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Alexandre Costa
1ª edição — julho de 2022 — CEDET
Copyright© 2022 by Alexandre Costa.
Os direitos desta edição pertencem ao
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Editor:
omaz Perroni
Editor assistente:
Daniel Araújo
Revisão:
César Miranda
Preparação de texto:
amires Hivizi
Diagramação:
Guilherme Conejo
Capa:
Fernando Gil
Conselho editorial:
Adelice Godoy
César Kyn d’Ávila
Silvio Grimaldo de Camargo
FICHA CATALOGRÁFICA
Costa, Alexandre.
Um copo de red pill / Alexandre Costa — Campinas, SP:
Vide Editorial, 2022.
isbn: 978-65-87138-99-2
1. Ciência política. 2. Jornalismo.
i. Título ii. Autor
cdd — 320 / 070.4
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Ciência política — 320
2. Jornalismo — 070.4
S
A
S
A
C
C
C
O
C
O
C
J
A
B- C
E
H
A
Apêndices
C-()
S
N R
B-
Só os profetas enxergam o óbvio.
— Nelson Rodrigues
E majuda.
2017, um leitor de minhas crônicas me procurou para pedir
Sua lha de 18 anos havia ingressado meses antes numa
universidade pública, no curso de psicologia. Em pouco tempo, a
jovem começou a apresentar um comportamento estranho e agressivo.
Chamava o pai de “opressor” e a mãe de “submissa”; questionava os
negócios da família; defendia o m do “patriarcado” e da moral cristã.
O comportamento da garota angustiava os pais: ela começou a andar
com uma turma esquisita, pintou o cabelo de azul, chegava em casa
tarde e com os olhos vermelhos. Aquele homem simplesmente não
conseguia entender o que estava acontecendo com a lha que ele havia
educado com tanto amor e carinho. Ao nal da nossa conversa, ele
pediu a indicação de um livro que ajudasse a explicar a mudança da
jovem. Não tive dúvidas: indiquei-lhe a leitura de Bem-vindo ao
hospício, de Alexandre Costa. Na verdade, eu o presenteei com o livro.
P B
escritor, editor-chefe do Brasil Sem Medo e autor do livro Nossa
Senhora dos Ateus.1
S
F B
I: M
E mtomando
todos os meus trabalhos procuro descomplicar a comunicação
cuidado para não simpli car o problema. Obedecendo a
esta regra auto-imposta, ao selecionar os artigos que seguem nas
próximas páginas procurei seguir um o condutor que permita ao
leitor encontrar as ligações e as interdependências de muitos assuntos
que, à primeira vista, podem se apresentar como naturais, avulsos e
espontâneos.
Acredito que este livro oferece uma boa dose das pílulas vermelhas
que podem acordar ou fortalecer a compreensão dos mais atentos.
Boa leitura!
A srigidez
ciências políticas, apesar do nome, não costumam possuir a
das ciências naturais, que podem formar seus pressupostos
por meio de experimentos práticos repetidos à exaustão. Por
estudarem fenômenos eminentemente humanos, sejam referentes a
comportamentos da sociedade ou dos indivíduos, suas prerrogativas
normalmente são compostas de análises, percepções, intuições e
muitas, muitas deduções.
A
A gripe chinesa revelou características ainda obscuras na nossa
sociedade. Embora visíveis para os mais atentos, alguns desses
aspectos permaneciam na sombra do debate público e, portanto, eram
desconhecidos para a maioria da população.
S
Pela liberdade, assim como pela honra, pode-se e deve-se arriscar
a vida.
— Miguel de Cervantes
C
C
Estamos diante da oportunidade para uma transformação global.
Tudo o que precisamos é a grande crise certa para as nações não
apenas aceitarem a Nova Ordem Mundial, mas implorarem por ela.
— David Rockefeller
A frase que ocupa o epíteto deste artigo, que já virou clichê, traz em
sua essência a idéia de que a turbulência (desordem) causada por uma
crise inicialmente permite o avanço de uma agenda destrutiva e, após o
colapso, fornece as condições adequadas para a instalação de novos
paradigmas (ordem).
C
A tirania totalitária não se baseia na virtude dos totalitários, mas
nas falhas dos democratas.
— Albert Camus
O
Afastarão os ouvidos da verdade e os aplicarão às fábulas.
— 2Timóteo 4, 4
N ostratamos
artigos “Servidão voluntária” e “Senta que o leão é manso”,
rapidamente de dois aspectos comportamentais da
sociedade atual, ambos responsáveis pelo acelerado processo de
deterioração das liberdades e dos direitos naturais dos indivíduos.
C
Os cientistas parecem desfrutar de certa imunidade. O escrutínio
é até tolerado, contanto que venha dos pares.
— Tom Bethel
M uito se pode falar sobre as características ideológicas do
cienti cismo, a idolatria de uma suposta deusa chamada “ciência”,
mas acredito que a observação do panorama atual já é su ciente para
compreender como a coisa funciona e, principalmente, como essa
tendência deve acelerar após o sucesso do experimento social que
atravessamos.
O sujeito que usa esse recurso como um porrete — “a ciência diz isso
ou aquilo, portanto você tem que concordar e pronto” — pensa que
assim estará livre de demonstrar o que acabou de dizer, transferindo
essa responsabilidade para a deusa ciência que ele idolatra sem
perceber. Essa transferência de ônus sobre o conhecimento alivia o
ignorante ao proporcionar a sensação de sabedoria por associação.
Devido à covid-19 e alguns de seus desdobramentos (lock-down,
máscara, tratamento, vacina, etc.), nos últimos meses vimos o uso
sistemático desse recurso. Em toda a mídia a palavra “ciência” tem sido
usada como carteirada para calar divergências e até mesmo evitar a
discussão.
Seja por permitir a ação direta dos agentes estatais, seja pela
exacerbada valorização daqueles que ocupam posições de destaque no
debate público — principalmente pelos que foram alçados a um
patamar acima dos próprios méritos — a mentalidade burocrática
tende a transferir o poder decisório para pseudo-representantes que se
aproveitam desta posição privilegiada para avançar uma agenda quase
totalmente contrária aos anseios da maioria da população.
Esse fenômeno, que já está bem avançado, pode ser visto em todos os
lugares e em todas as instâncias da nossa vida. De tão enraizado no
imaginário coletivo, passou a ser o padrão das relações humanas,
causando furor toda vez que é quebrado por alguém que percebe a
loucura se instalando na fala, na educação e até mesmo nas mais
simples regras cotidianas. Quem não se deparou com frases que,
mesmo sem um sentido objetivo, são repetidas à exaustão? “A verdade
não existe, mas aceite essa sentença como absolutamente verdadeira”.
— Olavo de Carvalho
D esituação
onde vem a mania brasileira de ngir normalidade diante de uma
ameaçadora? Na verdade, nem posso dizer que o
fenômeno (transtorno) seja eminentemente brasileiro, pois nunca
pesquisei esse aspecto do tema, mas é evidente que essa maneira de
agir em desacordo com a realidade é algo bem fácil de perceber no
nosso cotidiano. Reagir sem a devida proporção exigida pela
circunstância é tão brasileiro quanto a cachaça. E ambos entorpecem.
A expressão que dá título a este texto, até onde sei, tem origem em
uma piada antiga, que não me atrevo a contar, e que ouvi várias vezes
contada por meu pai, que sempre ria enquanto contava, antecipando o
nal dramático e explosivo. Mais tarde ouvi Olavo de Carvalho usando
a piada e a expressão para de nir a tentativa sempre frustrada de usar o
ngimento, o disfarce como forma de esconder o pavor, o desespero e a
total sensação de impotência. Nesse contexto a frase ganha precisão
cirúrgica para descrever o comportamento típico de quem, ao se
deparar com uma realidade apavorante, precisa externar uma falsa
aparência de normalidade e passar a impressão de controle quando, na
verdade, está ngindo também para si mesmo, porque não quer
enfrentar o desespero de não encontrar uma saída, de não saber o que
fazer. Se fosse sincero diria: estou ngindo que está tudo normal
porque não sei o que fazer e, embora seja vergonhoso dizer, no curto
prazo sempre é mais fácil e confortável pensar que as coisas são assim
mesmo e não vão mudar. No longo prazo sabemos que a atitude
intelectualmente preguiçosa sempre traz prejuízos materiais e
psicológicos: segundo a lenda, colocar a cabeça no buraco pode
parecer um escape perfeito, mas não melhora em nada a vida do
avestruz apavorado.
N asOlavo
últimas aulas do Curso Online de Filoso a, o famoso ,
de Carvalho abordou um tema que ainda parece tabu entre
as pessoas que pretendem entender o panorama político
contemporâneo.
E para deixar claro que essa relação não é apenas duradora, mas
permanente, basta veri car as iniciativas de George Soros e seus
tentáculos, como a Open Society e o Project Syndicate, que
comprovam a simbiose entre comunistas e capitalistas em nossos dias.
Para quem pretende entender o processo que está se desenrolando
diante dos nossos olhos e se aproveitando da fragilidade mundial para
estabelecer uma nova civilização, tenho duas dicas: sempre presuma
banqueiro, e faça o .
— Ronald Reagan
O outro ponto que deve ser guardado não diz respeito a recursos, mas
também abarca a execução governamental, mais precisamente a
incompetência da burocracia estatal, sua insensibilidade social e sua
insaciável fome de poder.
O Estado nos promete cuidar de tudo, mas o que ca cada vez mais
evidente é que quanto mais afazeres, menor a e ciência. E para piorar
enormemente a questão, o próprio Estado, com o apoio dos satélites
que o orbitam, a cada dia propõe novas atribuições, novas estruturas,
novos privilégios, novos gastos, inclusive para solucionar a falta de
recursos (!). Conseqüentemente, rebaixa-se a e ciência de todas as
outras funções estatais e aumenta-se o endividamento.
O
C om a crise gerada pela Guerra Civil Americana (1861– 1865) os
magnatas que zeram sua fortuna ao longo dos séculos e
se aproveitaram da terra arrasada e passaram a explorar ainda mais os
seus funcionários e fornecedores. O desemprego generalizado forçou
milhões de pessoas a aceitar qualquer trabalho, e quaisquer condições
impostas por seus patrões. Além dos baixos salários, da ausência de
direitos e da insegurança, em alguns casos a carga horária alcançava 90
horas por semana. Em um país cristão, de maioria protestante,
acostumado a guardar o domingo (ou sábado, para os nascentes
adventistas), isso poderia signi car até 15 horas de serviço por dia. E é
bom lembrar que naquela época quase todas as funções exigiam
esforço físico e risco à vida, pois os ambientes eram geralmente
insalubres e perigosos.
A Liga das Nações, criada logo após a Primeira Guerra Mundial, sob
o pretexto de evitar uma nova experiência traumática, nasce após forte
pressão de banqueiros responsáveis pelo Federal Reserve Act, a lei
sancionada pelo presidente Woodrow Wilson em 23 de dezembro de
1913 e que não apenas daria origem à instituição que é erroneamente
chamada de “banco central americano”, mas que também de niria os
parâmetros do sistema nanceiro internacional. Algumas das famílias
controladoras desses bancos também exerceram forte in uência sobre
outros aspectos da nova instituição. Por meio de suas fundações, algo
que considero como parte integrante do terceiro ciclo do
desenvolvimento da estratégia globalista,17 pressionaram os poderes
políticos para moldar e expandir a atuação da Liga das Nações.
Desde seu início, como uma tímida secretaria, serviu como caixa de
ressonância de interesses obscuros de bilionários. Com o tempo, foi
ganhando notoriedade e poder de in uência, levando adiante
iniciativas originadas nas fundações dinásticas que pretendiam
interferir nas decisões soberanas das nações.27
O
No Inferno, cada um a seu modo se envolverá na podridão em
que viveu na Terra.
— Catarina de Sena
H ádeixou
algum tempo venho tentando mostrar que a grande mídia
de ser veículo de informação e agora procura cumprir a
função de formar opiniões e moldar comportamentos. Desta maneira,
o jornalismo mainstream tem funcionado como porta-voz de um
sistema que aumenta progressivamente o controle sobre os cidadãos e a
repressão aos direitos individuais. Com a intenção de criar novos
parâmetros civilizacionais, corporações midiáticas trabalham em
sintonia com a burocracia estatal, com a elite nanceira e com as
oligarquias regionais e setoriais que sugam a seiva formada pelos
impostos derivados do suor dos brasileiros.
Embora seja hoje vista por boa parte da população como aética,
corrupta e culturalmente perniciosa, a irrelevância da imprensa
mainstream, que parece irreversível, não é motivo de comemoração.
Quantas vezes você passou por uma situação parecida? Acredito que
muitas pessoas enfrentaram pelo menos um caso como esse durante a
vida. Talvez mais. E acredito também que as reações, na maioria das
vezes, foram contrárias à continuidade da difamação, ou seja,
obedeceram a um re exo de veri cação de verossimilhança e
credibilidade que deve fazer parte do comportamento instintivo.
Este tipo de chavão, que antes só era freqüente nas revistas de fofoca,
agora domina o jornalismo mainstream e estampa as capas do jornal,
os telejornais e os portais da grande imprensa todos os dias. Sem falar
dos evidentes con itos de interesse e dos conteúdos que desmentem os
títulos.
Fico espantado que ainda existam pessoas que baseiam suas análises
da realidade com base nessa montanha de clichês midiáticos, e antes
que alguém compreenda de forma equivocada o meu ponto, deixo
claro que sou completamente favorável ao sigilo da fonte, desde que
não incorra no crime de calúnia, que é a falsa imputação de crime. O
problema é outro. É con ar por antecipação em quem já provou ser
incon ável.
Tenho certeza que na maioria das vezes o tal sigilo da fonte é apenas
uma tática para plantar uma notícia que o jornalista quer que seja
verdade. Ou deseja a conseqüência desse efeito que ele pretende causar.
Nesses casos muito, muito freqüentes, a fonte secreta é a mente do
próprio autor. Em alguns casos — ou quase todos — o truque também
busca ampli car a sua relevância ao exibir conexões com guras
importantes e poderosas. Isso costuma dar algum status,
principalmente aos olhos dos jornalistas iniciantes. O foca não percebe
a maracutaia porque ainda está na fase de acreditar na sacralidade da
pro ssão que escolheu.
Apesar dessa ridícula mesquinhez temperada com gotas de vaidade
pura, plantar notícias é um trabalho sujo, desonesto e imoral, e pode
trazer conseqüências graves.
Como acredito que o sigilo da fonte deve existir, com exceção nos
casos de calúnia — falsa imputação de crime —, e como também sei
que o uso dessa prerrogativa tem causado danos irreparáveis ao
imaginário coletivo e ao livre debate das idéias, vejo como única
alternativa o ceticismo equilibrado, em doses proporcionais ao
histórico do autor e do veículo.
C
D esde o nal da década de 1990 é possível perceber que a mídia
mainstream representa o que há de pior no Brasil. Quando
comparamos o caráter médio do povo brasileiro com os quadros de
destaque na grande imprensa isso ca muito evidente.
Tudo isso serviu ao menos para con rmar que enquanto não for
proibida a propaganda estatal, não haverá liberdade de imprensa de
fato e, por conseqüência, democracia de verdade.
J
Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e
corrupta formará um público tão vil como ela mesma.
— Joseph Pulitzer
lgumas pessoas demonstraram surpresa e indignação diante do uso de
A hashtags em uma postagem recente da Folha de São Paulo.
Alegando “noticiar” as manifestações que pediam o impeachment
do presidente Jair Bolsonaro, o jornal usou as tags e palavras-chave que
estavam sendo usadas como convite aos manifestantes. Como a
operação foi deliberada, e a intenção nitidamente ideológica, não se
tratou de informar, mas de formar um juízo de valor e promover as
manifestações.
— Olavo de Carvalho
Não acredito que esse papel, mesmo privilegiado, faça desse grupo
um 4o poder, como alguns a rmam, porque a dependência das verbas
publicitárias está na essência do seu modelo de negócios. Em todo o
mundo os recursos que sustentam as empresas de mídia vêm do setor
privado, e devido ao alto custo envolvido, majoritariamente das
grandes corporações internacionais.
— Marcel Proust
A
Ser banido signi ca ir para longe, muito longe. Para um lugar
onde as pessoas se tornaram conscientes demais.
— Aldous Huxley
N orelacionada
imaginário popular a palavra totalitarismo costuma ser
a regimes ditatoriais onde a liberdade só existe dentro
de parâmetros muito restritos e, mesmo assim, apenas para aqueles que
contribuem de alguma forma para a manutenção do poder. Regimes
como o nazismo, o socialismo, o comunismo e o fascismo sempre
apresentaram de forma clara e evidente as restrições aos direitos
naturais e as limitações das liberdades individuais. A essência do
totalitarismo, no entanto, pode existir em um simulacro de
democracia, sem um aparato ostensivo de repressão, desde que use
uma camu agem cienti cista revestida de boas intenções.
B- C
E mbora sejam decisivas para a compreensão da realidade que nos
cerca, muitas questões são freqüentemente ignoradas pela grande
mídia e ridicularizadas pela academia. Temas como a constante
concentração de poder nas mãos do Estado e das corporações
multinacionais, o enfraquecimento dos direitos individuais e das
soberanias nacionais, e a inversão de valores promovida pela elite
mundial di cilmente são abordados com a devida atenção e suas
interconexões nunca são analisadas. As questões relacionadas à
geopolítica e economia global, mesmo que de forma insu ciente, de
vez em quando ainda costumam ser abordadas pela mídia, mas outros
assuntos paralelos são completamente ausentes das pautas da imprensa
e dos currículos das universidades. Algumas exceções, dentro destes
grupos, sabem o su ciente para que possam trabalhar a favor da
agenda, para que possam saber quando e como omitir, distorcer ou
inventar — são agentes da desinformação.
I:
A democracia depende da liberdade de expressão. A liberdade de
conexão, com qualquer aplicação, a qualquer parte, é a base social
fundamental da internet e, agora, da sociedade que nela se baseia.
— Tim Berners-Lee
Hoje sabemos que tudo que transita pela internet pode ser rastreado,
mas naquele momento essa aparência de liberdade sem limites era bem
convincente. Milhares de sites e milhões de usuários usufruíram desse
privilégio por pouco mais de uma década.
Quem teve acesso à internet no início dos anos 1990 deve lembrar
que, mesmo com as di culdades técnicas, não existia censura. Os
buscadores de catálogo coletavam os endereços manualmente, o que
elevava a qualidade e a precisão dos links, mas o trabalho braçal
limitava o número de resultados alcançados.
Mas isso, infelizmente, está mudando. Para pior. Resistir aos ideais
globalistas que norteiam a criação de algo como uma organização
mundial da internet está se tornando cada vez mais difícil. Forças
locais e globais lutam para alterar a percepção das pessoas a respeito da
sua privacidade e da sua liberdade, e para isso precisam trabalhar na
criação de um ambiente favorável a uma nova interpretação da
realidade. Seja forçando a barra por meio de projetos de lei, decretos e
ações inconstitucionais tomadas pelas próprias autoridades que
deveriam proteger a constituição, seja pelo esforço em fomentar o uso
de conceitos como “pós-verdade” ou fake news com o intuito de rotular
divergentes e amedrontar a opinião pública.
Pelo lado mais bruto, estas forças, que de uma forma ou de outra
contribuem para colocar a internet sob as asas de um órgão global, já
estão criando legislações, normas e regulamentos que limitam a
privacidade e a liberdade individual na marra. Inicialmente esse
processo está sendo feito dentro das nações, mas sempre seguindo
parâmetros internacionais, de forma a permitir a compatibilidade que
vai facilitar a conexão com aparatos regionais e, mais tarde, o sistema
único que vem sendo planejado.
E
O crescimento da dependência tecnológica é uma constante na
história, mas desde a Revolução Industrial o ritmo tem acelerado
progressivamente. É natural e salutar que seja assim, que uma geração
dependa mais da tecnologia do que a sua antecessora, a nal de contas é
natural também que surjam novas técnicas que os antepassados não
conheceram.
Uma nova sociedade está sendo erguida sobre tecnologias cada vez
mais invasivas. Sejam baseados em algoritmos ou em nanodispositivos
— ou ambos, trabalhando juntos —, os novos inventos prometem uma
dependência cada vez maior e mais profunda, que levará ao extermínio
da privacidade e do livre arbítrio, a transformação da essência humana
e à conseqüente negação da individualidade.
Como perdemos essa ligação, viramos alvos fáceis para qualquer tipo
de charlatanismo que apresente “novidades”. Desde o picareta que
aplica o golpe da tampinha até as seitas esotéricas e as ideologias que
oferecem soluções mágicas para problemas milenares.
Mesmo que não ocorra a tal “segunda onda” que já começa a ser
propagada pela mesma mídia geradora do pânico, certamente existirá
enorme pressão para a assimilação desses novos comportamentos.
Embora eu acredite que a maioria da população quer mesmo é a sua
normalidade de volta, e essa reação instintiva já pode ser vista nas ruas,
álcool, máscara e algum grau de distanciamento devem continuar, e até
mesmo os cumprimentos cotidianos podem sofrer mudanças em
alguns grupos, principalmente no circuito Leblon-Vila Madalena e nos
arredores de quem ainda tem a grande mídia como fonte de
informação con ável.
Todas as nossas atitudes, nossos hábitos e valores estão sendo
atacados, desmoralizados e subvertidos para que dessas mudanças
surja um novo homem, adequado às demandas de uma nova
civilização. Desde conselhos para homens usarem saias e urinarem
sentados, protocolos para encontros com alienígenas e aborto como
serviço essencial, tudo que for de alguma forma contrário ao padrão
estabelecido deve ser assimilado. O novo normal é um catálogo de
inversão de valores.
Como combater esse Leviatã? Não sei. Mas como essa guerra é
essencialmente espiritual, a nal o cristianismo é o alvo e única forma
de resistência, o resultado da batalha vale menos do que o
comportamento na trincheira.
H
Não se pode esquecer que tudo que a sugestão produz pode ser
eliminado pela sugestão.
— Ernest Roth
Mais tarde, Pavlov observou que por meio de estímulos externos era
possível alterar comportamentos. Vivendo na transição entre o
czarismo e a União Soviética, fez diversos experimentos com
cachorros, e nesses estudos identi cou o mecanismo de reação a um
estímulo externo, na forma de produção de saliva quando associada ao
alimento e, simultaneamente, a uma campainha. Com a repetição do
exercício, ele conseguiu condicionar a produção de saliva apenas com o
soar da campainha, sem a necessidade do prato com a comida.
— Mateus 7, 16–20.
Uma das constantes desde pelo menos a Revolução Francesa tem sido
a crescente concentração de poder nas mãos do Estado.
Conseqüentemente, o indivíduo tem seu campo de ação reduzido, seus
direitos violados e suas liberdades cerceadas. Na verdade, o poder,
como conceito de “capacidade de mobilização em prol de um objetivo”,
sempre tende a crescer e se concentrar, principalmente quando as
mentalidades estão adestradas para submeter a experiência real à
narrativa o cial. Em outras palavras, quando a população aceita
esmagar a percepção, a memória e o bom senso apenas por obediência
cega a algum argumento de autoridade.
Desde pelo menos o início da era moderna, toma corpo entre alguns
intelectuais europeus a idéia que prega a possibilidade de evoluir o ser
humano a ponto de torná-lo um semideus. O Renascimento,
principalmente devido à in uência cabalista de autores como Giovanni
Pico Della Mirandola, e o darwinismo elevaram a idéia de evolução à
categoria de possibilidade e a “promessa” de alcançar a perfeição divina
passou a in uenciar decisivamente o imaginário da sociedade
ocidental. Por outro lado, o Iluminismo e a Revolução Industrial
também colaboraram com essa in uência ao criar a idolatria da técnica
e da “ciência”.
Para que que bem claro, o grande reset procura reunir diversas
iniciativas que visam sobrepujar as soberanias nacionais e, como
conseqüência, limitar os direitos naturais dos indivíduos. E para
entender melhor o que isso representa, e deduzir a partir daí suas
motivações, acho importante conhecer um pouco da origem desta
idéia de "resetar" a economia, destacando as instituições e as pessoas
envolvidas, assim como as suas conexões.
Costumo dizer que podemos classi car uma iniciativa como favorável
à construção de uma Nova Ordem Mundial quando ela provoca uma
ou mais destas três conseqüências: 1) aumento do poder do Estado e
dos organismos internacionais; 2) enfraquecimento das soberanias
nacionais e dos direitos naturais dos indivíduos; 3) concentração dos
mercados rentáveis em poder das grandes corporações. Por este prisma
ca claro que estas modi cações tendem a cumprir rigorosamente esse
script. E tem mais.
A
ano de 2020 foi atípico em quase todos os sentidos, e dizer isso já virou
clichê. Seja pela instrumentalização de uma crise sanitária repleta
O de indícios de planejamento, seja pelas soluções oferecidas, que
também indicam conchavos e interesses obscuros.
Este rico e restrito setor, que pode ser representado por empresas
onipresentes como Google, Facebook, Twitter, Amazon, Apple, Uber e
poucas outras, construiu ao longo dos anos as plataformas que
seduziram bilhões de incautos com suas ofertas de comodismo e
praticidade. E ao controlarem estas plataformas como feudos, os nerds
que caram bilionários com a ajuda dos barões do sistema nanceiro
agora decidem o que pode ou não ser negociado, criando obstáculos a
toda iniciativa que confronte seus interesses nem sempre declarados. A
“uberização” da economia, o monopólio da disponibilização dos
aplicativos e o império do market place são apenas a ponta deste
imenso iceberg.
Nos últimos meses esse papel das big techs cou ainda mais evidente
devido a uma série de iniciativas que colocaram os poderosos do Vale
do Silício sob a luz. A “plandemia” e suas conseqüências políticas,
econômicas e sociais deixaram bem claras as suas intenções: além do
poder decisório sobre novos empreendimentos, também querem
decidir o que pode ser falado e, portanto, pensado.
— Marquês de Maricá
— omas Jefferson
a manhã do dia 11 de setembro de 2001 o mundo parou para assistir
N ao mais simbólico de todos os atentados terroristas da história.
Poucos minutos após o impacto do segundo avião, capturado por
um número incontável de câmeras, poucas pessoas ainda tinham
dúvidas sobre a natureza do evento. Embora restassem in nitas
perguntas — algumas sem uma resposta verossímil até hoje —,
naquele mesmo instante todos perceberam que não era um acidente,
como se supunha até então.
C-() — :
N unca devemos esquecer que as distopias são obras de cção, ou
seja, não tratam propriamente da realidade, mas de deduções
sobre os desdobramentos prováveis, de conclusões sobre um futuro
possível, nos melhores casos também verossímil, baseado na
percepção apurada de algumas mentes privilegiadas.
Por outro lado, devemos olhar também para outro personagem que
está ocupando posição de destaque em meio a esta crise: a China. A
ditadura chinesa está no centro da discussão pública devido a fatores
como origem do vírus, in uência na diretoria da e por abrigar
grandes fábricas de respiradores e equipamentos de proteção
individual. Eu acrescentaria, no entanto, outros fatores que julgo mais
importantes e mais reveladores. A China moderna foi criada com o
apoio das grandes fortunas ocidentais, e é o modelo de regime
desejado pelos planejadores da Nova Ordem Mundial: uma mistura de
poder estatal repressor, com controle social ferrenho, liberdades
individuais limitadas e imprensa cooptada convivendo com um
mercado nas mãos das corporações, onde pequenas e médias empresas
só podem existir como fornecedoras dos cartéis.
S
A, Marcia, A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos.
, Fake News.
, A lógica do dinheiro.
, Os donos do mundo.
, Covid-19: Fraudemia.
2 Este texto foi escrito para compor o material de apoio do curso “Nova Ordem Mundial,
Globalismo e Geopolítica”.
6 Usando a palavra com seu signi cado real e histórico: perverso, irresponsável e quase
sempre totalitário.
9 “Por trás do trono há algo maior do que o próprio rei” — William Pitt, parlamentar inglês
(1770).
10 Western technology and soviet economic development, vol. i: 1917–1930, 1968; vol. ii:
1930–1945, 1971; vol. iii: 1945–1965, 1973. National suicide: military aid to the Soviet Union,
1973. Wall Street and the Bolshevik Revolution, 1974. e best enemy money can buy, 1986.
12 O próprio David Rockefeller demonstra essa simpatia pelos ideais fabianos em sua tese de
doutorado “Unused Resources and Economic Waste”, de 1940.
14 Podemos elencar alguns trabalhos que trazem exemplos de áreas distintas: O império
ecológico, de Pascal Bernardin; Psicose ambientalista, de Dom Bertrand de Orleans e Bragança;
Como as corporações globais querem usar as escolas para moldar o homem para o mercado, de
Joel Spring; Política, ideologia e conspirações, de Gary Allen e Larry Abraham; Poder global,
religião universal, de Juan Claudio Sanahuja; A corrupção da inteligência, de Flávio Gordon;
Contra o cristianismo, de Eugenia Roccela e Lucetta Scaraffia; Transevolução, de Daniel Estulin;
eua e a Nova Ordem Mundial, de Olavo de Carvalho e Alexander Dugin; Os donos do mundo,
de Cristina Jiménez; Lavagem cerebral, de Ben Shapiro.
15 Primeira pandemia de cólera: 1817–1824; segunda pandemia de cólera: 1826–1837;
terceira pandemia de cólera: 1846–1860.
17 Os ciclos globalistas: 1o ciclo (idéias): início do século xviii; 2o ciclo (método): século xix;
3o ciclo (instrumentos): nal do século xix e primeiras décadas do século xx, onde surgem as
fundações, os think tanks, a própria Liga das Nações e o sistema nanceiro como conhecemos
hoje; 4o ciclo (in ltração): durante e após a Segunda Guerra Mundial; e 5o ciclo (transição):
estágio onde nos encontramos. Para saber mais, consulte meus escritos e palestras sobre tema
disponíveis na internet.
23 Poucos anos após a chegada do seu escritório ao Brasil, em 1916, a fundação in uenciou
a criação do Departamento de Saúde Pública, em 1920, dirigido por Carlos Chagas, deu origem
ao Movimento Eugenista Brasileiro e promoveu o Primeiro Congresso Nacional de Eugenia, em
1929.
30 Cf. a Carta de Donald Trump enviada a Tedros Adhanom Ghebreyesus (Diretor Geral da
Organização Mundial da Saúde) em 18 de maio de 2020. Vide também a participação do
Ministro Ernesto Araújo na 34a Reunião do Conselho de Governo, disponível no canal do
Ministério das Relações Exteriores, no YouTube: youtu.be/ LPlPeg7FDTY.
32 Por causa desses rebaixamentos culturais, o signi cado da palavra que forma o título
deste texto foi cooptado pelo marketing best-seller e blockbuster, mas aqui “crepúsculo” é usado
com o sentido das acepções indicadas no dicionário Michaellis: “Perda da força ou da
importância; decadência, declínio, ruína”.
36 “O mundo pós-verdade” foi tema de uma reunião dos Bilderberg, em 2018, na Itália.
38 arpa, sigla para Advanced Research Projects Agency Network, mais tarde renomeada para
darpa, a agência atualmente responsável pelo desenvolvimento de robôs militares.
39 “O poder de processamento dos computadores deve dobrar a cada dois anos” — Gordon
Earle Moore.
46 Não existe consenso sobre esse termo, usado por Tim O’Reilly em 2004, mas acredito que
ele serve para simples identi cação.
47 “O que tentamos fazer no Facebook foi mapear todas as relações que as pessoas têm” —
Mark Elliot Zuckerberg.
48 Termo utilizado no livro On the way to the web: the secret history of the internet and its
founders, de Michael A. Banks.
54 De acordo com a pesquisa “Working from Mars with an Internet Brain Implant” realizada
pela Cisco Systems em 2014, cerca de 26% das pessoas entre 18 e 50 anos estaria disposta a
colocar um implante no cérebro para acessar a internet sem computador. Não acredito muito
nesse tipo de pesquisa, e esses números podem estar errados, mas a subserviência de um
grande número de pessoas diante dos benefícios da tecnologia é evidente.
55 Pra quem não conhece: quando um sapo é colocado na água fervente, ele pula fora
imediatamente, mas quando a água vai esquentando devagar, ele tende a morrer cozido, por
não perceber a sutil mudança do ambiente.
56 A transmissão foi feita no dia 16/07/2019 e pode ser vista no canal da empresa:
www.youtube.com/channel/ UCLt4d8cACHzrVvAz9gtaARA.
58 Elon Musk também criou um site de veri cação de notícias falsas (fact-checking) após ser
acusado de fraude. Curiosamente, ele queria usar “Pravda”, mesmo nome do jornal o cial
soviético, mas como o domínio já existia, escolheu “pravduh.com” (que eu nunca consegui
acessar, aliás).
59 Conceito criado por Olavo de Carvalho, que classi ca os multibilionários que zeram
fortuna no capitalismo e agora usam seu dinheiro para nanciar iniciativas que diminuem a
liberdade de mercado e di cultam a concorrência de alcançar o mesmo patamar.
60 A Space X prometeu levar passageiros à Lua em 2013, e mesmo sem cumprir a primeira
promessa, garante que tem outro projeto mais ambicioso e que vai levar ricaços para um
passeio ao redor dela. Pode-se dizer o mesmo sobre a Tesla e seus carros autômatos que
segundo ele já estariam imperando há alguns anos. Até agora, no entanto, vimos apenas cgi
(computer graphic imagery), ou seja, imagens geradas por computador.
68 Nome codi cado de um programa de experiência com seres humanos promovido pela cia
e nanciado por fundações bilionárias. Estudava o uso de drogas psicoativas e métodos de
tortura física e psicológica para persuasão e controle da mente. Durou pelo menos duas
décadas.
73 David Gergen foi conselheiro dos presidentes Nixon, Ford, Reagan e Clinton, e fundou o
Centro de Lideranças Públicas da Universidade da Harvard Kennedy School.
74 Iniciativa da Fundação Lemann que visa promover novas lideranças e está presente em
algumas das principais universidades, inclusive Harvard.
75 Presidente do poderoso think tank cfr (Council on Foreign Relations) desde 2003.
76 Por curiosidade: Klaus Schwab tem um livro com este título (Edipro, 2019).
77 O 6G já está a caminho, deve chegar até 2030 e promete ser até 8.000 vezes mais rápido
que o 5G.
81 A sociedade Skull and Bones, desde 1832 incrustada no campus da Universidade de Yale,
serviu de preparação e trampolim para diversas autoridades e lideranças políticas e
empresariais. A família Bush participa da fraternidade desde o início.
82 Frase exata: “Nada está na política de um país que não esteja primeiro na sua literatura”
— Hugo von Hofmannsthal.