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UNIP- UNIVERSIDADE PAULISTA

CAMPOS: ITAMARANDIBA

CURSO: LETRAS PORTUGUÊS

A RELAÇÃO ENTRE HÁBITO DA LEITURA E O DESEMPENHO ESCOLAR DOS


ALUNOS DOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

JOSEANE ANDRADE DE SOUSA/ R.A 1659556

Itamarandiba
2019
JOSEANE ANDRADE DE SOUSA

A RELAÇÃO ENTRE HÁBITO DA LEITURA E O DESEMPENHO ESCOLAR DOS


ALUNOS DOS ANOS FINAIS ENSINO FUNDAMENTAL

Trabalho monográfico- Curso de Graduação-


Licenciatura em Letras Língua Portuguesa,
apresentado à comissão julgadora da UNIP-
Itamarandiba, sob orientação do professor
Bruno César dos Santos.

Itamarandiba
2019
BANCA EXAMINADORA

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Itamarandiba,
2019
Dedico esse trabalho aos meus pais José Lafaiete
Andrade Santos e Terezinha Moreira de Sousa, com
todo meu amor e gratidão, por tudo que fizeram por
mim ao longo da minha vida.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que me deu energia e benefícios para concluir esse
trabalho. Agradeço aos meus pais que não mediram esforços para me apoiar em
todos os momentos. Enfim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte dessa
etapa decisiva em minha vida. Que Deus sempre esteja com vocês, o meu muito
obrigada!
A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas
faz parte do processo da busca.

E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura,


fora da boniteza e da alegria

(Paulo Freire)
SUMÁRIO

Capítulo I Introdução_____________________________________________ 10

Capítulo II Referencial Teórico______________________________________ 13

2.1 A história da Leitura: Um possível paralelo com o cenário atual________ 13

2.1.1 A leitura e a Escola___________________________________________ 16

2.2 Relação entre o hábito da leitura e o desempenho nos Anos Finais 17


Ensino Fundamental__________________________________________
2.2.1 O aluno que lê_______________________________________________ 18

2.3 Os desafios para a leitura em tempos de internet____________________ 20

2.4 Estímulo a leitura_____________________________________________ 22

Capítulo III Metodologia___________________________________________ 25

Capítulo IV Resultados ____________________________________________ 26

Capítulo V Discussão_____________________________________________ 26

Capítulo VI Considerações Finais____________________________________ 33

Referências ______________________________________________________ 34
LISTA DE SIGLAS

INAF- Indicador Nacional de Analfabestismo Funcional

PCN- Parâmetro Curricular Nacional

TICs- Tecnologias de Informação e Comunicação

UNESCO- Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.


LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Notas de Português e nas outras disciplinas - alunos de 8ª série-----------29


Resumo
O estudo explora a importância da leitura, abordando diversos aspectos do tema,
entretanto o foco maior é a importância da leitura para alunos dos anos finais Ensino
Fundamental, pois como demonstrou a pesquisa, existe uma grande diferença entre
o aluno que tem hábito de leitura e aquele que não tem. Diante disso, este estudo
apresenta como problema de pesquisa: Como o hábito da leitura pode influenciar o
rendimento acadêmico dos alunos dos anos finais Ensino Fundamental? Assume-se
como hipótese: a leitura influência no rendimento dos alunos dos anos finais Ensino
Fundamental, uma vez que quando se tem o hábito de ler, têm-se maior facilidade
para apreender informações de todos os conteúdos. Por objetivo geral, investigar a
relação entre o hábito da leitura e o desempenho escolar entre alunos dos anos
finais do Ensino Fundamental, e por objetivos específicos: resumir a história da
leitura, construindo um possível paralelo entre tal história e o cenário que se tem,
atualmente, além disso, propõe-se analisar a diferença do perfil do aluno que lê para
o que não lê e ainda, propõem-se discutir os desafios para o hábito de leitura em
tempos de internet e, por fim, propor formas de estimular os alunos ao hábito da
leitura. Por metodologia adota-se pesquisa literária, que conforme Gil (2002) é
bastante flexível, uma vez que possibilita a consideração dos mais variados
aspectos relativos ao fato estudado, proporcionando a síntese do conhecimento e a
incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática.
Justifica-se, pois diversos autores têm denunciado o fracasso escolar em alunos dos
anos finais Ensino Fundamental e a dificuldade com a leitura está quase sempre
associado a isso. Os resultados demonstraram existir uma clara relação entre
fracasso escolar e falta do hábito de leitura, além disso, apresenta propostas que
pode contribuir para estimular a leitura entre os alunos e com isso melhorar o
desempenho geral.

Palavras-chave: Leitura; Ensino Fundamental; Desempenho; Internet


Abstract
The study explores the importance of reading, addressing several aspects of the
theme, however the main focus is the importance of reading for primary school
students, because as the research shows, there is a big difference between the
student who has a reading habit and the one who there is not. In view of this, this
study presents as a research problem: How can the reading habit influence the
academic performance of elementary school students? It is assumed as a
hypothesis: reading influences the performance of elementary school students, since
when one has the habit of reading, one has a greater facility to grasp information of
all contents. For purposes of investigating the relationship between reading habit and
school performance among elementary school students, as well as summarizing the
history of reading, constructing a possible parallel between such a story and the
current scenario, it is also proposed to analyze the difference of the profile of the
student who reads to what he does not read and yet, it is proposed to discuss the
challenges to the habit of reading in times of the internet, and finally to propose ways
to stimulate students to the habit of reading. By methodology, we adopt a literary
research, which Gil (2002) is quite flexible, since it allows the consideration of the
most varied aspects related to the fact studied, providing the synthesis of knowledge
and the incorporation of the applicability of results of significant studies in practice . It
is justified, since several authors have denounced the school failure in elementary
school students and the difficulty with reading is almost always associated with this.
The results showed a relationship between school failure and lack of reading habits,
as well as pointing out ways to solve the problem.

Key words: Reading; Elementary School; Performance; Internet


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Capitulo I - INTRODUÇÃO

Uma das habilidades mais valorizadas na sociedade moderna é o domínio


da escrita e leitura, pois saber ler e escrever inclui o sujeito num campo privilegiado
que o permitir compreender o mundo por uma perspectiva diferenciada. De modo
contrário, não dominar tais habilidades coloca o sujeito em um lugar de retrocesso e
exclusão, tendo em vista que o mundo gira em torno de tecnologias que exigem
letramento para operá-las.
Diante disso, a leitura tornou-se uma necessidade, sendo que a exigência
pelo domínio de tal habilidade inicia-se desde a primeira infância, no entanto, não é
raro perceber em sujeitos de todos os níveis do desenvolvimento o desapreço pela
leitura.
Porém, a leitura é de fundamental importância, sobretudo, durante o
percurso escolar, pois sem uma boa capacidade de leitura o rendimento do aluno
reduz consideravelmente, uma vez que a leitura está ligada a interpretação. E saber
compreender os enunciados aumenta, significativamente, a capacidade de
apreender os conteúdos propostos em sala de aula.
A leitura não possibilita somente o exercício do poder individual de análise
como também da tomada de decisão e possibilita um entendimento mais amplo da
realidade, exigindo um desenvolvimento contínuo desta habilidade. Pode-se afirmar
que, quanto mais se lê, mais se compreende, maior será o entendimento dos fatos e
a compreensão do mundo. A escola e, sobretudo, os anos finais Ensino
Fundamental têm papel importantíssimo nisso, pois é nesse cenário que se
desenvolve tal competência.
No entanto, nos últimos tempos, um aspecto preocupante tem se
apresentado. Diversas publicações especializadas têm denunciado o crescimento do
fracasso escolar dos alunos dos anos finais Ensino Fundamental. Do lado docente, a
explicação é que o aluno não aprende porque ele é desinteressado ou o meio no
qual ele vive não favorece seu desenvolvimento. Do lado discente, as dificuldades
se relacionam com os sentimentos apresentados pelos alunos, que se sentem
incapazes, pouco inteligentes ou com problemas de outra natureza. O fato é que,
independentemente, de qual lado está correto em suas colocações, a dificuldade de
leitura aparece como sendo uma das principais causas do insucesso do aluno no
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anos finais do Ensino Fundamental, havendo poucos estudos com foco na busca de
alternativas para sanar, ou ao menos, minimizar a questão.
Diante disso, este estudo apresenta como problema de pesquisa: Como o
habito da leitura pode influenciar no rendimento acadêmico dos alunos do Ensino
Fundamental?
Tendo elencado o problema, assume-se como hipótese: a leitura
influência no rendimento dos alunos do Ensino Fundamental, uma vez que quando
se tem o habito de ler, têm-se maior facilidade para apreender informações de todos
os conteúdos.
Ante ao problema e hipótese, e na tentativa de responder ao problema
confirmando ou refutando a hipótese inicial, este estudo assume como objetivos:
investigar a relação entre o hábito da leitura e o desempenho escolar entre alunos
do Ensino Fundamental, bem como resumir a história da leitura, construindo um
possível paralelo entre tal história e o cenário que se tem, atualmente, além disso,
propõe-se analisar a diferença do perfil do aluno que lê para o que não lê e ainda,
discutir os desafios para o hábito de leitura em tempos de internet e, por fim, propor
formas de estimular os alunos ao hábito da leitura.
Tendo elencado o problema, hipótese e objetivos a pesquisa que se
caracterizou por um estudo exploratório, e adotou por metodologia pesquisa literária
para, que conforme Gil (2002) é bastante flexível, uma vez que possibilita a
consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado,
proporcionando a síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de
resultados de estudos significativos na prática.
O estudo se justifica, uma vez que diversos autores têm denunciado o
fracasso escolar em alunos dos anos finais do ensino fundamental e a dificuldade
com a leitura está quase sempre associado a isso. Deste modo, discutir os aspectos
relacionados ao tema e ainda apontar meios para superar tal dificuldade pode ser de
grande valia tanto prática quanto teórico, pois apontará meios para estimular a
leitura, bem como poderá servir de subsídios para novos estudos, ou mesmo, para
fundamentar prática dos professores em seu dia a dia.
O estudo está organizado da seguinte forma: Além da introdução, este
estudo apresenta: referencial teórico, no qual discute a fundo o tema em análise,
utilizando de diversas publicações e autores para tal. Após tem-se a metodologia,
neste tópico, apresenta-se o método utilizado para a construção do estudo, após
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tem-se os resultados e discussão, este tópico ocupa-se em apresentar os resultados


da pesquisa e discuti-los, por fim, tem-se a conclusão, tópico em que serão
apresentadas as conclusões que o estudo permitiu chegar.
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Capitulo II- REFERENCIAL TEORICO

Este tópico se ocupou em apresentar ideias de autores que são


relevantes para a compreensão da influência da literatura no processo de
aprendizagem dos alunos nos anos finais do Ensino Fundamental. Assim sendo,
este capítulo terá os seguintes tópicos: a história da leitura um possível paralelo
entre tal história e o cenário que se tem atualmente; a relação entre o hábito da
leitura e o desempenho escolar entre alunos dos anos finais do Ensino
Fundamental; a diferença do perfil do aluno que lê para o que não lê e ainda;
Estratégias para estimular os alunos ao hábito da leitura.

2.1 A História da Leitura: Um Possível Paralelo entre tal História e o Cenário


Atual

Estudos feitos sobre a difusão do hábito da leitura e da escrita numa dada


população e sobre as características de suas escolhas em matéria de títulos e
gêneros é tradicionalmente objeto de investigação sobre a História do Livro. Esses
estudos contribuem, segundo Darnton (1990), para mapear o “quem”, “o quê”,
“onde” e “quando” da leitura. Os estudos realizados no campo da História da Leitura
deslocaram essas preocupações para responder perguntas mais difíceis sobre
“como” e “porquê” se exercem essas práticas, o que passou a ser sua questão
central (GNERRE, 1992). Chartier (1990) produz, assim, uma história das
interpretações,
Remetidas para as suas determinações fundamentais (que
são sociais, institucionais, culturais) e inscritas nas práticas
específicas que as produzem. Conceder deste modo
atenção às condições e aos processos que, muito
concretamente, determinam as operações de construção do
sentido (na relação de leitura) é reconhecer, contra a antiga
história intelectual, que as inteligências não são
desencarnadas, e, contra as correntes de pensamento que
postulam o universal, que as categorias aparentemente mais
invariáveis devem ser construídas na descontinuidade das
trajetórias históricas. (CHARTIER, 1990, p.26-27).

Trajetórias que, no Brasil, também são recentemente historicizadas e que


não se constituíram como um campo de estudos autônomo, uma vez que seu objeto
foi construído e parcelado por um conjunto de disciplinas como a História, a
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Sociologia, a Linguística e a Psicanálise. O que impulsionou essas diferentes áreas


de conhecimento para a investigação foi o fenômeno do iletrismo e a necessidade
de políticas para enfrentá-lo, principalmente, a partir da década de 1960, ampliando
seus resultados e constituindo este campo de estudos como um grande fórum de
debates (BOLFE, 2018).
Isso não desqualifica o campo, ao contrário, favorece sua produção
devido ao diálogo intenso entre as diversas áreas de conhecimento que se dedicam
ao estudo, beneficiando sua circulação e o interrelacionamento das pesquisas.
Destacam-se mais claramente duas tradições de estudos sobre a leitura e a escrita:
a dos estudos sociais e a da difusão do hábito da leitura em uma dada população.
O mecanismo que parece estar na origem da tradição de estudos sobre a
leitura, como apontou Chartier e Hébrard (1995), é de pensar a leitura e a escrita
dos outros. Estas pesquisas apontam de um lado, as práticas dos ainda não-
letrados, que, recentemente, deixaram de ser iletrados, jovens, crianças, operários,
camponeses, mulheres, negros e imigrantes. De outro lado, daqueles que, em razão
de diferentes processos e mudanças sociais, estão quer no limiar da verdadeira
cultura letrada, quer se afastando dela, como os países de terceiro mundo, as
sociedades afetadas por graves crises ou expostas a novas tecnologias de
entretenimento, de preservação e de transmissão do conhecimento e da informação
ou, ainda, esses grupos profissionais expostos a processos de desqualificação e
proletarização, como os professores.
É possível, contudo, apreender articulações entre esses diferentes modos
de abordar e lidar com o fenômeno da leitura e da escrita. A principal delas reside no
pressuposto de DARNTON (1990) de que “a leitura tem uma história”: é uma
atividade humana e, como tal, criativa e variável, e constituída em torno de um
conjunto de condições sociais.
Diante deste pressuposto, Bolfe, (2018) pontua que o fato apresentado
decorrem em vários pontos de articulação. Primeiro, uma tendência em se buscar,
no estudo das práticas, apreender sua singularidade histórica e social, ou, em outras
palavras, o modo pelo qual condições históricas sociais particulares fazem emergir
modos de ler e de escrever, usos da leitura e da escrita e significações que não
podem ser inferidos de uma essência das mesmas práticas. Na análise e descrição
dessas condições sociais e históricas parece residir um segundo ponto de
articulação. Essas condições tendem a ser apreendidas de acordo com os casos
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estudados; não se identificam com estruturas sociais, econômicas ou culturais


definidas a priori, mas dizem respeito a um conjunto complexo de fatores e a seu
interrelacionamento na constituição dos dois elementos centrais de toda a leitura e
escrita, os textos e os leitores.
Na perspectiva de investigação sobre as relações entre leitores e seus
escritos, mesmo que dependentes das configurações sociais que os produzem, é
importante considerar que leitores e textos podem desenvolver formas de
apropriação que pouco têm a ver com aquelas visadas nas indicações de obras e
podem constituir, desse modo, um novo texto, com novos objetivos, novos usos,
novos significados. Daí a busca, pelos estudos sobre práticas de leitura, de
apreender os traços constitutivos das diferentes comunidades de leitores (SOUZA,
CARVALHO, CARVALHO, 2006).
A História da Leitura deve ser entendida, na perspectiva de apreender
suas práticas, como o estudo dos processos com os quais se constrói um sentido.
(CHARTIER, 1990). Deste modo, rompe com a antiga ideia que dotava os textos e
as obras de um sentido intrínseco, absoluto, único e se dirige às práticas que, sendo
plurais e contraditórias, dão significado ao mundo.
Caracterizam-se, assim, as práticas discursivas, sejam elas orais ou
escritas, sobre a leitura e a escrita como produtoras de ordenamento, de afirmação
de distâncias, de divisões, constituindo-se o reconhecimento das práticas de
apropriação cultural como formas diferenciadas de interpretação. Assim, tanto a
apropriação cultural como as diferentes formas de interpretação têm suas
determinações sociais, mas as últimas não se reduzem a uma investigação
demasiado simples que a história das sociedades ditou às suas culturas
(TAKAMATSU, 2017).
Compreender estes enraizamentos exige que se tenha em conta as
especificidades do espaço próprio das práticas culturais, que não é de forma
nenhuma passível de ser sobreposto ao espaço das hierarquias e das divisões
culturais (TAKAMATSU, 2017).
Convém destacar também que o interesse pela leitura de uma nação está
intimamente ligada a história da leitura daquela nação. No Brasil, por exemplo, a
leitura, infelizmente, está longe de ocupar o espaço que deveria na vida da
população. As raízes do desinteresse do brasileiro são oriundas da colonização
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portuguesa, a qual não favorecia qualquer desenvolvimento cultural em nossas


colônias (MORO, SOLTO, ESTABEL, 2014).
Ainda conforme Moro, Solto e Estabel (2014) a política colonialista
significou um entrave à produção editorial do Brasil. Foi somente em meados de
1840 que surgiram as primeiras livrarias e bibliotecas, para suprirem a carência
educacional. No âmbito escolar, foi somente no século XX que o mercado editorial
olhou o público infantil como consumidor e passou a publicar livros adequados a
esse contingente.

2.1.1 A leitura nas escolas

Discutir as bases que fundamentam a história da leitura permitiu


compreender como ela foi sendo reconhecida ao longo do tempo. Essa
compreensão é importante à medida que provoca reflexões acerca de como a leitura
é compreendia, sobretudo, na escola, nos dias atuais (ALVES, 2006).
Sobre isso, diversos autores, dentre os quais destacam-se Kleiman,
(2006), Orlandi (1996), Geraldi (2001), Solé (1998), Marcuschi (2001), Lodi (2004),
Koch (2006), Alves (2008) têm apresentado duras críticas à forma como a leitura tem
sido tratada no contexto escolar. Estes autores argumentam que tal atividade
restringir-se a um mero processo de decodificação de signos linguísticos, em
detrimento de um processo ativo de construção de conhecimentos, que permite ao
leitor lançar mão de capacidades diversas (perceptuais, motoras, afetivas, sociais,
discursivas, linguísticas), todas dependentes da situação e dos objetivos de quem lê.
Nos anos finais do Ensino Fundamental, a partir do qual se espera que o
aluno adquira competência necessária para ler e compreender textos, dos mais
variados gêneros, posicionando-se, criticamente, em relação a eles, percebe-se
entre outros, que as práticas de leitura não propiciam a formação leitora dos alunos
com o mínimo de proficiência para a compreensão de textos (ALVES, 2008).
Compreender textos, não pode ser entendido como uma ação apenas
linguística ou cognitiva, nem um ato de extração de significados isolados, como se
as palavras fossem portadoras de um sentido absoluto, compreender o que se lê, é
uma forma de categorizar o mundo e de agir sobre ele na relação com o outro, em
contextos específicos de comunicação. Como bem diz Marcuschi (2008)
compreender não é um simples ato de identificação de informações, mas uma
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construção de sentidos com base em atividades inferenciais. Para se compreender


bem um texto, é preciso sair dele, interelacionar conhecimentos, fazer comparações,
levantar hipóteses, tirar conclusões e produzir sentidos.
Dessa forma, percebe-se que o modo como a leitura e ensinada nas
escolas, atualmente, reflete a forma como esta prática foi sendo tratada ao longo
dos séculos, limitando-a a decifrar códigos e signos, sem aprofundar no
entendimento dos significantes que atravessam as letras (MARCUSHI, 2008).
Ante a isso, Alves (2008) argumenta que é preciso resignificar o
entendimento que se tem do ensino da leitura, pois somente assim será possível
construir um novo paradigma no qual a leitura ocupe lugar central, como aquela
capaz de ampliar a compreensão da realidade e partindo disso transformá-la.
Diante de tal constatação, é impossível não se questionar sobre a
influência que o hábito da leitura exerce sobre a vida do sujeito, sobretudo, daqueles
em idade escolar. Assim sendo, esta reflexão será objeto do próximo tópico.

2.2 Relação entre o Hábito da Leitura e o Desempenho Escolar nos Anos Finais
do Ensino Fundamental

A prática da leitura se faz presente na vida das pessoas, desde o


momento em que passam a compreender o mundo a sua volta. No constante desejo
de decifrar e interpretar o sentido das coisas que os cercam, de perceber o mundo
sob diversas perspectivas, de relacionar a ficção com a realidade em que vivem, no
contato com um livro, enfim, em todos esses casos, está de certa forma lendo,
embora muitas vezes o indivíduo não se dá conta disso.
Freire (2008) já postulava que “A leitura do mundo precede a leitura da
palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da
leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente” (FREIRE, 2008,
p. 11). Freire (2008) mostra que antes mesmo do contato com o livro o indivíduo já
tem um contato com a leitura do mundo, com sua experiência de vida, pois cada ser
tem uma maneira de interpretar e ver as coisas que o rodeia, por isso a leitura do
mundo é sempre de fundamental importância do ato de ler, de escrever ou
reescrever e transformar através de uma prática consciente. Isso equivale dizer que
a realidade cotidiana do aprendiz está diretamente refletida no processo de
conhecimento e interpretação das palavras e frases escritas. Com isso, a leitura é
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uma forma de atribuição contínua de significado, os quais precisam ser desvelados


pela compreensão do ser humano, pela sua subjetividade. Assim, a leitura é um dos
grandes elementos da civilização humana.
Dessa forma, a leitura deve ser compreendida como um instrumento
norteador e mediador da construção do pensamento. Pensar não é apenas uma
atividade intelectual, filosófica, é um fenômeno construído ao longo da existência do
sujeito que busca desvendar a si e ao mundo (ORLANDI, 1988). A escola, com todo
o seu conjunto de atividades, há que, no contexto das leituras, desenvolver nos
alunos a capacidade de pensar. No entanto, a escola recebe várias críticas que
colocam em cheque sua eficácia, pois questiona-se se a escola estaria
oportunizando o desenvolvimento intelectual do aluno ou apenas ensinando-o a
reproduzir conteúdos (SIMÕES, CARNIELLI, 2002).
Um texto, seja ele escrito ou verbal, é um componente da vida e, pelo seu
dinamismo, não pode ficar apenas no nível da compreensão meramente referencial.
A leitura do óbvio é necessária à informação, mas leitura das entrelinhas, do
discurso, do não dito, permeia além da informação, a formação do senso crítico, a
perspicácia, indispensável à formação do cidadão (ORLANDI, 1988).
Assim sendo, a leitura assume lugar de instrumento básico das formas de
pensar e agir, é premente a necessidade de se dar prioridade ao contexto das
atividades de leitura, pois ao desenvolver tal habilidade permite ao sujeito observar o
mundo por um ângulo peculiar, tornando-o capaz de analisar criticamente o universo
a sua volta, formando pontos de vista em relação à historicidade social (SIMÕES,
CARNIELLI, 2002).

2.2.1 O aluno que lê

Percebe-se por meio da discussão ora elencada a importância da leitura


para a compreensão do mundo que nos cerca. No que versa sobre o domínio desta
habilidade no contexto escolar, diversos autores, dentre os quais se destacam Fini e
Calsa (2006) e Sisto e Martinelli (2006), apontam que deficiência no domínio de tal
habilidade causa impactos devastadores na vida dos sujeitos, reduzindo sua
capacidade de compreensão, tornando-os mais propensos ao fracasso escolar e
posterior evasão.
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Estes autores consideram que houve um crescimento do fracasso escolar


nos anos finais do Ensino Fundamental, especialmente, na última década. Tal fato
pode ser atribuído às dificuldades de aprendizagem dos diferentes conteúdos
escolares. O fracasso escolar se refere a um desempenho não satisfatório na
aprendizagem das disciplinas (PATTO, 1987). Embora muitas teorias busquem
compreender suas causas, é sabido que nos anos finais Ensino Fundamental ele
envolve, sobretudo, problemas nos domínios da escrita e da leitura. Nessa direção,
os dados obtidos pelo Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF), do
Instituto Paulo Montenegro (2007) sobre leitura, escrita e matemática no ano de
2007, apontaram que somente 27% da população brasileira pode ser considerada
plenamente alfabetizada (FINI, CALSA, 2006).
Observa-se que muitos alunos dos anos finais Ensino Fundamental
apresentam sérias dificuldades nessa habilidade. Os estudantes que completam o
Ensino Fundamental, isto é, chegam até o 9º ano, por vezes, sabem ler. Contudo,
não demonstram capacidade de abstrair as ideias mais relevantes do texto, apenas
apresentam capacidade de decodificação simples, o que não significa que a
compreensão tenha ocorrido. Há fortes chances que, ao ingressarem no ensino
médio, esses alunos não terão a capacidade de leitura crítica e reflexiva, tão
desejada para esse nível de escolaridade (GUIDETTI, MARTINELLI, 2007).
Oliveira e Santos (2005) discutem que a compreensão em leitura vai além
da capacidade de decodificar os símbolos do alfabeto. Envolve, pois, reflexão,
crítica, pensamento analógico, atribuição de significado, capacidade de
contextualização, ritmo e velocidade, entre outros aspectos, como a formação de
atitudes positivas em relação à leitura e ao hábito de ler. Todos esses
comportamentos formam um leitor competente e fluente na habilidade da leitura com
compreensão.
Assim sendo, a compreensão em leitura pode ser entendido como um
comportamento cognitivo verbal, em que o processamento da compreensão se inicia
quando o leitor toma contato com algum novo conteúdo. Inicialmente, a memória de
trabalho será ativada de modo a captar as informações textuais. Em seguida,
analogias com informações já armazenadas na memória de longa duração serão
realizadas. O leitor passa, então, a compreender a nova informação de modo que
agora esta ficará arquivada, aguardando alguma oportunidade de ser acessada
(STERNBERG, 2000).
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Sob esse aspecto, é possível fomentar que quanto mais contato se tem
com a leitura, isto é, quanto mais se lê, mais aprimorada se torna a habilidade de
compreensão, em razão do desenvolvimento e ampliação dos conhecimentos
prévios que servirão de base para a compreensão de novas informações. Portanto,
a compreensão envolve uma estreita relação entre o leitor e a leitura e depende de
decodificação e compreensão linguística (DEMBO, 2000; BRACKEN, FISCHEL,
2005).
Ante ao exposto é possível concluir que a leitura é habilidade fundamental
para o bom rendimento acadêmico, alunos que não leem apresentam muitas
dificuldades em todos os conteúdos, logo, esta deve ser uma habilidade explorada e
muito estimulada entre os alunos de todos os anos, sobretudo, durante o Ensino
Fundamental, pois nesta fase, o domínio da leitura será decisivo para seu sucesso
escolar (GUIDETTI, MARTINELLI, 2007).
Uma reflexão e também um desafio que tem surgido nos últimos anos é
como estimular os alunos ao habito da leitura em tempos de internet e redes sociais,
pois como é sabido, a imensa maioria dos adolescentes acessam este recursos e
por ser bastante atrativo para este público ocupa boa parte do seu tempo, além de
provocar desinteresse pela leitura (COELHO, 2008). Diante disso, este é um aspecto
que precisa ser debatido, logo será objeto de discussão do próximo capítulo.

2.3 Os Desafios para o Hábito de Leitura em Tempos de Internet

A influência que a Internet provoca nos hábitos de leitura do adolescente


é um tema que polemiza os debates em prol da educação. A rede internacional de
computadores - a Internet - foi o meio de comunicação que mais rapidamente se
expandiu no mundo. Paradoxalmente, nem todas as pessoas têm acesso a ela
(WERTHEIN, 2000). As tecnologias de informação e comunicação na Internet
disponibilizam o acervo de bibliotecas digitais e virtuais, expandindo, desta forma, os
limites do ensino e da pesquisa (LAJOLO, 2001).
Conforme Lajolo (2001) a leitura, processo intrinsecamente ligado à
escrita, faz parte do desenvolvimento humano. Além disso, aglomera aspectos
ideológicos, culturais e filosóficos que irão compor o pensamento humano exigindo,
consequentemente, uma posição crítica do “ser” leitor.
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O adolescente, por sua vez, tem considerado a leitura de livros como uma
atividade penosa, preferindo sempre a leitura em meios virtuais, leitura essa quase
sempre despretensiosa, isenta de criticidade. O que de certo modo é negativo para o
desenvolvimento de habilidades importantes para a compreensão do mundo a sua
volta. Portanto, é papel fundamental da escola e reverter este pensamento juvenil e
cativar o jovem a descobrir o significado da leitura. No entanto, a internet tem sido o
maior concorrente dos professores, exigindo destes profissionais muito manejo para
manter a atenção dos alunos (HORELLOULAFARGE; SEGRÉ, 2010).
No entanto, apesar das transformações tecnológicas atingirem direta ou
indiretamente toda a sociedade, o suporte com o qual a criança tem o seu primeiro
contato com a leitura ainda é o livro. Weiss e Cruz (2001) concluem que a criança de
hoje já nasce “mergulhada” no mundo tecnológico. A escola, neste sentido, deve
preparar o futuro cidadão a tornar-se crítico e apto a exercer funções necessárias ao
desenvolvimento da sociedade (COELHO, 2008).
Assim sendo e importante pensar que na era digital, a moeda forte é a
troca de informação, acessível e universal. Independente da natureza da
informação, a tecnologia necessária para transportá-la, editá-la ou armazená-la será
a mesma e estará disponível em todo o mundo. Ainda que a literatura eletrônica
ocupe a preferência entre os adolescentes, o livro impresso não será extinto
(MORO, SOUTO, ESTABEL, 2014).
Moro, Souto e Estabel (2014) argumentam que livro ainda continua
sendo o meio mais econômico, adaptável às circunstâncias, transportável e
consultável de pesquisa e leitura. Novas formas de leitura sempre existiram e
continuarão a surgir na humanidade e, com o passar do tempo, a modernização
poderá causar algumas modificações no modo de apresentação de uma obra.
Outrora, pensava-se que a cultura seria deteriorada com a aceitação do livro. Desde
o advento da imprensa de Gutenberg, questiona-se tal problemática. Positivamente,
a informação chega a um número crescente de pessoas numa velocidade
espantosa.
Evidencia-se que a evolução das técnicas de fabricação e de divulgação
dos textos impressos tornou possível o desenvolvimento da prática de leitura
(HORELLOULAFARGE; SEGRÉ, 2010); porém, defende-se, a partir da provocação
apresentada por Chartier (2002), de que o novo suporte do escrito não significa o fim
do livro ou a morte do leitor.
23

O contrário, talvez. Portanto, considera-se importante promover situações


de leitura, também na escola, em suportes impressos e em telas, uma vez que

Livros e computadores não se excluem [...] O acesso à realidade virtual


depende do domínio da leitura e, assim, essa não sofre ameaça, nem
concorrência. Ao contrário, sai fortalecida, por dispor de mais um espaço
para sua difusão. Quanto mais se expandir o uso da escrita por
intermédio do meio digital, tanto mais a leitura será chamada a contribuir
para a consolidação do instrumento, a competência de seus usuários e o
aumento de seu público (ZILBERMAN, 2009, p. 5).

Sabendo disso, o professor precisa construir mecanismos para estimular


os alunos a lerem e aprenderem a compreender o que leem, serem críticos e
capazes de construírem conhecimentos a partir de informações colhidas (COELHO,
2008). Por se um tema de grande relevância será objeto do próximo capitulo.

2.4 Estímulo ao hábito de leitura

Para Lajolo (2001), projetos qualificados de incentivo à leitura devem


investir na formação dos professores, que são os mediadores entre a criança/jovem
e o adolescente. Para tanto, também deve envolver a comunidade em atividades
concretas de leitura, como coleções variadas e acessíveis. É ponto pacífico entre
educadores que a formação de leitores críticos é requisito básico para que estes
saibam discernir sobre a informação de qualidade. Para que este fato se torne
verídico, devem ser criadas metas para a política da educação brasileira.
Ler, qualitativamente, é uma das grandes dádivas que temos a usufruir;
nos conduz à alteridade, seja a nossa própria ou a de nossos amigos, presentes ou
futuros. Segundo Ferreiro e Palácio (1987), o processo de leitura é dotado de uma
série de opções. O leitor não responde, simplesmente, aos estímulos do meio, e sim
desenvolve estratégias para trabalhar com o texto de tal maneira que seja possível
compreendê-lo. Educadores devem atentar para a manutenção dos leitores já
conquistados. Prioriza-se, em demasia, a formação do leitor, não significando um
desmerecimento desta prática. No entanto, a falta de continuidade deste trabalho
também finda, consequentemente, o “prolongamento” do ser leitor.
24

O professor, ao usar textos em aula para a gramática e para


interpretação de texto, ao mesmo tempo, afasta o aluno da leitura. Ao fazer isso, o
mestre quer ministrar dois conteúdos em uma única vez; no entanto, entedia o aluno
com uma aula técnica e abundante em regras. A leitura deve ser prazerosa. Neste
âmbito, devem-se pensar alternativas, elaborar propostas que despertem o interesse
em seus alunos. O emprego de obras literárias nas escolas deve ser de maneira
cativante. A leitura não deve ser imposta; o aluno, em especial o leitor adolescente,
carece da sensação de liberdade para opinar naquilo que julga imprescindível
(MORO, SOUTO, ESTABEL, 2014).
Professores costumam recomendar aos alunos a leitura de obras literárias
para a execução de trabalhos, com a finalidade de incentivar o interesse do aluno
pela literatura e apurar-lhe o senso crítico. A leitura obrigatória, imposta pelos
professores, é cobrada e avaliada por meio de provas ou fichas de leitura, método
esse reprovado por ir contra todo o processo educacional moderno. Com certeza,
esse tipo de avaliação afasta o aluno da leitura (VIEIRA, 2007).
Ainda conforme Viera (2007), muitas vezes, os procedimentos dos alunos
são os resumos passados de mão em mão entre os colegas que não têm o menor
interesse em conhecer a leitura obrigatória dos colégios, comprovando a defasagem
deste método. A escola deve escolher livros que tenham a ver com a realidade dos
adolescentes para que a leitura seja proveitosa. A política educacional brasileira é a
responsável por esta situação crônica, a qual é oriunda dos tempos do Brasil-
Colônia.
Por conseguinte, a má formação do leitor brasileiro é vinculada ao fato de
que o saber dos livros era privilégio de poucos. Os interesses de leitura sofrem
influências de acordo com a idade, sexo, grau de alfabetização e de inteligência,
etnia, fatores socioeconômicos e disponibilidade de material. A influência da família,
o comportamento dos professores e os ambientes social, psicológico e educacional
também concorrem para a formação de e educacional também concorrem para a
formação de atitudes em relação à leitura (MONTEIRO, et. al., 2017).
Dessa forma, e sabendo da forte influência que a internet exerce, o
professor não deve percebê-la como inimiga, mas sim como uma ferramenta que
incentiva a descoberta de informações e a construção de conhecimento do aluno.
Podendo ser utilizados os softwares educativos e os jogos educacionais como
fatores motivacionais. Desta forma, o computador, a internet e as tecnologias são
25

ferramentas de ensino aprendizagem. Embora, a tecnologia não tenha surgido para


substituir os meios atuais de ensino, seu principal objetivo é que os professores
utilizem todos os recursos possíveis no processo de ensino aprendizagem, sejam
métodos tradicionais ou ferramentas tecnológicas (SILVA, 2005).
Ante ao exposto, pode-se dizer que para estimular nos alunos o gosto
pela leitura o professor precisa ser criativo, lançar mão de estratégias diversas, pois
o perfil do aluno de hoje e diferenciado, e o hábito de ler não faz parte do seu
repertório, e o professor sabendo da importância desta prática deve estimulá-la.
26

Capitulo III – METODOLOGIA

A pesquisa se caracterizou por um estudo exploratório, utilizando-se de


pesquisa literária, que segundo Gil (2002) é bastante flexível, de modo que
possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. O
método foi à revisão da literatura. Essa metodologia emerge como uma alternativa
que proporciona a síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de
resultados de estudos significativos na prática (SILVEIRA, 2005).
A busca de material para a construção do estudo foi realizada pela
internet em sites especializados (Google Acadêmico e Scielo) além do material
localizado na internet foram utilizados livros e outras publicações de acervo pessoal.
Para a busca de material na internet foram utilizadas as seguintes palavras-chave:
Leitura; Ensino Fundamental; Desempenho; Internet. Estas palavras foram buscadas
em conjunto. A busca remeteu a um enorme volume de publicações. Para a seleção
do material foram adotados os seguintes passos: Leitura dos títulos e resumos das
publicações; Análise da metodologia adotada e dos resultados obtidos. Leitura das
publicações na integra.
Ao ler os títulos e resumos das publicações, muitas foram descartadas,
pois não tratavam da temática em estudo, das publicações que foram selecionadas
analisou-se a metodologia adotada e os resultados obtidos, esse passo é relevante
pois, permitiu verificar a confiabilidade da publicação, aquelas que apresentam
metodologia pouco consistente e resultados pouco elucidativos foram descartadas,
as publicações que restaram, foram lidas na integra, algumas foram descartadas,
pois não contemplavam diretamente o que a pesquisa se propõe, as que foram
verdadeiramente selecionadas para a construção deste estudo, foram baixadas e
arquivadas em pasta especifica. As publicações foram organizadas de forma a
facilitar o acesso a elas sempre que necessário. Além disso, construiu-se
fichamento, considerando os pontos mais relevantes de cada publicação.
Embora a pesquisa não tenha envolvido contato direto com seres
humanos, dispensando apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa, todos os
cuidados éticos foram tomados, adotou-se procedimentos científicos, visando
garantir a confiabilidade e fidedignidade dos resultados do estudo.
27

Capítulo IV - RESULTADOS

Este capítulo se ocupará em apresentar os resultados e discuti-los de


forma a contextualizá-los com a realidade contemporânea, dando ênfase nos
recursos que podem ser utilizados para estimular o hábito da leitura entre os alunos
dos anos finais do ensino fundamental.
É importante destacar que ao realizar a pesquisa deparou-se com um
enorme volume de publicações, no entanto, ao submetê-las ao crivo de seleção
restou um total de quarenta (40) publicações que foram analisadas e utilizadas para
sustentar o estudo ora apresentado.
A proposta da pesquisa foi investigar a importância do hábito da leitura
para alunos dos anos finais ensino fundamental. Para construir algo realmente
significativo sobre o tema, iniciou-se a discussão buscando os fundamentos
históricos da leitura, percebeu-se que para compreender está prática é preciso
conhecer o que determinada população lê, pois assim será possível identificar com
qual objetivo tal população lê. Foi possível compreender também, que o ato de ler e
carregado de vários sentidos.

Capitulo V- DISCUSSÃO

A princípio a leitura era compreendida como um fator para separar


classes, os nobres letrados e o restante da população (camponeses, escravos, etc.)
iletrados, no entanto com o decorrer do tempo a leitura passou a ser direito de todos,
constituindo-se parte fundamental da história de cada povo.
Assim sendo, e aportando-se na obra de Darnton (1990) que pelo fato da
leitura ser uma atividade humana e como tal criativa e variável, ela possui uma
história que e constituída em torno de um conjunto de condições sociais. Diante
disso, constata-se que a leitura não tem sentido único, portanto, não pode ser
reduzida à uma interpretação única, tudo depende de quem lê, para que lê quando e
como lê.
Ainda sobre a história da leitura, Moro, Solto e Estabel (2014)
argumentam que o lugar que leitura ocupa em determinada civilização está
intimamente liga à sua história, no Brasil, por exemplo, que é um país conhecido por
ter uma população que lê pouco, tem as raízes de tal desinteresse em seu processo
28

de colonização, pois não houve qualquer estimulo por parte da coroa portuguesa
para que o segmento se desenvolvesse no país, somente no final do século XIX que
começaram a surgir as primeiras editoras nacionais, para o público infantil este
movimento foi ainda mais tardio, somente em meados do século XX.
Neste ponto, surge uma crítica feito por diversos autores, dentre os quais
destacam-se Kleiman, (2006), Orlandi (1996), Geraldi (2001), Solé (1998), Marcuschi
(2001), Lodi (2004), Koch (2006), Alves (2008) ao modo como a leitura e tratada nas
escolas, que em sua maioria tenta convencer o aluno que a leitura apresenta um
único sentido. Este autor defende que é preciso romper com a ideia de que os textos
e as obras possuem um sentido intrínseco e absoluto, é preciso compreender que a
leitura se dirige às práticas que, sendo plurais e contraditórias, dão significado ao
mundo e, o significado é subjetivo.
Sendo assim, a leitura não pode ser de modo algum reduzida à
decodificação de signos linguísticos. Deve ser reconhecida como um processo ativo
de construção de conhecimentos que exige diversas capacidades, tais como
perceptuais, motoras, afetivas, sociais, e outras, todas elas fortemente marcadas por
fatores culturais. No entanto, conforme Marcushi (2008) as escolas ainda mantém o
ensino da leitura ligada ao processo de decifração de códigos e signos, sem
aprofundar no entendimento dos significantes que permeiam as letras.
Assim sendo, é preciso resignificar a forma como se trabalha a leitura,
levando o aluno para a construção de um novo paradigma no qual a leitura ocupe
lugar central, capaz de ampliar a compreensão da realidade e, quem sabe até
transformá-la. Manter a leitura no campo da mera codificação de códigos, contribui
para o desinteresse e consequente dificuldades em leitura apresentando por muitos
alunos.
Tendo discutido o que a literatura pesquisada apresenta sobre a história
da leitura e como isto impacta na relação que os alunos estabelecem com ela, é
importante discutir como a relação entre o habito da leitura e o desempenho escolar
entre os alunos dos anos finais ensino fundamental. Sobre isso, a pesquisa remeteu
ao texto de Freire (2008) que discute que a leitura do mundo precede a leitura da
palavra, está afirmação provoca reflexões, uma vez que faz pensar sobre como a
leitura deve ser ensinada.
O estudo conduzido por Simões e Carnielli (2002), em turmas de oitavas
séries do ensino fundamental, que teve por base uma sub-amostra de sete escolas,
29

13 turmas e 417 alunos de Goiás e Brasília, demonstra a relação de circularidade


entre Português como parâmetro para as demais disciplinas.

Quadro I. Notas de Português e nas outras disciplinas - alunos de 8ª série.


Disc. Port. Mat EF ER Geo Hist. CFB Inglês DG
.
1 8,5 8,5 8,7 9,2 8,8 9,0 9,1 9,1 9,5
2 7,1 6,6 9,5 9,1 8,0 6,9 7,5 6,7 7,7
3 5,1 5,1 9,2 8,0 5,2 5,0 5,1 5,0 6,6
4 4,6 2,9 8,5 8,1 5,9 4,6 4,6 3,8 4,0
5 8,2 9,0 9,0 8,7 8,5 7,3 9,1 8,4 8,7
6 5,0 5,0 8,5 8,0 5,5 5,7 5,7 5,5 7,0
7 4,2 3,3 8,9 8,1 7,0 6,0 4,1 4,8 4,0
Fonte: Simões e Carnielli (2002)

No referido estudo, Simões e Carnielli (2002) chegaram aos seguintes resultados:


a. Correlação entre Português e Matemática: ............................................ 0,762637
b. Correlação entre Português e Ciências Físicas e Biologia ................... 0,694541
c. Correlação entre Português e História .................................................. 0,815937
d. Correlação entre Português e Geografia ................................................ 0,771375
e. Correlação entre Português e Inglês ..................................................... 0,721231
As notas são expressas nas AFINS, com valores entre 0 (zero) a 10 (dez)
De acordo com Simões e Carnielli (2002), na análise comparativa das notas em
Língua Portuguesa e os resultados comprovados na média da outras matérias, verifica-
se que os desempenhos são muito semelhantes. Há variações muito pequenas para
mais ou para menos, mas a relação não muda, na maioria dos casos. Evidencia-se,
portanto, que a correlação entre as notas em Língua Portuguesa e a Média Geral é
forte entre os alunos situados nas posições intermediárias em termos da escala de
menções. Nas posições extremas, baixa ou alta. Esses altos índices de correlação
podem ser explicados por meio da constatação de que a leitura é parâmetro para o
sucesso acadêmico. Como o percentual de leitura é forte interferente no resultado em
Língua Portuguesa, a relação pode ser entendida como um sintoma de circularidade, ou
seja, o desempenho em leitura interfere no resultado em Língua Portuguesa, e essa
mesma porcentagem de leitura vai interferir no sucesso nas demais disciplinas.
Tratando-se da leitura para alunos dos anos finais ensino fundamental, portanto
adolescentes, precisamos compreender de que maneira este sujeitos mantêm ou
não a prática leitora, e o que seus usos e apropriações permitem pensar sobre o
livro hoje. Vistas as particularidades do sujeito em fase de transição, podemos
30

entender que isso vai se refletir em suas práticas e escolhas. Ou seja, a leitura do
adolescente também terá algumas características próprias, pois conforme entende
Margallo (2009) os adolescentes são leitores em trânsito.
Simões e Carnielli (2002) discutem de modo bastante interesse tal
questionamento. Eles argumentam que a leitura deve ser compreendia como um
instrumento norteador e mediador da construção do pensamento. Dizem ainda que
pensar não é uma mera atividade intelectual e filosófica, e sim um fenômeno
complexo construído ao longo da existência do sujeito, que nesse processo ele vai
aos poucos desvendando o mundo a sua volta, a leitura é parte fundamental deste
processo de construção.
Sendo assim, a escola, com toda sua aparelhagem, precisa estimular nos
alunos, no contexto da leitura, a capacidade de pensar, oportunizando seu
desenvolvimento intelectual e não apenas ensinando-o a reproduzir conteúdos.
Orlandi (1988) em sua obra, já defendia que a compreensão de um texto,
independente da forma como se apresenta não pode ser compreendido apenas a
nível referencial. A leitura deve ser feita nas entrelinhas, e a escola deve ser capaz
de estimular isso nos seus alunos.
A leitura é um instrumento básico das formas de pensar em agir, sendo
premente a necessidade de se dar prioridade ao desenvolvimento de tal habilidade,
haja vista que desenvolver o poder de leitura abre caminhos para que o sujeito se
torne capaz de compreender e transformar o mundo ao seu redor.
Fini e Calsa (2006) tanto como Sisto e Martinelli (2006) discutem que, em
nível escolar, deficiências na capacidade de leitura impacta negativamente em todos
os demais campos do conhecimento. Evidencia disso, é o aumento significativo das
estatísticas que apontam o crescimento do fracasso escolar nos anos finais ensino
fundamental. Este fenômeno e atribuído, sobretudo, a deficiência nos domínios da
leitura e escrita.
Para melhor compreender como se dá os processos de desenvolvimento
e compreensão da leitura, recorre-se ao estudo de Sternberg (2000) que defende
que a aquisição de tal habilidade é um comportamento cognitivo verbal que se inicia
quando o leitor entra em contato com algum conteúdo. Percebe-se por meio deste
estudo que o processo de ler envolve várias funções mentais. Assim sendo, quanto
mais contato com a leitura, melhor será o desenvolvimento cognitivo do sujeito nos
anos finais do ensino fundamental.
31

Conclui-se, portanto, que quanto maior o contato que o sujeito tiver com a
leitura, melhor será sua capacidade de raciocínio e abstração, tão logo terá maior
facilidade para apreender conteúdos de quaisquer que seja o conteúdo. Durante os
anos finais ensino fundamental está habilidade deve ser amplamente explorada,
uma vez que, o domínio da leitura nessa fase será decisivo para seu sucesso
acadêmico. Além disso, o desenvolvimento das habilidades de ler, compreender,
interpretar e produzir textos é de grande importância, uma vez que confere
possibilidades de acesso ao mundo letrado e, portanto, de exercício da cidadania,
promovendo formas de participação e de integração do indivíduo ao tecido
sociocultural simultaneamente (LIBÂNEO, 2004).
Tendo compreendido a importância da leitura, e constatado que quanto
mais o aluno lê, mais facilidade ele terá para adquirir novos conhecimentos, surge
um desafio, para a classe docente; como estimular o aluno ao hábito da leitura em
tempos de internet e redes sociais?
Sobre isso, a pesquisa remeteu ao estudo de Lajolo (2001) que discute
como a internet influência nos hábitos de leitura dos adolescentes. Este autor
argumenta que o acesso à internet coloca o sujeito diante de uma grande
quantidade de informação, no entanto, nem todos têm acesso a essas informações e
aqueles que acessam, por vezes, não sabem o que fazer com elas, além do mais,
não se interessam muito por conteúdos que possam ser relevantes para sua
formação acadêmica e/ou pessoal, dando maior ênfase aos conteúdos que tratam
de questões banais, quase sempre nada de relevante a acrescentar.
No entanto, Moro Souto e Estabel (2014) em seu estudo, defendem que,
embora, a internet tenha conquista muito espaço entre os adolescentes do mundo
contemporâneo, o livro de papel continua sendo o meio mais indicado para leitura,
isso porque, e o mais barato, adaptável as circunstâncias, transportável e
consultável em qualquer lugar e hora.
Estes mesmo autores discutem ainda o temor que muitos têm sobre o fim
do livro de papel e os impactos que isso trará para a sociedade, sobretudo, para os
sujeitos em fase de aquisição da habilidade de leitura. Sobre isso, argumentam que
ao longo do desenvolvimento da civilização humana, diversas tecnologias se
tornaram obsoletas e foram substituídas por outras, tão logo, não é necessário
pânico se considerar que um dia o livro físico desapareça. A preocupação maior
deve girar em torno das possibilidades em estimular os adolescentes, sobretudo,
32

aqueles que cursam os anos finais do Ensino Fundamental, a desenvolverem boa


capacidade de leitura, tornando-os críticos, preparando-os para o mundo da
tecnologia, que embora oferte inúmeras vantagens, tornando a vida mais prática, é
preciso pensar também, que estas tecnologias estão tornando o mundo mais
competitivo e exigente, sendo preciso rápida adaptação. O processo para se adaptar
está atrelado em conhecer o mundo a sua volta, e a leitura é fundamental para se
compreender o universo e consequentemente se adaptar a ele.
Sabe-se também que o mundo moderno exige pessoas cada vez mais
preparadas e capazes, desse modo, no que tange a capacidade de leitura, exige-se
leitores altamente competentes. De acordo, com o Parâmetro Curricular Nacional de
Língua Portuguesa (PCN, 1997) o leitor competente é aquele que compreende o que
lê; lê também o que não está escrito; estabelece relações entre o texto que lê e os
textos já lidos; sabe que vários sentidos podem ser atribuídos ao texto; é capaz de
selecionar os textos que circulam socialmente utilizando estratégias de leitura
adequadas para atender as suas necessidades.
Ainda, ressalta que o leitor competente constitui-se a partir de uma prática
de leitura constante, organizada em torno diversidade de textos que circulam
socialmente. Portanto, os professores, na escola, são desafiados a explorar a
diversidade de textos que circulam socialmente apresentados em diferentes
suportes materiais, especialmente os enunciados disponíveis em sites, tão
acessados pelos estudantes, sobretudo, por meio das telas dos smartphones;
também por meio dos laptops e dos tablets (LAJOLO, ZILBERMAM, 2009).
Nesse contexto, a UNESCO (2002) destaca que os sistemas educativos
de todo o mundo estão sob crescente pressão para utilizar as Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs) para ensinar estudantes os conhecimentos e as
competências de que necessitam no século 21. Assim, as escolas públicas e,
principalmente, as particulares também têm disponibilizado aos professores e
estudantes o acesso a este suporte de leitura, por meio dos microcomputadores
localizados no laboratório de informática e em outros espaços, tais como a biblioteca
e sala dos professores. Dessa forma, as práticas de leitura que antes aconteciam
exclusivamente na sala de aula e na biblioteca, por meio dos livros impressos;
também podem ocorrer utilizando como suporte as telas dos computadores no
laboratório de informática. Além das telas dos computadores dos laboratórios de
informática.
33

Diante das exigências do mundo moderno, e sabendo da importância que da


leitura para a vida dos sujeitos, no contexto escolar, os docentes precisam inovar
sempre. Sobre isso, a pesquisa remeteu a Lajolo (2001) que defende que projetos
qualificados de incentivo à leitura devem iniciar-se pelo investimento na formação
adequada dos professores, tendo em vista que são eles os mediadores da relação
dos alunos com ao leitura.
A deficiência no hábito de leitura entre jovens e adolescentes, estudantes do
ensino fundamental, pode estar também diretamente ligada às propostas de leituras
feitas pelos professores em sala de aula, tratando-se do gênero literário. A
valorização do gosto pessoal do aluno é algo importante que deve ser explorada
pelo professor para que ele consiga, assim, estimular o gosto e o hábito de ler
permitir que o educando faça suas escolhas literárias a partir de um leque disposto
pelo professor, a fim de que a fruição e a interpretação sejam a principal razão da
leitura é fundamental. Nessa perspectiva, o professor torna-se um mediador entre o
texto e o aluno-leitor, considerando a leitura no seu sentido mais amplo e utilizando
o livro não apenas com a finalidade de responder a questionários, ou trabalhar a
gramática. Além disso, o docente valorizará a cultura oral pré-existente no cotidiano
de seu alunado, fazendo uma ponte entre as tradições orais e escrita, estimulando-
os a ler, seja um livro, uma gravura, um sorriso ou o mundo (SOUZA, 2008).
Levando em consideração que a maior parte dos professores não permite que
os alunos façam suas escolhas literárias, é possível afirmar que isso causa
resistência nos adolescentes de ler o que é imposto. Como afirma Souza (2008), a
leitura de um livro no ambiente escolar vai muito além de fins didáticos. É necessário
que o alunado se sinta na liberdade de ler o que lhe dá prazer, antes de ler apenas
por ler, ou somente o que é imposto.
Outro aspecto de muito interesse que a pesquisa revelou e que desestimula
profundamente os alunos a lerem é a utilização de texto para aulas de gramática,
isso afasta os alunos da leitura. Ao fazer isso, o professor, entedia o aluno com uma
aula técnica e abundante em regras. A leitura deve ser prazerosa. Neste âmbito,
devem-se pensar alternativas, elaborar propostas que despertem o interesse em
seus alunos. O emprego de obras literárias nas escolas deve ser de maneira
cativante. A leitura não deve ser imposta; o aluno, em especial o leitor adolescente,
carece da sensação de liberdade para opinar naquilo que julga imprescindível
(MORO, SOUTO, ESTABEL, 2014).
34

Recurso interessante para dinamizar as aulas e estimular o hábito de leitura é


a internet, o professor pode utilizar os softwares educativos e os jogos educacionais
como fatores motivacionais. O computador, a internet e as tecnologias são
ferramentas de ensino aprendizagem. Embora a tecnologia não tenha surgido para
substituir os meios atuais de ensino, seu principal objetivo é que os professores
utilizem todos os recursos possíveis no processo de ensino aprendizagem, sejam
métodos tradicionais ou ferramentas tecnológicas (SILVA, 2005).
Diante de tudo que foi exposto ao longo deste estudo, percebe-se como a
leitura é importante em todos os aspectos da vida, ocupando lugar de destaque
durante o percurso escolar, sobretudo, no ensino fundamental, assim sendo é de
extrema relevância discutir sobre o assunto, bem como, propor formas de superar os
desafios inerentes ao campo da educação formal, contribuindo para o
desenvolvimento integral dos alunos, dando-lhes oportunidade de construírem-se
cidadão críticos, capazes de compreender o mundo a sua volta, atuar transformando
a realidade, e com isso tornar a sociedade mais justa e igualitária.
35

Capítulo VI- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desenvolver este estudo permitiu compreender a importância da leitura


para todos os sujeitos de modo geral, em se tratando do contexto escolar, a
importância da aquisição da habilidade de leitura é ainda maior para alunos dos
anos finais Ensino Fundamental, tendo em vista a peculiaridade da fase do
desenvolvimento que esses alunos se encontram, devendo o professor criar
mecanismos para tornar a prática de leitura um momento prazeroso, de modo a
gostar de ler. Isso é muito importante, pois a leitura é o único meio possível para se
compreender o mundo em volta e, partindo disso atuar nele para transformá-lo.
Foi possível compreender também que a leitura é muito mais do que a
mera decodificação de símbolos, mas um processo complexo, fortemente
influenciado por aspectos culturais. Portanto, a interpretação de escritos dependem
de quem lê, quando e, como lê. Essa constatação permite elevar o patamar do que
se entende pelo ensino da leitura, ou seja, sabendo que a leitura é um processo
social, carregado de valores culturais, o professor não pode de forma alguma tentar
ensinar a leitura como um processo mecanizado de mera decodificação de
símbolos.
Outro aspecto relevante que o estudo permitiu concluir está relacionado
ao desafio que os professores enfrentam para estimular a leitura em seus alunos em
tempos de internet e redes sociais. Sobre isso, o estudo demonstrou que o professor
deve aproveitar estás tecnológicas para fomentar a leitura, pois quase sempre, para
os alunos a leitura de obras literárias no livro de papel de compreendido como uma
atividade penosa.
Por fim, realizar tal pesquisa permitiu diversas conclusões, algumas delas
já foram apresentadas, mas a maior de todas as conclusões é o fato de que a leitura
é indispensável para o bom rendimento dos alunos. Além do que é notável a
diferença em nível de desempenho acadêmico do aluno que lê para o que não lê.
Ante a tudo que foi discutido, percebe-se o quanto a leitura é importante
para a vida como um todo, sendo assim, este ensaio não tem a pretensão de
esgotar o debate sobre o assunto, apenas questionou alguns aspectos considerados
relevantes, assim sendo é importante que outros autores problematizem o tema e
apontem novas formas de abordá-lo.
36

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