Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Para o efeito, o e-book se fez com o consentimento de Flagelo Urbano, o único legítimo dono das músicas
transcritas aqui, pois a mesma foi feita com o intuito de apenas ver que uma múscia bem escrita, também pode
ser lida e, com isso, ter uma visão mais clarificada dos ideais ouvidos “na voz do poeta sem poesia certa”, o
“louco por opção” que abdica do seu tempo tentando despertar mentes não loucas e fazer ver que a “melhor
loucura é a razão”, incentivando assim a busca infinita pelo saber...
Assim sendo, é explicitamente proibida a comercialização e o uso ilícito deste documento, pois todas a letras
aqui transcritas estão protegidas legalmente pelos direitos do referido Autor.
Flagelo Urbano
Sambala
“O Rei De Medina”
Pangeia (alicerces de uma vida).......................... 9 Possibilidades (Mudanças São) Part. Bob Marley
........................................................................ 38
Beef part. Edu ZP ............................................ 10
Crepúsculos dos Ídolos Part. Célsio Mambo .... 39
A Enseada ........................................................ 11
Em Vão (o que trazes no olhar) ........................ 40
Universo Infinito part. Tião MC ....................... 12
Aquele Que Escolhe Part. Lóro Mance............. 41
Estado de Emergenncia part. Guilhotina Verbal 13
Maré (alta ou baixa) Part. Bob Marley ............. 42
Quando o Inverno Chegar ................................ 14
OUTRAS MÚSICAS ......................................... 43
Apenas Ser ....................................................... 15
Primeiro Compromisso .................................... 44
Mente Aberta, Nova Era part. Keita Mayanda .. 16
Mestres da Humanidade ................................... 45
O ERMO ............................................................ 17
Mestre Mudo (amor chinês) ............................. 46
Griot (mestre da literatura oral) part. Eduardo
Apartheid Social .............................................. 47
Sidhartha .......................................................... 18
O Ermo (Via-Láctea)........................................ 19 Mr. Brent (petróleo bruto) part. Sayda.............. 48
Verso
Yeah, manifesto do Flagelo comunista... Na sensação de estarmos amarrados dentro de nós mesmos,
indefesos
Fechem as rádios, fechem os jornais e a televisão Podemos ir a qualquer lado, mas ainda assim continuamos
Privatizem a democracia e a liberdade de opinião presos
Coarctam os nossos direitos pisem nos decretos À informação, que vem decapitada, mutilada, aleijada,
Promulguem leis pronto a vestir se acharem certos censurada, sem nada
As panelas que permanecem no fogo a cozinhar nada
Excluam-nos, construam muros e muralhas
Protejam vossos bens com homens e metralhas Silenciem o pensamento daqueles que vivem calados de boca
aberta
Partam as nossas casas e em seu lugar edifiquem condomínios Calem o barulho surdo do nosso grito mudo, talvez a hora seja
Para esfregar nas nossas caras o vosso domínio esta
Intimidem-nos, unifiquem o nosso pensamento Enquanto andamos sem pernas e de braços atados
Façam-nos uma lavagem cerebral enquanto é tempo Há um milhão de moradias devidas ao eleitorado
Enquanto gritamos com a boca fechada Ergam barricadas, deixam-nos sem saída
Nos manifestamos nos cadeirões das nossas casas Pisem sobre o nosso espírito, leiloem essas vidas
Domestiquem a justiça, façam obras de cosmética Encarcerem nossa inteligência, exilem as alegrias
Finjam que exercem com nobreza a função etílica Sepultem a liberdade do poeta sem poesia
Promovam banquetes, dancem sobre as mesas e mandem-se Que não mais vê seres humanos, apenas vultos
rosas Acabados de emergir do sepulcro
E promovam na TV a fútil realidade cor de rosa
Encham barris de fino, façam maratonas e vivam a vida à
Bebam champanhe, comam caviar e durmam sossegados grande
Falem de negócios e negoceiem essa geração de formatados Mumifiquem-nos aos poucos, deixem-nos exangues
Programados, alienados, uniformizados, robotizados
Deixem os mares sem peixes, florestas sem árvores, os rios
Que não vê, que não ouve, que não fala envenenados, deixem-nos sem nome
Que não sente, não quer mais sentir com medo da bala Aí sim entenderão então que o dinheiro não se come
Essa geração que tem sede, que tem fome, que tem pena, que - O carma da humanidade é agir!
tem raiva, mas não sabe de quê Mesmo quando estamos de mãos atadas... mesmo quando
Vive acorrentada sem sequer saber por quê estamos parados... quando estamos sentados... quando
dormimos os sonos dos marajás... quando olhamos impávidas,
Essa geração de autômatos, descendentes de nenhures serenamente para o sofrimento dos outros... ainda assim
Herdeira de um país alienado algures estamos em ação!
3
Mude a Cara da Tua Cara
1.Verso 2. Verso
Mude a cara do mundo Essas mãos estendidas dependem da tua mudança, irmão
Mude a cara da tua cara, mude tudo Observa o olhar dessa criança então
Mude, mas não para de mudar Ela espera que tu mudes com certeza
O sentimento profundo que habita em algum lugar Para ter a certeza de que com certeza vai ter pão à mesa
Do coração desse mundo
E que a casa onde guarda os farrapos da vida
Mude agora ou nunca mais E pedaços da sua infância não será demolida
Ofereça guerra ou paz Por essas mãos que já não têm mãos pra medir
Sanidade ou loucura Os milhares de litros de lágrimas que escorrem
Mas mude, mude porque essa é altura Do olhar de quem observa com tristeza a cair
Os últimos pedaços da sua mísera existência que correm
De olhar para cara do mundo
Desse mundo Entre os escombros de uma indigência como oferta
Que olha para tua cara cada vez mais cara Por ter conseguido viver com menos de um dólar por dia,
E que apesar de tudo espera de ti uma atitude rara quanta indigência
Quão indigência é esta
Com vista a mudar a cara da tua cara Desse olhar que habita, mas já sem cidadania
Essa cara que apresentas ao mundo
Esse mundo sem mundo, mas que possui uma cara É preciso mudar a cara que faz a cara da sociedade
Jogado a um abandono profundo É preciso dar pão para acabar com esta mendicidade
Refrão
É preciso mudar
É preciso amar
Porque o brilho em cada olhar
Só depende da força de quem quer mudar
4
Destino (fado)
1.Verso 2.Verso
Quando te achei caminhavas pelo Rossio Vem sentar-te comigo à beira do rio que eu vejo,
Num inverno violento e sombrio E despreocupadamente contemplemos o Tejo
Sob gotas de chuva insistias na caminhada Traga a tua guitarra e venha vestido de luto
Para um lugar distante que não te apontava à nada Para representar esse cântico por que eu tanto luto
Foste ao Bairro Alto e numa canoa venceste o Tejo Diga-me o porquê da tua origem obscura
No chão da Rua Augusta reflectia-se o teu desejo Procuro os teus ancestrais nas noites mais escuras
Porcuraste nas artérias de Almada O mistério que envolve os teus temas
Os olhares já velhos e cansados não te diziam nada As lágrimas que caem da guitarra quando declamas os teus
poemas
Reviraste a zona de Sintra e paraste em Queluz
Interceptando quem te pudesse dar uma luz Fale comigo agora
Que te pudesse conduzir ao velho bairro da Alfama Conta-me as aventuras de outrora
Para enfim encontrar este som porque a muito clamas Como quando te deitavas nos braços da imensa popularidade
Quando corrias sem preocupação sobre as mãos dessa cidade
E entender o fadista que sangra o sofrimento
A tragédia, o destino a saudade de passados tempos Essa cidade de poetas e exploradores
A adolescência, o amor perdido e a melancolia Exímios escritores e talantosos descobridores
Depositadas nestes cânticos que permanecem na Moraria Os séculos não te enterraram porque és cultural
Fazes parte de um povo que tem um som magistral
Coro
(Meu Fado - Mariza) Coro
(Meu Fado - Mariza)
(O meu fado, meu fado, meu fado, meu fado, meu fado)
Eu te procuro tanto como nunca antes procurei (O meu fado, meu fado, meu fado, meu fado, meu fado)
Sonho dia e noite com o momento em que não te encontrei Eu te procuro tanto como nunca antes procurei
Sonho dia e noite com o momento em que não te encontrei
(O meu fado, meu fado, meu fado, meu fado, meu fado)
Percebo-te, sinto algures a tua presença (O meu fado, meu fado, meu fado, meu fado, meu fado)
És tu quem bombea o sangue que jorra da guitarra portugesa. Percebo-te, sinto algures a tua presença
És tu quem bombea o sangue que jorra da guitarra portugesa
(O meu fado, meu fado, meu fado, meu fado, meu fado)
És o amor da Mariza, Camané e Carlos do Carmo (O meu fado, meu fado, meu fado, meu fado, meu fado)
Nas noites mais sombrias é por ti que eu clamo És o amor da Mariza, Camané e Carlos do Carmo
Nas noites mais sombrias é por ti que eu clamo
5
Louco Por Opção (o elogio da loucura)
1.Verso 2.Verso
(Dizem que sou louco) Percebo a minha loucura, recebo-a tal como ela vem
Convivo com ela e aceito o que ela tem
Sou louco, sim sou! Pra mim talvez essa seja a razão da minha loucura
Talvez pensas que seja estupidez Acreditar que essa sociedade um dia desses terá a cura
Mas para mim é um prazer ser louco,
Num país que não merece a minha lucidez Ser louco é uma forma de ser normal
Prefiro ser louco, um demente por opção Pois o mundo é dos loucos, se não sabes afinal
Que escolheu a demência do que ser são É daqueles que não temem consequências quando a luta é pela
Como essa geração verdade
Que prefere ganhar o mundo do que ter mais sabedoria Não são todos que preferem renunciar a sua sanidade
Alienar a sua identidade e deitar fogo à livraria
Deixe que eu seja louco e me perca entre os labirintos
Sou louco, sim, sou! E por que não? Dessa cidade manchada
Ao menos tenho consciência da minha loucura Rica por todo lado, mas que não me oferece nada
Vocês pensam que não são Deixe que eu vagueie e recolha no lixo
Por isso mesmo jamais procuram a cura O conhecimento necessário para o meu ofício
Ser louco é um privilégio, meu irmão...
Deixe que eu surte e consiga ser livre
Quando os dias passam e nada há de novo Do que ser são e presenciar este embuste que quer que me
Quando a arte de governar só serve para repartir o povo prive
Em 2, 3, 4, 5, 6, 7, ah, sei lá De usar arte da escrita como arma
E deixar que poucos se encontrem no topo da cadeia alimentar Para me opor aos que se opõem à minha oposição à fama
Eu prefiro ser louco e cantar a minha canção Eu não sou um louco, eu fui enlouquecido
Do que ser são e ceder à pressão Eu não sou revoltado, eu sou incompreendido
De quem não tem a mínima noção Que luta contra tudo e todos para ser o que é de verdade
De que antes do Tchilar ou Flash há o coração Nessa sociedade à toa que me leva à insanidade
Esse coração que bate 100 vezes por minutos
E encontra na música a linguagem do mundo Que me força ser igual a todos
Não tem a ver com sucesso, o sucesso não me diz nada Para que desse modo eu possa ser normal
O que eu busco é mais profundo, irmão Que ironia...
Muitas pessoas têm sucesso e uma vida abastada, Fernando Pessoa uma vez disse
Mas vivem como defuntos, então Que se o coração pensasse, pararia.
Quem disse isso não fui eu
O seu nome era Bob Marley, viveu uma vida linda e morreu Refrão
Mas tal como eu não sei, ele não sabia o seu nome ainda,
então apenas viveu... Sou louco por opção
A demência me convida e me chama à inovação
Refrão Sou louco e a vossa loucura é a razão
Da razão porque encontrei na loucura a minha salvação
Sou louco por opção
A demência me convida e me chama à inovação Sou louco por opção
Sou louco e a vossa loucura é a razão
A demência me convida e me chama à inovação
Da razão porque encontrei na loucura a minha salvação
Sou louco e hei de buscar na loucura a solução
Sou louco por opção E por que não
A demência me convida e me chama à inovação Encontrar nela a minha salvação?
Sou louco e hei de buscar na loucura a solução
E por que não
Encontrar nela a minha salvação?
6
Música Alternativa
1.Verso 2.Verso
Com visão dinheirista, vejo a fama em teus versos Prostitui a tua música enquanto a minha vai à escola
Ontem buscavas a luz e com a ponta de uma caneta afundavas Eu tenho planos pra ela, não a deixo cheirar cola
o universo
A tua música toca na rádio, mas não no coração
Espero em ti a mudanças que desejas no mundo Daquele que busca paz e consolo no refrão
Ou seja, o mundo que desejas mudar De uma vida dedicada a batida
Procure lá bem no fundo A escolha dos instrumentos que fazem o ponto de partida
Porque lá bem no fundo ainda existe um lugar
Para uma caminhada em direção à revolução
Onde a música se transforma Que não será vista em nenhum canal da tua televisão
Onde a voz e a sonoridade dão forma E veja se és o reflexo da tua música
A uma nova forma de fazer música Se ela entretém mais e menos educa
Refrão Eu sei
Que o rap alternativo nunca foi a tua lei
Eu sei Os teus CD’s, os artistas que mais gostas
Que o rap alternativo nunca foi a tua lei O Elinga Teatro ou Carl Max, em quem tu apostas?
Os teus CD’s, os artistas que mais gostas
O Elinga Teatro ou Carl Max, em quem tu apostas? Eu sei
Que o rap alternativo nunca foi a tua lei
Eu sei As calças grandes, chapéu ao contrário
Que o rap alternativo nunca foi a tua lei Flagelo Urbano ou aquele otário? 2X
As calças grandes, chapéu ao contrário
Flagelo Urbano ou aquele otário?
7
São Paulo de Loanda (porquê nos tens como enteados)
1.Verso 2.Verso
Criaste condomínios, edifícios de alto padrão e torres Ensina-me sobre a liberdade e o seu valor
imponentes Para que eu não renuncie e procure outro amor
Almejas arranhar os céus ante a miséria dessa gente E caminhe sem olhar pra trás em direção ao breu
Que a muito atingiu o zero e hoje renuncia Em busca da paz que essa paz nunca me deu
A essa vida sem alegria
Oh Luanda, é por ti que eu clamo
Oh, terra da Kianda, oh terra prometida, por que me tens por Quando a caneta sangra é por ti que declamo
enteado Esses versos, que para mais ninguém os escrevi
Sare as minhas feridas e traga-me para o teu lado Porque o que sinto por ti por mais ninguém senti
8
Pangeia (alicerces de uma vida)
1.Verso Refrão
O beat é do Boni e os versos são do Flagelo “(Yeah, Boni na Diferencial Studio, som diferente)
Somos underground desde a idade do gelo Reunidos na acrópole, em meca ou medina
Quando poucos seres vivos caminhavam sobre a pangeia (Yeah, Boni na Diferencial Studio, som diferente)
Nós já cá estivemos a uma década e meia O rap uni nações sem olhar pra cor da retina
(Yeah, Boni na Diferencial Studio, som diferente)
Desde o cume dos Himalaias às cordilheiras dos Andes Começamos na foz do Kwanza e navegamos sobre o Ganges
Começamos na foz do Kwanza e navegamos sobre o Ganges Navegamos sobre o Ganges”
Encriptamos versos e escondemo-nos em grutas
Apenas os decifram as mentes mais astutas 3.Verso
Zodíaco, seguimos a trajetória do sol Do cimo dos Urais cuspimos a nossa ira
Codificamos a poesia e tocamos apenas em dó Contra falsos escribas que empenharam sua consciência em
Agasalhados com vinis e alimentados com a mpc troca do oura e da mirra
Desliga o canal 2, não somos artistas pra Tchizé Mas nós não, somos donos e senhores da nossa era
Desde o núcleo, manto até a litosfera
Abraçamos o anonimato para sermos mais visíveis
A nossa música é transumana, imprevisível Não somos mercenários de opinião,
Não fazemos broxes à mídia, não bajulamos Não negociamos a nossa consciência, Simão
Cagamos para o dia a dia, não nos entregamos, então... Caminhamos a mais de 5 mil metros de profundidade
Para preservar os originais dos escritos da verdade
Refrão
Guardiões do templo sagrado do som alternativo
“(Yeah, Boni na Diferencial Studio, som diferente)
Morremos por esse bumbo e por essa tarola
O beat é do Boni e os versos são do Flagelo
(Yeah, Boni na Diferencial Studio, som diferente) Mesmo quando MC’s de 99 não mantêm o ideal vivo
Somos underground desde a idade do gelo
(Yeah, Boni na Diferencial Studio, som diferente) Budistas, hindus, muçulmanos e judeus
Encriptamos versos e escondemo-nos em grutas Protestantes, católicos, metodistas e ateus
Apenas os decifram as mentes mais astutas” Reunidos na Acrópole, em Meca ou Medina
O rap uni nações sem olhar pra cor da retina
2.Verso
Diretamente do Zoo ou se quiserem de Medina Vivemos cada hora, cada minuto, cada segundo
O sagrado coração d’arte não se encontra em qualquer esquina Cada décimos, cada centésimo, cada milésimo de segundo
Devoramos a cabala e buscamos a luz divina Para transformar as lágrimas dos mais pequenos no mundo
Não é pela fama, pela fama o Boni não prima Yeah, ainda que torças o nariz quando falamos a verdade
O presente não nos diz nada, olhamos pra prosperidade
Não somos circunstanciais, insisto Somente a verdade...
Não pensamos com a barriga como o Dr. João Pinto
Caminhar na contramão é a nossa faixa de rodagem Refrão
Não te metas entre nós se não decifrares esta mensagem
“(Yeah, Boni na Diferencial Studio, som diferente)
Misantropia, reclusos de nós mesmos O beat é do Boni e os versos são do flagelo
Buscamos em Santo Antão a razão porque não querermos (Yeah, Boni na Diferencial Studio, som diferente)
Caminhar entre juízes e advogados Somos underground desde a idade do gelo
Uns condenam inocentes, outros defendem o diabo (Yeah, Boni na Diferencial Studio, som diferente)
Encriptamos versos e escondemo-nos em grutas
Por isso aquecemos versos e trabalhamo-los na forja O rap uni nações sem olhar pra cor da retina
Para lança-los como adagas a essa corja (Yeah, Boni na Diferencial Studio, som diferente)
De abutres, carniceiros voltados ao fracasso Desliga o canal 2 não somos artistas pra Tchizé”
Esquecidos de que a morte ainda é o maior carrasco
9
Beef part. Edu ZP
1.Verso 2.Verso
Tenho observado e experimentando sabores e dissabores Dentre as mais variadas convivências desta vida
Nesta minha caminhada pelo Popula e arredores Vivi situações, cicatrizei feridas
Certezas que por vezes não são cumpridas Vi coisas que marcaram-me profundamente
E as verdades muitas vezes destruídas Coisas que com um pouco de esforço poderiam ser diferentes
Porque o trabalho dignifica o homem e o salário o seu esforço Vivenciei acontecimentos que deixaram-me de boca aberta
Mas esta realidade é jogada no calabouço Vi crianças com menos de 6 anos obrigadas a ser zungueiras
Hoje confirmei que a beleza está presente no olho de cada Vejo mulheres a perderem o amor próprio
homem Vi rapazes a usufruírem deste gozo
E a mesma desperta consoante o interesse de cada um
Vi ambulantes dispersos por causa da fiscalização
Esta teoria não poupa ninguém Zungueiras salvam negócios e abandonam o filho no chão
Conhecimento resultado da vivência subjetiva Vi assaltos bem na minha frente
O amor dificilmente é correspondido Vi atos de vandalismos, confronto entre delinquentes
E quando assim é, ele dura muito tempo
Vi amigos que caíram e não conseguiram levantar
Quase nunca se cumpre o espaço de tempo Vi pessoas que fracassaram e pararam de lutar
De corrida entre o nascimento e a morte sem sofrimento Vi idosos acusados de atos de feiticismo
Homens talentosos vivem ao relento Vejo diariamente a decadência do civismo
Os pais muitas das vezes acham-se donos da verdade Entre saúde e doença, decepções e alegria
Ocultando sem grandes motivos a nossa realidade E o que nós acumulamos na luta de todos os dias
Os políticos sempre vistos como mentirosos Mas basta querer pra mudarmos o quadro que aqui vigora
Chamados de gatunos e gananciosos Se a boa ação faz a mudança, a mudança começa agora
A verdade e experiência adquirida Assuma o teu erro, muda, pois você é capaz
Servem para ludibriar pessoas nesta vida A honra não está em nunca cair, mas levantar-se cada vez que
A paz no mundo inteiro será difícil se cai
Com o comportamento arrogante dos governantes, quase A honra não está em nunca cair, mas levantar-se cada vez que
impossível se cai
10
A Enseada
1.Verso 2.Verso
Tudo parece acabado Olhares que se dizem tristes, tristeza em cada olhar
A estrada chega ao fim Sonhos que morrem tentando se concretizar
O coração se revela cada vez menos apertado Pessoas vêm, pessoas vão, pessoas também ficam
Que é muito bom nos sentirmos assim Nos corações de todos aqueles que delas não abdicam
Plantamos em cada canto um sorriso O que temos nós, simples pedaços de mortais?
Crescemos com a vida, com os velhos e os novos amigos Temos tudo e ao mesmo tempo nada
Um sentimento cada vez mais quente A vida num dia e a morte vagueando no vento
Apaga os espinhos ressentidos e olhares indiferentes que completa a madrugada
O ódio não aconselha o homem que quer estar sozinho O sorriso reciclado, a maresia traiçoeira
Quando tem que tomar decisões com água e conselho com o O que se quer eternizado
vinho A paixão desapaixonada pela frivolidade da nossa era
Há sempre asfalto depois do deserto
A malícia desculpada, Nem sempre o que mais desejamos temos por perto
Os corações que vivem de mesquinhas lembranças
O homem chega à conclusão que perdoar não vale nada A vida é efémera, o chamamento é inovação
E vê que todos os danos são caudados por mudanças Dos homens que um dia herdarão a terra,
A reencarnação
O falso orgulho, o preconceito e betão Da voz que veio para dar vida a mais uma era
Os sorrisos que se recebem quando fingimos que acenamos a
outra mão Refrão
Um olá, um adeus, irmão, como é que vai?
Então, em casa tá tudo bem com o pai? A tarde cai para deixar que se levante o dia
No silêncio húmido de cada madrugada
Palavras que mudam por completo o tom de qualquer voz O amanhã, o amanhã é só mais um novo dia
Quando mudamos de atitude em relação as coisas, as coisas Pra quem tem a vida de quem nessa vida não tem nada
mudam de atitude em relação a nós 3X
O valor de uma palavra amiga e um abraço sincero
Para quem se encontra no fim da linha, no seu desespero
Refrão
11
Universo Infinito part. Tião MC
Música, universo infinito Tentando ocupar o meu lugar nesse universo infinito
O Silêncio, a dor o grito Onde me firmo e grito
A voz do poeta que retrata o cotidiano Com força
A alegria, a tristeza do negro, do pano Estou vivo...
Da viúva maltratada pelas lembranças dum passado sofrido
3.Verso
Música, o balancé que nos faz dançar (Flagelo Urbano)
O Som que nos ajuda a desanuviar
A melodia que soa da guitarra do Totó Não vou falar de ti, acho que já nos temos visto
O som estendido e o bemol no gospel do Dodó Lembro-me de ti, agora sei disto
Escrevi sobre ti a algures nas páginas de uma vida
Música, a defesa das liberdades fundamentais Dedicada ao microfone e a batida
O rap do MC K, a serenata, o som que nasce
De Keyta Mayanda, a tradição Tudo o que sei sobre ti já falei, cantei, fiz música
Divulgada por Bonga na reunião Dediquei-te as linhas da minha música única
Do kota Teta... O que queres que eu fale mais sobre ti, amiga?
Não quero ser repetitivo, não vou abordar coisa antiga!
Música, o soar das nossas marimbas
O batuque do Kiezos e dos Nogla Ritmos Gostaria de dizer coisas belas e novas
A liberdade que tenho de falar sobre o que me é íntimo Com um requinte na escrita e uma voz mais glamorosa
No espaço vasto e infinito Talvez dizer que sem ti eu não vivo
Eu não existo, eu não consigo
Repetimos as palavras e o assunto Sem ti eu sou um nada, mesmo num palacete sem ti sou sem
Mas renovamos sentimentos abrigo
É sempre novo o sentir
Nesse universo infinito ainda por se descobrir Falei de ti, oh música, no música é
Recordas? Tu soubeste impor-te
Música, M-U-S-I-C-A E abriste-me as portas todas
Pra viver e apreciar
Eu e o Boni desenhamos-te, demos-te vida
2.Verso Com apenas algumas semanas corrias solta pela avenida
(Tião MC) És das filhas mais querida, dos amores mais amado
Só não digo que és a preferida pra não ficar feio pro meu lado
Esta é a minha música e ponto final
Diferente e original Deixo-te estas linhas como recordação
Diferente pra quem ouve e sente Para que sempre te lembres da minha gratidão
E pra quem sente e não mente Por tudo o que fizeste e fazes na minha vida
Pra quem não mente Adeus, esta é a hora da partida
Sobre o que sente verdadeiramente
12
Estado de Emergenncia part. Guilhotina Verbal
Os debates na assembleia muitas vezes não são francos O país está prestes a mergulhar num caos
Fala-se muito de números, mas de trabalho nem tanto O ministério da educação que tomar precaução
O povo está cansado, o povo não quer só a paz As universidades tão cheias de gente burra
Queremos liberdade, justiça e muito mais... O político mentiroso pensa que é gente nobre
As cadeias tão abarrotadas de gente pobre
Refrão
Precisamos pensar bem pra agir melhor
Aqui... não dá pra ver o sol brilhar Senão o país vai correr de mal a pior
Aqui... não dá pra ter esperança por que o sol não vai brilhar Gastamos bilhões de dólares pra construir estádios
Porque o sol não quer brilhar Enquanto a população vai morrendo aos bocados
Nunca mais vai brilhar
Marburgue, sida, malária
(Flagelo Urbano) Situação precária
Ninguém quer ser camponês, todos querem ser operários
Executivo ou bancário
Advogados sem paixão, juízes sem justiça
A lei favorece o pobre? Não, só gente rica! Cabe ao governo criar política de incentivo
Desgraçados sois vos doutorados em leis Uma vez alcançada a paz, erradicar a pobreza tem que ser
Traidores disfarçados, o que será de vocês nosso objetivo
Mas tem mais..., melhorar as urgências
Dispam-se das becas, deitem a vossa toga Enquanto isto não acontece, está decretado estado de
Assumam em público pra que campeonato a vossa equipa joga emergência
Soltem o senhor Ministro e aprisionem o João
Desviar dinheiro público é menos grave que roubar um pão Segurança social, bem-estar pra o povo
As riquezas do petróleo deviam ser revertidas em benefício do
Onde é que estará a justiça, eu nunca mais a vi povo
Se lhe encontrares amarre-a bem, porque faz muito tempo que Abre o olho...
ela já não passa por aqui
Ela foge o negro pobre sem dinheiro na mala
Refrão
Prefere a casa grande, já não quer saber da senzala
Aqui... não dá pra ver o sol brilhar
Convive com Altos Mandatários, Ministros e Generais
Aqui... não dá pra ter esperança por que o sol não vai brilhar
Deputados, Governadores e Multinacionais
Porque o sol não quer brilhar
Tem tudo o que precisa
Nunca mais vai brilhar
Se de ninguém recebesse daria a todos justiça
(2x)
13
Quando o Inverno Chegar
1.Verso 2.Verso
Refrão Refrão
14
Apenas Ser
1.Verso 2.Verso
Eu quero ser a palavra, o silêncio Quero ser a tua alegria, honestidade e sol
Queria um dia ser a voz, mas hoje sou o tempo Quando o cinismo e mentira te causarem dor
E abarco o universo em cada um dos meus versos Quero contigo chorar as lágrimas desse dia
Não quero ser panteísta Que descobrires que amaste mais do que devias
Somente ver Deus em tudo, tudo em Deus, sou deista
Quando o mundo te bater forte e a tua fé ruir
Eu quero ser o sonho que se realiza Achar que a saída é a morte e já não ter para onde ir
Porque se tem esperança Algures nesse mar e achar uma caravela
O sorriso do sol que brilha Que algum dia quiseste que te conduzisse pela
Pro velho e pra criança
Vontade de ser adulto
Quero ser um poema, uma partitura Sem saber que sê-lo jamais será o indulto
Uma poesia, não importa em que altura A redenção para uma vida que há muito
Quero ser a verdade da justiça ilegal Perdeu-se na vaidade e no falso impo
A prisão preventiva do homem enquadrado num artigo
inconstitucional De uma pretensa mudança que em nada
Se assemelha à vontade de ser a pessoa mais amada
Quero ser Malcolm, Gandhi ou Cheguevara Não tiveste a sorte de amar mais do que devias
Os ideais da liberdade que a liberdade jamais libertara A luz apagou-se quando quase vias
Nelson Mandela, Nkuame Nkruma, Keniata ou Cabral
Fazer sempre o bem, mas saber que é inevitável o caminho do O esplendor da ética do politicamente correto
mal Buscar em ti mesmo o ângulo certo
O caminho que se escolhe quando o objeto e o fim é liberdade Verdades que se negam quando acreditamos na eternidade
e a justiça social Das rosas que se abrem para a efêmera mocidade
A dignidade da vida humana
A melhor distribuição da riqueza nacional e não a fama Refrão
Refrão
15
Mente Aberta, Nova Era part. Keita Mayanda
Rompem-se as barreiras
Do oceano, dos céus e da terra
O conceito global de aldeia global
Se concretiza à medida que vemos no clipe do mal
16
O ERMO
17
Griot (mestre da literatura oral) part. Eduardo Sidhartha
1.Verso 2.Verso
Eu sou o griot...
Como os Mandingas da África Ocidental
Na poesia do griot Wolof do Senegal
Eu sou griot...
Forjado sob o luar da noite mais deserta
Talvez um dia renegado como Salif Keita
18
O Ermo (Via-Láctea)
1.Verso 2.Verso
Quando não quero nada com a vida Quando não quero nada com a vida
Quando não me entrego Quando realmente nada quero
A um amor, num beco, numa esquina, numa avenida Quando as montanhas se tornam a única saída
Então me perco É sinal de que vem a primavera de que tanto espero
Busco-me a mim e é comigo que eu passo o tempo
O Ermo é o homem se negando á socialização
Abro então as janelas e deixo o vento testemunhar o meu Inferno é conviver com milhões e sentir-se na solidão
diálogo a sós Achar que se tem e que se está bem perto
As minhas interrogações retóricas depois De uma fonte jorrando água em pleno deserto
Depois de tudo, logo ao entardecer Como uma ave voando bem distante de si
Quando a brisa anuncia um novo amanhecer A realidade transforma o homem e este acaba assim
Caminho em direcção aos montes como um eremita Indecifrável como uma esfinge…
Como um velho que viveu o bastante para dizer que já em Um poeta errante que agora já não finge
nada acredita
Ser eco, quando devia ser a voz
No limiar do degredo, no standard da vida Convertida em pedras lançadas ao algoz
No olvidar das caminhadas pelas grutas sem saída
Dias sem aurora, a claridade que precede ao nascer do dia Pedaços de papéis que não aceitam a escrita
Tanta amargura, mas que vida sem sinfonia! Dos punhos que seguram a caneta desse eremita
Que busca os montes menos por vaidade e mais por gosto
Esse amor de que tanto mencionamos Assim fazem as pessoas que trazem a alma no rosto
Esse ódio de que tanto alimentamos
A sociedade despida
Quando estamos na objectiva Os olhares já sem vida
Quando damos connosco sem qualquer perspectiva O sorrisos forçados, os amigos das ocasiões
No espírito enriquecido, na firmeza do aço Os artistas apócrifos, as meninas sem ideias de olho nos
Nos corações apodrecidos pela ausência de um abraço... cifrões
Mas só tu podes julgar a ti mesmo, Morreu a moral e com ela o bom senso
No final de tudo e em tudo que acreditas O conceito de amor ao próximo voa como incenso.
É por essas e outras que hoje sou um eremita Tudo por dinheiro é o que eu tenho visto
(A nota de 100 dólares tem mais seguidores que Cristo)
Refrão
Disto, eu não duvido meu irmão
Abraça as montanhas e viva como um monge O dinheiro governa tudo e transforma o homem num cão
Venha comigo aprender de nós mesmos Igrejas prometem cura e fortuna a otários
Enxergo-te a vocação ao longe Se quiseres o paraíso basta metade do teu salário
Não falta luz, clareza é o que mais temos. 2X
(Famílias que vão crescendo, vivendo, num autêntico quem
sabe, sabe...)
É por essas e outras que um dia abandono essa cidade
Abandono a cidade!
Refrão
19
Escritores da Liberdade part. Leonardo Wawuti
1.Verso 2.Verso
É zumbi, é Milton Nascimento, é Pelé O ritmo dos Ngola Ritmo, a sua rítmica
É o guerrilheiro do musseque em David Zé Lembra-me Lurdes Van-Dunem e a sua música
O Ouro Negro brotando de um duo bastante coeso
É Obama, é Fridolim, é Cartola
A exatidão das mãos que seguram a guitarra de Marito dos
Cantando os obstáculos superados por Mutola Kiezos
Sayovo mostrou que é preciso acreditar Palmas para a Belita, querida Belita Palma
Mesmo quando os espinhos nos impedem de caminhar Para ti Sofia trago comigo uma rosa
É Machado de Assis, Urbano de Castro, é Aretha Perfumada com a calma, a velha calma
As lágrimas dessa senzala com apenas um poeta Com a qual contratados enfrentavam as roças
20
Clonagem Sociológica (rebelião antropológica)
1.Verso 2.Verso
21
Gigantes de Papel
1.Verso 2.Verso
O amor à camisola pela arte de que a saiba amar Hoje comercializados, Jay-Zizados,
A consciência revú de quem a faz pra mudar Fifticentizados, Joel Santanizados
O curso da história e a vida de um povo Frustrados e muito mais
Que traz no coração o desejo de ser feliz de novo Adjetivos qualificativos de que eu seja capaz
A transformação da realidade em poesia Para exprimir com tristeza a vossa falta de originalidade
O brotar de flores ali onde não havia Não passam de meras caixas de ressonância
O betão que enfim se quebra, jorra água no deserto, mais um Estruturas de betão armado impedindo a entrada da verdade
oásis
Dando passos tímidos na formação de novas bases A mim já não enganam, há muito deixei de ser criança
Meros detentores do rap, possuidores precários
Seguidores do movimento, vêm-se nela Armados em conscientes, mas não passam de salafrários
As rosas que brotaram no asfalto
Hoje tornam-se estrelas Dizem que somos rochas, não é? hhhhh
Ganham Marte, Saturno, Júpiter e Mercúrio Mas se esquecem que não existe rocha pra um artista
underground
Ganham a terra, Porque quando vocês comerciais andam todos nas nuvens
Ganham a atenção de que ontem os observava pela janela Nós artistas revolucionários nunca saímos do chão
E com esta vem o reconhecimento e consequentemente a fama Underground já é chão
Depois é questão de tempo pra já querer grana Ou que está abaixo do chão
O dinheiro muda o homem que ontem foi artista Somos rochas pela dureza e natureza das nossas rimas
Entre os dois a diferença é que o primeiro não tem ponto de Nunca sonhamos alto, por isso continuamos em cima
vista Somos amantes de sophia, escrevemos a liberdade
Vive pela fama e pelo que mais bate Colocamos a vida em risco a favor da verdade
A beleza poética esvai-se quando já não se faz arte
Tal como vocês, também queremos dinheiro
Quando se é pelo 50 Cent, Jay-Z e G-Unit Mas ao contrário de vocês, pra nós a arte está em primeiro
Quando tudo porquê se lutou acaba aqui... Privilegiamos a beleza poética, porque esta sim faz arte
Não escrevemos no vazio, a nossa busca é constante
Refrão
Refrão
No princípio...
Era o verbo, e o verbo era fazer No princípio...
O som que vinha da alma sem pensar em enriquecer Era o verbo, e o verbo era fazer
Fazíamos por amor, éramos verdadeiros artistas O som que vinha da alma sem pensar em enriquecer
Lutávamos antes pela beleza e a estética Fazíamos por amor, éramos verdadeiros artistas
Lutávamos antes pela beleza e a estética
No princípio...
Éramos nós mesmos, No princípio...
Carregávamos na alma o orgulho em sermos Éramos nós mesmos,
No princípio, eu sei, era assim Carregávamos na alma o orgulho em sermos
Eu vivia no hip hop e hip hop vivia em mim No princípio, eu sei, era assim
2X Eu vivia no hip hop e hip hop vivia em mim
2X
22
Sílaba Silenciosa
1.Verso 2.Verso
Levo os sonhos adiados, esperanças dilaceradas Quando os ventos da mudança devastam as tuas certezas
Levo o suor de um povo que trabalha e não tem nada. E o impendem de enfrentar as armas, e dizer com firmeza
Levo a frustração, estou partindo agora Que já não mais sentarei à vossa mesa
Levo a tristeza de ter nascido num país, Para comer do vosso pão e beber da vossa água
onde a liberdade é defendida com discursos e atacada com Sem fingir que no lugar do coração carrego larvas
metralhadoras.
E uma tristeza que me devora por dentro
Levo a fome, levo a vergonha, levo a nudez Que transforma em utopia a honestidade e o bom senso
Levo a hipocrisia, levo também a estupidez A mísera existência do jovem e da criança
Como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena Do mais velho já sem esperança
Embora o pão seja caro e a liberdade tão pequena
No planeta azul e no homem que o habita
Vou em busca da revolução como Nito Alves quis Na beleza da poesia e na ciência política
Conquistar a todos, Deixai-me partir e travar o meu combate
O direito não somente ao pão, Deixai que eu me entregue aos caprichos da arte
Mas à poesia, e então serei feliz
Vou em busca de uma saída
Quando fracos e desencorajados levantarem suas cabeças Que me conduza ao elixir de uma longa vida
E deixarem de acreditar na força dos seus opressores E me ensine a alquimia
Acreditar é muito mais simples do que pensar Para transformar lágrimas em oásis de liberdade
È por isso que existem mais crentes do que pensadores Para que com esta via
O crente apenas crê sem analizar Morra em mim o covarde
Estou partindo agora, seguindo as pegadas de um sonho sem A voz que se cala, os punhos sem manifesto
fim Com medo da bala que cala os gritos de protesto
Para um lugar distante chamado dentro de mim
Vou buscar a liberdade que o sonho humano alimenta Descobri que de nada me valerá fugir afinal
Não há ninguém que explique e ninguém que não o entenda Nem de quem ontem era consciente e hoje é comercial
As rosas mortas não impedem o chegar da primavera
Vou em busca, vou sair agora Quando se é um autêntico profeta pra a sua era
Não levo malas comigo
Apenas o sonho me aguarda lá fora Quando o silêncio, a indiferença e a passividade
Nada mais são senão o ópio da sociedade
Vou entender as flores, os pássaros a namorar Que emerge à margem da usura e do peculato
Vou ver o céu a falar a linguagem do mar Entre o luxo e a ostentação está a fronteira do asfalto
O ilhéu, a rosa, o silêncio cantar em prosa
Pareço fora de mim? Do do que me valerá fugir afinal?
Não, sou apenas uma sílaba silenciosa. Da morte, da dor, da fome, dos meus amigos?
De nada me valerá fugir, meu irmão
Refrão Já mais poderei fingir
Porque ainda me carrego comigo...
Eu sou os versos que compõe a poesia do poeta
A caneta que não que não se escreve quando a frase não é Refrão
certa
Eu sou os versos que compõe a poesia do poeta
Eu sou o sopro da mudança na luta fervorosa A caneta que não que não se escreve quando a frase não é
No fundo eu sou, uma silaba silenciosa certa
2X
Eu sou o sopro da mudança na luta fervorosa
No fundo eu sou, uma silaba silenciosa.
23
Contra Capa part. Ikonoklasta
1.Verso 2.Verso
A independência pariu um rato Pensas que não te conheço eu sei o teu segredo
Liberdades fundamentais só mesmo no quarto És a música e o caos, partilho do teu medo
Desilusão! O desespero e a miséria visceral em teus olhos
Mais vale sonhar com as Quedas de Kalandula, não é não No contrato social jogado num poço de petróleo
kapa?
Eu vejo essa mulher que se levanta Do que te serve a democracia, o direito ao voto e ao nome?
Quatro da manhã se não zungar não tem a janta Que sentido faz a independência para quem está com fome?
Criança faminta, barriga assustadora, semblante aparvalhado Não respondas minha mana, é uma interrogação retórica
O silêncio denuncia o olhar desesperado Tal como tu questiono mas ainda assim não encontrei lógica
“É lambula, lambula, minha senhora, arreiou”, o dia inteiro e Nos milhões oferecidos à menina Marginal
nada
Ante a desumana e indomável indigência nacional
Este é o grito da voz roca que irrompe pela madrugada
Pés descalços, rosto cabisbaixo, mas não perde a dignidade Testemunhamos a batalha que travas logo pela manhã
Faça chuva, faça sol pelas ruas da cidade Os teus sonhos mumificados pela esperança vã
Trás de tudo um pouco sem nunca se cansar Eu testifico a distância que percorres a pé, minha dona
Desde a fruta-pinha até ao abacate da cor da esperança que ela Dos confins da Boa Vista às zonas nobres de Talatona
teima em preservar Para acalentar a esperança já sem lágrimas nos olhos
O fiscal é carrasco, nunca cordial
Liberta a sua ira no ganha-pão dessa mamã E olvidar por alguns momentos a vida e seus abrolhos
Vítima da violência, marginalizada Mas quem não entenderia a tua indiferença em relação ao
A tentativa por uma vida melhor mostrou-se gorada sufrágio?
Ao gingar guerreiro e a bravura impressionante Acreditas que falo sobre a pressão de um ágio?
A imponência dos seus passos, ternura contagiante Continua na lida insana que eu por aqui rezo por ti
Escuta com atenção esse refrão que começa assim…
Vens do Uige, Malanje, Huambo ou Benguela
Vens do Bié, Lubango, Namibe ou Maquela
Vens de Angola, em qualquer dia em qualquer lugar Refrão
Por isso trabalha mana para não roubar
Trabalha só, trabalha,
Trabalha minha irmã, eu sei que não vais roubar... Ttrabalha minha mana para não roubar
(Eu te conheço minha mana…)
Refrão
Trabalha só, trabalha,
Trabalha só, trabalha, Quem tem moral para te acusar
Trabalha minha mana para não roubar (Este é o som desse candengue que te ama)
(Eu te conheço minha mana)
Trabalha só, trabalha…
Trabalha só, trabalha, (Trabalha irmã…)
Quem tem moral para te acusar?
Trabalha, tens que viver
(Este é o som desse candengue que te ama) (Seja forte nessa longa caminhada, irmã)
25
Plano Alto
1.Verso 2.Verso
26
Ainda te Procuro
1.Verso 2.Verso
Natural como só ela, dos pés à cabeça Aguerrida por excelência, minha mana
O seu gingar entre as vielas revela não ter pressa Como vou esquecer este coração mzuri sana?
Carapinha dura, descendente do Rei Moma Purificado nas águas do velho Chitutula, eu vi
Neta de Ekuikui, sapiência de um Soma Nvula weza kia mbejini
Cristianizada pelo caudal do velho Kwanza Eterna nos meus ouvidos e da sua semente
Baila arrebatada pelo som da minha Dikanza Se o olhar é enganoso então a minha lágrima não mente
De tenra idade prometida ao Kutomboka Coração límpido brando em sua fala
A cerimónia está programada na senzala do Soba Loka Abnegada aos seus, tal como Maria de Magdala
Refrão Refrão
27
Saída Fugaz part. Célsio Mambo
1.Verso 2.Verso
De quem é a voz que chora no cimo de uma colina? Observador passivo, metamorfose ambulante
A quem pertence aquela voz tão pequenina? Olhar envenenado, semblante de um pequeno andante
Não tem rosto, muito menos identidade Traquinice contra o estado atual do estado da vida
Vive por si só ao sabor da avareza a humanidade Ressentimento de uma mãe que nunca se mostrou querida
De quem é o chafariz que jorra indigência? Lembranças pintam o retrato a preto e branco
Sorriso mórbido no limiar da indiferença? Olhar transparente transforma o espelho em prato
Corpo frágil, experiente nas andanças Luzes que se acendem, mas o escuro permanece
Silêncio que fala na voz que ainda nada disse, mas se cansa Não existe amor próprio quando o ódio prevalece
É como um cometa, pequeno dono do universo Filho do seu tempo na luta contra o que tem que ser
Apesar de tudo confia em Deus e como prova disso carrega Uma alma pequena que esconde o que o coração tem que
um terço esquecer
E uma fé que ilumina a sua alma De quem são as mãos que calmamente se estendem?
Um ombro amigo, um abraço, uma mão, uma cama Os melhores anos dessa vida que se perdem?
É filho do acaso das circunstancias da vida De quem é esse sorriso que fala alto?
Da falta de prudência da eterna burrice humana Que caminha pelos montes da fronteira do asfalto?
É rei de si mesmo, supremo filho do seu tempo, Olhando a ordem estabelecida para cada substância
Na frivolidade que caracteriza a vida urbana Tudo segundo uma sequência, uma ordem lógica
28
Iluminismo (O Século das Luzes) part. Khospe Letra
1.Verso Refrão
No pais da fama fácil, revista caras e mais queridos Manter a clarividência nessa época em que se vive
Os braços que se levantam contra são os mais esquecidos Ter uma vida anónima, desbravar o homem livre
Descendentes desse olhar que arrepia caminho Nessa mesa de jogo em que as cartas estão marcadas
Com medo de perder o pão e comer em casa do vizinho A máquina está programada para que "revus" não ganhem
nada
Deserdados da economia, oscilados à sua sorte
Quem ousar dizer que dois mais dois são quatro será No país do Flagelo, do Leonardo e do Sidhartha
condenado a morte Matafrakuxz, Soba L, Negroyde e Warawuata
Testemunhos de vidas marcadas No país do Katro, do kota Seba e do Socola
Víctimas das parcerias público-privadas Das damas sem ideias com más ideias na sacola
29
Tabú part. Da Bullz
(Flagelo Urbano)
Eu quero mudar de nação, também quero ser angolano De manter-se feito praga e reduzir o Uige a zero
Nasci e cresci em Angola, mas quero ser angolano, mano Pois tudo a nossa volta é um exagero
Quero mudar para esta banda que defende as liberdades Flagelo Urbano, essa angola que precisas eu preciso
fundamentais E enquanto bater o coração é preciso
Preocupada com o bem-estar de homens e animais
Manter acesa a fé que as cenas vão mudar
Quero ser cidadão deste país de quem ele fala com tanto E que esse canteiro de obras, manobras vão acabar
carinho Pês firmes nesse filme sem fim
O que devo fazer, meu mano, para ser angolano, me diz? Onde tudo se consome e consumimos, enfim...
Me diz, Da Bullz, que eu quero seguir o teu caminho
Refrão
Quero ser deste país que defende o homem em todos os
quadrantes Dá-me as pedras de Pungu-Andongu
Que discorda sem ser violentamente discordante Que eu serei o Rei do Reino do Kongo 2X
E protege a vida tal como as de Kamulingue e Cassule
Em que todos são iguais, quer seja do Norte ou do Sul O Morro do Moco me convida
Pra dançar o semba na Avenida 2X
E procura entender a verdadeira verdade dos outros
Sem perseguição, algema, repressão ou calabouços (Da Bullz)
Eu quero ser desse lugar de que sou sem nunca ser
Que sabe que o poder da ideia está acima da ideia de poder E assim a vida anda lenta, não alenta corações
E o corpo quase rebenta, não aguenta frustrações
Quero mudar para esta Angola e pedir nacionalidade Em cada passo uma incerteza, pois promessas só não
Aparecer na Caras e pensar que é a minha realidade contentam
Quero mudar para este país que erradicou a pobreza E os olhos vêm com tristeza o modo como tentam
Que procura levar conforto a todos com certeza
Bued kotas mudaram essa Angola nossa
E conduz à razão aos opositores através de debate Que outrora fora criança, mas agora é moça
E não corre com manifestantes que não fazem parte Ginga tanto porque sabe que tem
Um país preocupado com o bem-estar social O suficiente pra seguir em frente sem precisar de ajuda de
E não aquela Angola dos frustrados sem sucesso profissional ninguém
Quero ser angolano, Dbullz
(Flagelo Urbano)
Refrão
Tudo é humanidade e humanidade é sempre igual
Dá-me as pedras de Pungu-Andongu É naturalmente natural querer ser natural
Que eu serei o Rei do Reino do Kongo .2X Desse país que jorra justiça por todas as vias
E cuja luta diária é acabar com as assimetrias
O Morro do Moco me convida
Pra dançar o semba na avenida .2X Da Bullz, veja só esse inconformismo
Cansei de viver com fome e conforme o ismo
(Da Bullz) Vês o por que é que quero mudar de república?
A verdade é que não vejo o que é feito da Rés pública
É sempre a mesma correria, corre tio, corre tia
Todo dia porcaria faz o primo, faz a prima Refrão
E é sempre o mesmo clima aos olhos de quem sabe
Que essa Angola que almejamos é somente falsidade Dá-me as pedras de Pungu-Andongu
Que eu serei o Rei do Reino do Kongo 2X
Olha quanta falsidade no B.I! Olha para esse wi…
Corrupto que corruptamente faz corrupção sem fim O Morro do Moco me convida
Olha quanta festa mostra juventude está dormente Pra dançar o semba na avenida 2X
Quanta peça mostra como o estado mente
1.Verso 2.Verso
Constituição Salazarista, leis draconianas A democracia anda armada com o dedo preso ao gatilho
Vítimas da impunidade reinante na guarda republicana Isaías Cassule não mais verá crescer seu filho
Vida minha, vida tua, porquê este mal querer? Frieza horripilante nos olhos do capanga
Quem ousa caminhar na contramão vira refeição pra jacaré Que sem pestanejar atira nas costas do mano Ganga
Alves Camulingue aprendeu que em democracia O Jacaré já não paga imposto, tem isenção tributária
Reivindicar os seus direitos é um atentado à soberania Por ter devorado o que restava da juventude contestatária
Eles temem os teus sonhos, perseguem-te em toda parte Silêncio e escuridão, discurso separatista
Tal qual dissidente do regime de Napoleão Bonaparte Protegido é o secretário da juventude maniqueísta
Analistas sem moral, políticos por um cheque Rumo todos temos, pode parecer que andamos à deriva
Belarmino, Luvualo e Malavoloneke Lutaremos até o fim, não vemos outra alternativa
Aprenderam a ser cortesãos da forma mais sombria Se não lutar pela terra e pelos sonhos que alimentamos
E que para ter um lugar ao sol tem que adular como o Garcia Senão um dia ainda pagamos pelo ar que respiramos
Déspotas esclarecidos ou monarcas iluminados? O país já não te pertence, é dos filhos do dono
Igreja instrumentalizada enquanto o clero é subornado Protegidos pela ordem que espancou o Luaty e o Carbono
É a ascensão do fascínio e o fim do governo do povo Que encarcerou Nito Alves depois de 77
O levantamento das armas em prol do estado novo Quando em 2013 contava com 17
Há mentira nas escolas, na família e no governo Luxo à custa de sangue e das lágrimas da nossa gente
Há mentira no discurso do deputado escondido no terno Que não vê no horizonte o que será daqui pra frente
Há violência no polícia que é suposto manter a ordem pública Nessa terra de milionários feitos à custa dos ovos
Há enfim mentira até no hino da Rés pública Botados pelas galinhas do galinheiro do nosso povo
31
O Betão (armado) part. Edú ZP Refrão
A mandjangue, tiuka
(Flagelo Urbano) Mono otembo ikassi, okupita
Ndu kuvanjilia, oloneke viossi
De frente pra trás, irmão, tu caminhas
Quando a tua vontade de aprender e ouvir forem mesquinhas Eu ainda te procuro
Mentalidade de pedra e um ego de betão Eu te encontro nas estradas dessa vida... 2X
O teu pensar é medieval, precisas de educação
Infra homem, no ideal colonial (Flagelo Urbano)
Mediático nas palavras, sequela feudal
Sem opiniões próprias, baseado em livros e revistas Ahh, também não é bem assim
Discipulo na escuridão, autêntico seguidista Tens uma concepção demasiadamente errada de mim
Noção de vida quadrada, cérebro vazio Eu sei, eu vi, não vivo de verdades absolutas
O pretenso saber não se reflete nas águas do rio Nunca fui um sabichão, não tenho noção diminuta
O senso comum é o conhecimento da maioria Andas armado em moralista, conselheiro da cidade
As opiniões sem fundamentos acabam em falsas teorias Tenho a minha própria opinião, mas isso não significa
A rotura do homem e o poder do conhecimento maturidade?
As verdades que tu desprezas, fazes parte conjunto
E de tudo o que existe (Edú ZP)
És o tempo, a vida, quando descobriste
O gênio da lâmpada, no seu suposto ver o mundo Não sejas hipócrita, te conheço a muito tempo
O complexo de grandeza sufoca o saber profundo E tudo o que falei não é uma análise do memento
A presunção engenhosa amputa a autoeducação O diálogo pressupõe:
A falta de humildade aniquila a emancipação Eu falo, tu calas, tu falas, eu calo, mas assim nem sempre foi
Do homem e do artista (Xii, não digas isso, irmão) não digo isso?
A representação de si mesmo, a conquista O que eu estou a falar é uma questão de princípio
Quebremos o betão que secou a nossa mentalidade
Ninguém detém o monopólio da verdade (Flagelo Urbano)
Os punhos reproduzem o que a mente pensa
As palavras só manifestam pensamentos..., mas que atitude é Já me irritaste com esse sermão
essa? Defender as minhas convicções não faz de mim o betão
Quebremos o betão, vamos todos quebrar o betão Estou farto dessa conversa, é assim que vejo a vida
Vá lá passear pah, vais ter que engolir, não tens outra saída
Refrão
(Edú ZP)
A mandjangue, tiuka
Mono otembo ikassi, okupita Respeitar a opinião a opinião alheia, certa ou errada
Ndu kuvanjilia, oloneke viossi Saber ouvir até ao fim pra entender o que outro fala
Me irrita a presunção de achares que és perfeito
Eu ainda te procuro Essa ideia de que adivinhas pensamentos
Eu te encontro nas estradas dessa vida... 2X O que falo está errado já desde o início
E aí arrancas a palavra, teu comportamento típico
(Edú ZP)
(Flagelo Urbano)
Não, pra mim não é correto
Não adianta nada disso se tu só te achas certo Se achas que vou mudar, defecaste na ventoinha
Impões as tuas crenças, calonizas opiniões As tuas palavras bonitas não me mudam, irmão, a vida é
Discursas de peito alto mesmo sem teres noções minha
Não, é pura perda de tempo
A convicção vira arrogância quando ela é em exagero (Edú ZP)
E só desagradas, afastas os que te rodeiam
Que não se deixam secar do teu coração de cimento e areia A humildade é um exercício que se faz diariamente
És o mesmo, na família e no trabalho Espero que tu, contigo, reflitas profundamente
Como esperas que eu me dê se tu não te tens dado
Não, não vale a pena contar comigo Refrão
Pra servir de cobaia na plateia do seu circo A mandjangue, tiuka
Vá lá, fica lá com a razão Mono otembo ikassi, okupita
Alimenta o teu ego com os aplausos da multidão Ndu kuvanjilia, oloneke viossi
A crítica só é válida pra quem tiver aberto
Pra que falar, se nada te diz o meu silêncio? Eu ainda te procuro
Eu te encontro nas estradas dessa vida... 2X
32
Força Cósmica
1.Verso 2.Verso
Até que o sol brilhe acendamos todos juntos vela na escuridão Regimes corruptos servem o novo liberalismo
Para iluminar cada passo dada em direção Copiam lições da desigualdade nos manuais do capitalismo
À terra prometida Monopolizar mercados, dominar mentalidades
Porque esta aqui, irmão, já não é achada nem tida Quanto mais formatados menos revolucionários nas cidades
Por que tardas a chegar, por que demoras tanto? A TV não informa, as rádios muito menos
Será que te sentes feliz em ver tantos prantos? Quem com o jornal oficial se conforma, ainda ganha muito
Pratos vazios, panelas tristes, grelhando o vento menos
Olhares endurecidos alimentados no sofrimento Trabalhos paliativos mudam o rosto da cidade
Pintar o betão de verde dá o verde ao verde que falta nos
Por que tardas a chegar, oh, força cósmica? jardins da mocidade
Liberte a tua ira e devolva-nos a lógica
Ensina-nos a limpar as lágrimas de quem há muito chora A comunidade já não se revê nas instituições
A estender a mão pra dar um pão ao irmão sem mão que há A polícia não investiga apenas cuspe munições
muito nos implora Discurso demagógicos, promessas surreais
Legitimam o novo escravagismo nas multinacionais
No país de que somos, quase 14 milhões sem alegria
Porque a maioria caminha no limiar da disenteria Líderes africanos surdos quando o assunto é o Zimbábue
Numa economia que cresce apenas em alguns terrenos Acham que há uma mão divina no regime de Mugabe
Irrigadas com grandes festas e presentes pequenos Oposição marginalizada na democracia sem pai
O patrão da ditadura não poupou Morgan Tchivanjilai (?)
Por que tardas a chegar?
Mas por que tardas a chegar? Jovens instrumentalizados se tornar problema
Quando arremessados contra opositores do sistema
Por que tardas a chegar? O uso de festas e maratonas é o sudário
Mas por que tardas a chegar Pra queimar neurónios de potenciais reacionários
Refrão
34
O Rosto Materno (dos Deuses)
1.Verso 2.Verso
Deste a tua vida e te entregaste por inteira O patriarcado patético e a discriminação sexista
Em prol da liberdade e dessa bandeira Determinados por uma sociedade hipócrita e machista
Que hoje lesma a meia haste Que te negou o direito ao voto e a autodeterminação
Para que já mais nos omitamos da razão por que ligaste Indicando-te o caminho da lavandaria e do fogão
Figura legendária como Assata e Joana D'arc Mas lutaste tal como a jovem Malala
Imortalizada nos ideais de justiça Rosa Parks Pelo direito de estar sentada numa sala de aula
Pela Independência como Maria Mambo Café E definir o teu norte, o caminho a dar à tua vida
Morrer pelo que se acredita é a melhor forma de viver E pregar o Deus semelhante transmitido por Kimpa Vita
Dont cry for me Argentina, cantou Evita Tu és o meu eu, és elas e o meu pequeno mundo
A voz que mais amou os miseráveis das avenidas És de esquerda, de direita, és humanista sobre tudo
Opressão dupla na sociedade atrasada Carregas no teu útero o sêmen instável da
Víctima do machismo e da dupla jornada revolução
E o optimismo reservado de Alexandra Simeão
Romper grilhões e preconceitos, o sonho de mais tarde
Na verdade que falou mais alto em Anita Garibaldi És a moradia dos meus sonhos, localmente universal
A arrogância dos homens despertou o bichinho revolucionário O que nos liga vai muito além do cordão umbilical
Que jazia adormecido em Olga Benário És Cleópatra, Nhakatolo ou Maria de Magdala
Seria errado dizer que foste tu quem Jesus mais amou? Fala!
Eventualmente desprezada pela história e seus males
Na luta clandestina, o vigor de Sita Valles Quão difícil foi lutar contra a estupidez
Nani dos Kilombos, a força que alimenta a quimera humana Pela conquista do direito a interrupção voluntária da gravidez
Continua esquecida nos anais da história africana E escolher o homem com quem partilhar os teus dias
E já não o casamento arranjado pelos interesses das famílias
Refrão
(Bob Marley) Heroína do seu tempo, tal como a rainha Nzinha
Vales muito mais do que cobras pela tua ginga
No, woman no cry... 6x Aliás, não tens preço, esquece!
A mulher que se vende sempre receberá sempre menos do que
merece
Refrão
(Bob Marley)
35
Oralitura
1.Verso 2.Verso
E então perdidos, mas achados no passado cantado Eu sou eu porque tu és, mas primeiro está a comunidade
Presente desse tempo e dos corpos marcados Nela se funda a construção da nossa identidade
No recife de coral da mais breve lembrança A mescla das almas nos tambores em ação
Silhuetas que serpenteiam a mais sensual das danças As mãos que batem as palmas no compassar da tradição
1.Verso 2.Verso
Não será a Zimbo, TPA 2 ou o Jornal Diário Heróis são criados a medida do interesse das corporações
A noticiar o espasmo de saudosismo revolucionário Governos são derrubados com ajuda de rádios e televisões
Milhões em hasta pública, vozes sem consenso A ditadura da beleza cria o seu padrão
Pelo direito à humanidade, pão e bom senso Se não chegares próximo à anorexia, não
A revolução não será publicitada não Semeia-se o medo porque ontem a paz foi esquecida
Não terá a cobertura da tua programação O amor foi há muito desamparado e a manipulação defendida
Da máquina de propaganda que vende utopias A mentira anda tão difundida, tão pregada, tão lógica
Em apenas duas lições nos ensinam o preço da democracia Que a verdade um dia desses será presa por falsidade
ideológica
Ficar em frente à televisão em nada contribuirá
Para o dia da mudança que tão logo chegará Eles manipulam as imagens, tal como fazem com as leis
O reality que aliena, a novela que deturpa Encontram espaços e as interpretam como lhes convém
O telejornal que escamotei, mas de quem é a culpa? É preciso tomar partido e assumir a nossa condição
Aceitar a luta que mas faz sentido com a convicção
Esperados pela madrugada, mobilizados pelo ideal
De que perdemos tudo, quase tudo, menos a moral De que a revolução jamais será vista nessa TV
A razão de nossa luta, o passado da nossa gente Que nada mais divulga senão o modo artificial de se viver
Na aurora absoluta, pelo futuro da nossa semente Quem questiona? Ninguém. Acompanhamos a manada
Em direção aos homens do poder que já não nos dizem mais
A alvorada matara o tempo, o tempo nos sepultará nada
Quando os homens nos julgarem, a história nos absolverá
E verá que fomos poetas impregnados da fumaça Onde há falta de saber e de informação
Levantada pelos tambores clamando liberdade na praça Com certeza haverá espaço fecundo para manipulação
Ninguém está obrigado a nos ouvir, ouve quem quer
A revolução é nossa, mano, segue quem quiser
37
Possibilidades (Mudanças São) Part. Bob Marley
1. Verso 2.Verso
38
Crepúsculos dos Ídolos Part. Célsio Mambo
1.Verso Refrão
39
Em Vão (o que trazes no olhar)
1.Verso 2.Verso
O que trazes no olhar para esse olhar que te observa? Todas as cartas de amor, versos e poemas
O que trazes é pra ficar ou ainda levas? O coração desenhado no tronco com raiz pequena
Levas contigo pra bem distante de mim Diálogo de mim mesmo, absorto no remisso
As palavras que apenas dizes, mas não vem de ti A mágica das rosas que marcam o nosso compromisso
O que trazes no olhar desse olhar tão profundo? Andar atrás do vento, ser conivente com a vaidade
Poemas ou esperança para o brilhar do olhar do mundo? É preciso ter tempo para aceitar a falta de lealdade
O que trazes trará de volta o que jamais tivemos? Esperar em vão mumifica anseios
A utopia de uma paixão que nos conduziu à esmo? De transformar em pão a fome do nosso meio
Não, já não enxergo verdade em teu silêncio Estar sempre ausente na presença física
Prefiro que digas algo, é melhor que me enganar por dentro Aproximadamente distante quando não fica
Minta apenas, diz que carregas na mala a saudade Me entende desentendidamente
Da primavera da nossa breve mocidade Sabe que é a razão da minha absoluta mente
Sei que trazes pedra em vez de pão, Não é suposto esperar pela mágica do alquimista
Vinagre em vez de água Para ver brotar do chão o ideal socialista
Assuma que já não falas com o coração, O olhar mais distante a apaziguar este oceano
Porque o coração que não sente não conhece a mágoa Com a paciência paciente de um monge tibetano
Do que é partir e deixar um tsunami de solidão O teu amor não alimenta a fome de gangula
Um vazio preenchido pela busca da razão Combatente de agora, contemporâneo da chandula
Da ginguba com banana, do ovo com gindungo
Siga o teu caminho, regue as tuas plantas Que tarraxa a mboa Ana sob o efeito do kindungo
Talvez não sejas o destino desse verso que se canta
Siga o teu caminho, escreva um manifesto Esperar em vão por quê, se já não estás na moda
Mas antes leia esse alegrama que te presto Não é amor, é paixão ao estilo de Tamoda
A mim já não enganas, nem a gente generosa
Encontre a tua paz nas ruínas de ágora Que de tanto esperar já tem a esperança idosa
O mundo será dos poetas e das metáforas
40
Aquele Que Escolhe Part. Lóro Mance
1.Verso 2.Verso
Eu escolhi pensar e julgar por mim mesmo O estado de paranoia e a perseguição institucional
Ainda que tal me conduza às masmorras do inferno Claros antecedentes do totalitarismo atual
Que seja por isso considerado um erês, um problema A polícia que policia o pensamento e opinião
Vítima desse mecanismo impessoal chamado sistema O direito que dá o direito natural de fala ao cidadão
E das perseguições inquisitórias Pensar é perigoso, mas ainda assim prefiro arriscar
A congregação para a doutrina da fé fez história Transformar ideias e sentimentos em atitudes para mudar
Quase queimou Galileu no julgamento perverso A defesa da verdade é um ato revolucionário
Tudo porque ousou dizer que a terra não era o centro do Quando se faz parte de uma sociedade que nega o discurso
universo contrário
Nada mais torna o homem superior senão o pensamento É necessário ousar para reinventar a humanidade
Jordano Bruno esteve muito além do seu tempo O silêncio obsequioso era um atentado à dignidade
Desafiou as convenções e os perigos da sua era De muçulmanos, protestantes, bígamos e judeus
Ousou para reinventar a idade média e acabou lançado na Iluministas, homossexuais, negros e ateus
fogueira
O cárcere, a tortura, a fogueira e o auto de fé
O elefante é maior A humilhação em hasta pública, cumplicidade da Santa Sé
O cavalo é mais veloz e mais forte Em nome de Deus e do poder secular
A borboleta é mais bonita, meu amor Muitos perderam a vida pelo simples exercício do direito de
O mosquito é mais prolífico no sul ou no norte pensar
Que outro mérito tem o homem senão o poder da ideia Governos autoritários, tiranias modernas
Que o permite ver no horizonte o cálice da pana ceia Democracias do faz de conta, liberdades pequenas
A soberania do tecido ético e moral O descaso com a educação, a falta de oportunidades
Que acompanha o esqueleto intelectual O controle da vida do cidadão não conhece limite a sua
autoridade
Livros queimados, pensadores perseguidos
Académicos silenciados e poetas proibidos A inquisição inspira governos e modernas lideranças
Pintores excomungamos, filósofos proscritos A propaganda política e a vigilância das massas
Teólogos intimidados e artistas caídos Mas por que é tão perigoso dizer que o monarca vai num,
E poder deitar tranquilo sem temer por castigo algum?
41
Maré (alta ou baixa) Part. Bob Marley
In-a high tide our-a low tide Será com microfone, o discurso e a caneta
I’ll be by your side Cantaremos demo-sem-cracia ao içar da bandeira preta
I’ll be by your side Que nos fará lembrar que um dia fomos inquilinos desse chão
Combatentes pelo direito à terra, ao nome e ao pão
2.Verso
Homens que deram a camisola ao estado que queria
Eles dizem que tu és livre, mas aprisionam-te pela necessidade O soldado que morre pela pátria sem saber o que pátria seria
A fome destrói qualquer anseio de liberdade Não te conheço, talvez nunca nos veremos
Sinto os teus passos, sei por onde caminhas A razão e a inquietação são tudo o que temos
Tudo o que te posso dar são essas linhas A razão e a inquietação são tudo o que temos...
1.Verso 2.Verso
Em nome da mudança, do autoconhecimento e da lógica Um ideal, uma força que me conduz pra frente
Saiu em busca do que não me ensinam Esqueço um pouco os sentimentos e utilizo mais a mente
Faço então algumas reflexões filosóficas Desbravo livros, me privo das tentações que andam por perto
Analiso o cotidiano que me sufoca A ignorância é um espectro
Decido pensar mais em mim e então saio da toca
Os cavalos nascem, mas os homens não nascem, formam-se
Tomo a primeira decisão O saber e cultura cultivam-se
Me apercebo de que autoconhecimento também é uma forma O que eu busco é formação, me conhecer um pouco por dentro
de revolução Pensar por mim mesmo, analisar criticamente as crises do
Entendo aos poucos ser escravo do que digo momento
A ser mais patriota, entender os outros e me preocupar mais
comigo Ter uma visão própria do mundo e da vida
Assumir as minhas palavras, por a pele em risco em defesa do
Sigo os rastos, um caminho que talvez me leve um pouco mais que se acredita
pra trás Não é loucura, é estar bem perto
Em busca de alguma coisa que me identifica nos arquivos dos É despertar cedo paras questões que se nos colocam em frente
meus ancestrais É ver a realidade de uma forma um pouco mais diferente
Entendo por mim mesmo sair da caverna, o urso também
iberna A democracia não se dá, conquista-se
A escuridão não amputou-me o pensamento e as pernas A liberdade nunca será dada voluntariamente pelo opressor
Afroex já disse: a voz do povo é a voz de Deus
É chegado o momento de assumirmos publicamente que Mas acho quem disse isso era ateu
precisamos mudar
É necessário pensar Porque esse povo não levanta o seu braço revolucionário
Ter uma atitude mais crítica perante a realidade E hoje temos uma oligarquia como corolário
Precisamos conhecimento de causa para exigirmos que o Precisamos urgentemente deixar de ser analfabetos
sistema faça alguma coisa para a nossa comunidade Lutar pelo que se acredita e deixar de comer restos
44
Mestres da Humanidade
1.Verso 2.Verso
Ainda crio com os olhos secos de saudade Voltados ao esquecimento tal como os apócrifos
Ainda busco alcançar os Montes das Oliveiras A mensagem é melhor codificada em hieróglifos
Não me cansei de buscar a verdade Tal como os egípcios, maias e os hititas
Nem que para isso seja preciso abdicar da Primavera Daqui há milénios seremos achados em criptas
Tal como um monge budista ou discípulo de Dalai Lama Sumos sacerdotes, possuidores de conhecimento
Abdiquei da Revista Caras, do Hora Quente, e dos Flashes Teremos pensado muito além de nós
dessa fama Teremos sido maiores que o nosso tempo
Em troca de uma eternidade sob os meus pés Teremos vivido tal como os ascéticos na Índia
São 40 anos sob o deserto tal como Moisés Entregues a uma vida de racionalidade, uma vida linda
Sou vítima de mim mesmo do amor que cultivei Desobediência civil plena
O passado é um inferno crômico, eu sei O melhor governo é aquele que menos governa
Quanto mais me entrego mais me sinto desajustado Pensadores eruditos e doutorados em letras
Aos padrões da cidade que me tornam num expatriado Filósofos intelectuais reunidos em Meca
45
Mestre Mudo (amor chinês)
1.Verso 2.Verso
Livro meu, companheiro nas horas mais sombrias Palavras que descrevem as experiências de alguém
Quando estou contigo viajo em torno do encantado mundo da Testemunhos, lições de vida, que sem as quais não somos
sabedoria ninguém
Exercito instrução e o valor da liberdade Hoje tenho vivido com o muito do pouco que li
A satisfação do meu eu é baseada na busca pela verdade O saber não ocupa espaço, mas sei bem o bem que representa
pra mim
Equilíbrio e conquista, é poder para o povo negro
A mudança não pode ser brusca, Flagelo Urbano lança o repto Orientação e equilíbrio, uma imagem na porta
Viro cada folha, cada título Nada de epicurismo, ver a vida com uma serenidade histórica
Mergulho na leitura na viragem de mais um capítulo Uma página que se abre, uma lição na vida
Aprender com os erros de alguém, experiência adquirida
Compreendo as palavras escritas
Entendo o que está escrito Letras que não falam, mas que por vezes expressam melhor
Nem por um segundo fecho as vistas que a voz
Nada me interrompe, nem o zumbir dos mosquitos O que bem posso fazer hoje não deixo pra depois
Sigo com os olhos os trilhos que seguem as frases
Retenho na memória o que me orienta pro dia a dia Conhecimento traz luz e nos torna mais capazes
Vivo de experiências, sou aprendiz
Faço da sabedoria minha própria filosofia Senhores de nós mesmos, donos do que proferimos
Sentimento de pertença e das ideias que defendemos
Ter conhecimento é ter certeza de que Vemos os males e entendemo-los
A nossa pobre vida não está se passando em vão Mergulhamos facilmente na complexidade dos vocábulos
Nem toda casa sem luz está na escuridão
Ganhamos a noção do nós e do que está a nossa volta
Não luto pra ver o que se encontra vagamente distante Desvendamos mistérios da história do ontem, do hoje e das
Mas fazer o que se acha claramente ao meu alcance civilizações mais remotas
Porque cada trecho que se lê constitui uma leitura nova Pensar na vida como se fosse uma ampulheta
Para o homem que sabe ler cada página que desfolha Ver a cada dia o seu próprio dia, andar com calma pra se
alcançar a meta
É uma janela aberta para ver o sol nascer
Enfrento a vida e as noites frias Perder a vaidade, jamais viver na letargia
Porque é um companheiro meu nas horas mais sombrias Não se conformar em apenas viver no mundo
Por o mundo por si só não diz nada
Refrão Precisamos ver o mundo
E transformar pequenos sorrisos em Atlântida
Nas horas em que a vida perde algum sentido
É contigo que eu conto, meu mestre mudo, velho amigo Refrão
Os teus conselhos, as frases de apreço
Posso deixar-te alguns dias, mas jamais te esqueço... 2X Nas horas em que a vida perde algum sentido
É contigo que eu conto, meu mestre mudo, velho amigo
Os teus conselhos, as frases de apreço
Posso deixar-te alguns dias, mas jamais te esqueço... 3X
46
Apartheid Social
1.Verso 2.Verso
Disseram que eras robusto para o discurso oficial crer Ontem ortodoxo, hoje rezas na sinagoga
O Inglês viu o milagre da economia nacional acontecer A soberania do povo reside numa magoga
Santo amado ouro negro, filho de Poseidon e de Gaia Te voltaste contra os teus e tributas até a decência
A testemunha ocular da loucura secular dessa laia A fraca capacidade de manifestação de consciência
Deram-te um preço e uma estátua alta na cidade Eliminaste a concorrência com pressões inflacionistas
A centralidade é o adágio do que vales de verdade Num modelo de gestão clientelar e protecionista
Contigo criaram-se oligarcas (Quia) O controlo corporativo do mercado e a inflação
A Rés pública ficou de cócoras para o monarca (Quia) São armas apontadas para o nguimbo da população
Mas aonde é que estará, o relatório sobre o excedente? Tiveste mais-valias, deste ao soberano o nome de fundo
Da idade da bonança, e da subida do Mr. Brent? Para dar legalidade política ao rebento segundo
Idos até novembro, foi quando se revelou Afinal não eras tão robusto, “qual quê robustez?!”
Que levantando o sofá com cuidado acharíamos o pó Saiba que mentir sobre o estado da economia é estupidez
É esse o caminho para a servidão, a ruina e a tragédia Diziam que eras sólido como os pilares do legislativo
Quando vemos que última fase dos regimes é a comédia Que anda mais morto do que vivo
O Rei foi apanhado sem calças e com cofres vazios Mr. Brent! porquê que és tão fútil e despesista?
Tudo porque decidiu dissipar em solo luzidio És o responsável por essa classe de elitistas
Hoje as lágrimas são rios que tingem o leite derramado Que crucificou o Espirito Santo e disse “amém irmãos”
Daqueles que se negam a tirar uma lição no passado E quer que a fatura saia dos bolsos da população
Vi-te em alta, muito acima dos 100, vês E agora quem nos vai curar da doença holandesa?
Como cada cão um dia desses terá a sua vez? Cujas consequências se vão refletir na nossa mesa?
Refrão Refrão
Quero saber o que foi feito do dinheiro que estava aí? Quero saber o que foi feito do dinheiro que estava aí?
Eu não sei, eu não sei, eu não sei... 2X Eu não sei, eu não sei, eu não sei... 2X
48
Nasci Póstumo
Busco a clave holística da orquestração planetária Ofereçam por 30 moedas de prata a minha túnica
Para tocar o sino da fé que transmite a luz necessária E partilham o que restar e o resto da minha música
Roubaste-me a solidão sem me oferecer verdadeira Avaliado sobre o critério meramente tecnológicos
companheira Seduzido pelo mercado que lhe escancara horizonte mágicos
Que declamasse os versos quando estivéssemos nas trincheiras
Visionário como Parmênides e seguro
Refrão Completo por toda parte, dissidente do Jardim de Epicuro
Esguio como um guerreiro Samurai e a sua adaga
A vida, não é só de desvantagem A cúpula ilícita com a música comercial é a nossa praga
humilde malandragem
(Sabotage) 2X Eu sou Flagelo Urbano, nunca me exonerei do meu carma
Sociólogo sem diploma, míope contra fama
2. Estrofe Se me vires a andar no escuro com uma lanterna não te
espantes, irmão
As conversões são cárceres que aprisionam a liberdade Estou à procura do substituto de Platão
Quando nossos ideais sustentam o centro da nossa gravidade
É pela vontade de ser eu mesmo que me encerro Refrão
Porque aprendi desde sempre que sem a música a vida seria
um erro A vida, não é só de desvantagem
Humilde malandragem
Escolhi o exílio voluntário entre as montanhas geladas (Sabotage) 4X
Do que ser um parente distante que deambula nas calçadas
Quanto mais me elevo, menor pareço aos olhos de quem não
sabe voar
A clausura é o castigo de quem veio à vida pra questionar
49
Nostalgia
Só tu tens, só tu podes, só tu consegues, só tu dás Por que você me deixa tão solta
Namoras com a tua imagem moço amas-te demais Por que você não cola em mim
Mas eu só queria uma flor do jardim lá da praça Estou me sentindo muito sozinha
Uma singela serenata, um abraço dado de graça É que um carinho às vezes faz bem
Ainda sonho com a carta de amor em papel quadriculado Por que você me esquece e some
Escrita pelo próprio punho e entregue num envelope E se eu me interessar por alguém
perfumado Se ele de repente me ganha (me ganha)
Andar de mãos dadas, me deixar perder na ingenuidade É que um carinho às vezes faz bem...
Vês o olhar de felicidade que me deste
3.Verso
Sonho com o beijo tímido do cavalheiro enamorado
Uma rosa, um bilhetinho no momento menos esperado Ontem ficava-se a namorar, hoje namora-se ficando
Ouvir músicas incríveis que falam de afeto O conceito de relacionamento vai se degradando
Eu só queria ter-te aqui por perto Conhecer bem a pessoa com quem se está atrapalha
Quando o que mais importa são os zeros na conta bancária
Refrão
Já não há conquista, querem as coisas de mão beijada
Por que você me deixa tão solta Os sentimentos somem à medida que a conta fica esvaziada
Por que você não cola em mim O amor já não se constrói, compra-se com dinheiro vivo
Estou me sentindo muito sozinha Ganha a competição quem demostrar maior poder aquisitivo
É que um carinho às vezes faz bem
Por que você me esquece e some Querem um casamento fácil e feliz caído do céu
E se eu me interessar por alguém Mas esquecem que que para ter um casamento pronto tem que
Se ele de repente me ganha (me ganha) aprontar o seu...
É que um carinho às vezes faz bem... O amor já não é fogo que arde sem se ver, isso já era!
Seria sacrilégio falar em amor de cabana na nossa era
2.Verso
Antes vendia-se o corpo nas tabernas da cidade
O namoro no portão, o pai que vigia Hoje vende-se a alma, a moral, o amor e a dignidade
O irmão que controla a mana mais velha via Meu amor da rua 11, quanta saudade!
O elogia que não se espera, o sorriso que legitima Eu só queria ter um amor de verdade.
O beijo roubado da pureza dessa menina
Refrão
Que sonha um dia se casar de véu e grinalda
Que sabe que até à noite de núpcias o noivo não verá nada Por que você me deixa tão solta
Olhares inebriados, coração a andar a mil por horas Por que você não cola em mim
O assobio das 19 (mas por que tanta demora?) Estou me sentindo muito sozinha
É que um carinho às vezes faz bem
O primeiro amor, o primeiro toque, a primeira saída, o
primeiro selinho Por que você me esquece e some
Namorar na sala, nada de estarem ali sozinhos E se eu me interessar por alguém
A cara de boba e a admiração que vem do nada Se ele de repente me ganha (me ganha)
Revela que essa jovem está completamente apaixonada É que um carinho às vezes faz bem...
50
Infinito
1.Verso 2.Verso
Acordei com uma vontade infinita O Prazer da ausência, tão próximo estaria
De me acabar da forma mais bonita Se eu não existisse, que falta faria?
Me atirar do nada e embater contra lugar nenhum Qual herança, qual estória, qual legado?
Flutuar no horizonte e ser o único de um... Qual infante entenderia que amanhã serei passado!
Hoje estou assim, Sem arvore plantada, sem livro sem atrium
Com vontade de mim mesmo, o meu melhor amigo O sonho de uma existência era apenas o sagrado
Há muito tempo não me vejo, nunca mais estive comigo Imigrante de mim mesmo, perdido em solo pátrio
Já não não me procuro, eu sei, ando muito ausente O sonho de uma vida era somente ouvir o meu fado
Menticídio, pelas razões dessa gente
A vida já não sabe a nada, sabe um pouco mais
Acordei com uma vontade tão bonita Na prisão do livro arbítrio encontrei a minha laje
De mergulhar fundo, no vazio da vida Não é o valor da liberdade, mas está no preço
E despertar num Ermo solitário Que colocas sobre a mesa para de mim ter um verso
Andar de les-a-les pelas veredas do calvário
Alma assimétrica, na cidade inóspita
Gerúndio de mim próprio a dança da sarjeta Perdido entre a métrica dessa atitude indómita
Em troca de algumas moedas para também ser um profeta Um dia me completo, voltarei a ser grama
Lalipo família, Xaleno Kia Mbote Perdido no futuro tal como Mário Quintana.
É para lá aonde eu vou, ao encontro da noite
Refrão
Refrão
A Tragédia de um homem é perder a lucidez
A Tragédia de um homem é perder a lucidez No futuro a utopia, no presente a estupidez... 2x
No futuro a utopia, no presente a estupidez... 2x
51
Poetar
1.Verso 2.Verso
Refrão Refrão
52
53