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HISTÓRIA E DISCURSO: PERSPECTIVAS E CONTROVÉRSIAS


doi: 10.4025/imagenseduc.v1i2.13299

Mário Jorge da Motta Bastos*


* Universidade Federal Fluminense – UFF/NIEP-PréK/ Translatio Studi. velhomario@gmail.com.

RESUMO: História e Discurso: perspectivas e controvérsias. Autor de discursos


que se produzem, ainda hoje, essencialmente a partir de outros discursos, tal
relação, tão íntima, não é isenta de tensões e controvérsias que, em última análise,
põem em xeque a natureza do próprio ofício do historiador. Será a História apenas
um nominalismo bem temperado, e seu objeto tão somente os ecos quase
inaudíveis dos discursos de outrora? O objetivo deste artigo consiste em
caracterizar algumas das perspectivas e questões específicas da relação do
historiador com os discursos, considerando, em especial, aquela que se configura
como uma sua primeira “profissão de fé”: não reduzir a história ao texto, negando
a sua existência além do discurso. Situando-me no contexto da transição da
Antiguidade à da Alta Idade Média Ocidental, e em meio ao fluxo de um processo
histórico marcado pelo fenômeno da implantação e disseminação do cristianismo,
abordarei as controvérsias historiográficas acerca da natureza das crenças e práticas
denunciadas como pagãs e combatidas pelos homens da Igreja. Tratar-se-iam de
tradições discursivas vigorosas, porém alheias a qualquer “materialidade”, como
sustenta uma vertente historiográfica de feição pós-moderna? Ou de manifestações
efetivas que constituem, ao contrário, a língua e os discursos como níveis
privilegiados das manifestações das lutas de classes?
Palavras-chave: Teoria da História; Linguística; Análise do Discurso; Luta de
Classes.

ABSTRACT: HISTORY AND DISCOURSE: PERSPECTIVES AND


CONTROVERSIES. History and Discourse: Perspectives and Controversies
Author of discourses that are produced, even today, mainly from other speeches,
such a relationship, so intimate, is not free of tensions and controversies that
ultimately call into question the very nature of the historian’s profession. Is History
just a well-seasoned nominalism, and its object only the echoes of almost inaudible
speeches of yore? The aim of this paper is to characterize some of the perspectives
and specific issues in the relationship of the historian with discourses, considering,
in particular, the one that is shaped like its first "profession of faith": don’t reduce
history to the text, denying its existence beyond discourse. Situating myself in the
transition from Antiquity to the Western High Middle Ages, and in the flux of a
historical process marked by the phenomenon of the establishment and spread of
Christianity, I will discuss the historiographics controversies about the nature of
the beliefs and practices denounced as pagans and fought by Church’s authorities.
Would these be vigorous discursive traditions, but alien to any "materiality", as
claims a historiography’s strand of post-modern feature? Or actual manifestations
which constitute, instead, the language and discourse as privileged levels of the
manifestations of class struggle?
Keywords: Theory of History; Linguistics; Discourse Analysis; Class Struggle.

Uma das mais marcantes características história, já tão seccionada em “dimensões da


do campo da História nas últimas décadas globalidade social”, viu-se ainda mais
consiste na sua fragmentação em inúmeras reduzida a “migalhas” pela pulverização dos
subespecialidades e múltiplas tendências. A “saberes historiográficos”. A hiper-
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especialização e a extrema científico gera um inevitável auto-


compartimentação da História levam, no encerramento das várias disciplinas – uma
extremo, a uma espécie de “massacre da vida inteira de leituras mal basta para manter
serra elétrica” que esquarteja o seu próprio o especialista em dia com a produção em seu
objeto de estudo em meio a uma miríade de pequeno campo de atuação – nunca se
especificações – homo economicus, politicus, valorizou tanto, paradoxalmente, a prática da
simbolicus etc. – esgrimindo-se fronteiras que interdisciplinaridade, de fato muito mais
costumam ser, aliás, em sociedades pré- difícil de ser efetivada, realizada, do que
capitalistas, por exemplo, extremamente referida como perspectiva de princípio. De
fluidas. É essencial, pois, ao pleno exercício qualquer forma, nenhuma das cisões e
do nosso ofício que, mesmo contra todas as afastamentos decorrentes da pulverização do
tendências correntes, o historiador preserve campo das Ciências Sociais me parece mais
a visão mais ampla possível das relações que nefasto do que aquele ocorrido entre a
constituem os seus objetos de análise, sob História, a Linguística e a Literatura.
risco de enfermar e sucumbir em razão do
empobrecimento extremo e da falta de Essas três irmãs univitelinas seguem
sustância de sua dieta. cada uma tratando dos seus assuntos
Os homens, na globalidade de suas pessoais, quase renegando a origem e
expressões – aqui reside o verdadeiro objeto o patrimônio comuns. Nos raros
da História, segundo o luminoso adágio momentos em que se visitam, passam
proferido um dia, em terríveis condições, no salão do estar, cada uma falando de
por Marc Bloch. Às vésperas de ser fuzilado suas dores e de suas dificuldades.
pelos nazistas nas campinas do sul da Seriam apenas inocentes
França, deixou registrado em rascunho de idiossincrasias de velhas senhoras se
enorme parte da herança materna não
obra produzida sob a clandestinidade de sua
se encontrasse encerrada em cofre de
luta na Resistência: “O historiador deve ser três chaves, que cada uma tenta abrir
como o ogro da lenda. Onde farejar a carne em forma isolada, sem resultados
humana é que encontrará a sua caça!” (CARBONI; MAESTRI, 2003, p.
(BLOCH, 2002, p. 45) Mais do que apavorar 123).
os jovens postulantes à função, o que o
grande historiador francês pretendia firmar
Como ressaltam os referidos autores, o
era a perspectiva de que não há manifestação
aprendizado daquelas disciplinas dissociou-
humana, pois mais aparentemente
se completamente nos cursos de graduação.
corriqueira e banal, que possa ser desprezada
pelo historiador na sua busca por estabelecer A visão do conhecimento atomizado
a unidade da existência em qualquer materializa-se na tentativa de se
sociedade e período dados. Encontrávamo- apropriar do objeto de estudo por
nos então, em meados da década de 40, nos meio de categorias isoladas, à margem
antípodas de uma prática historiográfica que, da totalidade concreta que o
nos dias que correm, subverteu a máxima circunscreve, quando, na verdade, o
blochiana – e, o que é pior, requisitando a conhecimento pleno exige o
sua ascendência – diverte-se no laboratório reconhecimento da unidade do objeto
seccionando o seu objeto em ínfimas e e, portanto, sua necessária apreensão
no contexto da totalidade que o
inarticuladas dimensões: o humano que
constitui e o expressa. (CARBONI;
chora não é o mesmo que ri, que sonha, que MAESTRI, 2003, p. 125).
trabalha, que se alimenta com maior ou
menor dificuldade, que sofre a exploração e Como bem destaca Karl Korsch,
manifesta a sua resistência. “segundo a concepção materialista da
Contudo, se essa vigorosa tendência de História [...], não pode haver nem ciências
hiper-especialização que afeta o campo particulares independentes umas das outras
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nem uma investigação puramente teórica hermenêutica – de certo primária – a relação


[...]”. (KORSCH, 1977, p. 94). tradicional dos historiadores com os
A historiografia sofre, em um modo documentos manteve-se centrada,
ainda mais profundo, o estranhamento predominantemente, no nível dos
assinalado, sobretudo porque fica à margem conteúdos. Tais documentos configuram-se
do imenso esforço metodológico como suportes de informação acerca dos
empreendido pela Literatura e pela referentes do texto, isto é, relativos à sua
Linguística, principalmente nas últimas mensagem ou ao universo mental dos seus
décadas, no que se refere à compreensão autores. Supõe-se, ademais, que haja uma
daquele que é seu principal meio para a homologia plena e direta entre os conteúdos
aproximação e apreensão dos fenômenos do do discurso e a ideologia do seu autor.
passado – o texto oral e escrito. Mas, para
sermos justos, algumas tentativas vêm sendo Assim, ao usar-se, segundo esse
feitas há algum tempo, insights limitados da enfoque, o discurso de um político
percepção dos historiadores da natureza burguês com o intuito de configurar os
traços da ideologia burguesa em um
essencial da sua atividade.
dado contexto histórico-social se está
Data de fins do século XIX essa tomada postulando, de forma implícita ou
de consciência da enorme complexidade que explícita, que o sentido de um texto
caracteriza a matéria-prima de seu ofício.1 resulta imediatamente disponível de
Àquela altura, um manual dedicado aos sua leitura ou, em outras palavras, que
métodos da história criticava a ingenuidade a sua dimensão discursiva – a forma
dos historiadores no trato com os discursos. como está intrinsecamente estruturado
Da leitura dos textos das famosas fontes o texto em questão – não é pertinente
primárias, os historiadores limitavam-se à à análise (CARDOSO, 1988, p. 63).
colheita das informações diretas que estes
textos lhes podiam proporcionar, alheios a A orientação metodológica que guiava
um procedimento crucial, o de tentar recriar tais estudos viria a sofrer um considerável
mentalmente as operações que teriam se abalo decorrente do primeiro contato efetivo
processado no espírito dos seus autores, da história com a linguística, ocorrido nas
determinantes no processo de elaboração décadas de 1950 e 1960, em que pese a
dos documentos (LANGLOIS; preservação inicial dos postulados
SEIGNOBOS, 1946, p. 1). Naquela altura, o tradicionais. Os historiadores (e também os
rigor metodológico e o profissionalismo sociológicos e psicólogos) visavam tão
dependiam da chamada crítica interna das somente conferir um maior rigor aos seus
fontes, cuja fase inicial, essencialmente procedimentos de análise para, enfim,
hermenêutica, consistia na crítica de ganharem em autoconfiança com a certeza
interpretação ou crítica positiva. A análise do da cientificidade de seus ofícios. A primeira
conteúdo do documento, apoiada na crítica realização, neste sentido, consistiu no
de interpretação, afiançava ao historiador o emprego de técnicas sistemáticas de Análise
grau de “certeza” acerca do enunciado do de Conteúdo. Tratava-se de estabelecer as
testemunho – “aquilo que o autor quis correlações entre os conteúdos de um texto,
dizer” – seguida da avaliação do seu teor de ou grupo de textos, e certas variáveis
sinceridade e exatidão (a crítica negativa). extralinguísticas (opiniões, atitudes, juízos),
Ainda que possamos, portanto, fazer aplicando-se ao texto uma série de hipóteses
retroceder há pelo menos um século a integradas relativas a tais variáveis. Uma das
existência de uma preocupação vertentes dessa técnica – surgida em 1952,
com a análise distribucional proposta por Z.
1 Sigo, para traçar um breve histórico desta relação, Harris – consistiu nos trabalhos de
as perspectivas de Cardoso (1988, p. 61-92) e Lexicologia e Lexicografia aplicadas
Cardoso; Vainfas (1997, p. 375-399). elaborados, inicialmente, nos EUA e, em

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seguida, na França (CARDOSO, 1997, p. social, uma interação que é produto do


376). Fundamentavam-se, em ambos os trabalho como atividade sócio-
casos, no estabelecimento de estatísticas historicamente determinada. Portanto, sendo
rigorosas do emprego de palavras nos textos a língua um instrumento modelador da
estudados, chegando-se à indexação dos apreensão e compreensão do mundo pelos
mesmos por meio da distribuição de humanos, é inadequado considerar, por
frequência. Predominava, contudo, no plano exemplo, que as classes sociais e as suas lutas
da interpretação, uma absoluta dissociação históricas pertençam à esfera de uma
do “linguístico” em relação às hipóteses “realidade social” prévia à sua determinação
interpretativas, que eram de tipo linguística. “A luta de classes é também luta
“sociológico”. ideológica travada no plano linguístico. Não
Os avanços da computação contribuíram se deve, pois, considerá-la, assim como a
para a complexificação destes métodos de consciência de classe, como um fato
abordagem, cabendo, ainda uma vez, a preexistente que se reflete, aprioristicamente,
primazia aos norte-americanos. Um na língua.” (PONZIO, 1974, p. 238).
discípulo de C. E. Osgood, I. de Sola Price, O pressuposto essencial das
desenvolveu uma análise semântica dos metodologias de análise de textos correntes
conteúdos cuja principal técnica consistia em na pesquisa histórica é o de que um
tomar a unidade lexical juntamente com seu documento é sempre portador de um
contorno à direita e à esquerda, visando discurso que, assim considerado, não pode
estudar as relações de distribuição com base ser visto como algo transparente. Ao se
nos índices de concordância, que indicam as debruçar sobre um documento, o
ocorrências, oposições e incompatibilidades. historiador deve, portanto, atentar sempre
Essa metodologia foi essencialmente para o modo pelo qual se apresenta o
aplicada à análise de enunciados apoiada em conteúdo histórico que pretende examinar,
hipóteses – extralinguísticas – relativas às quer se trate de uma simples informação,
ideologias, com destaque para os estudos do quer se trate de ideias. No caso,
Centro de Lexicologia Política de Saint-Cloud especialmente, de pesquisas dedicadas à
(PROVOST-CHAUVEAU, 1971, p. 10-11). história do pensamento político, das
Começava a se esboçar, então, o que mentalidades e da cultura, o conteúdo
podemos configurar como o segundo histórico que se pretende resgatar depende,
encontro entre a História e a Linguística, em muito, da forma do texto: do
esse especialmente vinculado ao auge vocabulário, dos enunciados, dos tempos
estruturalista da década de 1960. Elevada à verbais etc.
condição de paradigma “científico” de todas As vantagens, para o historiador, da
as Ciências Sociais, a Linguística, que havia consideração da estrutura formal do texto
se concentrado, até então, em análises não foram descobertas recentemente. Os
restritas ao nível da frase, passou a se fundadores dos Annales, em fins dos anos 20
interessar pelas estruturas que organizam os do século passado, consideravam-na
grupos de frases em um discurso completo. essencial para uma maior precisão na relação
Surgia a Linguística do Discurso do historiador com a linguagem, bem como
(CARDOSO, 1988, p. 63). Um dos aspectos à satisfação do anseio primordial que
centrais deste novo encontro foi a crítica tornaria célebre aquela escola, a ampliação
epistemológica a uma premissa simplista até das fronteiras e o alargamento dos
então dominante, que concebia o reflexo, no horizontes da disciplina. Marc Bloch
pensamento-linguagem, da realidade que lhe considerou, por exemplo, algumas das
é externa como uma mera reprodução particularidades da relação do historiador
passiva. Tomava-se, enfim, consciência do com as línguas e os discursos. Dentre os
caráter interacionista das relações travadas aspectos considerados pelo autor ressaltam-
pelos homens com a realidade natural e se, em especial, aqueles relativos à
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nomenclatura na História e à relação do Se, nas últimas décadas, as reflexões dos


discurso do historiador com os discursos historiadores e a sua relação crítica com os
que se referem ao seu objeto. discursos vivem uma longa fase de
depressão, contexto no qual, aliás, os
Os homens não esperam, para dar nome métodos de base linguística foram
aos seus atos, às suas crenças e aos potencialmente abandonados em prol do
diversos aspectos da sua vida em contato com a Semiótica do Discurso e do
sociedade, que se tornem objeto de uma
emprego de metodologias como o quadrado
investigação desinteressada. O seu
vocabulário recebe-o a história,
semiótico, o grupo de Klein etc. – duas
portanto, na maior parte dos casos, da tendências essenciais devem ser ressaltadas
própria matéria do seu estudo. Ela neste nosso balanço crítico. A primeira delas
aceita-o, já usado e deformado por uma diz respeito aos descaminhos trilhados na
longa tradição (BLOCH, 2002, p. 137). relação entre História e Linguística, o que
deu origem a perspectivas inadequadas e, no
Os documentos escritos tendem, entanto, hegemônicas no quadro atual da
portanto, a nos impor, a par das suas disciplina. Ainda em 1969, Dupront (1969,
nomenclaturas, as armadilhas que as mesmas p. 15-16) viria a radicalizar as proposições de
carreiam. As mudanças das realidades Lucien Febvre relativas à linguagem ao
materiais e ideais estão longe de arrastar afirmar que o método de pesquisa dos
sempre consigo mudanças paralelas nos seus historiadores deveria consistir numa
nomes. “Para grande desespero dos “semântica histórica”, cabendo-lhes
historiadores, os homens não têm o hábito essencialmente promover uma
de mudar o vocabulário de cada vez que perspectivação histórica dos discursos. Não
mudam os costumes.” Algumas vezes são tardaria muito para que outros levassem ao
causas particulares à evolução da linguagem extremo a redução da história à linguagem.
que levam ao desaparecimento da palavra, Assim, inspirados em Saussure, Foucault ou
sem que tenha havido a menor alteração no Hayden White, chega-se, nos dias correntes,
objeto ou no ato, porque os fatos à negação da capacidade explicativa da
linguísticos têm o seu próprio coeficiente de história, configurando-se a disciplina como
resistência ou de ductilidade. Casos há em um gênero narrativo ou fazendo-a
que o fenômeno é de ordem estritamente prisioneira das insuperáveis estruturas
fonética, e conduz a erro tomá-lo por discursivas (CARDOSO; VAINFAS, 1997,
característica de civilização (BLOCH, 2002, p. 378). O avanço insidioso de tal
p. 138). perspectiva no campo historiográfico guarda
Lucien Febvre também ressaltou o íntima relação com a crise de paradigmas
potencial da análise lexical em seu O Problema que afeta, há algumas décadas, a História,
da Descrença no Século XVI, publicado em consubstanciada no avanço do paradigma
1942. Baseado em uma pesquisa exaustiva “pós-moderno” em detrimento daquele –
do vocabulário de François Rabelais, o autor dito “iluminista” ou “moderno” – que
configurou o que lhe parecia ser uma fundamentou duas das principais correntes
expressão da “mentalidade pré-lógica” analíticas do século XX (o marxismo e a já
característica do povo europeu do século referida “escola dos Annales”).
XVI, indivíduos essencialmente religiosos e, Consideremos, em seguida, algumas das
por isso mesmo, “incapacitados a não orientações básicas vinculadas ao tal
crerem na existência divina”. Algum tempo paradigma predominante, atualmente, nos
depois, mais precisamente em 1953, o círculos acadêmicos.
annaliste reafirmaria, nos Combates pela Seguindo as referências de J.F. Lyotard
História, a sua convicção sobre a importância (1984), o pós-modernismo caracteriza-se
da lingüística como “aliada da história” pela “morte dos centros” e pela
(FEBVRE, 1977, p. 135). “incredulidade em relação às
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metanarrativas”. Tais premissas, quando radical. As interpretações acerca de um dado


aplicadas à história-disciplina, implicam na tema são necessariamente variadas e não há
negação da existência da História – em formas aceitáveis de escolher entre elas. São
benefício de uma multiplicidade de histórias todas válidas se satisfizerem os critérios do
produzidas “por” e “para” diversos grupos autor e daqueles que com ele concordarem.
restritos de poder – bem como de qualquer Foram particularmente influentes entre os
teoria global do social que fundamente a historiadores as reflexões relativas às formas
interpretação. O conhecimento reduz-se a sociais das representações, que viriam a ser
processos de semiose e interpretação tomadas como elementos constitutivos por
(hermenêutica), alheios a qualquer excelência do pensamento histórico. A
possibilidade de avaliação crítica ou indagação primordial do historiador, a
valorativa. Os modernos partidários de uma despeito de qualquer conteúdo específico,
concepção hermenêutica dos estudos sociais deveria concentrar-se nas formas que o
retomam, sob nova roupagem, uma velha saber histórico recebe de sua estrutura
bandeira dos neokantianos de fins do século literária, de sua textualidade ideologicamente
XIX e começo do século XX, a noção de condicionada (as epistemes, para Foucault).
que o comportamento humano e seus Ora, a redefinição do labor historiográfico –
resultados são essencialmente diferentes dos orientado, a partir de então, pelas “formas
fenômenos estudados pelas ciências naturais, de representação” e pelos “níveis de
o que impediria qualquer aproximação discursividade” – faria soar o dobre de
metodológica a estas últimas. As ciências finados a qualquer vã presunção que atribua
sociais, alheias a qualquer cientificidade de objetividade, racionalidade e, por que não
fato, devem assumir um enfoque votado à dizer, cientificidade ao conhecimento
compreensão, isto é, à interpretação, à produzido pelos historiadores. Resta-nos
hermenêutica ou à crítica cultural. Ademais, apenas, conscientes e humildes, abandonar
seria preciso reconhecer que o observador é qualquer pretensão analítica, estrutural, de
parte integrante, com sua própria macroanálise e explicação (ilusões
subjetividade, do seu objeto de estudo, cientificistas) em benefício da hermenêutica,
“descoberta” que leva a uma postura de da micro-história, da concepção de uma
extremo ceticismo em relação à validade das história que se constitui como um gênero
formas de conhecimento até então narrativo ou literário (CARDOSO;
correntes. VAINFAS, 1997, p. 17).
Tal perspectiva assume, como postulado
Neste ponto, as posições possíveis evidente – mas que está longe de constituir
variam extremamente, indo da uma verdade! – a ideia de que o “discurso” e
subjetividade do autor individual ou de a “realidade humana” (individual ou
um leitor implícito igualmente
coletiva) são grandezas incomensuráveis e
individual às posições de grupos de
pessoas diversamente designados:
irredutíveis: o primeiro falaria, por tal razão,
“comunidade interpretativa”, sempre sobre si mesmo, a pretexto de falar
“comunidade textual”, “sociedade sobre a segunda. David Carr, por exemplo,
discursiva”. Tratar-se-ia, de qualquer opôs-se à concepção, cara a Paul Ricoeur e
forma, de um processo hermenêutico Hayden White, da descontinuidade radical
de interpretação, tomado, no campo que se interpõe entre a narrativa e o mundo
da história, de empréstimo a uma certa real físico ou humano. Segundo o autor, as
antropologia (Clifford Geertz) ou a narrativas seriam uma condição intrínseca e
alguma outra vertente de culturalismo indispensável dos processos da própria
relativista. (CARDOSO; VAINFAS, vivência humana individual ou coletiva. “A
1997, p. 18).
função narrativa é prática antes de ser
cognitiva ou estética, razão pela qual, longe
A conjugação destes elementos conduz,
de poder negar-se qualquer relação entre o
inevitavelmente, a um relativismo extremo e
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discurso narrativo e a realidade, a narrativa texto dependente de sua forma não implica,
histórica mantém relações necessárias e de modo algum, reduzir a história ao texto,
estreitas com o seu objeto social real.” como fazem os autores estruturalistas ou
(CARR, 1986, p. 26). pós-estruturalistas, que negam a existência
Assim, se, como propõe Iohannes da história fora do discurso. Trata-se, antes,
Kabatek, “um dos problemas fundamentais de relacionar texto e contexto, de buscar os
da lingüística histórica em geral – e dos nexos entre as ideias contidas nos discursos,
estudos da língua medieval, em particular – as formas pelas quais elas se exprimem e o
reside na relação entre a evolução lingüística conjunto de determinações extratextuais que
e a tradição textual”, (KABATEK, 2001, p. presidem a produção, a circulação e o
97) à história impõe-se o da relação entre consumo dos discursos. Em uma palavra, o
texto e contexto, entre o discurso e a historiador deve sempre, sem negligenciar a
sociedade em meio à qual se produz, à qual forma do discurso, relacioná-la ao social
se refere mas que o ultrapassa. Autor de (CARDOSO; VAINFAS, 1997, p. 378). Por
discursos que se produzem, ainda hoje, outro lado, negar a redutibilidade da história
essencialmente a partir de outros discursos – ao texto não significa admitir que haja uma
à história se impõem as línguas, história independente do texto. A história é
instrumentos cruciais do diálogo – tal sempre texto, ou mais amplamente, discurso,
relação, tão íntima, não é isenta de tensões e seja ele escrito, iconográfico, gestual etc., de
controvérsias que, em última análise, põem forma que apenas a partir da decifração dos
em xeque a natureza do próprio ofício do discursos que exprimem ou contêm a
historiador. Será a história apenas um história poderá o historiador realizar seu
nominalismo bem temperado, e seu objeto ofício. Como destaca Verón (1981, p. 192),
tão somente os ecos quase inaudíveis dos no funcionamento de uma sociedade
discursos de outrora? O historiador pós- historicamente dada, o sentido não se
modernista F. R. Ankersmit, por exemplo, encerra em uma instância particular, antes se
declara: encontra por toda parte, assim como a
ideologia e o poder. Segundo o mesmo
Suponhamos que perguntamos pela autor, as “condições de produção” de um
causa da [...] ‘Revolução Industrial’ ou discurso têm a ver com o “ideológico”, com
da ‘Guerra Fria’. Devemos agora os valores sociais da comunidade que o
lembrar que esses termos não se
produz, ao passo que as “condições de seu
referem a uma realidade histórica fora
do texto, mas a elementos da narrativa.
reconhecimento” dependem do poder, isto
Isso significa que essas perguntas não é, das instâncias capazes de legitimar ou não
são perguntas sobre a causa de um a sua aceitação na sociedade.
complexo estado de coisas no fim do Situando-me no contexto da transição da
século XVIII ou após a II Guerra Antiguidade à Alta Idade Média Ocidental, e
Mundial, mas sobre a causa de uma em meio ao fluxo de um processo histórico
idéia ou de um elemento da narrativa. marcado pelo fenômeno da implantação e
(ANKERSMIT, 1990, p. 285). disseminação do cristianismo, abordarei, na
sequência deste artigo, as controvérsias
A abertura do historiador à linguística, à historiográficas relativas ao teor a ser
semiótica e à crítica literária – como de resto atribuído às “sobrevivências pagãs”
às demais ciências humanas, ao menos sob recorrentes nos textos de época,
tal perspectiva acrítica e subserviente de denunciadas e combatidas pelos homens da
interdisciplinaridade – concorre menos ao Igreja. Atas conciliares, hagiografias,
pleno cumprimento de seu ofício de fazer sermões, legislação constituem apenas
história do que à intenção de evadir-se dele! alguns exemplos de gêneros discursivos
Fixemos, pois, a nossa perspectiva de amplamente devotados à caracterização de
base: considerar o conteúdo histórico do crenças incompatíveis com o sistema cristão
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em processo de afirmação no Ocidente. anteriores condenando os augúrios


Assim, por exemplo, no que se refere à (McKENNA, 1938, p. 121). Não são
Península Ibérica do século IV d.C. ao VIII poucas, também, as indicações correntes nas
d.C., encontramos, nas atas conciliares, hagiografias, o que ademais configura os
referências a um simbolismo pagão santos da Alta Idade Média como
relacionado à fertilidade e à produção verdadeiros persecutores do maravilhoso
agrícola (VIVES, 1963). pagão. Quanto ao De Correctione Rusticorum, já
Nos concílios de Braga de 572, presidido referido, de meados do século VI, tal sermão
por São Martinho, as determinações fazem veicula ainda a condenação do culto ao mar,
eco ao seu famoso sermão, o De Correctione aos bosques, ao fogo doméstico, bem como
Rusticorum (NASCIMENTO, 1997): das superstições relacionadas à saúde, à
condenação do recurso a adivinhos e fertilidade, ao labor dos campos e ao
sortílegos visando à purificação das trabalho doméstico.
habitações, da celebração das tradições e Ative-me, neste breve inventário, ao
festejos pagãos (Calendas), observar o curso contexto mais restrito de minhas pesquisas.2
da lua e dos astros para determinar a melhor Extravasando, contudo, o quadro ibérico,
época para a construção da casa, a ressalta-se o vigor desse discurso anti-pagão
semeadura e a celebração do matrimônio, reproduzido em atas conciliares da Gália
além do emprego de fórmulas supersticiosas merovíngia, da Itália ostrogoda e da
pelas mulheres no trabalho doméstico. Inglaterra anglo-saxônica. Ademais, destaca-
Segundo os cânones do III Concílio de se a profunda identidade encontrada nas
Toledo (VIVES, 1963, p. 129-130), realizado obras de Cesário de Arles, Martinho de
em 589, a idolatria estaria arraigada por Braga, Pirmino, Rabanus Maurus, Regino de
quase toda a Espanha. Este mesmo concílio Prüm e Burcardo de Worms (HEN, 1995, p.
refere-se aos cantos e às danças indecorosas 168), ou seja, são efetivas as repetições das
nos dias dos santos. No mesmo ano, o mesmas condenações, numa ampla
sínodo provincial de Narbona (VIVES, variedade de fontes datadas do século VI ao
1963, p. 147) condena a celebração do século XI. Tratar-se-iam de tradições
quinto dia da semana, em honra a Júpiter. O discursivas vigorosas, porém alheias a
mesmo sínodo, em seu cânone IV, proíbe o qualquer “materialidade”?
trabalho no domingo, sobretudo aquele Parece ser esta a perspectiva que se
relacionado às atividades agrícolas. Tais reafirma com vigor nas análises mais
referências encontram-se no sermão de recentes dedicadas ao tema, restabelecendo,
Martinho de Braga, como aquelas as quais de certo de forma mais sutil, a velha
me refiro a seguir. premissa da Idade da Fé, da Idade Média
Os Concílios IV e V de Toledo (VIVES, elitista plenamente identificada com a
1963, p. 195 e 228), realizados, ortodoxia cristã. Assim, para autores como
respectivamente, em 633 e 636, informam, Harmening (1979, p. 49-73) as repetições e
ainda uma vez, sobre as comemorações das cópias, que aparecem nas fontes coetâneas e
Calendas e de sortilégios em geral. Por fim, posteriores, são um sinal inequívoco de
os concílios XII e XVI de Toledo (VIVES, submissão à convenção literária, de forma
1963, p. 398 e 498) voltariam a carga contra que o paganismo constituía-se apenas em
a idolatria, coibindo o culto aos deuses manifestação discursiva. Yitzhak Hen
alheios, astros, árvores, fontes e pedras (1995), por seu turno, concebe, além da
sagradas. A legislação visigótica também nos tradição discursiva, a intervenção em tais
fornece referências esparsas a cultos fontes de certa realidade existente no
condenados pelo vínculo estabelecido com o período de sua composição, restrita,
paganismo ou, na extensão, com a
intervenção diabólica. O Forum Iudicum, 2 Ver, para uma abordagem aprofundada do tema,
promulgado em 654, incorpora leis minha tese de doutorado (BASTOS, 2003).

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contudo, ao campo da subjetividade. “Esta tópico, isto é, consistia num vasto sistema de
realidade era mais mental do que prática representações e de práticas simbólicas pelas
refletindo, essencialmente, os temores e quais os homens do período concederam
receios que preocupavam a mente dos um sentido e uma ordem ao mundo, ou seja,
autores”. (HEN, 1995, p. 171) Trata-se de representaram, organizaram e legitimaram as
adotar, em tais “análises”, implícita ou relações estabelecidas entre si e com a
explicitamente, as premissas do famoso natureza.
“método arqueológico” de Foucault, As reiteradas condenações às crenças
dedicado a evidenciar um conjunto de regras visavam práticas contraditórias com a
de formação e transformação – tipos de ortodoxia cristã, revelando, ademais, que a
apresentação, construção, encadeamentos, relativa autonomia preservada pelas
figurações, imagens, etc. – que controlam, comunidades camponesas sustentou uma
em cada época (ou episteme), os diversos base de contínua elaboração e reelaboração
domínios do discurso, de acordo com de uma cosmovisão irredutível, plenamente,
“práticas” (ideológicas, sobretudo) aos preceitos ditados pelas elites
articuladas ao próprio discurso. Essa eclesiásticas. Numa época em que os
maneira de encarar a pesquisa permitiria sacerdotes cristãos arrogavam-se, e
tomar os enunciados como efeito de um impunham pela força, o exclusivo da
modo de apresentação discursiva que regula mediação com os céus, erguiam-se fáceis, e
a sistematicidade deles, ressaltando o que há ao alcance de todos, as pedras, as fontes e as
de comum, a respeito, em diferentes tipos de árvores sagradas (BASTOS, 2003, p. 290-
discurso. Este modus operandi apresenta, 291).
porém, graves distorções, cuja caracterização Portanto, as práticas veiculadas pelos
conclui este artigo. discursos não são, em si,
Ora, considerando-se os campos de predominantemente discursivas, não se
manifestação dos vários cultos condenados, limitam ou se reduzem ao plano da
destaca-se a sua incidência no âmbito de “discursividade”. Não se trata, inclusive,
atividades e necessidades várias, apenas de aludir ao aspecto prático dos
fundamentais e correntes na vida quotidiana discursos. É fundamental à sua plena
e trabalho das comunidades camponesas, compreensão a consideração da diversidade
como a fertilidade dos campos, a garantia e das práticas sociais, inserindo-as no campo
preservação das colheitas, a proteção da casa de estudos a partir de alguma teoria relativa
e do trabalho doméstico, além daquelas que ao funcionamento e à mudança das
podem estar diretamente associadas à sociedades humanas (McNALLY, 1999, p.
importância econômica crucial das 33-49). Ademais, as tais “regras que
atividades nas áreas incultas, como os cultos controlam o discurso” determinam, quando
às árvores, rios, mar, fontes. Referem-se, muito, as condições de possibilidade, e não
pois, a um âmbito essencial da estruturação as condições efetivas de produção dos
das sociedades humanas, aquele que se textos. Assim, a emergência, numa
efetiva nas relações estabelecidas entre os sociedade, de um enunciado, de um
homens e a natureza. Nenhuma ação costume, de uma experiência, num contexto
material do homem sobre a natureza, dado – o fato de que isto ocorra – não
nenhuma ação intencional, pode se depende apenas (nem principalmente) de
desenvolver sem considerar, desde seu tais “regras”, e sim, do jogo complexo das
início, as realidades “ideais”, isto é, as condições econômico-sociais, políticas e
representações, as concepções acerca da ideológicas diversas. Depende,
ordem do funcionamento da natureza. Na essencialmente, do estado deste conjunto de
sociedade medieval, como em várias fatores naquele momento específico, da
daquelas estudadas pelos antropólogos, a intervenção dos indivíduos e, até mesmo, de
religião incidia, justamente, sobre este certa dose de acaso. As “regras” são
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elementos necessários, mas não suficientes, DUPRONT, A. Sémantique Historique et


do mesmo modo em que as regras da Histoire. Cahiers de Lexicologie, I/II, p.
gramática são um dos elementos necessários 15-35, 1969.
para que eu fale de forma inteligível, mas
não determinam o conteúdo efetivo do que FEBVRE, L. Combates pela história.
eu digo. (CARDOSO, 1988, p. 111) Enfim, Lisboa: Editorial Presença, 1977.
as continuidades ou transformações dos
enunciados e das práticas só dependem de HARMENING, D. Superstitio.
regras formais em um nível puramente Überlieferungs - und theoriegeschictliche
abstrato. Na realidade, a História não é uma Untersuchungen zur kirchlich-theologischen
articulação sistemática de sistemas de Aberglaubensliteratur des Mittelalters.
articulação, mas depende do jogo efetivo das Berlim: 1979.
forças e contradições presentes e atuantes
em todos os níveis que compõem a HEN, Y. Culture & Religion in
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