É a testemunha técnica pelo perito, pode ocorrer em casos menos complexos, em que o juiz faz
perguntas ao perito em audiência para sanar suas dúvidas.
Art. 464, § 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição à perícia,
determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor
complexidade.

 Novidade: dispensa de prova técnica


Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação,
apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que
considerar suficientes.

 Procedimento:
- Determinação de ofício (quando há disparidade entre as partes) ou a requerimento (partes em
posição mais igualitária)

I. Atos preparatórios: escolha do perito, prazo para impugnar, honorários, indicação de


assistente técnico, apresentação de quesitos
II. Produção propriamente dita da perícia: intimação do perito para iniciar a perícia

 Novidade: possibilidade de as partes celebrarem negócio jurídico processual típico para


escolha de perito.
Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o mediante
requerimento, desde que:
I - sejam plenamente capazes;
II - a causa possa ser resolvida por autocomposição.

Art. 466. § 2º O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento
das diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com
antecedência mínima de 5 (cinco) dias (sob pena de nulidade da prova!!!)

 Novidade: vedação da opinião pessoal


Art. 473, § 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões
pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia.
** Vedação de quesitos sobre matéria de direito.

 Possibilidade de nomeação de mais de um perito


Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento
especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais de um assistente
técnico.

 Possibilidade de dilação do prazo para conclusão dos trabalhos do perito


Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz
poderá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação pela metade do prazo originalmente fixado.

 Atribuição de valor às provas produzidas pelo juiz deve ser motivada


Juiz pode não julgar de acordo com a prova pericial

INSPEÇÃO JUDICIAL

É a possibilidade de o próprio juiz sair de seu gabinete e ir ao local para verificar os fatos
Art. 481. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo,
inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da
causa.
Art. 482. Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser assistido por um ou mais peritos.

PROVA ORAL

1. Depoimento pessoal da parte


- É ato personalíssimo
Finalidade:
- Conhecimento dos fatos
- Possibilidade de confissão real ou ficta (quando a parte não presta depoimento, há uma presunção
relativa dos fatos alegados)

2. Prova testemunhal
- Terceiro que não integraliza a lide, mas que tem conhecimento dos fatos
Não caberá em casos:
- Questão técnica
- Proibido pelo ordenamento jurídico (Ex: negócio jurídico acima de um valor determinado)

 Quem não pode testemunhar (art. 447)


I. Incapazes (Excepcionalmente crianças podem ser ouvidas nos processos de família, mas
não figuram como testemunhas).
II. Impedidos
III. Suspeitos (EX: amizade íntima)

Contradita: advogado da parte contrária argui com o magistrado o impedimento ou suspeição


Art. 457. § 1º É lícito à parte contraditar a testemunha, arguindo-lhe a incapacidade, o impedimento
ou a suspeição, bem como, caso a testemunha negue os fatos que lhe são imputados, provar a
contradita com documentos ou com testemunhas, até 3 (três), apresentadas no ato e inquiridas em
separado.
- Acolhimento da contradita: juiz dispensa a testemunha ou lhe toma o depoimento como
informante.
- Se o juiz não acolher, não cabe mais recurso de agravo retido, somente poderá ser alegada na
preliminar de apelação.
Informante: muda a força da valoração da prova oral, o depoimento do informante tende a ter um
peso menor que outras provas, pois a declaração do informante pode conter inverdades ou ser
tendenciosa.
- Juiz não pode fundamentar exclusivamente com base no depoimento do informante, pois pende
sobre ele um impedimento ou suspeição

A testemunha é levada pela parte (art. 455), ou excepcionalmente ela será intimada a comparecer
e prestar depoimento no local de seu domicílio (EX: por carta precatória)

OBS: tipos de cartas


- Precatórias (comarcas e jurisdições diferentes)
- Rogatória (países diferentes)
- Ordem (Juízes de hierarquias diferentes)
- Arbitral (entre árbitros e juízes)

Prerrogativas e deveres das testemunhas

Atos preparatórios:
- Indicação do rol
- Limites do rol
- Intimação de testemunhas

SENTENÇA

1. Conceito de sentença:

 Tipos de decisão:

- Despacho: O CPC define como despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados
no processo, de ofício ou a requerimento da parte. Isso quer dizer que, nos despachos, o objetivo
não é solucionar o processo, mas determinar medidas necessárias para o julgamento da ação em
curso. Tratam-se, portanto, de meras movimentações administrativas – por exemplo, a citação de
um réu, designação de audiência, determinação de intimação as partes e determinação de juntada
de documentos, entre outros.
- Decisão interlocutória: As decisões são atos pelos quais o juiz resolve questões que surgem
durante o processo, mas não são o julgamento dele por meio de sentença. Essas questões que
precisam ser decididas no curso do processo são denominadas de questões incidentes ou questões
incidentais. São exemplos de decisões interlocutórias a nomeação de determinado profissional
como perito, aceitação ou não de um parecer e intimação ou não de certa testemunha indicada
pelas partes no curso do processo.
- Sentença: De acordo com o CPC, a sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz “põe
fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução”. Isso significa que,
por meio da sentença, o juiz decide a questão trazida ao seu conhecimento, pondo fim ao processo
na primeira instância. A sentença pode ser dada com ou sem julgamento do mérito, ou seja,
acolhendo ou não a causa levantada pela parte. Caso exista recurso ao tribunal, os
desembargadores podem proferir um acórdão. Tanto a sentença quanto o acórdão marcam o fim
do processo, ao menos na instância em que se encontra.
NCPC: Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e
despachos.
§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase
cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.

Sentença é pois a norma jurídica concreta e individual que põe fim à fase de cognição com
fundamento nos arts. 485 ou 487.

Norma jurídica concreta = texto normativo + interpretação/aplicação.

2. Sentenças terminativas e definitivas:


Julgamento vs. resolução de mérito.

 Sentenças terminativas = sem resolução de mérito.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por
mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do
processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral
reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.

 Sentenças definitivas = com resolução de mérito.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a decadência não serão
reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.

3. Elementos que compõem a sentença:

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:


I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e
da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.
A) Relatório
- Forma de demonstração de que o juiz teve contato com o processo
- É necessário em todos os graus de jurisdição
- O relatório é requisito essencial e indispensável da sentença e sua falta prejudica a análise desta,
acarretando sua a nulidade (STJ – Resp. 25082/RJ). A doutrina majoritária afirma ser nulidade
absoluta, mas alguns afirmam se tratar de nulidade relativa.
- Dispensa nos Juizados Especiais – Em sede de juizado especial é possível a prolação de
sentença sem relatório (art. 38 da Lei 9099/95).

Relatório per relationem: Este relatório é aquele feito apenas por referência a outro anteriormente
lançado nos autos, como, por exemplo, em acórdãos, com a utilização do relatório da sentença
impugnada, além dos principais atos praticados depois da sentença.
Hipóteses:
(i) refere-se a outra decisão do mesmo processo;
(ii) refere-se à outra decisão em outro processo conexo (transcreve ou faz alusão
(iii) quando o acórdão utiliza o relatório da sentença;

B) Fundamentação (CF art. 93 IX, e NCPC art. 489)

- São as razões de decidir; os motivos, os porquês da decisão.


- Efeitos da Ausência – A exigência de fundamentação é constitucional, prevista no art. 93, IX da
CF. Assim, toda decisão deve ser fundamentada sob pena de nulidade (absoluta).
- Recursos – Havendo falta de fundamentação o recurso adequado é a apelação com a alegação
de error in procedendo intrínseco, ainda que excepcionalmente possam ser admitidos embargos
de declaração com efeitos infringentes.
- Núcleo fundamental da sentença
- Sentença não fundamentada é nula

→ motivo interno ao processo: direcionada às partes e ao órgão ad quem.


Para que a parte possa impugnar a decisão
→ motivo externo: um dos pressupostos de legitimidade do Poder Judiciário.
Dever de fundamentar para a sociedade

Devido processo legal


Dever de fundamentação
Recorribilidade

Art. 489. § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência
no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Fundamentação e coisa julgada:
Como regra, a fundamentação não faz coisa julgada.
Exceção: NCPC art. 503 § 1.º.
Entretanto, a fundamentação é essencial na compreensão e interpretação da coisa julgada.

C) Dispositivo

- É a conclusão que chega ao magistrado sobre o acolhimento ou da rejeição do pedido do autor.


- Elemento da sentença que efetivamente resolve o objeto litigioso do processo.
- É um comando, uma ordem decisória
- A coisa julgada recai, como regra, sobre o dispositivo.
→ dispositivo direto: No dispositivo direto o juiz indica expressamente o bem da vida obtido pelo
autor, diz claramente qual foi a decisão (EX: condeno fulano a pagar x valor)
→ dispositivo indireto: o juiz acolhe o pedido do autor sem a indicação do bem da vida obtido,
limitando-se a julgar procedente o pedido e a fazer a remissão à pretensão do autor. (EX: julgo
procedente)
- Sua ausência implica a inexistência do ato judicial, por se tratar de um vício extremamente grave.
Dessa forma, tratando-se de inexistência jurídica, mesmo após o trânsito em julgado da decisão, é
admissível sua alegação por meio da ação declaratória.

 Princípio da congruência: decisão do juiz deve estar restrita ao que foi pedido
Exceções: pedidos implícitos, fungibilidade
-Sentença extra petita: fora do pedido
- Sentença ultra petita: além do pedido
- Sentença infra ou citra petita: aquém do pedido

 Demais elementos da sentença:

Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos serão redigidos, datados e


assinados pelos juízes.
§ 1o Quando os pronunciamentos previstos no caput forem proferidos oralmente, o servidor os
documentará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura.
§ 2o A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na
forma da lei.
§ 3o Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo das sentenças e a ementa dos
acórdãos serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico.

 Princípio da irretratabilidade da sentença: impõe a impossibilidade de a sentença ser


modificada ou retratada, após a publicação

Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:

I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;


- Os erros materiais não transitam em julgado, podendo ser retificados de ofício ou a requerimento
da parte.

II - por meio de embargos de declaração.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente
de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1o.

Exceções ao princípio:
(i) Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 dias,
retratar-se.;
(ii) improcedência liminar do pedido: Art. 332. §3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se
em 5 dias.
(iii) sentenças terminativas: art. 485 §7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam
os incisos deste artigo, o juiz terá 5 dias para retratar-se.
(iv) apelação em procedimentos do ECA.

 Classificação das sentenças segundo sua carga de eficácia:

a) Tutela (meramente) declaratória: declaração de existência ou inexistência de uma relação


jurídica, ou a autenticidade ou falsidade de um documento.

b) Tutela constitutiva ou desconstitutiva (ou constitutiva-negativa): Criação, modificação ou


extinção de uma relação jurídica.

c) Tutela condenatória: Mais do que a simples declaração do direito o juiz determinará o


cumprimento de uma prestação (obrigação de dar, fazer ou não-fazer, ou de pagar).

 Sentença objetivamente complexa e a possibilidade de existência de capítulos da sentença.

COISA JULGADA

1. Coisa Julgada Formal e Material:

- Coisa Julgada Formal: decisão final (transitada em julgado) mas que não resolveu o mérito (=
sentença terminativa). → eficácia endoprocessual.
A ação pode ser proposta (Há exceções, ex: perempção)

- Coisa Julgada Material: autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito
transitada em julgado. → eficácia panprocessual.

 Imunização da decisão de mérito.

 Presunção de veracidade?
Não necessariamente

Autoridade vs. Efeito.

Fundamentos:
Justo absoluto vs. Justo realizável.
Justo realizável foi a opção do legislador
- Não cabe ação rescisória por erro na interpretação da lei.

Segurança jurídica = função pacificadora da jurisdição.

Autoridade da coisa julgada: impede nova discussão jurisdicional sobre a questão de mérito (=
efeito negativo).

Conflito entre “primeira” e “segunda” coisa julgada?

Efeito positivo? “torna obrigatório os efeitos da decisão”?


Os efeitos da sentença começam a valer antes mesmo da formação da coisa julgada.
Possibilidade de modificação consensual dos efeitos de decisão, desde que não se trate de direito
indisponível.

2. Limites subjetivos da coisa julgada:


- Coisa julgada atinge somente as partes
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.
- Pode eventualmente beneficiar terceiros.
Partes e terceiros:
- Assistente simples: direito é mitigado, podendo rediscutir em dois casos, nos termos do NCPC
art. 123.
Exceção: o amicus curiae (nunca é atingido) Tratamento próprio: ações coletivas.

- Eficácia expandida da coisa julgada individual: estender a decisão que vale contra A e B, para
outras pessoas com as mesmas circunstâncias

3. Limites objetivos da coisa julgada:

Art. 504. Não fazem coisa julgada:


I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.

 Questão principal e questão prejudicial


Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão
principal expressamente decidida.
§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e
incidentemente no processo, se:
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão
principal.
§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à
cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.

 Eficácia preclusiva da coisa julgada:


Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas
as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do
pedido.
 Relativização ou desconsideração da coisa julgada.
É a possibilidade de que, em havendo uma desproporção, mesmo após o prazo para a ação
rescisória, a questão possa ser rediscutida, em atenção ao princípio da proporcionalidade.
EX: em caso de investigação de paternidade
Divergentes posicionamentos
Questão da segurança jurídica

RECURSOS

“Recurso, para o jurista brasileiro, há ser tudo aquilo (e só aquilo) que o direito brasileiro considera
recurso e como tal disciplina”.
 Princípio da taxatividade.

NCPC: DOS RECURSOS


Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:
I - apelação;
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno;
IV - embargos de declaração;
V - recurso ordinário;
VI - recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX - embargos de divergência.

1. Conceito:

“O remédio tendente a provocar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o


esclarecimento ou a integração de uma decisão judicial”.

 Ação rescisória, mandado de segurança, embargos de terceiro, reclamação constitucional são


ações autônomas de impugnação.

 Sucedâneo recursal: pedidos de reconsideração (antes de interpor recurso), suspensão de


segurança, remessa necessária (ações que envolvem a fazenda) e correição parcial não tem
natureza de ação, nem de recurso.

 Recurso adesivo ou subordinado: recurso que está subordinado a outro


É aquele que é interposto somente diante da conduta da parte contrária, ou seja, caso uma parte
não tenha recorrido e a outra o tenha feito, a parte omissa poderá aproveitar essa oportunidade
para interpor seu recurso na modalidade adesiva.

- Art. 997. § 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis
as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo
disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a
parte dispõe para responder;
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial;
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado
inadmissível.
 Duplo grau de jurisdição: princípio ou garantia constitucional? PESQUISAR

Correntes:
- Princípio
- Garantia
- Lei infraconstitucional

É um direito fundamental
CF - Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

2. Juízos de admissibilidade e mérito

- Exame de mérito – juízo de admissibilidade  legitimidade e interesse processual


Para o exame de mérito, juízo de “admissibilidade” = “condições da ação e pressupostos
processuais.
Em sede recursal, de igual sorte: antes da eventual apreciação do mérito recursal, necessário juízo
de admissibilidade.

 Nomenclaturas – juízos de admissibilidades

- Conhecer/não conhecer
- Admitir/não admitir Requisitos de admissibilidade
- Receber/não receber preenchidos ou não
- Negar seguimento

- Dar provimento ou negar provimento  juízo de mérito


Efeito substitutivo: conteúdo substitui a sentença

 Natureza jurídica do juízo de admissibilidade: meramente declaratória

 Impactos para a ação rescisória


- Competência: para entrar com a ação rescisória
- Prazo: começa a contar da decisão proferida no recurso
 Modulação de efeitos na jurisprudência
Exceção: recurso flagrantemente intempestivo (EX: 3 meses depois)

 Competência para aplicar o juízo de admissibilidade


CPC/73: em 2 etapas – bifurcado (em regra)
A quo: decisão recorrida (origem)
Ad quem: a quem é dirigido

CPC/versão original: supressão total do juízo bipartido – somente o juízo ad quem seria competente
Atualmente CPC: juízo bipartido somente para os recursos excepcionais (RE e REsp) e suprimido
na apelação

 Poderes do relator:
Art. 932. Incumbe ao relator:
II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária
do tribunal;
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
IV - negar provimento a recurso que for contrário a: [...]

 Na apelação:
NCPC 1.012:
§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser formulado por
requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o
relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.

A) Requisitos intrínsecos ou subjetivos de admissibilidade recursal


(Concernentes à própria existência do poder de recorrer)

I) Cabimento: recurso cabível


II) Legitimação para recorrer: parte vencida ou prejudicada, terceiro prejudicado ou Ministério
Público, se o caso.
III) Interesse em recorrer: algum gravame (ao longo do processo) ou prejuízo que justifica a
interposição
IV) Inexistência de fato impeditivo ou extintivo
- Fatos extintivos: renúncia ao recurso ou a aquiescência à decisão homologatória
- Fatos impeditivos: desistência do recurso, reconhecimento jurídico do pedido ou a renúncia ao
direito. É ato unilateral, que impede o julgamento, mas não impede a fixação da tese

 Majoração de honorários em caso de desistência: segundo entendimentos, deve ser


majorada somente em casos de litigância de má-fé.
Art. 85 § 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando
em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal (...)

 Perda superveniente de seu interesse recursal: ocorrência de fato superveniente


impeditivo da admissibilidade e conhecimento do mérito recursal

B) Requisitos extrínsecos de admissibilidade recursal

I) Tempestividade
II) Regularidade formal: peças obrigatórias
III) Preparo: artigo 1007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando
exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
sob pena de deserção.

- Deserção: se não comprovar o pagamento das custas, deve recolher em dobro


§ 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção
se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco)
dias.
§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo,
inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar
o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.
- Possibilidade de saneamento de erros materiais: § 7º O equívoco no preenchimento da guia
de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de
dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 dias.

- Regularidade formal: Art. 932, Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o
relator concederá o prazo de 5 dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a
documentação exigível.

C) Requisitos especiais dos recursos excepcionais (RE e REsp)

I) Violação direta da CF (STF) ou Tratado ou Lei Federal, e em casos de interpretação divergente


entre Tribunais sobre Lei Federal (STJ).

II) Repercussão Geral (STF): formal – capítulo específico


- Casos de interesse social/coletivo na demanda (EX: questão tributária)
- PEC 209 para o STJ

III) Juízo de admissibilidade: questão de ordem pública, cognoscível ex oficio pelo juízo, não se
operando a preclusão

 Quando positivo o juízo de admissibilidade, o órgão ad quem julga o recurso no mérito

O órgão ad quem julga o recurso no mérito, isto é:


a) nega-se provimento ao recurso, por entender-se infundada a impugnação;
b) dá-se provimento total ou parcialmente ao recurso, por entender-se fundada a impugnação –
caso este que se desdobra em dois:
 o órgão ad quem reforma a decisão recorrida (houve Error in iudicando na sentença)
 o órgão ad quem anula a decisão recorrida (houve Error in procedendo na sentança)
- Reforma, invalidação ou integração do provimento impugnado.

- Error in iudicando: consiste no ato pelo qual o juiz se equivoca quanto à apreciação da demanda,
seja porque erra na interpretação da lei, seja por que não adequa corretamente os fatos ao plano
abstrato da norma. O magistrado erra ao julgar.
Tal erro recai sobre o próprio conteúdo que compõe o litígio. É erro material. Enseja a REFORMA
da decisão e não sua cassação.
EXEMPLO: parte que pugna, nas razões do recurso de apelação, pela diminuição do valor de dano
moral que o juiz de primeira instância a condenou.

- Error in procedendo: consiste no erro do juiz ao proceder. É um erro de forma (VÍCIO FORMAL).
O magistrado inobserva os requisitos formais necessários para a prática do ato, culminando num
decisório nulo.
Presente alguma das referidas hipóteses, a parte prejudicada tem de pedir a CASSAÇÃO da
sentença. Tem que pugnar por sua invalidação/anulação.
EXEMPLO: sentença que falta relatório ou a que concede pedido que a parte autoral não postulou
(sentença extra petita).
OBS: a ausência de condições da ação e de pressuposto processual para o desenvolvimento válido
e regular do processo, igualmente, é considerado erro procedimental do juiz

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