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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E


TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE
EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA


ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO DO
BAIRRO CPA III – LAGOA ENCANTADA EM
CUIABÁ/MT UTILIZANDO INDICADORES
AMBIENTAIS

HELOISA PIMPÃO

PROFª. DRª. ELIANA BEATRIZ NUNES RONDON LIMA

CUIABÁ-MT
MARÇO – 2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E
TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE
EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA


ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO DO
BAIRRO CPA III – LAGOA ENCANTADA EM
CUIABÁ/MT UTILIZANDO INDICADORES
AMBIENTAIS

HELOISA PIMPÃO

Dissertação apresentada junto


ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Edificações e Ambiental
da Universidade Federal de Mato
Grosso, como requisito para obtenção
do título de Mestre.

PROFª. DRª. ELIANA BEATRIZ NUNES RONDON LIMA

CUIABÁ-MT
MARÇO – 2011
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

P644a Pimpão, Heloisa.


Avaliação dos impactos ambientais da estação de tratamento de esgoto do
bairro CPA III - Lagoa Encantada em Cuiabá/MT utilizando indicadores
ambientais / Heloisa Pimpão. – 2011.
vii, 105 f. : il. (algumas color.) ; 30 cm.

Orientador: Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima.


Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de
Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Edificações e Ambiental, 2011.
Bibliografia: f. 89-96.

1. Estação de tratamento de esgoto. 2. Esgoto sanitário - Impactos ambientais.


3. Lagoas de estabilização - Tratamento de esgoto. 4. Saneamento ambiental. 5.
Cuiabá-MT - Tratamento de esgotos. I. Título.

CDU 628.357.1:504.05(817.2)

Ficha catalográfica elaborada pelo Bibliotecário Carlos Henrique T. de Freitas. CRB-1: 2.234.

Permitida a reprodução parcial ou total desde que citada a fonte.


DEDICATÓRIA

Aos meus pais Mauro e Rosangela.


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, pela força e sabedoria.


Agradeço aos meus pais Mauro e Rosangela, por sempre me apoiarem e
incentivarem. A minha irmã Thaisa pelo apoio e amizade.
A Professora Eliana pela orientação e oportunidade de realizar este
trabalho.
Ao Uender, pelo incentivo, paciência e contribuições dadas ao trabalho.
Aos colegas e professores do mestrado pelos momentos e conhecimentos
compartilhados nesses dois anos de curso.
Ao Projeto "Implantação do Centro de Referência de Reuso de Água"
patrocinado pela PETROBRAS por meio do Programa Petrobras Ambiental, pela
oportunidade e informações cedidas.
Aos membros da banca, Prof. João Batista (Perfil), Profª. Gersina e Prof.
Josimar pelas contribuições.
A Nanciy e a Alinne que ajudaram na aplicação dos questionários e aos
moradores do CPA que nos receberam em suas casas.
A CAPES pelo apoio financeiro durante o mestrado.
Aos meus amigos pelo companheirismo.
A todos que colaboraram de uma forma ou de outra na realização deste
estudo.
SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ............................................................................................. I


LISTA DE QUADROS ........................................................................................... II
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... III
LISTA DE ABREVIATURAS ...............................................................................V
RESUMO .............................................................................................................. VI
ABSTRACT ......................................................................................................... VII
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1
1.1. PROBLEMÁTICA ...................................................................................... 1
1.2. JUSTIFICATIVA ........................................................................................ 2
1.3. HIPÓTESE DA PESQUISA ....................................................................... 4
1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................ 4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 5
2.1. GESTÃO AMBIENTAL DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE
ESGOTO ................................................................................................................ 5
2.2. GESTÃO AMBIENTAL............................................................................. 7
2.2.1. As Normas ISO 14000 ..................................................................................8
2.2.2. Desempenho ambiental ..............................................................................13
2.2.3. Indicadores Ambientais .............................................................................15
2.2.3.1. Indicadores de desempenho ambiental (IDA) da ABN-NBR-ISO 14031 18
2.3. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS ...................................... 21
2.3.1. Métodos de avaliação e identificação de impactos ambientais...............22
2.3.1.1. Métodos espontâneos (Ad Hoc) ............................................................... 23
2.3.1.2. Métodos de listagem (check-lists)............................................................ 24
2.3.1.3. Matrizes de interação ............................................................................... 24
2.3.1.4. Redes de interação (Networks) ................................................................ 25
2.3.1.5. Superposição de Cartas (Overlay) ............................................................ 25
2.3.1.6. Modelos de simulação .............................................................................. 25
2.3.2. Impactos Ambientais em Estações de Tratamento de Esgoto..........26
2.4. TRATAMENTO DE ESGOTO ................................................................ 29
2.4.1. Lagoas de estabilização ..............................................................................30
2.4.1.1. Lagoas facultativas ................................................................................... 32
2.4.1.2. Lagoas de maturação ................................................................................ 34
3. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................... 35
3.1. ÁREA DE ESTUDO ...................................................................................... 35
3.1.1. Histórico ......................................................................................................35
3.1.2. Características do Sistema ........................................................................36
3.1.2.1. Controle de odores ................................................................................... 38
3.1.2.2. Corpo receptor.......................................................................................... 39
3.1.2.3. Consumo de energia ................................................................................. 40
3.2. MÉTODOS .................................................................................................... 40
3.2.1. Metodologia utilizada para obtenção dos indicadores............................46
3.2.1.1. Índice de Resíduos Sólidos ...................................................................... 46
3.2.1.2. Índice de Incômodo causado pelos odores ............................................... 47
3.2.1.3. Eficiência do sistema e qualidade da água do córrego ............................. 48
3.2.1.4. Qualidade de vida..................................................................................... 50
3.2.1.5. Educação ambiental ................................................................................. 50
3.2.1.6. Vegetação ................................................................................................. 50
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 51
4.1. ATIVIDADES REALIZADAS NA ESTAÇÃO ........................................... 51
4.1.1. Projeto CRRA............................................................................................ 52
4.1.2. Lazer e atividades físicas .......................................................................... 55
4.2. ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS ................................................. 55
4.3. INDICADORES AMBIENTAIS ................................................................... 59
4.3.1. Índice de Resíduos Sólidos ........................................................................59
4.3.2. Índice de Incômodo causado pelos odores ...............................................62
4.3.3. Eficiência do sistema e qualidade da água do córrego............................70
4.3.4. Melhoria na qualidade de vida .................................................................75
4.2.5. Envolvimento em Educação Ambiental ...................................................77
4.2.6. Vegetação (recuperação de áreas degradadas)........................................81
4.4. ANÁLISE SOBRE OS INDICADORES ...................................................... 83
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES .............................. 86
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 89
8. ANEXOS ......................................................................................................... 97
9. APÊNDICES ................................................................................................. 101
I

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Faixas de eficiências de remoção de alguns parâmetros físico-químicos


e biológicos em sistemas de lagoas de estabilização ............................................ 32
Tabela 2: Dados das lagoas do sistema ................................................................. 37
Tabela 3: Forma de disposição e/ou tratamento dos resíduos sólidos. ................. 47
Tabela 4: Categoria de incômodo (i) e respectivos coeficientes. Adaptado do
modelo da Verein Deutscher Ingenieure 3883 (VDI) (1993) ............................... 48
Tabela 5: Índice de Resíduos Sólidos ................................................................... 61
Tabela 6: Nível de agrado aos odores ................................................................... 67
Tabela 7: Cálculo do Índice de Incômodo aos odores. ......................................... 70
Tabela 8: Resultados encontrados para DBO5,20° .................................................. 70
Tabela 9: Estatísticas descritivas dos resultados obtidos para DBO5,20 ................ 71
Tabela 10: Eficiência de cada unidade do sistema em termos de remoção da DBO
............................................................................................................................... 72
Tabela 11: Resultados encontrados para DQO ..................................................... 73
Tabela 14: Oxigênio Dissolvido no Córrego do Caju ........................................... 73
Tabela 15: Estatística descritiva dos resultados de OD (mg/L) ............................ 74
Tabela 16: Monitoramento de freqüentadores da Aeróbica .................................. 76
Tabela 17: Pessoas envolvidas em educação ambiental ....................................... 79
II

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Conjunto de Normas da ISO 14000. .................................................... 10


Quadro 2: Consequência dos impactos ambientais ............................................... 43
Quadro 3: Enquadramento de freqüência/probabilidade dos impactos ambientais
............................................................................................................................... 44
Quadro 4: Critérios de enquadramento de impactos ambientais ........................... 44
Quadro 5: Matriz de qualificação de impactos ambientais ................................... 56
Quadro 6: Indicadores Ambientais........................................................................ 59
Quadro 7: Quadro-resumo sobre os Indicadores Ambientais utilizados ............... 83
III

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: O gerenciamento ambiental de acordo com as Normas ISO 14000 ........ 9


Figura 2: Modelo do Sistema de Gestão segundo a NBR ISO 14001/2004 ......... 12
Figura 3: Modelo PDCA aos moldes da ISO 14031. ............................................ 15
Figura 4: Características importantes dos indicadores. Fonte: FIRJAN, (2008) .. 20
Figura 5: Esquema simplificado de uma lagoa facultativa. .................................. 33
Figura 6: Layout do sistema de tratamento de esgoto. Fonte: Adaptado de Von
Sperling (2002) ..................................................................................................... 36
Figura 7: Gradeamento .......................................................................................... 37
Figura 8: Caixa de areia ........................................................................................ 37
Figura 9: Lagoa Facultativa .................................................................................. 38
Figura 10: Dispositivo de Entrada da Lagoa Facultativa ...................................... 38
Figura 11: Lagoas de Maturação ........................................................................... 38
Figura 12: Dispositivo de saída da Lagoa de Maturação 2. .................................. 38
Figura 13: Aeradores instalados na lagoa facultativa ........................................... 39
Figura 14: Córrego do Caju na área da Lagoa Encantada ..................................... 39
Figura 15: Etapas do estudo .................................................................................. 41
Figura 16: Aplicação do questionário ................................................................... 42
Figura 17: Nível de agrado do odor. Fonte: Meyer (1999), apud Truppel (2002). 47
Figura 18: Pontos de monitoramento. ................................................................... 49
Figura 19: Viveiro experimental ........................................................................... 52
Figura 20: Implementação do PRAD as margens do córrego do Caju ................. 52
Figura 21: Maquete da bacia hidrográfica do rio Cuiabá. Fonte: Sanecap ........... 54
Figura 22: Módulo para estudo do aproveitamento da água de chuva .................. 54
Figura 23: Pista de caminhada .............................................................................. 55
Figura 24: Academias ........................................................................................... 55
Figura 25: Resíduos do tratamento preliminar ...................................................... 60
Figura 26: Escumas ............................................................................................... 60
Figura 27: Capinagem próximo a pista de caminhada .......................................... 61
Figura 28: Satisfação dos entrevistados com o espaço da Lagoa.......................... 62
Figura 29: Percepção dos entrevistados aos odores .............................................. 64
Figura 30: Intensidade do odor ............................................................................. 65
Figura 31: Horário em que o odor é mais forte, segundo os entrevistados ........... 65
IV
Figura 32: Frequência que os moradores sentem os odores .................................. 66
Figura 33: Sintomas ou consequências decorrentes dos odores ........................... 67
Figura 34: Resultado do questionário ................................................................... 68
Figura 35: Nível de agrado ao odor de acordo com o bairro ................................ 68
Figura 36: Variação de DBO nos pontos de monitoramento ................................ 71
Figura 37: Oxigênio dissolvido no córrego do Caju, a montante (1) e jusante (2)
do ponto de lançamento da ETE. .......................................................................... 74
Figura 38: Variação dos valores de OD (mg/L) a montante e jusante do
lançamento comparado com a legislação (Conama 357/2005) ............................. 75
Figura 39: Atividades físicas na Lagoa - aeróbica ................................................ 76
Figura 40: Estudantes participando do circuito na Lagoa ..................................... 78
Figura 41: Maquete da Bacia Hidrográfica do Rio Cuiabá. Fonte: CRRA........... 78
Figura 42: Estação Água ....................................................................................... 78
Figura 43: Alunos na Estação Resíduos ................................................................ 78
Figura 44: Implantação do PRAD na área da Lagoa Encantada ........................... 82
V

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas


ACV: Análise de ciclo de vida
ADA: Avaliação do Desempenho Ambiental
AIA: Avaliação de Impactos Ambientais
APP: Área de Preservação Permanente
CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente
CPA: Centro Político Administrativo
CRRA: Centro de Referência de Reuso de água
DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO: Demanda Química de Oxigênio
ETE: Estação de tratamento de esgoto
EIA: Estudo de Impacto Ambiental
FIESP: Fundação das Indústrias do Estado de São Paulo
FIRJAN: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICA: Indicadores de Condição Ambiental
IDA: Indicadores de desempenho ambiental
IDG: Indicadores de Desempenho de Gestão
IDO: Indicadores de Desempenho Operacional
INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial
ISO: International Organization for Standardization – Organização Internacional
de Normalização
OD: Oxigênio Dissolvido
PDCA: Plan–Do–Check–Act - Planejar–Executar–Verificar–Agir
pH: Potencial Hidrogeniônico
RIMA: Relatório de Impacto Ambiental
SANECAP: Companhia de Saneamento da Capital
SGA: Sistema de Gestão Ambiental
TC: Comitê Técnico
UASB: Upflow Anaerobic Sludge Blanket – Reator Anaeróbio de Fluxo
Ascendente
VI

RESUMO

PIMPÃO, H. Avaliação dos impactos ambientais da estação de


tratamento de esgoto do bairro CPA III - Lagoa Encantada em Cuiabá/MT
utilizando indicadores ambientais. Cuiabá - MT, 2011. 105p. Dissertação
(Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e
Ambiental, Universidade Federal de Mato Grosso.

Os objetivos principais de uma estação de tratamento de esgoto (ETE) são


a preservação ambiental e proteção da saúde, por vezes as atividades realizadas
dentro da estação podem gerar algum impacto ao meio ambiente e às populações
vizinhas. O objetivo deste estudo é avaliar os impactos gerados pela ETE do
bairro CPA III em Cuiabá/MT, conhecida como Lagoa Encantada. Inicialmente
foram identificados os aspectos e impactos ambientais das atividades realizadas na
estação, que envolvem o tratamento do esgoto em si, educação ambiental,
recuperação de áreas degradadas e atividades físicas, e então elaborada uma
matriz de impacto, com intuito de caracterizar e identificar os impactos mais
significativos. Em seguida, foram definidos indicadores ambientais para estes
impactos significativos a fim de verificar a magnitude de tais impactos. Por fim os
indicadores foram submetidos a uma validação de conteúdo com o objetivo de
identificar entre estes, quais são mais expressivos. Foram identificados 11
possíveis impactos, sendo 8 impactos negativos e 3 positivos. Os impactos
negativos estão associados aos processos e operações relacionadas ao tratamento
de esgoto. Já os impactos positivos, foram atribuídos às atividades diversas
desenvolvidas na estação. Dentre os indicadores ambientais definidos, os mais
significativos segundo a validação de conteúdo foram: Eficiência do sistema,
Índice de resíduos sólidos, Índice de incômodo causado pelos odores. O
conhecimento e entendimento da comunidade no que diz respeito a estação, é um
fator muito importante e que deve ser mais difundido, já que muitas pessoas
desconhecem que a Lagoa Encantada é uma estação de tratamento de esgoto. Este
trabalho consiste em uma ferramenta importante para divulgação das informações
acerca da ETE para a comunidade em geral, e para a gerenciadora dando suporte
para identificar e agir nos principais problemas decorrentes e otimizar os
benefícios das atividades desenvolvidas na estação.

Palavras-chave: saneamento ambiental, gestão ambiental, lagoas de estabilização


VII

ABSTRACT

PIMPÃO, H. Environmental Impact Assessment of Wastewater


Treatment Station neighborhood CPA III, Lagoa Encantada in Cuiabá/MT
using environmental indicators. Cuiabá - MT, 2011. 105p. Dissertação
(Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e
Ambiental, Universidade Federal de Mato Grosso

The main objectives of a sewage treatment plant (WWTP) are environmental


conservation and protection of health, sometimes the carried through activities
inside of the station can generate generate some impact on the environment and
neighbors. The aim of this study is to assess the impacts generated by the
neighborhood WWTP III CPA Cuiabá/MT, known as the Lagoa Encantada.
Initially identified the environmental aspects and impacts of activities undertaken
at the station, involving the treatment of sewage itself, environmental education,
restoration of degraded areas and physical activities, and then developed a matrix
of impact, in order to characterize and identify the impacts more significant. Next,
it was defined the environment indicators for these significant impacts in order to
verify the magnitude of such impacts. Finally, the indicators have been subjected
to a content validation in order to identify among these, which are more
expressive. It was identified 11 potential impacts, and 8 negative and three
positive. The negative impacts are associated with processes and operations
related to sewage treatment. And the positive impacts were allocated to various to
the developed diverse activities in the station. Among the environmental set, the
second most significant validation of the content was: Efficiency of the system,
Index of Solid Waste and Index nuisance caused by odors. Knowledge and
understanding of the community with regard to season, is a very important factor
and should be more widespread, because many people are unaware that the Lagoa
Encantada is a sewage treatment station. This work is an important tool for
disseminating information about the WWTP for the community in general and for
supporting the manager to identify and act on major issues and optimize the
benefits arising from activities at the station.

Keywords: environmental sanitation, environmental management, wastewater


stabilization ponds
1

1. INTRODUÇÃO

1.1. PROBLEMÁTICA

O saneamento ambiental é importante para se garantir o desenvolvimento


econômico e social, manutenção da saúde pública, e para proteção e melhoria da
qualidade ambiental. Muito embora, nem sempre a área recebeu a devida prioridade.
Ao longo dos anos as questões de saúde e meio ambiente foram incorporadas
ao saneamento, desde o século XIX até o início do século XXI houve grandes
mudanças no que diz respeito, ao enfoque dado ao saneamento. A princípio este era
visto como uma ação de saúde pública, contribuindo para a redução da morbi-
mortalidade por doenças infecciosas, parasitárias e até mesmo não infecciosas. A
partir da década de 90, a introdução dos conceitos de desenvolvimento sustentável,
preservação e conservação do meio ambiente e particularmente dos recursos hídricos,
impôs um novo modelo a ser seguido tanto na fase de planejamento como nas etapas
posteriores de construção operação e a manutenção dos sistemas e as interações deste
com a sociedade e o meio ambiente.
As condições do saneamento no país ainda são preocupantes. A Pesquisa
Nacional de Saneamento, realizada em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE e publicada recentemente, revela a precariedade das condições
sanitárias das cidades brasileiras. Embora 99,4% dos municípios brasileiros
dispusessem de sistemas de abastecimento de água e 100% tivessem coleta e algum
tipo de destinação final de resíduos sólidos, apenas 55,2% contavam com coleta de
esgoto, sendo que 28,5% possuíam algum tipo de tratamento em pelo menos um
distrito. Os números no estado de Mato Grosso demonstram uma realidade, ainda
mais dramática, pois 19,1% dos municípios são atendidos por rede geral de esgoto, o
que representa 5,4 % dos domicílios. Sendo que destes apenas 16,3% dos municípios
2

possuem algum tratamento. (IBGE, 2010). Na cidade de Cuiabá, em 2008 o índice de


coleta de esgoto era de 26,5% sendo que 52,3% era tratado. (SNIS, 2010)
Observa-se que ainda há um longo caminho a ser percorrido principalmente
na infraestrutura relacionada ao esgotamento sanitário. É importante que a expansão
destes serviços, acompanhe o crescimento das cidades, e que seja feita não só de
forma quantitativa, mas também qualitativamente, ou seja, aumento nos índices de
cobertura de esgoto coletado, porém priorizando a qualidade dos efluentes tratados.
Parte integrante do sistema de esgotamento sanitário, as estações de tratamento de
esgoto, devem ser construídas e gerenciadas de maneira adequada, não só para
atender a demanda.
Os objetivos de uma estação de tratamento de esgoto (ETE) são a preservação
da qualidade dos recursos naturais e a proteção da saúde pública. Ainda que estes
objetivos tragam benefícios ambientais e sociais, os processos utilizados podem gerar
impactos negativos, por isso devem ser bem administrados. A má operação dos
sistemas de tratamento pode vir a causar odores, gases, resíduos e consequentemente
críticas e reclamações. Por isso é preciso que haja uma grande interação com a
população que vai ser atendida pela ETE, informando sobre os problemas
operacionais que podem ocorrer, pois a falta de conhecimento faz com que estas não
sejam bem vindas na comunidade.

1.2. JUSTIFICATIVA

Nesse contexto, a Estação de Tratamento de Esgoto do bairro CPA III, em


Cuiabá – MT, já começa a dar os primeiros passos, com ações de interação com a
comunidade, educação ambiental e melhorias na operacionalização do sistema a fim
de minimizar os impactos ambientais.
Desde a construção em 1986 até meados de 2005 a estação apresentou
problemas de odores, proliferação de vetores, além de ser alvo de violência, depósito
de lixo e degradação paisagística causados pela falta de operacionalização adequada.
Muitas pessoas desconheciam o fato de que ali funcionava uma estação de
tratamento de esgoto, acreditavam que fosse apenas uma lagoa abandonada.
3

Em 2005 uma reivindicação da população através do Fórum Popular de Luta


pelo Saneamento e lideranças comunitárias, o manifesto “Abraço pela morte da
Lagoa” foi realizado no local. A partir daí iniciou-se uma nova fase para a ETE em
que a Sanecap, gerenciadora da estação, comunidade e diversos parceiros se uniram
formando o grupo “Amigos da Lagoa”. Desde então muito já foi feito na luta para
recuperar a ETE.
As mudanças ocorridas transformaram a estação em uma área com estruturas
físicas direcionadas ao lazer, turismo, bem-estar social e educação. Um grande
exemplo é a implantação do Centro de Referência de Reuso de água – CRRA – um
projeto financiado pela Petrobras dentro Programa Petrobras Ambiental – que tem
como objetivo agregar e desenvolver tecnologias de reuso de Água e Efluente. Com
esse projeto pretende-se aproveitar do efluente da estação para atividades de
fertiririgação, criação de peixes, etc. Esse projeto é permeado pelas ações de
Educação Ambiental que têm sido fortemente desenvolvidas em todas as etapas do
projeto.
A estação tem grande importância para a população atendida, de
aproximadamente 42,3 mil habitantes, correspondendo à cerca 8% da população de
Cuiabá. A nova visão que a ETE vem recebendo desde a revitalização, a insere em
um contexto inovador e promissor no país. A idéia de que o sistema de tratamento do
esgoto tem que ser um local sujo e de preferência afastado do campo visual já não
cabe nesse caso. É fundamental que a população esteja consciente de que os resíduos
decorrentes de suas atividades devem ser tratados de maneira adequada,
minimizando impactos ao meio ambiente e saúde pública, e que neste processo
existem muitos desafios e dificuldades, pois se deve considerar não só a técnica, mas
as dimensões social, econômica e ambiental, internalizadas pelo conceito de
sustentabilidade.
Diante do exposto, o objetivo geral deste trabalho é avaliar os impactos
ambientais causados pelas atividades desenvolvidas na ETE do CPA III, hoje mais
conhecida como Lagoa Encantada, utilizando indicadores ambientais.
Para tanto, têm-se os seguintes objetivos específicos:
• Identificar as atividades desenvolvidas na estação e os aspectos e impactos
ambientais decorrentes;
4

• Definir indicadores para avaliação dos impactos ambientais;


• Propor medidas mitigadoras aos impactos ambientais negativos e
potencializar os impactos positivos.

1.3. HIPÓTESE DA PESQUISA

Essa dissertação busca aprofundar-se no estudo das estações de tratamento de


esgoto e na quebra do paradigma da visão negativa sobre estes locais. Foram
definidas algumas hipóteses:
• As mudanças realizadas na estação resultaram na melhoria do desempenho,
minimizando os impactos ambientais;
• É possível verificar as mudanças que a revitalização ocasionou tanto aos
recursos naturais quanto a população que é atendida pela estação;
• Os indicadores definidos são representativos para identificar e avaliar os
impactos gerados pela estação;
• É possível se estabelecer um protocolo para realização de um relatório de
sustentabilidade a ser agregado ao balanço contábil da empresa gerenciadora,
a exemplo do que vem fazendo as grandes corporações.

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho foi estruturado em 5 capítulos:


O primeiro capítulo corresponde à introdução contendo a problemática,
justificativa, os objetivos da dissertação, definição das hipóteses, e por fim a
estrutura do trabalho.
No segundo capítulo é realizada uma revisão bibliográfica sobre as bases
teóricas conceituais acerca do assunto em questão.
O terceiro capítulo descreve os materiais e métodos. Iniciando por uma
caracterização da área de estudo e seguido pelos métodos utilizados para responder
ao problema e alcançar os objetivos.
O capítulo 4 apresenta os resultados obtidos e análise destes. E por fim, o
último capítulo mostra as conclusões da pesquisa e recomendações.
5

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. GESTÃO AMBIENTAL DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

A principal função de uma estação de tratamento de esgoto é a preservação


dos recursos naturais e também da saúde humana. Segundo Almeida (2005, p. 170)
os projetos de esgotamento sanitário têm a função de minimizar os efeitos do
lançamento do esgoto in natura sobre o ambiente, permitindo assim a redução dos
índices de doenças e de perigo à saúde da população e a melhoria de qualidade das
águas.
Os aspectos ambientais relacionados à implantação de sistema coletivo de
esgotamento sanitário compreendem (Almeida, 2005, p. 170):
• Rede de coleta e transporte de esgoto (coletores, interceptores e
emissários);
• Estações elevatórias;
• Estações de tratamento;
• Manejo de lodo de estações de tratamento de esgoto;
• Estrutura de lançamento de esgoto tratado.
Em termos de exigências legais relacionadas ao esgotamento sanitário, a
Resolução nº 01/86 do CONAMA exige Estudo de Impactos Ambientais apenas para
troncos sanitários e emissários de esgotos sanitários. E a Resolução nº 05/88
estabelece o licenciamento ambiental para obras de saneamento para as quais seja
possível identificar modificações ambientais significativas. Existem também outras
resoluções relacionadas ao padrão de lançamento de efluentes em corpos d’água,
como a Resolução nº 357/2005 e a Resolução nº 397/2008 que altera alguns padrões
estabelecidos anteriormente.
6

Apesar de seu principal objetivo ser considerado um impacto positivo, é


importante ressaltar que os processos utilizados em uma estação de tratamento de
esgoto (ETE) podem causar impactos negativos ao ambiente, por isso a importância
da realização de uma gestão adequada. Isso o tornará mais eficiente e eficaz, e tende
a ser mais valorizado pela sociedade.
La Rovere (2002, p. 13) afirma que:
(...) ao considerar a variável ambiental, uma ETE não só pode reduzir
eventuais impactos ambientais decorrentes de suas atividades, como
também aumentar a eficiência de seus processos, melhorar sua relação
com a comunidade atendida e com a comunidade vizinha, prevenir
acidentes e otimizar o consumo de energia.

Segundo Ramos (2004, p. 10) a aplicação de um sistema de gestão ambiental


(SGA) a uma ETE visa através do estabelecimento de políticas, objetivos e metas, a
equalização de questões de redução, reutilização e recuperação, passando a ser
fatores decisivos em todo processo.
Conforme Von Sperling e Chernicharo (1996) apud (La Rovere, 2002, p. 4)
uma estação de tratamento de esgotos deve ser entendida como uma indústria,
transformando matéria prima (esgoto bruto) em um produto final (esgoto tratado).
Com isso é possível aceitar e entender uma ETE como um processo de produção, de
um bem, um produto que é fundamental para a manutenção da saúde da população
atendida e para o equilíbrio ecológico das áreas anexas a ETE.
Ramos (2004) ao concluir seu estudo sobre SGA em uma ETE em
Salesópolis/SP afirma que é preciso estabelecer novos paradigmas e que haja uma
mudança da visão de setor, para uma visão mais abrangente:
(...) onde diversos aspectos do esgotamento sanitário devem ser
analisados, tais como: a utilização racional da água; a ocupação e o uso
adequado do solo; a observância, manutenção e melhoria da capacidade
de depuração dos corpos receptores; a promoção de educação ambiental
para o efetivo envolvimento da comunidade; a capacitação dos recursos
humanos; o aprimoramento dos sistemas de tratamento de esgoto
existentes e o desenvolvimento de novos processos.

Nos próximos itens são apresentadas bases teóricas e conceituais importantes


para a realização da gestão ambiental de uma estação de tratamento de esgoto.
7

2.2. GESTÃO AMBIENTAL

Nas últimas décadas notou-se uma crescente preocupação e conscientização


com questões relacionadas ao meio ambiente. Isto ocorreu principalmente, quando os
problemas de degradação ambiental, como contaminação do solo, água e ar tiveram
efeitos diretos sobre os seres humanos. (Braga, 2005, p. 287).
Além disso, com o crescimento da população e o aumento do consumo,
houve a necessidade de se rever as questões de planejamento e tomada de decisões.
Segundo Kraemer (2004a), isso ocorreu a partir da consolidação de práticas e
formulação de diretrizes que passaram a tratar a questão ambiental de forma
sistêmica e integrada.
Com o conceito de desenvolvimento sustentável já estabelecido e aceito,
novos desafios na relação ‘homem e meio ambiente’ surgiram. Na busca pela
sustentabilidade cada setor passa a assumir a sua responsabilidade na construção de
um novo modelo de crescimento. Neste contexto, conforme a Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2008, p. 5) os Sistemas de Gestão
Ambiental são bons exemplos de incorporação da questão ambiental as atividades de
uma organização, já que a ideia de desenvolvimento sustentável está inserida na
Gestão Ambiental.
O termo gestão ambiental é bastante amplo, mas de maneira geral designa
ações que buscam eliminar ou reduzir os impactos e danos ambientais, decorrentes
de atividades de empreendimentos. (QUEZADA & PIERRE, 1998, apud
VALVERDE, 2005, p. 111).
Segundo Almeida (2005) gestão ambiental é:
O processo de articulação das ações dos diferentes agentes sociais que
interagem em um dado espaço com vistas a garantir a adequação dos
meios de exploração dos recursos ambientais – naturais, econômicos e
sócio-culturais – às especificações do meio ambiente, com base em
princípios e diretrizes previamente acordado/definidos.

Valverde (2005, p. 11) cita que a gestão ambiental é a forma pela qual as
empresas ou organizações se mobilizam para a conquista da qualidade ambiental

1
QUEZADA, R., PIERRE C. V., Gestão ambiental empresarial. Rio de Janeiro:
SEBRAE/RJ, 1998. 120 p., apud VALVERDE, S. R., Elementos de gestão ambiental empresarial.
Viçosa: Ed. UFV, 2005. 127 p.
8

desejada. De acordo com Kraemer (2004a) através de práticas sustentáveis, as


empresas provocam uma mudança de valores e de orientação em seus sistemas
operacionais e estarão assim engajadas à idéia de desenvolvimento sustentável e
preservação do meio ambiente.
Conforme Epelbaum (2006, p.118) diversas discussões acerca de sistemas de
qualidade e gestão empresarial surgiram no pós-guerra e serviram de base para a
elaboração de um modelo para gestão ambiental de forma organizada e consistente.
Nesse contexto surge o conceito de sistema de gestão. Que pode ser entendido como
o conjunto de elementos inter-relacionado e que agem de forma integrada para
cumprir uma missão, política e objetivos.
Os primeiros modelos de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) surgiram a
partir da década de 80. O mais reconhecido é o ISO 14001, porém, antes deste,
surgiram outros que contribuíram para o desenvolvimento e utilização destes
sistemas que visam identificar, minimizar e controlar aspectos e impactos
ambientais. Entre tais modelos destacam-se: Responsible Care (1984), STEP
(Strategies for Today’s Environmental Partnership - 1990), BS 7750 (Specifications
for Environmental Management Systems - 1992) e EMAS (Eco-Management and
Audit Scheme – 1995). (CAMPOS, et. al, 2006).
Segundo Bitar (2004, p. 106) apesar de o SGA ser uma ferramenta adotada
principalmente por indústrias, sua aplicação em outros tipos de organização também
é possível.

2.2.1. As Normas ISO 14000

A partir da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento, a Rio-92, muitos países identificaram a necessidade de se criar
normas internacionais para gestão ambiental. A Grã-Bretanha foi pioneira nesse
sentido, pois já havia publicado em março de 1992 a Norma BS 7750 - Specifications
for Environmental Management Systems. Essa norma serviu de base para a criação
de diversas outras normas, entre elas a série ISO 14000.
A International Organization for Standardization – ISO (Organização
Internacional de Normalização) é uma organização não governamental, fundada em
9

1946 em Genebra na Suíça que hoje está presente em 163 países. No Brasil, o órgão
que representa a ISO é a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A ISO
implantou em 1993 o Comitê Técnico 207 (TC/207) que foi encarregado de criar
normas direcionadas ao meio ambiente (Braga et. al. 2005, p. 288). O TC
desenvolveu então série ISO 14000, publicando em 1996 versões definitivas de
algumas normas.
De acordo com Assumpção (2004) apud Soibelman (2008, p. 282) o TC-207
utilizou a sistemática de Implementação, monitoramento, Avaliação, Auditoria,
Certificação e Manutenção de um Sistema de Gestão Ambiental com o objetivo de
reduzir ou eliminar impactos adversos ao Meio Ambiente.
As normas de gestão ambiental têm por objetivo fornecer as organizações de
elementos de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) eficaz que possam ser
integrados a outros requisitos da gestão, e auxiliá-las a alcançar seus objetivos
ambientais e econômicos. (ABNT-NBR-ISO 14001/2004)
A família ISO 14000 está estruturada em dois grandes módulos para
avaliação da organização e avaliação de produtos e processos, conforme pode ser
observado na figura 1.

ISO 14000

SGA ACV

Avaliação do Aspectos
Desempenho Auditoria Rotulagem Ambientais nas
Ambiental Ambiental Ambiental Normas e Produtos

Figura 1: O gerenciamento ambiental de acordo com as Normas ISO 14000

2
ASSUMPÇÃO, L. F. J. Sistema de Gestão Ambiental – Manual Prático para
Implementação de SGA e Certificação ISO 14001. Curitiba: Editora Juruá, 2004, apud
SOILBELMANN, H. J. Avaliação do desempenho ambiental: o caso da Balsa Guindaste e de
Lançamento – BGL. 2008 Dissertação (Mestrado em Sistema de Gestão – Área de concentração:
Gestão do Meio Ambiente) – Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2008.
10

Compreendem dessa forma, normas sobre sistemas de gestão ambiental,


desempenho ambiental, avaliação do ciclo de vida de produtos, rotulagem ambiental
e integração de aspectos ambientais no desenho de produtos. As normas publicadas
no Brasil pela ABNT estão listadas no quadro 1:

Quadro 1: Conjunto de Normas da ISO 14000.


Ano de
Norma Descrição
publicação
Sistemas de gestão ambiental – Requisitos com
ISO 14001 2004
orientações para o uso
Sistemas de gestão ambiental – Diretrizes gerais sobre
ISO 14004 2004
princípios, sistemas e técnicas de apoio
Gestão Ambiental – Avaliação ambiental de locais e
ISO 14015 2003
organizações
Diretrizes para auditorias de Sistema Gestão de
ISO 19011 2002
Qualidade e/ou Ambiental
ISO 14020 2002 Rótulos e declarações ambientais – Princípios básicos
ISO 14021 2004 Rótulos e declarações ambientais – Autodeclarações
Rótulos e declarações ambientais – Rotulagem
ISO 14024 2004
ambiental Tipo 1 – Princípios e procedimentos
Gestão Ambiental – Avaliação do desempenho
ISO 14031 2004
ambiental
Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida –
ISO 14040 1997
Princípios e estrutura
Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida –
ISO 14041 1998
Definição de objetivo, escopo e análise de inventário
Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida –
ISO 14042 2000
Avaliação do impacto do ciclo de vida
Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida –
ISO 14043 2000
Interpretação do ciclo de vida
ISO 14050 2004 Gestão Ambiental - Vocabulário
ISO 14063 2006 Comunicação Ambiental
ISO 14064 2006 Gases de efeito estufa
Fonte: Adaptado de FIRJAN (2008)

Desse conjunto de normas a principal delas é a ISO 14001, publicada em


1996 e atualizada em 2004, sendo esta a única passível de certificação. Essa
certificação é feita por uma entidade especializada e independente, credenciada pelo
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro.
De acordo com a ABNT-NBR-ISO 14001/2004, Sistema de Gestão
Ambiental (SGA) é a parte do sistema de gestão de uma organização, utilizada para
desenvolver e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos
ambientais. Ainda de acordo com a Norma um sistema da gestão inclui estrutura
11

organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas,


procedimentos, processos e recursos.
Esta Norma é baseada na metodologia conhecida como Plan–Do–Check–Act
(PDCA) / (Planejar–Executar–Verificar–Agir), de forma a promover a melhoria
contínua do sistema, conforme pode ser observado na figura 2.
A implementação de um SGA, segundo a ABNT-NBR-ISO 14001, exige o
cumprimento de requisitos normativos que estão divididos em 5 grupos ou fases de
implementação: a política ambiental; o planejamento; a implementação e operação;
a verificação e ação corretiva; e a análise crítica.
Braga et. al. (2005, p. 291) detalha cada uma dessas fases do SGA baseado na
ABNT-NBR-ISO 14001:
• Política Ambiental: deve ser definida pela alta administração da empresa;
dá um senso global de direção e apresenta os princípios de ação para uma
organização, sendo estabelecidas metas relativas ao desempenho e
responsabilidade ambiental;
• Planejamento: baseado na política ambiental, a organização deve fazer um
planejamento com o objetivo de atender aos requisitos estabelecidos. É
composto por Aspectos Ambientais, Requisitos Legais e Outros
Requisitos, Objetivos e Metas, Programas de Gestão Ambiental;
• Implementação e operação: deve ser conduzido de forma a serem atingidos
os objetivos e as metas estabelecidas;
• Verificação e ações corretivas: para que a política ambiental possa ser
avaliada, é necessário que sejam desenvolvidos procedimentos para
monitorar e medir as principais características das operações e atividades
que podem causar um impacto significativo no meio ambiente, ao mesmo
tempo em que devem ser estabelecidos os procedimentos referentes às
ações corretivas que devem ser tomadas para eliminar as causas reais ou
potenciais, que poderiam resultar em um impacto no meio ambiente;
• Análise: para que o comprometimento com a melhoria contínua possa ser
efetivo, a alta administração da organização deve, em intervalos
predefinidos, revisar o SGA, de forma a assegurar que este continue
adequado e efetivo. Nessa revisão devem ser verificadas as necessidades
12

de mudança na política, os objetivos e outros elementos do SGA,


tomando-se como base os resultados obtidos nas auditorias do sistema.

Figura 2: Modelo do Sistema de Gestão segundo a NBR ISO 14001/2004

Segundo Campos & Selig (2002) os sistemas de gestão ambiental:


(...) vêm-se tornando grandes aliados das organizações que
buscam manter seus processos, aspectos e impactos ambientais sob
controle. Identificam primeiramente os impactos ambientais mais
significativos para em seguida definirem a melhor forma de controlar e
minimizar tais impactos.

Muitas organizações têm implementado um SGA, pois acreditam que, após a


obtenção de uma certificação, como a da ISO 14001, seus produtos terão entrada
facilitada em alguns mercados ou empresas. Algumas organizações consideram as
melhorias no processo, advindas de um melhor controle ambiental, um bom motivo
para implementação do SGA. (MEIO AMBIENTE INDUSTRIAL, 2003, apud
RAMOS, 2004, p. 483).

3
MEIO AMBIENTE INDUSTRIAL. Edição especial homenagem a marca histórica das
1000 certificações em conformidade com a norma ISO 14001. Editora Tocalino Ltda. Edição 43, n.
42, maio/junho de 2003, apud RAMOS, A. G. Sistema de Gestão Ambiental em Estações de
Tratamento de Esgoto. O caso da ETE Remédios (Salesópolis/SP). 2004. Dissertação (Mestrado
em Engenharia Urbana) – Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, São Carlos, 2004
13

Nesse contexto há que se considerar também a competitividade no mercado,


pois atualmente, já há a aceitação de que empresas que possuem certificação estão
um passo a frente das demais.

2.2.2. Desempenho ambiental

Devido a toda uma questão histórica e eventos voltados e preocupados com a


questão ambiental dos últimos anos, as organizações começaram fazer parte desse
novo modelo de gestão. Com as organizações adotando seus próprios sistemas de
gestão ambiental, ou baseados na ISO, houve a necessidade de se avaliar estes
sistemas, a fim de buscar sua melhoria contínua.
Nesse contexto o termo desempenho ambiental é relativamente novo, embora
este conceito tenha sido usado no que diz respeito ao controle e monitoramento de
poluentes. (CHIUMMO, 2004, p. 64).
A ABNT-NBR-ISO 14031 (2004) Gestão Ambiental – Avaliação de
Desempenho Ambiental – Diretrizes, trata a Avaliação do Desempenho Ambiental
(ADA) conforme a metodologia PDCA. A norma define o desempenho ambiental de
uma organização como “resultados mensuráveis de sua gestão em relação aos seus
aspectos ambientais.” E ainda a Avaliação de Desempenho Ambiental como:
(...) um processo que visa facilitar decisões gerenciais sobre o
desempenho ambiental de uma organização por meio da seleção de
indicadores, coleta e análise de dados, avaliação de informações de
acordo com critérios de desempenho ambiental, divulgação, revisão e
aperfeiçoamento desse processo.

A ADA é um processo e ferramenta de gestão interna, planejada para prover


uma gestão com informações confiáveis e verificáveis, em base contínua para
determinar se o desempenho ambiental de uma organização está adequado aos
critérios estabelecidos pela administração da organização. A norma é aplicável a
todas as organizações, independente do tipo, tamanho, localização e complexidade
(ABNT-NBR-ISO 14031, 2004).
O Desempenho Ambiental da organização deve refletir o contexto principal
do SGA, Política Ambiental, Objetivos e Metas. Este desempenho ambiental é
medido através de Indicadores Ambientais. (SOILBELMAN, 2008, p. 43).
14

A identificação dos aspectos ambientais de uma empresa é muito importante


na avaliação do seu desempenho ambiental, a ISO 14031 auxilia no processo do
estabelecimento de critérios para avaliar e identificar os aspectos ambientais.
Chiummo (2004, p. 70), afirma que a ADA pode nortear as organizações na
determinação dos seguintes elementos de um sistema de gerenciamento ambiental:
• Identificação dos aspectos e impactos ambientais;
• Determinação dos aspectos que devem ser tratados como significativos;
• Estabelecimento de critérios para aferir o desempenho ambiental;
• Avaliação do desempenho ambiental face aos critérios estabelecidos.

Uma organização que possui SGA pode avaliar o desempenho ambiental


relativamente à sua política ambiental, objetivos e metas. Já uma organização que
não possui SGA pode usar a ADA na identificação de seus aspectos ambientais,
quais os aspectos são significativos, definição de critérios ambientais para avaliar o
seu desempenho ambiental. Dessa forma a ADA pode ser considerada uma
ferramenta para a análise inicial na avaliação de aspectos e impactos ambientais.
(JASCH, 2000)
A norma ISO 14031, segue o metodologia PDCA (Plan, Do, Check and Act)
sempre em busca da melhoria contínua. Na etapa do Planejamento são definidos os
indicadores a serem utilizados na ADA, sejam eles pré-existentes ou desenvolvidos
para a ADA. Os indicadores servem de subsídio para a administração da empresa na
tomada de decisão. No planejamento é feita também a identificação dos aspectos
ambientais relevantes. Na etapa do fazer (Do) realiza-se um levantamento de dados e
informações referente a empresa e que sejam importantes aos indicadores. Na fase de
verificação e melhoria (Check e Act) é feita uma análise crítica sobre os resultados
encontrados em busca de melhorias nos sistema.
A figura 3 mostra a adaptação, encontrada em FIRJAN (2008), do modelo
PDCA no contexto da ISO 14031.
15

Figura 3: Modelo PDCA aos moldes da ISO 14031.


Fonte: Adaptado de FIRJAN (2008)

De acordo com Campos (2001) apud (Chiummo, 2004, p. 774) a ADA pode
trazer benefícios para a organização ao promover melhorias na comunicação e a
identificação de oportunidades de melhoria e prevenção da poluição.

2.2.3. Indicadores Ambientais

Segundo Bollmann (2001, p. 15) a realização de medições, para serem


utilizadas como instrumentos para operacionalização e implementação de políticas
norteadoras do desenvolvimento humano, têm auxiliado tomadores de decisão e
cidadãos comuns no entendimento e resolução de diversas questões.
A formulação de indicadores, que fossem utilizados para mensurar a
influência das atividades humanas, é baseada na interdependência entre o
desenvolvimento do conhecimento científico e das técnicas de investigação. De
acordo com Bollman (2001, p. 16):

(...) Por um lado o aprofundamento teórico observado nas disciplinas


básicas foi responsável pela elaboração de teorias capazes de lidar com
sistemas complexos cada vez mais abrangentes, mas, por outro, o
instrumental tecnológico disponibilizado para conhecer a natureza e as
peculiaridades de seus fenômenos tem propiciado aos cientistas e

4
Campos, L. M. S. SGADA – Sistema de gestão e avaliação do desempenho ambiental: uma
proposta de implementação. 2001. Tese (Doutorado) Universidade federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2001, apud Chiummo, L. A. Desempenho ambiental e processo de comunicação estudo de caso nos setores
químico e petroquímico. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia. Área de Concentração: Engenharia
Mineral) Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004
16

interessados o acesso, praticamente em tempo real, a uma quantidade


inimaginável de informações em escala global.

Para Merico (1997) apud Cunha (2001, p. 225) a palavra indicador tem
origem do latim, indicare que significa destacar, mostrar, anunciar, tornar público,
estimar.
Mitchell, (1998) define indicador como uma ferramenta que permite a
obtenção de informações sobre uma dada realidade, tendo como característica
principal a de poder sintetizar diversas informações, retendo apenas o significado
essencial dos aspectos analisados
Conforme Sánchez (2006, p. 259) os indicadores têm uso crescente em
planejamento e gestão ambiental, possuem um conceito amplo que pode ser
empregado em várias disciplinas e são utilizados para descrever de forma concisa os
dados ambientais de uma organização.
A Fundação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, em sua cartilha
de indicadores da Indústria (2006) cita que:
(...) diferentes indicadores têm sido formulados para qualificar e/ou
quantificar a situação das mais diversas áreas de interesse humano, tais
como na saúde (índice de natalidade, índice de mortalidade), educação
(índice de repetência, índice de analfabetismo), economia (renda per
capita), sociologia (índice de desenvolvimento humano) e no meio
ambiente (qualidade do ar).

Os indicadores ambientais são guias que indicam a quantificação da


qualidade ambiental do processo produtivo de uma organização em uma determinada
época.
Segundo Veleva e Ellenbecker (2001) na construção de um indicador, é
necessário determinar uma unidade de medida, tipo de medição (absoluta ou
relativa), período de medição, e metas para esse indicador. Kraemer (2004b)
descreve que os indicadores absolutos informam os dados básicos sem análise ou
interpretação, como por exemplo, kg de sucata de alumínio. Esses indicadores são o
reflexo global dos impactos ambientais. Já os indicadores relativos comparam os

5
Merico, L. F. K. Proposta metodológica de avaliação de desempenho econômico na
região do Vale do Itajaí (SC) através de indicadores ambientais. In Revista Dynamis, vol 5, n. 19.
FURB, Blumenau, 1997, apud Cunha. R. S. Avaliação do desempenho ambiental de uma indústria
de processamento de alumínio. 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) -
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001
17

dados com outros parâmetros, como por exemplo, kg de sucata de alumínio por
tonelada de produto, que irão ilustrar eficiência ambiental da produção.
Para Lima (2004):
Os indicadores podem corresponder a valores numéricos (e.g.: quantidade
de impurezas na água ou de determinado elemento químico no ar) ou a
padrões de referência valorativos de um estado (e.g.: “crítico”,
“irreversível”, “regular”, “impróprio”, “contaminado” etc.).

Existem vários ‘tipos’ de indicadores, que são utilizados por diversas


organizações. Gamboa et. al. (2005) realizaram um estudo sobre diversas propostas
de indicadores. Os autores citam que estes indicadores são utilizados como
Indicadores de Sustentabilidade ou Indicadores de Desenvolvimento Sustentável;
Indicadores de Responsabilidade Social Empresarial; e os Indicadores de
Desempenho Ambiental da Norma ISO 14031:2004. Outras comparações feitas pelos
autores podem ser observadas no Anexo 1.
Segundo Lima (2004) ocorre uma confusão conceitual entre Indicadores
Ambientais, Indicadores de Desenvolvimento Sustentável e Indicadores de
Desempenho Ambiental:
Indicadores Ambientais traduzem dados relativos a determinado
componente ou conjunto de componentes de um ou vários ecossistemas.
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável compreendem
informações relativas às várias dimensões do desenvolvimento
sustentável: econômicas, sociais, ambientais e institucionais. Os
Indicadores de Desempenho Ambiental preocupam-se em refletir os
efeitos sobre o meio ambiente dos processos e técnicas adotados para
realizar as atividades de uma organização.

Diversas instituições e entidades nacionais e estrangeiras utilizam indicadores


ambientais, com vários objetivos. Como exemplo de Indicadores de
Desenvolvimento Sustentável pode-se citar (GAMBOA, et. al, 2005):
• A OECD – Organization for Economic Co-operation and Development, da
ONU (através do UNCSD – United Nations Committee for Sustainable
Development);
• WBCSD – World Business Council for Sustainable Development; o GRI -
Global Reporting Initiative;
• DJSGI – Dow Jones Sustainability Group Index;
• O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no âmbito
nacional, realiza inúmeros trabalhos envolvendo crescimento populacional,
18

perfil dos municípios brasileiros, e o estabelecimento de indicadores de


desenvolvimento social. (PADILHA, et. al., 2008).
Em alguns casos os indicadores medem o grau, e de que forma, o sistema está
protegendo a saúde pública e impedindo a degradação do meio ambiente, analisando
assim a sustentabilidade “passiva”. Mas é importante analisar de uma forma mais
“ativa” essa sustentabilidade, envolvendo como a organização esta contribuindo ou
agregando valor ao ambiente. (MURRAY, et. al., 2009)
O Instituto Ethos de Responsabilidade Social e o IBASE – Instituto Brasileiro
de Análises Sociais e Econômicas utilizam indicadores ambientais no contexto de
Indicadores de Responsabilidade Social Empresarial.
Com relação aos indicadores de desempenho ambiental, cita-se a própria
norma ABNT-NBR-ISO 14031/2004, e também a FIESP que elaborou uma cartilha
auxiliar efetivamente as indústrias que desejam iniciar a verificação de seu
desempenho ambiental.

2.2.3.1. Indicadores de desempenho ambiental (IDA) da ABN-NBR-ISO 14031


Conforme visto anteriormente a ABN-NBR-ISO 14031 define que na etapa
de planejamento sejam definidos indicadores para avaliação do desempenho
ambiental. De acordo com a norma ISO 14031/2004, os indicadores para avaliação
do desempenho ambiental são utilizados pelas organizações como um meio de
apresentar dados quantitativos ou qualitativos ou informações de uma forma mais
compreensível e útil.
A ABN-NBR-ISO 14031 descreve duas categorias de indicadores a serem
considerados na condução da Avaliação de Desempenho Ambiental:

• Indicadores de Desempenho Ambiental – IDA são classificados em dois


tipos:
Indicadores de Desempenho de Gestão – IDG: fornecem informações
relativas aos esforços gerenciais da empresa que influenciam positivamente no seu
desempenho ambiental.
Devem promover informações a organização sobre níveis de capacidade e
esforços em gerenciar problemas, tais como, treinamento, atendimento às exigências
19

legais, alocação de recursos e utilização eficiente, gerenciamento de custos


ambientais, aquisição, desenvolvimento de produto, documentação ou ações
corretivas que têm ou podem influenciar no desempenho da organização.
De acordo com Reis (1996) apud Cunha (20016), expressam níveis
desempenho absolutos, sendo que podem apresentar dificuldades de avaliação por
terem certo grau de subjetividade.

Indicadores de Desempenho Operacional – IDO: fornecem informações


relacionadas às operações do processo produtivo da empresa com reflexos no seu
desempenho ambiental.
Devem promover informações referentes a insumos; suprimento de materiais;
projeto, instalação, operação e manutenção das instalações físicas bem como dos
equipamentos de toda organização; produção e entrega dos produtos.
Segundo Kuhre (1998) apud Cunha (20017), os indicadores de desempenho
operacional tratam principalmente do tipo técnico de atividades operacionais como:
operação de equipamento, uso de edifícios, descargas, e o uso de produtos e serviços.

• Indicadores de Condição Ambiental – ICA: fornecem informações


sobre a qualidade do meio ambiente, sob a forma de resultados de medições
efetuadas de acordo com os padrões e regras ambientais estabelecidos pelas normas e
dispositivos legais.
Podem prover informações do sistema de gestão ambiental local, regional,
nacional ou até mesmo global, se for o caso. E medem as mudanças e impactos no
ambiente, pois as condições do ambiente podem mudar com o passar do tempo ou
com eventos específicos.
As organizações selecionam indicadores como um meio de apresentar dados
ou informações qualitativas ou quantitativas, de uma forma mais compreensível e
útil. As informações transmitidas através de indicadores podem ser expressas como

6
Reis, Maurício J. L. ISO 14000: Gerenciamento ambiental - Um novo desafio para a sua
competitividade . Rio de Janeiro, ed. Qualitymark, 1996 apud Cunha. R. S. Avaliação do
desempenho ambiental de uma indústria de processamento de alumínio. 2001. Dissertação
(Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001
7
Kuhre, W. L. ISO 14031: Environmental performance evaluation EPE. New Jersey:
Prenctica Hall PTR, 1998, apud ibidem
20

medições diretas ou relativas, ou como informações indexadas (NBR ISO 14031,


2004).
De acordo com a ABN-NBR-ISO 14031 (2004) são características de dados
para indicadores de ADA:
 Medição de cálculos diretos: dados ou informações básicas.
 Medição ou cálculos relativos: dados ou informações comparados ou
relacionados a outro parâmetro.
 Indexada: dados ou informações descritivas convertidos para unidades
ou para uma forma que relacione a informação a um padrão ou base de
referências escolhidos.
 Agregada: dados ou informações descritivas do mesmo tipo, mas de
diferentes fontes, coletados e expressos como um valor combinado.
 Ponderada: dados ou informações descritivas modificados pela
aplicação de um fator relacionado à sua significância.

A FIRJAN (2008) recomenda que ao definir indicadores deve-se optar por


indicadores que sejam simples, de fácil interpretação, ter uma base científica, devem
considerar as dificuldades de monitoramento e proporcionar bases sólidas para
comparações e tomada de decisões. Resumindo estes indicadores devem ser
transparentes, adequados, confiáveis e motivadores, conforme se observa na figura 4:

Figura 4: Características importantes dos indicadores. Fonte: FIRJAN, (2008)

Vale ressaltar que o uso de indicadores, bem como a implementação de um


SGA não é um requisito legal, no entanto essas medidas tendem a trazer benefícios
para as organizações, sejam estes, social, econômico e ambiental, buscando dessa
forma, atingir as três esferas do desenvolvimento sustentável.
Órgãos governamentais também podem usar IDAs em avaliações de
desempenho, avaliação e disseminação de tecnologias, avaliação de impactos
ambientais de diferentes setores ou regiões através da agregação de IDAs específicos
(REN, 2000).
21

2.3. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

Existem diversas definições para o conceito de impacto ambiental, quase


todas elas baseadas na lógica de ação-reação. Sánchez (2006, p. 42) ao estudar vários
autores e conceitos, define impacto ambiental como a “alteração da qualidade
ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocada por
ação humana.”
De acordo com a Resolução Nº 01/1986 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA impacto ambiental é considerado como “qualquer alteração
das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por
qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas.”
Na norma NBR ISO 14001/2004, o impacto ambiental é definido como
“qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte no todo
ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização.”
Outro conceito importante que foi inserido pela ISO 14001, foi o de aspecto
ambiental, que até então era utilizado com outra conotação. Segundo a norma,
aspecto ambiental é definido como: “elemento das atividades ou produtos ou serviços
de uma organização que pode interagir com o meio ambiente.”
Entende-se que "um aspecto ambiental significativo é aquele que tem ou pode
ter um impacto ambiental significativo”. Isto é, a organização identifica os aspectos
ambientais quando da avaliação para diagnosticar o que cada atividade, tarefa ou
passo de seus processos podem causar alterações no meio ambiente, assim os agentes
de cada alteração constituem os aspectos ambientais desta atividade. (SOUZA, 2001
apud TOLEDO et. al, 20038).
A norma NBR ISO 14001 cita que “a relação entre aspectos e impactos
ambientais é uma relação de causa e efeito”, na qual o aspecto ambiental se refere a
um elemento da atividade, produto ou serviço da organização que pode ter um
impacto benéfico ou adverso sobre o meio ambiente.

8
SOUZA, M. R. A Implantação do Sistema de Gestão Ambiental Segundo ISO 14001.
Dissertação de Mestrado do Programa da Escola Federal de Engenharia de Itajubá, 2001 apud
TOLEDO, et. al. A Implantação do Sistema de Gestão Ambiental Segundo ISO 14001: um estudo
de caso em uma empresa do Sul de Minas Gerais, XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção -
Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003
22

Com relação à Avaliação de Impactos Ambientais, em 1981 foi publicada a


Lei 6938, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Na Lei a
Avaliação de Impactos Ambientais foi instituída como um de seus instrumentos, a
fim de atingir os objetivos da Política que são: “preservação, melhoria e recuperação
da qualidade ambiental propícia a vida, visando assegurar no país condições
propícias ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional
e a proteção da dignidade da vida humana.” (BRAGA et. al. 2005, p. 251)
A Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) foi regulamentada pelo
CONAMA, através da Resolução nº 01 em 23 de janeiro de 1986. Esta resolução
definiu também a necessidade de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório
de Impacto Ambiental (RIMA) para 18 categorias de projetos que possam ser
instalados ou ampliados em determinada área, ou seja, atividades modificadoras do
ambiente.
Munn (1975, p. 23) apud Sánchez (2006, p. 39)9, um dos pioneiros no campo
de avaliação de impactos ambientais, define avaliação de impactos ambientais como
“Atividade que visa identificar, prever, interpretar e comunicar informações sobre as
consequências de uma determinada ação sobre a saúde e o bem-estar humanos.”
Todas as formulações do conceito da AIA a identificam como processo,
instrumento ou procedimento que visa prever os possíveis impactos de determinada
atividade. Segundo Silva (2004, p. 114) “a análise dos impactos deve compreender a
identificação, valoração e avaliação dos impactos durante as fases de planejamento,
implantação, operação e se for o caso desativação de um empreendimento”.

2.3.1. Métodos de avaliação e identificação de impactos ambientais

Existem diversos métodos que podem ser utilizados na avaliação de impactos


ambientais, segundo Tommasi (1993) apud Silva (2004, p. 11510) esse número passa

9
Munn,R. E. Environmental impact assessment: principles and procedure. SCOPE
report 5. Toronto: John Wiley & Sons, 1975, apud Sánchez, Luis Enrique. Avaliação de Impacto
Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de textos, 2006.
10
TOMMASI, L. R. Estudo de Impacto Ambiental. 1 ed. São Paulo: CETESB: Terragraph
Artes e Informática, 1993, 355p., SILVA, P. J. da. Estrutura para identificação e avaliação de
impactos ambientais em obras hidroviárias. 2004. Tese (Doutorado em Engenharia, Área de
concentração: Engenharia Hidráulica) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo,
2004
23

de cinqüenta. De acordo com Bastos & Almeida (2006, p. 88) essas metodologias
são mecanismos estruturados para comparar, organizar, e analisar informações sobre
impactos ambientais de um projeto.
Embora existam diversos métodos, nenhum deles consegue realizar todas as
atividades necessárias para avaliação completa dos impactos ambientais, que
conforme Munn (1975) apud Braga et. al. (2005, p. 25811) compreendem a
identificação, predição, interpretação, comunicação e monitoramento. Ainda segundo
Bastos & Almeida (2006, p. 88) é importante que nesses estudos haja uma integração
dos aspectos do meio físico, biológico e socioeconômico.
De maneira geral pode-se dizer que existem dois grupos de métodos
adotados, os métodos tradicionais de avaliação de projetos, como a análise custo-
benefício; e os métodos baseados na utilização de pesos escalonados. Segundo La
Rovere, (2001, p. 12):
O primeiro grupo busca uma mensuração destes aspectos em termos
monetários, enquanto o segundo procura aplicar escalas valorativas aos
diferentes impactos medidos originalmente em suas respectivas unidades
físicas, estes são chamados de métodos quantitativos.

Ainda de acordo com este autor, os métodos quantitativos são classificados


em duas categorias: a primeira, centrada preponderantemente na identificação e
sintetização dos impactos, e uma segunda, que incorpora de forma mais efetiva o
conceito de avaliação, podendo explicitar as bases de cálculo ou a ótica de diferentes
grupos sociais.
A seguir são descritos sucintamente alguns métodos de avaliação e
identificação de impactos ambientais.

2.3.1.1. Métodos espontâneos (Ad Hoc)


São baseados no conhecimento empírico de técnicos e cientistas especialistas
no assunto e/ou da área em questão. É um método de abordagem inicial que permite
uma visão integrada da questão ambiental, obtendo informações rápidas acerca dos
impactos prováveis. Em contrapartida têm como desvantagem a vulnerabilidade a
subjetividades e resultados pouco quantitativos. (BRAGA et. al, 2005, p. 259)

11
Munn, R. E. Environmental Impact Assessment. Nova York: John Mile and Sons, 1975.
apud BRAGA, B. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2005, 318 p
24

2.3.1.2. Métodos de listagem (check-lists)


Segundo Bastos & Almeida (2006, p. 90) esse método consiste na
identificação e enumeração dos impactos, a partir da diagnose ambiental realizada
por especialistas do meio físico, biótico e antrópico. Tem como vantagem seu
emprego imediato na avaliação qualitativa de impactos mais relevantes. Porém é
desvantajoso, pois não considera as relações causa-efeito entre os impactos é
considerada adequada para avaliações preliminares.

2.3.1.3. Matrizes de interação


São tabelas dispostas em linhas e colunas, as atividades do empreendimento e
os fatores ambientais, respectivamente, para as fases de implantação e operação.
Dessa maneira é possível relacionar os impactos de cada atividade nas quadrículas
resultantes do cruzamento das linhas com colunas, preservando as relações causa-
efeito, já que permitem analisar as consequencias de uma ação sobre o meio.
(BRAGA, et. al., 2005, p. 276)
De acordo com La Rovere (2001) entre as matrizes mais conhecidas é a
matriz de Leopold desenvolvida em 1971, para o Serviço Geológico dos Estados
Unidos. Esta matriz relaciona 100 ações humanas com 88 características e condições
ambientais que podem ser impactadas, resultando assim em 8800 interações entre
ações e características ambientais. (STAMM, 2003, p. 49) Além disso, em cada
quadrícula é inserida uma escala de ponderação dos impactos variável de 1 a 10, na
qual o maior número representa a máxima magnitude do impacto. Na frente de cada
número é inserido o sinal + ou – que indica se o impacto é positivo ou negativo
respectivamente.
Segundo SUREHMA/GTZ (1992) apud Stamm (2003, p. 4912) a vantagem
desse método é a forma como os resultados são exibidos, a simplicidade de
elaboração e o baixo custo, e como desvantagens: a dificuldade para distinguir os
impactos diretos dos indiretos, não identifica os aspectos espaciais dos impactos e
não considera a dinâmica dos sistemas ambientais analisados.

12
SUREHMA/GTZ. Manual de avaliação de Impactos Ambientais (MAIA). Secretaria
Especial do Meio Ambiente, Curitiba: 1992. 281p, apud STAMM, H. R., Método para Avaliação de
Impacto Ambiental (AIA) em projetos de grande porte: estudo de caso de uma usina
termelétrica, 2003. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2003
25

Outros métodos foram adaptados e desenvolvidos a partir da Matriz de


Leopold. Segundo Bastos & Almeida (2003, p. 90) “as matrizes atuais correspondem
a uma listagem bidimensional para identificação de impactos, permitindo ainda, a
atribuição de valores de magnitude e importância para cada tipo de impacto.”

2.3.1.4. Redes de interação (Networks)


São esquemas de sequências de operações nas quais são representados os
componentes de um projeto. Seu objetivo é simular as interações do projeto antes da
sua implementação, e os consequentes impactos de primeira e demais ordens.
Segundo Morgan (1998) apud Stamm (2003, p. 5013) se caracteriza por identificar
impactos indiretos e sinergéticos (secundários), subseqüentes ao impacto principal. A
desvantagem é que podem se tornar redes muito extensas, com cenários de difícil
aplicabilidade.

2.3.1.5. Superposição de Cartas (Overlay)


É um método em que cartas temáticas relativas aos fatores ambientais, tais
como embasamento geológico, tipo de solo, declividades, cobertura vegetal,
paisagem e outros, são confeccionadas e analisadas conjuntamente. (BRAGA, et. al.,
2005, p. 275). Esta superposição indica aptidões para uso do solo, vulnerabilidades e
potencialidades.
A vantagem desse método é a fácil visualização de impactos. Conforme,
Stamm (2003, p. 50), porém, “não possibilita a representação de fatores ambientais
não mapeáveis, possui difícil integração dos impactos socioeconômicos e não
considera a dinâmica dos sistemas ambientais.”

2.3.1.6. Modelos de simulação


De acordo com Bastos & Almeida (2006) são modelos matemáticos
destinados a representar o comportamento dos parâmetros ambientais ou as relações
e interações entre as causas e os efeitos de determinadas ações. Esses modelos são
capazes de processar variáveis qualitativas e quantitativas e incorporar medidas de

13
MORGAN, R. K. Environmental Impact Assessment. Dordbrecht: Kluwer Academic
Publishers, 1998. 307 p. apud ibidem p. 50
26

magnitude e importância dos impactos ambientais. É recomendado para projetos de


grande porte.
Braga et. al. (2005, p. 281) cita como vantagem desse método na versatilidade
na comparação de alternativas, permitem projeções temporais, promovem a
comunicação interdisciplinar e incorporam as relações de variáveis, que podem ser
de extrema complexidade. Por outro lado há a dificuldade de encontrar dados em
disponibilidade e também de incorporar alguns fatores como social e estético. Stamm
(2003, p. 52) sugere que os modelos de simulação sejam simples, mantendo-se a
seleção criteriosa dos parâmetros, para evitar distorções.

2.3.2. Impactos Ambientais em Estações de Tratamento de Esgoto

Como visto anteriormente, o tratamento do esgoto em uma ETE, pode causar


impactos ao meio ambiente. Embora as tecnologias de tratamento busquem a
proteção ambiental e da saúde pública, devem ser bem administradas a fim de
minimizar os possíveis impactos associados.
Vaz et. al. (2003) realizaram um estudo de avaliação de impactos ambientais
em uma ETE em Aparecida de Goiânia/GO. Os autores constataram que a
importância do desempenho ambiental de uma ETE “tem repercussões locais, que
envolvem solo, ar e recursos hídricos, pois atinge um dos principais ciclos de vida,
que é o da água, fundamental para manutenção da saúde do seres vivos e pelo
equilíbrio ecológico do meio ambiente.” Ainda segundo os autores, a realização de
um monitoramento adequado no sistema, principalmente com relação à:
(...) retirada da escuma, descarte do lodo formado no reator, queima dos
gases com folhas verdes para formação de húmus, controle de vazão de
chegada, capina constante na vegetação próxima existente e
acondicionamento adequado de resíduos, tem-se um equilíbrio entre as
atividades de tratamento e o meio físico, biótico, antrópico de modo que a
operação do sistema possa ser feita dentro dos padrões estabelecidos pela
norma NBR ISO 14004, mitigando-se assim os possíveis impactos ao
meio ambiente.

Em um estudo realizado em Palmas/TO por Naval et. al. (2004) para uma
ETE composta por reatores UASB e lagoas de estabilização, foi verificado que
apesar das inúmeras vantagens apresentadas pelas técnicas de tratamento, durante sua
instalação, manutenção e operação apresentam ações consideradas impactantes ao
27

ambiente. Ao final, os autores concluíram que o meio físico foi mais afetado pelos
impactos negativos, enquanto que o meio biótico foi o que apresentou o maior
numero relativo de impactos positivos. Sendo que estes “estão ligados ao aumento da
eficiência do sistema que consecutivamente favorece o ambiente.”
O Manual de Auditoria Ambiental de Estações de Tratamento de Esgoto
publicado pela Editora Qualitymark, realizado sob a coordenação do Professor
Emílio La Rovere, traz especificações sobre os principais processos de tratamento
utilizados em ETEs e a identificação dos riscos ambientais associados a cada
processo de tratamento.
Souza & Salvador (1997) apud Brostel & Souza14 (2005) relacionaram os
seguintes impactos sociais das ETEs nas fases de implantação e operação: impactos
positivos: geração de empregos, alteração nos índices de saúde pública, melhoria na
qualidade de vida; melhoria na qualidade ambiental; produção de peixes; impactos
negativos: geração de ruídos e de material particulado, aumento do tráfego de
veículos, desvalorização dos imóveis ao redor do empreendimento, desvalorização
imobiliária em geral, proliferação de odores, aumento das tarifas dos serviços de
saneamento, proliferação de insetos, formação de aerossóis.
Em nível internacional pode-se citar o trabalho de Agunwamba (2001), sobre
o reuso do efluente de lagoas de estabilização na irrigação e a influência
socioeconômica e ambiental sobre os agricultores. Os principais impactos ambientais
causados pelas lagoas e percebidos pelo autor foram: odores, moscas, resíduos
presença e captura de animais domésticos.
Gallego et. al (2008) utilizaram a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) para
analisar o impacto ambiental de diferentes tecnologias de tratamento de águas
residuárias, em pequenas populações. Os resultados da avaliação do impacto
ambiental foram expressos em categorias de impacto: esgotamento abióticos,
aquecimento global, acidificação, eutrofização, camada de ozônio
e oxidação fotoquímica.

14
SOUZA, R.C. & SALVADOR, N.N.B. Proposta para avaliação dos impactos sociais nos processos
de implantação e operação dos serviços de tratamento de esgotos sanitários. Revista Engenharia
Sanitária e Ambiental. Vol. 2. N º3 e 4. 1997 apud BROSTEL, R. C.; SOUZA, M. A. A., Uma
proposta para avaliação do grau de impacto provocado por estações de tratamento de esgotos.
23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Campo Grande/MS, 2005.
28

Durante a fase de operação de uma ETE, Trpevska & Dodeva (2009)


observaram que existe a possibilidade de poluição de águas subterrâneas devido a
vazamentos do sistema de tratamento de esgoto, produção de lodo, e devido ao
reabastecimento dos veículos e lavagem de veículos no local. Além disso, durante o
processo de secagem do lodo nos leitos de secagem, há alta
possibilidade de poluição das águas subterrâneas devido à infiltração de lixiviados.
O tratamento de esgoto gera subprodutos como resíduos líquidos (efluente
tratado), sólidos (lodo) e gasosos (gases) que devem ser destinados e tratados
adequadamente, evitando possíveis impactos.
Os principais resíduos sólidos gerados em uma estação de tratamento de
esgoto são (VAN HANDEEL & ALEM SOBRINHO, 2006):
Sólidos grosseiros: resíduos como, embalagens plásticas, pedaços de tecido,
madeira entre outros que são misturados ao esgoto podendo danificar os sistema de
tratamento;
• Sólidos inorgânicos (areia e silte): esses resíduos podem gerar danos
operacionais no sistema como o assoreamento e o desgaste dos
equipamentos mecânicos;
• Material flutuante ou escumas: compostos por materiais de menor
densidade que a água (óleos e graxas, por exemplo);
• Lodo: resíduos do tratamento em si. Distingue-se em lodo primário e lodo
secundário, gerados nos processos de tratamento primário e tratamento
biológico, respectivamente. O lodo possui alto teor de material orgânico,
nitrogênio e fósforo.
Com relação aos gases odorantes gerados em estações de tratamento de
esgoto, estes são resultado da decomposição anaeróbia da matéria orgânica contendo,
principalmente, enxofre e nitrogênio. Segundo Belli Filho et. al (2001) os principais
subprodutos que geram odores pertencem às famílias de compostos químicos tais
como os sulfurados (H2S, mercaptanas), nitrogenados (NH3, aminas cíclicas) e
hidrocarbonetos como fenóis, aldeídos, cetonas, álcoois e ácidos orgânicos.
Os principais compostos odorantes provenientes da atividade bacteriana são:
gás sulfídrico, mercaptanas, amônia, aminas com baixo peso molecular, indol,
29

escatol, ácidos graxos voláteis, álcoois, aldeídos, cetonas e ésteres. (BELLI FILHO
et. al., 2001)
A liberação de tais compostos depende da concentração no líquido, da área
superficial do líquido exposta à atmosfera, do grau de turbulência do fluxo deste
líquido e do pH e temperatura do líquido. (LUDUVICE, et. al. 1997)

2.4. TRATAMENTO DE ESGOTO

São conhecidas inúmeras opções para se fazer o tratamento dos esgotos. A


decisão sobre a melhor técnica a ser utilizada depende das características qualitativas
e quantitativas do esgoto, além da qualidade que se quer deixar o esgoto depois de
tratado. (SILVEIRA, 2009, p. 71)
Após o tratamento o efluente é lançado em um corpo d’água, a sua qualidade
deverá estar de acordo com os limites estabelecidos pela Resolução do CONAMA n.o
357/05. A Resolução enquadra os corpos d’água, de acordo com os usos
preponderantes:
• Águas doces: classe especial e 1 a 4;
• Águas salobras: classe especial e 1 a 3;
• Águas salinas: classe especial e 1 a 3.
Cada classe possui uma qualidade a ser mantida. Além do enquadramento a
Resolução estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. O
atendimento aos padrões de lançamento deve garantir simultaneamente o
atendimento aos padrões do corpo receptor.
Segundo Von Sperling (2005, p. 252) os métodos de tratamento são divididos
em operações e processos unitários, e a integração destes compõe os sistemas de
tratamento. Os níveis de tratamento usualmente considerados são:
• Tratamento preliminar: é a fase do tratamento onde são retirados os sólidos
grosseiros, para isso são utilizadas grades e peneiras. Nesta fase também
são removidos os minerais pesados, como a areia carreada junto com o
esgoto. Para esta remoção utiliza-se a sedimentação, através das caixas de
areia, ou desarenador.
30

• Tratamento primário: nesta etapa do tratamento há a remoção de parte da


matéria orgânica presente nos esgotos removendo os sólidos ainda
presentes. Estes sólidos vão para o fundo dos decantadores, formando o
lodo primário bruto. Frequentemente o lodo deve ser retirado do fundo do
decantador através de raspadores mecanizados, tubulações ou bombas.
• Tratamento secundário: o tratamento secundário também remove a matéria
orgânica e os sólidos em suspensão na água. Neste sistema ocorrem
processos biológicos, através da ajuda de microrganismos como as
bactérias, protozoários e fungos. As unidades mais comuns de tratamento
secundário são as lagoas de estabilização e lodos ativados.
• Tratamento terciário: é utilizado quando se deseja ter uma qualidade
superior no efluente. Nesta etapa são removidos os compostos como
organismos patogênicos, nitrogênio e fósforo, além da remoção completa
da matéria orgânica.

2.4.1. Lagoas de estabilização

As lagoas de estabilização são construídas de forma simples, baseando-se


principalmente em movimento de terra de escavação e preparação dos taludes. Tem
como finalidade tratar as águas residuárias, através de processos biológicos, pela
presença na água de microorganismos como bactérias, protozoários e fungos.
De acordo com Jordão & Pessôa (2005, p. 668), “as lagoas de estabilização
são sistemas de tratamento biológico em que a estabilização da matéria orgânica é
realizada pela oxidação bacteriológica (oxidação aeróbia ou fermentação anaeróbia)
e/ou redução fotossintética das algas”.
O principal objetivo das lagoas de estabilização é a remoção de matéria
orgânica carbonácea e, segundo Von Sperling (2002, p. 19), o processo consiste na
retenção dos esgotos por um período de tempo longo o suficiente para que os
processos naturais de estabilização da matéria orgânica se desenvolvam.
Segundo, Von Sperling et. al (2003, p. 278), as lagoas de estabilização são
bastante indicadas para regiões de clima quente e países em desenvolvimento, pois
geralmente disponibilidade de área; o clima é favorável (temperatura e insolação
31

elevadas); a operação do sistema é simples, não há necessidade muitos equipamento


e o custo de implantação e operação são adequados.
Existem diversas variantes nos sistemas de lagoas de estabilização, com
diferentes níveis de simplicidade operacional e requisitos de área. As lagoas podem
ser classificadas de acordo com a forma em que ocorre a estabilização da matéria
orgânica (Jordão & Pessôa, 2005, p. 668):
• Lagoas anaeróbias: nas quais predominam processos de fermentação
anaeróbia, isto é, imediatamente abaixo da superfície não existe oxigênio
dissolvido;
• Lagoas facultativas: nas quais ocorrem, simultaneamente, processos de
fermentação anaeróbia, oxidação aeróbia e redução fotossintética, isto é, uma
zona de atividade bêntica é sobreposta por uma zona aeróbia de atividade
biológica, próxima à superfície;
• Lagoas estritamente aeróbias: nas quais se chega a um equilíbrio da oxidação
e da fotossíntese para garantir condições aeróbias em todo meio;
• Lagoas de maturação ou de polimento: usadas para refinamento do tratamento
prévio por lagoas ou por outros processos biológicos. Têm o objetivo de
reduzir bactérias, sólidos em suspensão e nutrientes;
• Lagoas aeradas: nas quais se introduz oxigênio no meio líquido através de um
sistema mecanizado de aeração. As lagoas aeradas podem ser estritamente
aeradas ou facultativas e essas lagoas devem ser seguidas por uma lagoa de
sedimentação;
• Lagoas com macrófitas: usadas como polimento final de um tratamento por
lagoas, com o objetivo de reduzir nutrientes, sólidos em suspensão e a DBO
remanescente.

A Tabela 1 apresenta as faixas de eficiência para remoção de alguns


parâmetros físicos químicos dos principais sistemas de lagoas de estabilização.
32

Tabela 1: Faixas de eficiências de remoção de alguns parâmetros físico-químicos e


biológicos em sistemas de lagoas de estabilização
Item geral Item específico Sistemas de lagoas
Aerada de
Anaeróbia- Aerada
Facultativa mist. completa
facultativa facultativa
- decantações
DBO (%) 75-85 75-85 75-85 75-85
DQO (%) 65-80 65-80 65-80 65-80
Sólidos
70-80 70-80 70-80 80-87
Sedimentáveis (%)
Eficiência
Amônia (%) <50 <50 <30 <30
Nitrogênio (%) <60 <60 <30 <30
Fósforo (%) <35 <35 <35 <35
Coliformes (%) 90-99 90-99 90-99 90-99
Fonte: Von Sperling (2002, p. 14)

2.4.1.1. Lagoas facultativas


As lagoas facultativas constituem um dos sistemas mais simples de lagoas de
estabilização. Jordão & Pessôa (2005, p. 677), citam que “lagoas facultativas podem
ser projetadas para operar como uma única unidade ou em sequência a uma lagoa
anaeróbia”. Pode ainda operar após uma estação de tratamento, sendo chamada de
lagoa “de polimento” e pode também anteceder uma série de lagoas de maturação.
Quando recebem o esgoto bruto as lagoas facultativas são chamadas de lagoas
primárias, e quando precedidas por outro tipo de tratamento recebem o nome de
lagoas secundárias.
O processo consiste na entrada do efluente por uma extremidade da lagoa e
saída pelo outro lado. Durante este, intervalo que leva dias, ocorrem os processos de
estabilização da matéria orgânica.
A lagoa facultativa se caracteriza por possuir três zonas distintas: zona
aeróbia superior, zona anaeróbia e zona facultativa, conforme se pode observar na
Figura 5.
Na zona aeróbia a matéria orgânica fica dispersa na massa líquida, sendo
decomposta através do processo de respiração aeróbia. Na respiração aeróbia, é
necessária a presença de oxigênio, o qual é suprido ao meio pela fotossíntese
realizada pelas algas.
33

Figura 5: Esquema simplificado de uma lagoa facultativa.


Fonte Von Sperling, (2002, p. 21)

Há, assim, perfeito equilíbrio entre o consumo e a produção de oxigênio e gás


carbônico. (VON SPERLING et. al., 2003, p. 279)
Parte da matéria orgânica tende a se depositar no fundo da lagoa formando
um lodo. Neste lodo ocorre o processo de digestão anaeróbia, que consiste na
transformação do lodo em gás carbônico, metano, água e outros. Este é um processo
de decomposição realizado pelos microrganismos anaeróbios. Nuvolari (2003) cita
que a decomposição anaeróbia gera como subprodutos o gás natural, composto por
aproximadamente 30 a 40% de CO2 (gás carbônico) e 60 a 70% de CH4 (gás
metano). Além do gás natural gera outros gases em menor proporção com H2S (gás
sulfídrico), mercaptanas e escatóis. No fundo permanece apenas a fração inerte (não
biodegradável) do lodo.
A zona facultativa é a zona intermediária onde bactérias facultativas
conseguem sobreviver com ou sem oxigênio.
O pH das lagoas depende da fotossíntese, por isso tende a variar ao longo do
dia, sendo baixo no início da manhã devido ao excesso de gás carbônico produzido a
noite. Durante o dia o pH tende a se elevar em razão da produção de oxigênio e
consumo de CO2.
34

A profundidade também influencia no pH e está relacionada com aspectos


biológicos e hidrodinâmicos. Geralmente essa profundidade varia entre 1,2 e 2m,
sendo recomendadas as mais profundas. (JORDÃO & PESSÔA, 2005, 691)
Segundo Fonseca (2005, p. 43) a lagoa facultativa é influenciada por fatores
ambientais incontroláveis como temperatura, evaporação, precipitação, ventos e
radiação solar. Esses fatores são responsáveis por um melhor funcionamento da
lagoa.
Outro aspecto importante que interfere no processo é o tempo de detenção
hidráulico (θh), que representa o tempo necessário para que os microrganismos
procedam a estabilização da matéria orgânica na lagoa. Segundo Jordão & Pessôa
(2005, p. 691) esse tempo costuma variar entre 15 e 45 dias.

2.4.1.2. Lagoas de maturação


As lagoas de maturação são empregadas no final de um sistema de
tratamento, e tem como objetivo a remoção de organismos patogênicos.
O princípio de funcionamento se baseia em condições em que os patógenos
não conseguem sobreviver, tais como: baixa profundidade, radiação solar elevada,
bem como elevados tempos de detenção hidráulico. Em baixa profundidade os raios
solares conseguem penetrar na massa líquida mais facilmente, fazendo com que a
fotossíntese seja acentuada, e também a produção de OD e o consumo de CO2,
consequentemente o pH é elevado.
De acordo com Jordão & Pessôa (2005, p. 713) as profundidades
recomendadas são entre 0,6 e 1,5m.
35

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo serão apresentados os materiais e métodos utilizados para


realização deste estudo. Inicialmente é feita uma descrição da área de estudo, desde o
histórico do local, as características do sistema de tratamento e as atividades
desenvolvidas na área da ETE.
Em seguida são descritos os métodos utilizados em cada etapa do estudo:
levantamento de dados, identificação dos aspectos e impactos ambientais, definição e
validação dos indicadores ambientais e descrição da metodologia empregada em
cada indicador.

3.1. ÁREA DE ESTUDO

3.1.1. Histórico

O crescimento da cidade de Cuiabá se deu principalmente a partir de políticas


de interiorização do desenvolvimento dos anos 40 e 50 e da política de integração
nacional dos anos 70. A população estimada em 2010 pelo IBGE chegou a 551.350
habitantes.
Devido a esse aumento populacional, principalmente na década de 70, houve
um “inchaço” nas áreas centrais da cidade onde se distribuíam os bairros existentes
naquela época, já que o limite da cidade não ultrapassava a Perimetral, hoje
conhecida como Avenida Miguel Sutil. Começaram então, a surgir problemas de
habitação.
Associado a esse cenário, a partir de 1974 o governador José Fontanilas
Fragelli iniciou a mudança da sede do governo do Estado (Palácio do Governo) para
a região norte de Cuiabá. Esse local foi denominado “Centro Político Administrativo
– CPA”. Foram então aprovados os primeiros projetos para a construção de
36

conjuntos habitacionais da COHAB – Companhia de Habitação Popular do Estado de


Mato Grosso, na região Norte da cidade, para atender a população de baixa renda
(CPA I, II, III, IV) e a classe média (Morada do Ouro). (Instituto de Planejamento e
Desenvolvimento Urbano – IPDU, 2010, p. 19).
Em 1976 iniciaram-se as obras do 1º Núcleo Habitacional do CPA, onde
foram implantadas 941 unidades habitacionais denominadas mais tarde de CPA I.
Devido ao grande número de pessoas inscritas para concorrer às casas, logo a
COHAB começou a elaborar novos projetos de núcleos habitacionais, o que deu
origem aos Núcleos CPA II, CPA III e CPA IV.
Inicialmente a infra-estrutura era precária. Com o passar do tempo as ligações
de esgoto (11.850 metros de coletores 150 mm todo em cimento amianto) foram
construídas e posteriormente as estações de tratamento.
O projeto completo da estação de tratamento de esgoto do CPA III, composta
por lagoas de estabilização, foi implantado em 1986 para atender os bairros CPA II,
CPA III e parte do CPA IV, pela SANEMAT – Companhia de Saneamento do
Estado de Mato Grosso.
Atualmente, a ETE trata o esgoto dos bairros já citados além do bairro Novo
Mato Grosso e é operado pela Companhia de Saneamento da Capital (SANECAP),
atendendo uma população de 42300 habitantes, com uma área total de 31,77 ha
sendo 14.0 ha de lamina d’água.

3.1.2. Características do Sistema

O tratamento do esgoto na Estação de Tratamento do CPA III é feito por meio


de um sistema formado por lagoas de estabilização, conforme o layout a seguir
(Figura 6):

Figura 6: Layout do sistema de tratamento de esgoto. Fonte: Adaptado de Von Sperling


(2002)
37

As lagoas possuem as seguintes características:


Tabela 2: Dados das lagoas do sistema
Tempo de
Vazão*
Largura Comprimento Profundidade detenção
Lagoa Média
(m) (m) (m) hidráulico
(l/s)
(dias)**
Facultativa 155,8 427,8 1,25 17,7
54,55
Maturação 97,6 335,3 0,90 6,2
*Vazão média afluente no resultante do monitoramento 24h realizado nos dias 25 e 26 de
janeiro de 2007. (Destro, 2007)
** Tempo de detenção hidráulico resultante da vazão média afluente obtida no
monitoramento 24 h. (Destro, 2007)

O tratamento se inicia com a chegada do esgoto por uma tubulação de 500


mm e escoando por um canal de cerca de 2 metros até o gradeamento, feito por uma
grade (Figura 7) constituída de barras de ferro dispostas paralelamente e inclinada
em 45º, de limpeza manual. Em seguida o esgoto passa por uma caixa de areia
(Figura 8) e por um medidor de vazão do tipo Calha Parshall.

Figura 7: Gradeamento Figura 8: Caixa de areia

O esgoto é então lançado na lagoa facultativa (Figura 9), por meio de três
dispositivos de entrada (Figura 10) arranjados de maneira com que o efluente seja
bem distribuído pela lagoa, evitando “zonas mortas”.
38

Figura 9: Lagoa Facultativa Figura 10: Dispositivo de Entrada da


Lagoa Facultativa

Após a lagoa facultativa o efluente entra numa calha de passagem e é lançado


na primeira lagoa de maturação através de um tudo de cimento amianto de 500 mm
com inclinação de 0,003 m/m. O efluente da lagoa de maturação 1 é encaminhado à
lagoa de maturação 2 através de uma calha de passagem e tubulação de cimento
amianto de 500 mm. A figura 11 mostra as duas lagoas de maturação.
Da lagoa de maturação o esgoto possa por um dispositivo de saída de nível
variável (Figura 12), construído em concreto armado, e é lançado no corpo receptor
através de uma tubulação de cimento amianto de 500 mm.

Figura 11: Lagoas de Maturação Figura 12: Dispositivo de saída da Lagoa


de Maturação 2.

3.1.2.1. Controle de odores


Foram instalados dois aeradores flutuantes de eixo vertical a fim de
minimizar os odores gerados na lagoa, com funcionamento 24h por dia e tem
consumo médio de 100 kwh/mês. A lagoa ainda tem características de facultativa
39

(zona aeróbia e anaeróbia), pois a oxigenação realizada pelos aeradores age apenas
na camada superficial. (Figura 13).

Figura 13: Aeradores instalados na lagoa facultativa

3.1.2.2. Corpo receptor


O efluente da ETE CPA III é lançado no córrego do Caju (Figura 14). O
córrego nasce nas proximidades da Praça Cultura do CPA II e tem seu exutório no
córrego Gumitá, com cerca de 2,45 quilômetros de comprimento, dos quais,
aproximadamente 70 % é canalizado e parte retificado. A área de drenagem é de
aproximadamente 2,5 Km² e o número de domicílios é cerca de 5 mil. (Bruno et. al,
2009)
Apesar de já existirem projetos e obras sendo executadas para reutilização do
efluente na piscicultura e fertirrigação, até a realização deste trabalho todo efluente
tratado na ETE estava sendo lançado no córrego.

Figura 14: Córrego do Caju na área da Lagoa Encantada


40

3.1.2.3. Consumo de energia


No que diz respeito a energia elétrica, o espaço da ETE necessita de energia
elétrica para funcionamento de Aeradores, para Estação Elevatória de Esgoto
Bruto/Casa do Operador e para o Complexo do Auditório.
A ETE possui 02 unidades consumidoras (UC), sendo uma para a Estação
Elevatória de Esgoto Bruto que consome em média 380 kwh/mês e outra UC para
atender aos Aeradores com consumo médio de 100 kwh/mês.

Reator Anaeróbio
Encontra-se hoje em fase de planejamento a implantação de dois reatores do
tipo UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket/Reator Anaeróbio de Fluxo
Ascendente), com vazão de 50 l/s cada unidade. O sistema de tratamento de esgoto
se tornará do tipo hibrido (anaeróbio-aeróbio), sendo que as lagoas passarão a atuar
no pós-tratamento do efluente do reator.

3.2. MÉTODOS

Este item descreve a metodologia utilizada para o estudo dos impactos


ambientais da estação de tratamento de esgoto do CPA III, em Cuiabá-MT.
Os métodos utilizados foram baseados nos fundamentos teóricos abordados
no item 2. Revisão Bibliográfica.
Este estudo tem como questão central os impactos causados pela estação e
como a empresa deve gerenciar os aspectos ambientais a fim de atender a legislação
vigente, proteção dos recursos naturais e interação com a população atendida. A
figura 15 mostra um fluxograma das atividades desenvolvidas durante o estudo.
41

Figura 15: Etapas do estudo

1ª Etapa
Inicialmente foi realizado um levantamento no qual foram obtidas diversas
informações sobre a ETE, seu funcionamento e atividades desenvolvidas. A coleta de
dados foi obtida em fontes primárias e secundárias:
• Fontes primárias: essas informações foram obtidas junto a Companhia de
Saneamento da Capital e por meio de um questionário elaborado e
aplicado com os moradores do entorno da ETE.
Questionário: inicialmente foi aplicado um questionário (Figura 16) composto por
oito questões (Apêndice 1), sendo sete do tipo fechada e uma aberta.
A área de aplicação do questionário foi definida pelo projeto Implantação do
Centro de Referência de Reuso de Água – CRRA, conforme se pode observar no
Apêndice 2. O método de amostragem utilizado foi amostragem aleatória simples,
na qual todos os elementos da população têm a mesma probabilidade de pertencerem
à amostra. A amostragem foi feita de maneira que se obtivesse uma amostra
representativa das áreas geográficas em estudo, que fazem limite com a estação:
bairro CPA 3 (setores 1, 2, 4 e 5), e o bairro Novo Mato Grosso.
42

Figura 16: Aplicação do questionário

O objetivo do questionário foi levantar dados sobre a satisfação dos usuários


do espaço da estação e principalmente com relação ao odor. Antes da aplicação do
questionário as pessoas eram informadas do objetivo da pesquisa e respondiam se
aceitavam ou não participar.

• Fontes secundárias: foram levantadas a partir de diversas fontes a fim de


obter informações gerais sobre a ETE, entre as quais se cita: artigos e
trabalhos acadêmicos (graduação e mestrado) e relatórios de projetos.

2ª Etapa
A partir dos dados obtidos, foram identificados os aspectos ambientais
decorrentes das atividades desenvolvidas. Além do sistema de tratamento de esgoto,
foram incluídas as atividades diversas que são realizadas na área da ETE.
Foi elaborada uma matriz das atividades desenvolvidas, os aspectos
ambientais decorrentes destas, e os impactos associados.
A matriz de impactos utilizada foi adaptada da matriz proposta Seiffert
(2007). Foram considerados alguns fatores para caracterização dos impactos:
• Classe:
o Benéfico (B): quando o impacto for positivo;
o Adverso (A): quando o impacto for negativo.
• Situação operacional
43

o Normal (N): associados à rotina diária, inclusive manutenção e


reformas, tais como limpeza de talude, retirada de escumas, etc;
o Anormal (A): associados a operações não rotineiras (testes,
alterações em rotinas por motivos específicos);
o Emergência (E): associados a situações planejadas, de emergências
inerentes as atividades e operação.

A verificação da importância dos impactos ambientais foi feita somando-se


pontos atribuídos a: conseqüência e a probabilidade/ freqüência de ocorrência de
cada impacto, conforme os seguintes critérios:
• Consequência: a conseqüência foi obtida em função da abrangência e da
severidade do impacto:

Quadro 2: Consequência dos impactos ambientais


Consequência (pontos)
Abrangência
Descrição
Local Regional Global
Severidade
• Degradação ambiental sem
consequências para o negócio e
para imagem da empresa, Baixa 20 25 30
totalmente reversível com ações
de controle.
• Degradação ambiental com
consequências para o negócio e
para imagem da empresa, Média 40 45 50
reversível com ações de
controle/mitigação.
• Degradação ambiental com
consequências financeiras e de
Alta 60 65 70
imagem irreversível mesmo com
ações de controle.
Fonte: Adaptado de Seiffert (2007)

Como referencial para o nível de abrangência foi definida a seguinte


classificação:
o Local (L): o impacto excede os limites da ETE;
o Regional (R): o impacto ocorre dentro dos limites da região ou
estado;
44

o Global (G): o impacto excede os limites do estado, Brasil ou


mundo.

• Probabilidade/freqüência: a freqüência foi analisada conforme o quadro


3:

Quadro 3: Enquadramento de freqüência/probabilidade dos impactos ambientais


Freqüência/
Descrição Pontos
Probabilidade
• Ocorre menos de uma vez/mês
• Reduzido número de aspectos ambientais associados ao
Baixa impacto; (menos de 20% do total) 10
• Existência de procedimentos / controles / gerenciamento
adequado dos aspectos ambientais
• Ocorre mais de uma vez/mês
• Médio número de aspectos ambientais associados ao
Média impacto; (de 20 a 60%) 20
• Existência de procedimentos / controles / gerenciamento
adequado dos aspectos ambientais
• Ocorre diariamente
• Elevado número de aspectos ambientais associados ao
Alta impacto; (>60%) 30
• Inexistência de procedimentos / controles /
gerenciamento adequado dos aspectos ambientais
Fonte: Adaptado de Seiffert (2007)

O enquadramento da verificação de importância foi obtido somando as


pontuações de cada análise, e os resultados foram comparados aos critérios do
quadro 4:
Quadro 4: Critérios de enquadramento de impactos ambientais
Enquadramento do Impacto Amplitude de pontos
Desprezível (D) Pontuação total menor que 50
Moderado (M) Pontuação total entre 50 e 70
Crítico (C) Pontuação total maior que 70
Fonte: Adaptado de Seiffert (2007)

Os impactos considerados desprezíveis não foram submetidos à análise de


significância, admitindo-se que estes são “não significativos”, Os impactos
moderados foram submetidos à análise de significância. A estes impactos foram
relacionados filtros de segurança, que tem por objetivo identificar uma condição de
45

exigência específica que é adotada como critério para avaliação dos impactos
ambientais. O impacto ambiental foi considerado significativo, quando aplicado a
pelo menos um dos filtros. Foram aplicados os seguintes filtros, conforme citado por
Menezes et. al. (2006):
• Requisitos legais e estatutários: existe legislação, norma técnica e/ou
exigência estatutária especificamente direcionada(s) ao impacto ambiental
em foco;
• Demanda de partes interessadas: o impacto ambiental em estudo está
associado a interesse de cliente, da sociedade, de órgão público, ou outros
terceiros, podendo gerar reclamações e descumprimento de acordo pré-
estabelecido;
• Opções estratégicas: o impacto ambiental em questão está associado a
determinado interesse estratégico, negócios, ou focado na política da
empresa.
Os impactos enquadrados como críticos devem ser considerados como
“significativos” mesmo se não aplicados aos filtros de segurança.

3ª Etapa
Buscou-se quantificar os impactos ambientais, enquadrados como
significativos, com o uso de indicadores ambientais, segundo Munn (1975) apud
Sánchez (2006, p. 259) através de indicadores é possível a obtenção da medida da
magnitude do impacto ambiental.
Nesse estudo são chamados de indicadores ambientais aqueles utilizados para
avaliar o desempenho da estação e, sobretudo os impactos causados por esta.
Foram propostos indicadores baseados nas recomendações da ABNT-NBR-
ISO 14031/2004: Gestão Ambiental - Avaliação de Desempenho Ambiental, e
também foram propostos indicadores apropriados a uma estação de tratamento de
esgoto.
Em posse destes dados foi feita uma análise sobre estes indicadores. Após
esta análise foram identificados entre tais indicadores quais eram mais expressivos,
para medir o que estava sendo observado, nesse caso os impactos ambientais. Para
isso foi utilizada a validação de conteúdo.
46

A validade de conteúdo dos indicadores definidos foi direcionada para um


grupo de 15 profissionais e pesquisadores da área de Engenharia Sanitária e
Ambiental. O contato com o grupo foi feito por email. O questionário (Apêndice 3)
foi respondido de acordo com a escala gradativa de Leikert, conforme descrito em
Cooper & Schindler (2003), em que cada indicador se enquadra em uma categoria.
Em seguida foi realizada a somatória dos pontos de cada indicador, para verificar
qual seria o mais significativo.
E por fim foram propostas medidas mitigadoras para os impactos negativos e
otimização dos impactos positivos, sempre em busca da melhoria contínua.

3.2.1. Metodologia utilizada para obtenção dos indicadores

3.2.1.1. Índice de Resíduos Sólidos


Para o cálculo do indicador foram atribuídos pesos de acordo com o destino
final e/ou tratamento dado para os resíduos. Esta metodologia foi adaptada da
proposta da FAEMA (1999) apud Rufino (200215) na realização do estudo de
Qualidade Ambiental no município de Tubarão/SC. Foi considerada como situação
ideal a reciclagem dos resíduos sólidos, ou no caso do lodo de esgoto a sua
reutilização. Por outro lado a ausência de tratamento e/ou disposição de acordo com
os requisitos legais foi definida como situação mais critica.
O índice, chamado de Índice de Resíduos Sólidos (IRS) é dado pela seguinte
equação:
I RS = ∑ (qi × pi )

Onde: qi: porcentagem do tipo de resíduo gerado na ETE;


pi: fator de peso atribuído para o tipo de tratamento dado ao resíduo,
segundo a tabela 3:

15
FAEMA. Fundação Municipal de Meio Ambiente. Programa de indicadores ambientais para
Blumenau: avaliação do índice de sustentabilidade para Blumenau (ISB) do ano de 1998.
Blumenau, 1999 apud RUFINO, R. C. Avaliação da qualidade ambiental do município de
Tubarão (SC) através do uso de indicadores Ambientais. 2002. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2002
47

Tabela 3: Forma de disposição e/ou tratamento dos resíduos sólidos.


Disposição e/ou
Peso
tratamento
Inexistente 0
Vala 0,1
Ecoponto* 0,4
Aterro Sanitário 0,8
Reciclagem/Reutilização 1
Fonte: Adaptado de FAEMA, apud Rufino (2002)
*Local destinado pela Prefeitura para recebimento de material orgânico e entulho
recolhidos por charreteiros e localizado em frente a estação.

O resultado do indicador foi obtido através de uma média ponderada entre a


quantidade de resíduo produzido e o fator de peso atribuído ao tipo de disposição
final ou tratamento realizado. O Índice de Resíduos Sólidos (IRS) é encontrado
através da somatória das médias ponderadas (índices parciais).

3.2.1.2. Índice de Incômodo causado pelos odores


As informações necessárias foram obtidas no questionário aplicado a
comunidade do entorno da Lagoa, em que os moradores eram apresentados a um
cartão-resposta para a seguinte pergunta: “Observando estas figuras, como você se
sente com relação ao odor proveniente da Lagoa?”. O cartão (figura 17) é composto
apenas por figuras em escala, para identificação da reação da comunidade com
relação ao odor proveniente da Lagoa.

Figura 17: Nível de agrado do odor. Fonte: Meyer (1999), apud Truppel (2002).
i = categorias de resposta do questionário
48

A partir da resposta foi calculado o Índice de Incômodo (I). Este índice é


baseado na norma da Verein Deutscher Ingenieure – VDI 3883 (1993) conforme o
descrito por Belli Filho et. al.(2007), dado pela seguinte equação:
1 4
I=
N
∑ i =0
Wi × N i

Onde:
N: número total de observadores;
i: representa a categoria da resposta;
Wi: representa o coeficiente da categoria i;
Ni: corresponde ao número de respostas da categoria i.

Os coeficientes (Wi) a serem utilizados em cada categoria são apresentados


na Tabela 4:

Tabela 4: Categoria de incômodo (i) e respectivos coeficientes. Adaptado do


modelo da Verein Deutscher Ingenieure 3883 (VDI) (1993)
Caráter Hedônico i Wi
Sem odor 0 0
Odor sem ofensividade 1 0
Odor pouco ofensivo 2 25
Odor ofensivo 3 50
Odor extremamente ofensivo 4 100

O valor do índice de incômodo é zero quando as pessoas que se declaram não


incomodadas com os odores e igual a 100 para aquelas em que todos os participantes
ficam extremamente incomodados. Esta escala valoriza a resposta que sente odores
mais intensos (mais afetados), prevalecendo sobre os que não sentem ou julgam o
odor muito fraco. (DE MELO LISBOA, H., 2010)

3.2.1.3. Eficiência do sistema e qualidade da água do córrego


A qualidade da água do córrego e a eficiência do sistema são monitoradas
através de análises mensais. As coletas e análises são realizadas pelo Departamento
de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMT, através de um convênio com a
Sanecap. A figura 18 mostra os pontos de monitoramento na Lagoa e no córrego do
Caju.
49

Figura 18: Pontos de monitoramento.


Onde P1: entrada do sistema (Calha Parshall); P2: saída da lagoa facultativa; P3:
saída da lagoa de maturação 1; P4: saída da lagoa de maturação 2; CM: córrego a
montante do lançamento e CJ: córrego a jusante do lançamento.

Os indicadores definidos foram: eficiência do sistema em termos de remoção


da DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), e OD (Oxigênio Dissolvido) no
córrego do Caju.
A DBO é uma medida indireta da concentração de matéria orgânica presente
em uma amostra de água. Esta medida é obtida através da determinação da
quantidade de oxigênio consumido para converter a matéria orgânica presente na
água em uma forma inorgânica em um período de tempo determinado. Por uma
questão de padronização utiliza-se conceito de DBO padrão, expressa por DBO520ºC.
A DBO foi obtida por meio do método de Winkler Modificado pela Azida-sódica
com incubação por 5 dias a 20°C.
O outro indicador definido foi o Oxigênio Dissolvido – OD. Dessa maneira
buscou-se verificar as condições do córrego com o lançamento, para comparação
utilizou-se a medida feita de OD do córrego a montante da ETE. O OD foi
determinado pelo Método Eletrométrico nos dias da coleta (in situ) utilizando o
oxímetro Hatch - HQd Field Case.
Para efeito de comparação foi utilizado como parâmetros de análise da
eficiência do sistema a DQO (Demanda Química de Oxigênio), determinada por
meio do método do refluxo fechado colorimétrico.
50

3.2.1.4. Qualidade de vida


O indicador de qualidade de vida definido foi quantitativo, pois para se
avaliar a influência seria necessário um estudo mais aprofundado sobre hábitos e
alimentação.
O indicador definido foi “Número de usuário/dia”. Foi feito um levantamento
prévio e optou-se por diagnosticar o número de pessoas que freqüentam a aeróbica
realizada duas vezes por semana (segunda e quarta) no complexo da Lagoa. Essa
atividade foi escolhida por ser um grupo fechado e com horário fixo. Pois as outras
atividades, como por exemplo, academia e pista de caminhada ficam abertas o dia
todo, e além de que a área possui cinco entradas e não é feito nenhum controle de
entrada e saída.
Durante quatro dias, foi feito um monitoramento e contagem do número de
usuários.

3.2.1.5. Educação ambiental


O indicador de educação ambiental definido foi o Número de Pessoas
Envolvidas em Eventos de Educação Ambiental. Segundo Butzke et. al. (2001) existe
uma grande dificuldade na definição de indicadores para ações de natureza tão
qualitativa e subjetiva quanto às ações educativas, pois não é possível aplicar “testes de
conhecimentos”, aferindo-se então notas ou conceitos. Seria necessário avaliar
especialmente as mudanças de opinião, e as mudanças de comportamento.
Nesse sentido esse indicador pode ser medidas em termos de resultados
quantitativos. Pois a consciência ambiental depende de uma mudança de valores, que
é um processo lento, e que exige um trabalho educativo constante.
O indicador definido foi obtido nos relatórios do projeto CRRA, que são
trimestralmente enviados a Petrobras.

3.2.1.6. Vegetação
Os indicadores definidos para avaliação dos impactos com relação a
vegetação foram: Número total de espécies e Área degradada em relação a área total,
segundo o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD.
51

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. ATIVIDADES REALIZADAS NA ESTAÇÃO

Desde a construção em 1986 até meados de 2005 a ETE apresentou


problemas de odores, proliferação de vetores, além de ser alvo de violência, depósito
de lixo e degradação paisagística causados pela falta de operacionalização adequada.
Em 2005 uma reivindicação da população através do Fórum Popular de Luta
pelo Saneamento e lideranças comunitárias, o manifesto “Abraço pela morte da
Lagoa” foi realizado no local. A partir disto iniciou-se uma nova fase para a ETE em
que a Sanecap, comunidade e diversos parceiros se uniram formando o grupo
“Amigos da Lagoa”. No final do mesmo ano foi aprovado pela Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de Mato Grosso – FAPEMAT o projeto de pesquisa
denominado Projeto piloto para operação, otimização e urbanização das lagoas de
estabilização do bairro CPA III em Cuiabá, Mato Grosso.
Este projeto foi desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental-UFMT e teve como proposta a otimização do sistema de tratamento de
esgoto, além da urbanização e paisagismo da área e reutilização do efluente final. O
projeto permeou as mudanças e atividades que são desenvolvidas até hoje na ETE.
As mudanças começaram pelo próprio nome do local, que por meio de uma
votação popular, passou a se chamar “Lagoa Encantada”. (LIMA, et. al. 2007). O
Projeto Revitalização e Reurbanização da ETE CPA III – Lagoa Encantada, foi
elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento Urbano – IPDU. E implantado com
recursos do Ministério do Turismo e contrapartida da Prefeitura Municipal de
Cuiabá. Foram feitas intervenções arquitetônicas e paisagísticas, a construção do
auditório, mirante, trilhas para caminhada e viveiro.
52

O viveiro experimental (Figura 19) foi construído para produção de mudas a


serem plantadas em toda a área da Lagoa, para atender ao Plano de Recuperação de
Áreas Degradas – PRAD. (Figura 20).

Figura 19: Viveiro experimental Figura 20: Implementação do PRAD as


margens do córrego do Caju

4.1.1. Projeto CRRA


O complexo da Lagoa Encantada é o espaço que abriga as ações do Projeto
Implantação do Centro de Referência de Reuso de Água (CRRA), patrocinado pela
Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental, e realizado pelo Instituto de
Desenvolvimento de Programas – IDEP, Universidade Federal de Mato Grosso –
UFMT e Companhia de Saneamento da Capital – Sanecap.
Desde dezembro de 2009 o projeto vem realizando diversas atividades de
educação ambiental, e em outras áreas que envolvem a capacitação técnica e inclusão
social, através de uma Agenda Continuada.
O projeto visa à construção de laboratórios para análises físico-químicas e
microbiológicas para monitoramento do efluente, e desenvolvimento de pesquisas
como reuso de águas pluviais, reutilização do efluente final em fertirrigação e
piscicultura, medidas de otimização do sistema. Já estão em fase de construção os
laboratórios e os filtros wetlands, tanques para reuso do efluente na piscicultura.
Há ainda outros subprojetos envolvendo a Lagoa e a bacia hidrográfica do
Coxipó e microbacia do córrego do Caju, que estavam sendo desenvolvidos durante a
elaboração deste trabalho:
53

Mobilização social e capacitação técnica como ferramentas para


implementação de gestão integrada, descentralizada e participativa de recursos
hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Coxipó.
Este projeto propõe a realização de mobilização social via educação
ambiental e capacitação técnica visando à discussão dos problemas relacionados ao
uso dos recursos hídricos, a fim de formar pessoas atuantes na comunidade, além de
subsidiar a criação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Coxipó.
É uma parceria entre a UFMT e a Sanecap com financiamento da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso – FAPEMAT.

Tecnologia para Otimização do Uso da Água em Domicílios, por meio do


Sistema de Reuso de Água para a Alimentação de Descargas Domésticas
O objetivo deste projeto é aplicar tecnologias para minimizar o consumo de
água potável a partir da reutilização das águas de lavagem de roupa para atendimento
de descargas domésticas, com uso de dispositivo adequado, na microbacia do
Córrego do Caju, que apresenta constantes problemas de suprimento em seu
abastecimento.
O projeto pretende utilizar a Educação Ambiental como ferramenta básica
para adesão à implantação do sistema, além de mudanças comportamentais na
utilização dos recursos hídricos.
O projeto é financiado pelo CNPQ e realizado pela UFMT, com parceria da
Sanecap, IDEP e Gelar Refrigeração.
Outras pesquisas inseridas no Projeto CRRA e desenvolvidas por alunos da
UFMT são:
• Estudo do Fitoplâncton na Estação de Tratamento de Esgoto do bairro
CPA III – Lagoa Encantada em Cuiabá-MT.
• Protozoários e Helmintos no sistema de tratamento de efluentes da Lagoa
Encantada - Estação de Tratamento de Esgoto do bairro CPA III em Cuiabá-MT.
• Avaliação Bacteriológica da Estação de Tratamento de Esgoto do bairro
CPA III – Lagoa Encantada em Cuiabá-MT.
• Avaliação da microbiota fungica em efluentes da Estação de Tratamento
de Esgoto do CPA III – Lagoa Encantada em Cuiabá-MT.
54

O espaço da Lagoa também tem servido de espaço para aulas de mestrado da


UFMT. Os alunos do mestrado em Recursos Hídricos da UFMT desenvolveram
atividades em diversas áreas e já foram publicados trabalhos na XXI Feira Nacional
de Saneamento e Meio Ambiente, realizada em agosto (2010) em São Paulo/SP:
• Avaliação do grau de satisfação dos usuários em relação à revitalização da
ETE “Lagoa Encantada" em Cuiabá/MT – Aquino A. M. et. al;
• Estudo da viabilidade para o aproveitamento de fontes alternativas de
energia para o espaço da ETE - "Lagoa Encantada" – Araújo, G. C. et. al;
• Estudo para implantação do gerenciamento dos resíduos sólidos na ETE
Lagoa Encantada - CPA III – Cuiabá/MT – Finazzi, A. E. M., et. al.;

No complexo da Lagoa há ainda uma maquete da bacia hidrográfica do rio


Cuiabá. A maquete é feita de cimento e é utilizada para atividades de educação
ambiental. (Figura 21)
Foi instalado na área da Lagoa, um sistema para estudo de reaproveitamento
da água da chuva. Esse módulo é composto por três tipos de telhado: telha de
fibrocimento, cerâmica e alumínio nos quais a água cai e através de uma calha e é
levada para um reservatório. (Figura 22)

Figura 21: Maquete da bacia hidrográfica Figura 22: Módulo para estudo do
do rio Cuiabá. Fonte: Sanecap aproveitamento da água de chuva
55

4.1.2. Lazer e atividades físicas


Na área da ETE podem ser feitas atividades de lazer e exercícios físicos, em
uma pista de caminhada (Figura 23) que possui 1,9 km de extensão, e em aparelhos
de ginástica (Figura 24) localizados em pontos diferentes pela área da Lagoa.
Os equipamentos de atividades físicas são para uso exclusivo da comunidade
e incluem aparelhos, como alongador, surf, pressão de pernas, rotação vertical e
diagonal, simulador de caminhada e cavalgada, esqui, remo e multiexercitador, além
de gangorra, escalada em arcos e carrossel para as crianças. Estes equipamentos
foram instalados na Lagoa pela Prefeitura de Cuiabá em parceria com a Unimed.

Figura 23: Pista de caminhada Figura 24: Academias

Ainda com relação às atividades físicas, são realizadas duas vezes por semana
(segundas e quartas) aulas de aeróbica ministradas pelo Sr. Jamil Genésio de Moraes,
da Secretaria Municipal de Esporte e Cidadania (SMEC). As aulas são gratuitas e
abertas para toda comunidade.

4.2. ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS

A identificação dos aspectos e impactos ambientais é de fundamental


importância para o conhecimento real do desempenho ambiental de uma organização
e sua avaliação. A identificação dos aspectos ambientais decorrentes das atividades
desenvolvidas na Lagoa Encantada pode ser observada no quadro 5, bem como a
caracterização e verificação da importância e significância de cada impacto.
56

Quadro 5: Matriz de qualificação de impactos ambientais


Caracterização Importância Avaliação da Significância

Atividade Aspectos Impactos Consequência Frequência/ Requisitos


Situação Classe Categoria DPI OE Enquadramento
Probabilidade legais
Abrangência Severidade
Geração de Poluição do
N A L M 40 20 60 X X - S
resíduos solo
Tratamento
Geração de Incômodo a
preliminar - N A L M 40 20 60 X - S
Odores população
gradeamento e
Risco1 de
caixa de areia Proliferação
transmissão de N A L B 20 10 30 - - - NS
de vetores
doenças
Geração de Poluição do
N A L M 40 20 60 X X - S
resíduos solo
Geração de Incômodo a
Tratamento N A L M 40 20 60 X - S
Odores população
secundário e
Risco de
terciário - Proliferação
transmissão de N A L B 20 10 30 - - - NS
lagoa de vetores
doenças
facultativa e
Produção de
de maturação
material Poluição do
N A L M 40 20 60 X X - S
sobrenadante solo
(escumas)
Alteração da
Lançamento
qualidade da Poluição da
do efluente no N A L M 40 30 70 X X - S
água do água
corpo receptor
córrego
Pista de Melhoria da
Exercícios
caminhada e qualidade de N B L M 40 20 60 - X X S
físicos
academia vida
57

Continuação do Quadro 5
Caracterização Importância Avaliação da Significância
Atividade Aspectos Impactos Frequência/ Requisitos
Situação Classe Consequência Categoria DPI OE Enquadramento
Probabilidade legais
Realização de
cursos, Educação Consciência
N B L M 40 20 60 X X S
palestras e ambiental ambiental
eventos
Recuperação de
Viveiro Plantio de
áreas N B L M 40 20 60 X X X S
experimental mudas
degradadas
Onde: Situação operacional: Normal (N), Anormal (A), Emergência (E); Classe: Benéfico (B), Adverso (A);
Abrangência: Local (L), Regional (R), Global (G); Severidade: Baixa (B), Média (M) e Alta (A); Consequência: Quadro
2; Frequência/Probabilidade: Quadro 3; Categoria: Quadro 4: Desprezível (D), Moderado (M), Crítico (C).
Enquadramento: Significativo (S) e Não Significativo (NS).

1
Nesse caso considerou-se risco ambiental como impacto ambiental.
58

Pode-se observar no quadro 5 que os impactos definidos como significativos


foram os que obtiveram pontuação maior que 50 na avaliação de importância, e
depois foram aplicáveis a um dos filtros de significância. Foram obtidos 9 impactos
considerados significativos.
Ao todo foram identificados 11 possíveis impactos, sendo que os impactos
negativos corresponderam a maioria, com 8 impactos e 3 impactos positivos. Todos
os impactos foram considerados de abrangência local, pois podem ultrapassar os
limites da empresa.
Sobre os possíveis impactos positivos, estes são atribuídos principalmente as
atividades desenvolvidas na estação, os exercícios físicos, realização de eventos para
comunidade em geral, e o próprio viveiro e PRAD.
No tratamento preliminar os impactos significativos foram relacionados ao
impacto no solo por disposição inadequada de resíduos e incômodo a população
devido a odores. No que diz respeito a proliferação de vetores (não significativo),
que obteve uma pontuação baixa na avaliação da consequência, isto porque este
impacto foi considerado um impacto de severidade baixa.
O uso de matrizes para qualificação de impactos é bastante comum não só nos
Estudos de Impactos Ambientais (EIA) bem como em pesquisas, como as realizadas
por Mota & Aquino (2002), Santos & Bononi (2003), Barbosa & Dupas (2008).
As vantagens observadas na utilização deste método foram: boa
caracterização dos impactos, pois puderam ser identificados diversos aspectos sobre
cada impacto, tais como, abrangência, severidade, conseqüência; identificação de
impactos significativos, apesar da maioria dos impactos causados pelas atividades da
Lagoa ter sido considerado significativo, o método foi eficiente nesse processo.
A desvantagem da utilização da matriz encontrada foi a não caracterização da
magnitude de cada impacto, de como efetivamente cada aspecto está influenciando
no meio. Nesse caso, essa abertura foi suprimida pelos indicadores ambientais
definidos. Outro aspecto a ser considerado é que para a elaboração da matriz diversos
profissionais devem estar envolvidos para se ter uma listagem efetiva de todos os
aspectos e impactos ambientais.
59

4.3. INDICADORES AMBIENTAIS

Através do quadro 5 pode-se verificar que as atividades desenvolvidas na


Lagoa impactam o meio ambiente de alguma maneira. Para verificar a magnitude dos
impactos, foram definidos Indicadores Ambientais. Os indicadores definidos para
cada impacto significativo estão apresentados no quadro 6. A metodologia para
obtenção de cada indicador foi explicada no item 3.2.2.

Quadro 6: Indicadores Ambientais


Impacto Tipo de indicador de acordo
Indicador Unidade
Ambiental com a ISO 14031/2004
Poluição do
ICA - Resíduos Índice de Resíduos Sólidos -
Solo
Incômodo a IDG – Relações com a Índice de Incômodo causado
-
população comunidade pelos odores

ICA - Água OD no ponto de lançamento mg/L


Poluição da
água Eficiência do sistema em termos
IDO - Produto de remoção de remoção da %
DBO, e outros parâmetros
Melhoria da
IDG – Relações com a
qualidade de Número de usuários/dia un
comunidade
vida
Número de pessoas envolvidas
Consciência IDG – Relações com a
em cursos e programas de un
ambiental comunidade
educação ambiental
Recuperação Número total de espécies un
de áreas ICA – Flora
degradadas Área degradada %
Onde: ICA: Indicador de Condição Ambiental; IDG: Indicador de Desempenho de Gestão;
IDO: Indicador de Desempenho Operacional.

4.3.1. Índice de Resíduos Sólidos

Este indicador serviu para avaliar a produção e a forma de tratamento final


dos resíduos sólidos produzidos na Lagoa.
Os resíduos gerados na estação são provenientes principalmente da operação
do sistema: resíduos do gradeamento e caixa de areia, escumas formadas na
superfície e lodo acumulado no fundo das lagoas.
60

Os resíduos do tratamento preliminar são colocados em um container que é


encaminhado periodicamente para o aterro sanitário (Figura 25). O material
sobrenadante (escumas) retirado das lagoas é disposto em uma vala e posteriormente
enterrado. (Figura 26).

Figura 25: Resíduos do tratamento Figura 26: Escumas retiradas das lagoas
preliminar

Segundo Van Handeel & Além Sobrinho (2006, p. 9) a quantidade de


resíduos grosseiros pode ser estimada entre 30 a 90L de resíduos por 1000³ de
esgoto. Já das areias e silte espera-se uma faixa de 20 a 60L/1000m³ de esgoto. A
quantidade de material flutuante (escumas) é pequena entre 3 a 12 kg por 1000m³ de
esgoto.
Com relação ao lodo acumulado no fundo da lagoa a taxa de acúmulo é baixa
estando na ordem de 0,03 a 0,08 m³/hab.ano para as lagoas facultativas.
(ARCEIVALA, 1981 apud VON SPERLING, 2002, p. 54). Ainda segundo o autor
devido a esta baixa taxa, a ocupação do volume da lagoa também é baixa, então o
lodo pode se acumular por anos sem necessidade de remoção.
Na Lagoa do CPA III, foram feitas três limpezas de fundo, sendo uma na
década de 90, outra em 2001 em apenas uma lagoa e mais recente que foi em 2008
quando a ETE passou pelo processo de revitalização.
Outros resíduos gerados são oriundos das podas e capinagem (Figura 27).
Estes resíduos são recolhidos e levados para o Ecoponto
61

Figura 27: Capinagem próximo a pista de caminhada

Os resíduos sólidos produzidos na área administrativa da ETE são materiais


de escritório, do auditório e quando há eventos periódicos, todos os resíduos são
destinados ao aterro sanitário.
É importante lembrar que a ETE já serviu de depósito de lixo anteriormente a
revitalização. Atualmente ainda podem-se observar alguns resíduos jogados na área.
Para o cálculo do indicador (Tabela 5), a quantidade de resíduos em
porcentagem a ser utilizada no cálculo do indicador foi estimada, de acordo com
pesquisa feita com os gestores da ETE, pois não é feito nenhum tipo de
monitoramento dos resíduos produzidos na área.
O índice relativo aos resíduos sólidos obtido foi 47. O índice ótimo (100)
seria alcançado se todo resíduo fosse reciclado ou reutilizado. No caso da Lagoa os
resíduos poderiam ser utilizados na compostagem inserindo dessa forma mais um
componente que pode ser utilizado na educação ambiental.

Tabela 5: Índice de Resíduos Sólidos


Resíduos gerados Quantidade Destino final Fator Índice
(%) de Peso Parcial
Tratamento 20 Aterro Sanitário 0,8 16
preliminar
Escuma 30 Vala 0,1 3
Capinagem 30 Ecoponto 0,4 12
Auditório/escritório 20 Aterro Sanitário 0,8 16
Total 100 - 47
62

O índice encontrado por Rufino (2002) em Tubarão/SC foi de 10,023, em


Blumenau o índice encontrado pela FAEMA (1999) foi de 0,520. Ao comparar estes
índices com o resultado encontrado para os resíduos gerados na Lagoa Encantada
vale ressaltar que o tipo de resíduos e destinos finais são diferentes, já que estes
autores aplicaram o indicador para municípios.

4.3.2. Índice de Incômodo causado pelos odores

Com relação aos aspectos ambientais, o odor foi apontado nas atividades do
sistema de tratamento de esgoto, tanto no preliminar quanto nas lagoas.
Para a obtenção e caracterização deste indicador, no total foram entrevistados
50 moradores nas áreas indicadas no mapa em anexo, obtendo os seguintes
resultados:

1) Qual sua satisfação com o espaço da Lagoa Encantada?

Figura 28: Satisfação dos entrevistados com o espaço da Lagoa

O resultado do questionário mostra que 24% dos entrevistados consideram o


complexo da Lagoa “muito bom”, enquanto que 14% consideram “ruim”. Se
associadas as respostas “muito bom” e “bom” correspondem a um total de 68% de
satisfação dos usuários.(Figura 28)
Ao se comparar o resultado com o mesmo questionamento feito pela pesquisa
de Aquino et. al (2010) realizado em 2009 em que a maior parte dos entrevistados
estavam satisfeitos (55% consideraram muito bom) e 10% consideram média a
63

satisfação, e acreditando em melhorias com o fim das obras, que naquele período
ainda não estavam concluídas, houve uma melhora significativa nos índices.

2) Quais pontos negativos você acha que são observados na Lagoa?


Esta pergunta do tipo aberta permitiu conhecer a opinião dos entrevistados
sobre os pontos negativos observados na ETE. As respostas obtidas foram bem
variadas, desde a operação do sistema, com queixas dos odores até uso dos
equipamentos:
• 46% dos entrevistados responderam que o odor é o ponto negativo da Lagoa;
• 14% disseram que o fato da pista de caminhada ser muito estreita (cerca de
1m) era considerado um fator negativo do local;
• 10% reclamaram dos mosquitos que acreditam ser provenientes da Lagoa;
• 8% responderam que os resíduos sólidos do local era o que mais incomodava;
E outras reclamações foram com relação à iluminação do local, que disseram
ser “precária”; buracos onde há o acúmulo de água parada, que podem vir a causar
doenças, como a dengue; falta de segurança; outros reclamaram da própria
população, usuários do local, que não sabem usufruir dos equipamentos da academia,
por exemplo; solicitaram a presença de profissionais que orientassem a prática de
exercícios e desconhecimento da população que o local é uma estação de tratamento
de esgoto.
Vale ressaltar que mesmo sendo explicado no início da pesquisa, que esta era
de cunho acadêmico, muitas vezes pode-se observar que as pessoas consideravam
que fosse feita por parte da Sanecap, e por vezes aproveitavam para “desabafar” seja
positiva ou negativamente sobre a Lagoa.

3) Com relação ao odor, você sente algum odor proveniente da Lagoa?


Os odores provenientes da ETE constantemente são alvo de reclamações por
parte da comunidade. Por isso ao realizar essa pesquisa procurou-se identificar e
avaliar qual é o impacto desses odores na comunidade do entorno. No questionário,
deu-se ênfase nessa questão, para que fosse possível atingir os objetivos propostos.
64

Ao questionados se sentiam algum odor vindo da Lagoa, pode-se observar


que 56% dos entrevistados disseram que sim e 44% responderam que não sentem
odores.(Figura 29)

Figura 29: Percepção dos entrevistados aos odores

Os entrevistados que responderam “não” a esta pergunta, não responderam as


próximas perguntas que são especificamente relacionadas aos odores.
Na pesquisa de Aquino et. al (2010) ao serem questionados sobre o odor,
15% dos entrevistados disseram sentir incômodo quanto ao odor vindo da Lagoa, já a
maioria disse que com a revitalização do espaço o odor diminuiu muito.

4) Qual a intensidade do cheiro?


Com relação a intensidade do odor, 45% disseram que o odor é forte,
enquanto que 27% enquadraram como fraco. De acordo com Carmo Jr. (2005) a
resposta humana para um odor é altamente subjetiva, pois diferentes pessoas
encontram diferentes odores ofensivos em diferentes concentrações. Isto resulta na
maneira diferente que os indivíduos percebem os odores. (Figura 30)
65

Figura 30: Intensidade do odor

5) Qual o horário em que o odor é mais forte?


Com relação ao horário em que o odor é mais forte, 52% dos entrevistados
que disseram que sentem os odores, afirmaram que acham que o odor é forte o dia
todo. Entende-se que as pessoas que responderam o dia todo, assim o fizeram por
muitas vezes não identificar o momento exato.(Figura 31)
Considerando as outras respostas, observa-se que 22% respondeu que a noite
o odor é mais forte. Esse resultado pode-se ser explicado por que durante o dia o pH
das lagoas se eleva, podendo chegar até 10 no início da tarde, fazendo com que as
algas exerçam maior atividade fotossintética, o que resulta na conversão da amônia
ionizada NH4+ em amônia livre NH3 3 na conversão do sulfeto de hidrogênio H2S em
bissulfeto HS- que é inodoro.

Figura 31: Horário em que o odor é mais forte, segundo os entrevistados


66

Isso explica também os comentários de alguns entrevistados que disseram que


quando chove os odores são mais fortes. Devido ao céu estar nublado, encoberto por
nuvens, com a redução da atividade fotossintética ocorre a redução da produção de
oxigênio na lagoa.

6) Com que frequência você percebe o odor proveniente da Lagoa?


Essa pergunta mostrou que a maioria, 61%, dos entrevistados disseram que
raramente sentem o odores (Figura 32). Muitos responderam essa questão juntamente
com a questão 3, se sentem algum odor. Alguns comentários notáveis foram sobre o
conhecimento do funcionamento da ETE e de que instalação dos aeradores
contribuiu para redução dos odores.

Figura 32: Frequência que os moradores sentem os odores

7) Você sente algum sintoma ou consequência devido a esses odores?


Os resultados obtidos nessa questão demonstram que 79% dos entrevistados
não sentem nenhum tipo de sintoma ou consequência relacionado aos odores da ETE.
(Figura 33) As consequências citadas pelos 21% que responderam “sim”, foram dor
de cabeça, enjôo e náuseas. Outros disseram ainda que sentiram falta de apetite
quando o odor foi sentido no horário de uma refeição.
67

Figura 33: Sintomas ou consequências decorrentes dos odores

8) Observando estas figuras, como você se sente com relação ao odor


proveniente da Lagoa?
Os dados obtidos nessa última questão foram utilizados para o cálculo do Índice
de Incômodo. Os resultados obtidos para cada categoria e identificados por
localização do bairro são apresentados na tabela 6:

Tabela 6: Nível de agrado aos odores

Bairro Novo Mato


Setor 1 Setor 2 Setor 5 Setor 4 Total
Resposta Grosso

Sem incômodo 9 7 2 1 1 20
Incômodo
1 1 2 1 5
pequeno
Incomodado 2 2 1 5 10
Extremamente
1 5 6 3 15
incomodado
Total 10 10 10 10 10 50

De maneira geral, apesar da maioria dos entrevistados (38%) não se


incomodar com os odores provenientes da estação, 30% se sentem extremamente
incomodados, 20% incomodados e 12% pouco incomodados. Ao somar as três
últimas categorias percebe-se 62% dos entrevistados sentem algum incômodo com os
odores. (Figura 34)
68

30%
38%

20%
12%

Sem incômodo (i=1)


Incômodo pequeno (i=2)
Incomodado (i=3)
Extramente incomodado (i=4)

Figura 34: Resultado do questionário

Ao analisar as categorias de respostas com o bairro (Figura 35), ou seja, a


localização com relação a estação, percebe-se que o Setor 1 (CPA 3) é o que menos
se incomoda com os odores, atribui-se a distância do bairro com a Lagoa, conforme
pode ser observado no mapa (Anexo 3). Já os Setores 4 e 5 foram os que mais
disseram se sentir “extremamente incomodados” com os odores.

100%
90%
80%
sem incômodo
70%
60% incômodo pequeno
50%
40% incomoda
30%
20% extramamente
10% incomodado
0%
Setor 1 Setor 2 Setor 4 Setor 5 N.MT

Figura 35: Nível de agrado ao odor de acordo com o bairro

Truppel (2002) ao aplicar o mesmo questionário com a comunidade vizinha a


uma ETE em São Ludgero/SC obteve em um primeiro momento (em que era feito a
recirculação do efluente na razão de 1/6 da vazão afluente à lagoa) os seguintes
69

resultados: 26% não se incomodavam com os odores, 29% incomodava pouco, 27%
incomodava, e 18% extremamente incomodado. Após mudanças na operação do
sistema de tratamento, passando a utilização de aeração combinada com a
recirculação, os resultados encontrados foram: 63, 24, 10 e 3% respectivamente para
cada categoria. Segundo o autor, a redução de odores conseguida com o processo de
recirculação mais aeração, a aplicação dos questionários realizados junto aos
moradores foi fundamental para a aceitação da permanência da ETE pela população
local.
Silva (2007) também aplicou este questionário na população vizinha a ETE
Paranoá localizada no Paranoá (Região Administrativa do Distrito Federal) e obteve
como resultado 78% de queixas aos odores (6% incômodo pequeno, 33%
incomodado e 39% muito incomodado). Segundo a autora a população do entorno
reclama da má qualidade de vida, dificuldade para vender seus imóveis e falta de
solução para o incômodo causado pela ETE.
Caso contrário pode ser constatado na Lagoa Encantada, em que grandes
mudanças aconteceram depois da revitalização da ETE. O trabalho realizado por
Brito et. al (2010) aponta que tanto a opinião dos moradores quanto de corretores de
imóveis da região acreditam que houve significativa valorização imobiliária após o
projeto de revitalização da área.
Vale ressaltar que muitos moradores dos bairros vizinhos a Lagoa moram no
local a mais de 10 anos, conforme mostrou a pesquisa de Brito et. al (2010) e
portanto presenciaram as mudanças ocasionadas pela revitalização da Lagoa. Ao
responder o questionário algumas pessoas comentavam que atualmente os odores são
menos frequentes e “bem menores” do que antes da instalação dos aeradores ou
“bombas” conforme palavras deles, e comentado anteriormente.
Percebe-se que a comunidade está bastante interada nesse processo. Porém
outro fato observado na aplicação do questionário, é que muitos moradores não tem
conhecimento de que o local é uma estação de tratamento de esgoto. Aos serem
questionados alguns deles respondiam “... o problema aqui não é a Lagoa, e sim o
esgoto que não é tratado e jogado na Lagoa...” ou ainda “... aqui na Lagoa não tem
tratamento do esgoto, por isso que ‘fede’”. Esse aspecto também foi observado por
70

Brito et. al. (2010), em que a maioria dos entrevistados pela pesquisa vê a área da
Lagoa como um local de lazer.
Em posse dos dados obtidos pelo questionário foi calculado o Índice de
Incômodo.
Tabela 7: Cálculo do Índice de Incômodo aos odores.
Sem Incômodo Extremamente
Incomodado
Questionário incômodo pequeno incomodado
(i=3)
(i=1) (i=2) (i=4)
Total 19 6 10 15 50
Índice 0 150 500,00 1500,00 43,00

O índice encontrado foi 43. O valor do índice de incômodo é zero quando as


pessoas que se declaram não incomodadas com os odores e igual a 100 para aquelas
em que todos os participantes ficam extremamente incomodados.
Belli Filho et. al (2007) fizeram uma pesquisa com a mesma metodologia
para saber os impactos dos odores da suinocultura, entre produtores e não produtores
de suínos, obtendo índices de 69 e 81 para respectivamente. O que segundo os
autores indica uma percepção de incômodo ofensivo a muito ofensivo nos produtores
e muito ofensiva a extremamente ofensiva para os não produtores.

4.3.3. Eficiência do sistema e qualidade da água do córrego

Os indicadores definidos com relação a água foram: a eficiência do sistema


em termos de remoção da DBO e ou e a qualidade da água no ponto de lançamento
do efluente no córrego do Caju.
A tabela 8 e figura 36 mostram os resultados encontrados para DBO5,20:

Tabela 8: Resultados encontrados para DBO5,20°


Ponto de
Mar Abr Mai Jun Jul
Amostragem
P1 329,5 384,5 424,8 397,4 404,0
P2 141,0 75,9 55,9 123,9 139,0
P3 98,5 84,6 29,0 94,2 104,0
P4 88,5 52,6 38,9 55,3 97,0
Córrego do Caju
23,8 28,6 35,8 42,0 71,0
(montante)
Córrego do
47,8 46,7 31,6 115,7* 70,0
Caju (jusante)
71

500

400

300

200

29
100
25
DBO (mg/L)

13
0

-100
1 2 3 4 5 6

Pontos de monitoramento
Figura 36: Variação de DBO nos pontos de monitoramento

Tabela 9: Estatísticas descritivas dos resultados obtidos para DBO5,20


Ponto de Desvio
Amostragem
Média Máximo Mínimo
Padrão
P1 388,04 424,8 329,5 35,82
P2 107,14 141 55,9 38,87
P3 82,06 104 29 30,50
P4 66,46 97 38,9 24,97
Córrego do Caju
40,24 71 23,8 18,54
(montante)
Córrego do Caju
62,36 115,7 31,6 32,81
(jusante)

A Tabela 9 mostra as estatísticas descritivas dos resultados obtidos. O valor


médio da DBO (388,04 mg/L) do esgoto bruto mostra que este enquadra-se como um
esgoto forte (~ 400mg/l). (JORDÃO & PESSOA, 2005, p. 60)
O lançamento de efluentes em corpos d’água é permitido desde que atenda a
legislação vigente, nesse caso a Resolução nº 357/2005 do CONAMA. Com relação
ao enquadramento, no estado de Mato Grosso ainda não é feito, então todos os rios
são enquadrados como rio de água doce, classe 2.
A Resolução define que a DBO 5 dias a 20°C não ultrapasse 5 mg/L O2, para
rios de classe 2. Com relação ao padrão de lançamento a Resolução não faz restrição,
72

desde que atenda os padrões do corpo receptor. Em alguns estados a legislação


determina a concentração limite para o efluente tratado. No Rio de Janeiro este limite
é 40 mg/L, em Minas Gerais, São Paulo e Paraná, admite-se até 60mg/L. (JORDÃO
& PESSOA, 2005, p. 29)
A eficiência de remoção da DBO para cada unidade de tratamento é dada por:
C0 − C e
E= × 100
C0
Onde:
C0 = DBO afluente
Ce= DBO efluente

Tabela 10: Eficiência de cada unidade do sistema em termos de remoção da DBO


Meses E1 E2 E3
Mar 57,21 30,14 10,15
Abr 80,26 -11,46 37,83
Mai 86,84 48,12 -34,14
Jun 68,82 23,97 41,30
Jul 65,59 25,18 6,73
Média 68,82 25,18 10,15

O valor médio encontrado na lagoa facultativa foi de 69%, este valor está
abaixo dos valores citados por Von Sperling (2002), em que a eficiência em termos
de remoção da DBO está entre 75 e 85%, conforme pode ser observar na tabela 1.
Observa-se que a eficiência das lagoas de maturação é mais baixa, isto porque
o principal objetivo destas lagoas é a remoção de organismos patogênicos.
Para obtenção da eficiência global do sistema, sendo o sistema composto por
3 unidades, as eficiências são multiplicativas:
E = 1 − [(1 − E1 ) × (1 − E 2 ) × (1 − E3 )
Onde: E = eficiência de remoção global (%);
E1 = eficiência de remoção da lagoa facultativa;
E2 = eficiência de remoção da lagoa de maturação 1;
E3 = eficiência de remoção da lagoa de maturação 2;
A eficiência global do sistema encontrada foi de 79%. No trabalho realizado
por Destro (2007) na ETE CPA III, os resultados encontrados pelo autor mostram
73

uma eficiência média de remoção da DBO igual a 72,69%. Ao se comparar os


resultados daquele ano com os atuais, pode-se observar que atualmente a eficiência
média está maior.
A título de comparação a tabela 11 mostra os resultados da DQO (Demanda
Química de Oxigênio) nos pontos de monitoramento no sistema de tratamento e no
córrego do Caju.
Tabela 11: Resultados encontrados para DQO
Ponto de
Mar Abr Mai Jun Jul
Amostragem
P1 455,1 649,9 797,9 694,3 890,0
P2 315,7 157,9 268,9 260,2 320,0
P3 223,2 212,1 203,5 235,6 260,0
P4 203,9 141,8 244,2 149,2 258,0
Córrego do Caju
(montante) 57,6 - 194,9 83,9 158,0
Córrego do
Caju (jusante) 137,3 90,0 93,7 225,7 161,0

A DQO total média obtida para o esgoto bruto foi de 697,4 mg/l, com uma
variação de 455,1 mg/l a 890,0 mg/l. A eficiência global média de remoção da DQO
foi de 73%, com valores médios de lançamento de 199,42 mg/L.
A Resolução CONAMA 357/05 não faz referência ao parâmetro DQO na
classificação dos corpos d’água e nos padrões de lançamento de efluentes líquidos,
porém alguns estados estabelecem limites máximos para este parâmetro em seus
padrões de lançamento, em Minas Gerais, por exemplo, o limite máximo é de 90
mg/l.
Outro indicador utilizado foi o OD – Oxigênio Dissolvido no ponto de
lançamento no córrego. Os valores encontrados estão apresentados na tabela 14.

Tabela 12: Oxigênio Dissolvido no Córrego do Caju


Ponto de
Mar Abr Mai Jun Jul
Amostragem
Montante 3,24 2,21 2,73 1,46 3,8
Jusante 7,28 4,47 3,56 5,62 1,2
74

A figura 37 apresenta a distribuição dos dados de OD obtidos em cada ponto.


Verifica-se que os resultados a jusante são em geral maiores que os resultados a
montante.

2
OD (mg/L)

0
Montante Jusante

Ponto

Figura 37: Oxigênio dissolvido no córrego do Caju, a montante (1) e jusante (2) do
ponto de lançamento da ETE.

O OD do córrego, a montante do lançamento, é resultado das atividades da


bacia hidrográfica a montante. Segundo observado por Figueiredo et. al. (2010), ao
realizarem amostragens para monitoramento da qualidade da água ao longo do
córrego do Caju, a mata ciliar encontra-se suprimida em grandes partes,
principalmente pela ocupação urbana, o que contribui para o aporte de resíduos para
o interior do córrego, deteriorando sua qualidade. Esta influência pode ser observada
principalmente nos meses de abril e junho em que os valores encontrados foram os
menores do período.
A média nos valores de OD encontrada para a montante do córrego do Caju
foi 2,69 mg/L, onde o valor máximo registrado foi de 3,8 mg/L em julho de 2010 e o
mínimo 1,46 mg/L em junho de 2010. (Tabela 15)

Tabela 13: Estatística descritiva dos resultados de OD (mg/L)


Ponto de Desvio
Média Máximo Mínimo
Amostragem Padrão
Montante 2,69 3,8 1,46 0,91
Jusante 4,43 7,28 1,2 2,28
75

Após o lançamento do efluente da ETE, os valores de OD tiveram média de


4,43 mg/L. A Resolução nº 357/2005 do CONAMA estabelece que a concentração
de OD, em qualquer amostra, não seja inferior a 5 mg/L O2, para rios de classe 2.
Observou-se que nos meses de abril, maio e julho os valores encontrados estavam
abaixo do estabelecido pela Resolução. (Figura 38)

Figura 38: Variação dos valores de OD (mg/L) a montante e jusante do lançamento


comparado com a legislação (Conama 357/2005)

4.3.4. Melhoria na qualidade de vida


Conforme já discutido nos capítulos anteriores os objetivos de uma ETE por
si só já visam melhorar a qualidade de vida da população atendida e vizinha.
Com o projeto de revitalização implantado na ETE Lagoa Encantada o lugar
passou a ser uma área de lazer e para prática de exercícios da comunidade.
Diariamente o local recebe centenas de pessoas, fazendo caminhada, seja pela manhã
ou final da tarde, se exercitando nos equipamentos de ginásticas instalados na área,
ou mesmo apenas de passagem, já que o local serve de interligação entre os setores 4
e 5 do bairro CPA III.
O indicador para avaliação do impacto na qualidade de vida definido foi
“Número de usuários/dia” da aeróbica realizada no estacionamento (Figura 39). O
monitoramento indicou que em média 42 pessoas freqüentaram as atividades da
aeróbica (Tabela 16), o que se contabiliza por mês uma média de 336 usuários.
76

Tabela 14: Monitoramento de freqüentadores da Aeróbica


Dia Pessoas
04/10 40
20/10 45
25/10 50
03/11 35
Total 170

Figura 39: Atividades físicas na Lagoa - aeróbica

Comparando-se com a população total atendida pela ETE (42300 hab),


observa-se que esse número ainda é muito pequeno, cerca de 0,8%, comparecendo a
esta atividade especificamente.
No entanto o que mais se destaca, é que, pode-se dizer que o número de
pessoas que freqüentam o espaço da Lagoa ao menos para caminhada é bastante
grande, que se feito um monitoramento poderia se verificar que mais pessoas estão
tendo alguma influência na sua qualidade de vida devido as atividades físicas
realizadas no local.
É importante frisar que, conforme citado anteriormente, muitas pessoas veem
o complexo da Lagoa apenas como para área de lazer e atividades físicas, segundo as
pesquisas realizadas por Brito et. al. (2010) e Aquino et. al. (2009).
O local gratuito, mais próximo para realização de atividades físicas é o
Parque Massairo Okamura, localizado na área de proteção ambiental da nascente do
córrego do Barbado, próximo a Avenida Historiador Rubens de Mendonça.
Aquino et. al (2009) citam que houve relatos de pessoas que anteriormente a
revitalização da Lagoa faziam caminhada nas avenidas do bairro, o que era
77

considerado pela maioria dos idosos perigoso. Outros disseram que um local mais
tranquilo era o Parque Massairo Okamura.
Vale considerar na análise sobre este indicador a variação sazonal, lembrando
que o estudo foi feito na maioria dos dias no horário de verão e em período de pouca
chuva em Cuiabá, o que pode ter influenciado os resultados.

4.2.5. Envolvimento em Educação Ambiental


Por meio do projeto Implantação do Centro de Referência de Reuso da Água
– CRRA, foram realizados dois grandes eventos, no período de estudo (Jan-
Jul/2010).
O primeiro evento realizado foi o Seminário “Água – Sabendo Aproveitar não
vai Faltar!” em comemoração ao Dia Mundial da Água (22 de março). Os objetivos
do evento foram mostrar as diversas formas de reuso e aproveitamento de água, bem
como a abordagem da importância do uso consciente da água tratada. As Figuras 40
e 41 mostram algumas ações deste evento.
O Seminário foi realizado durante os dias 18 a 20 de março de 2010.
Simultaneamente a Prefeitura Municipal de Cuiabá realizou o evento chamado
“Prefeitura em Movimento”. Durante este evento houve também a inauguração da
obra do Mirante, integrante do complexo da Lagoa.
Foram realizadas palestras, apresentações de trabalhos acadêmicos, oficinas, e
atividades diversas, como teatro e gincana da água. No evento foram abordados
conteúdos e práticas de educação ambiental princípios de cidadania, preservação
ambiental e ecologia, especificamente, sobre o sistema de tratamento por lagoas de
estabilização e reuso como alternativa de conservação de água. (CRRA, 2010).
O projeto envolveu o setor público, OSCIP - Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público e a comunidade, com participação de 515 pessoas no Seminário,
sendo 94 capacitados de forma direta por meio de oficinas.
78

Figura 40: Estudantes participando Figura 41: Maquete da Bacia Hidrográfica do


do circuito na Lagoa Rio Cuiabá. Fonte: CRRA

O segundo evento realizado foi a Semana do Meio Ambiente – Meio


Ambiente e Sustentabilidade, realizado nos dias 01 e 02 de junho de 2010,
Os alunos do mestrado em Recursos Hídricos da UFMT fizeram parte de um
circuito que foi percorrido pelos alunos da rede pública. O circuito era composto por
5 estações:
• Estação 1: Bacia Hidrográfica
• Estação 2: Circuito Água (Figura 42)
• Estação 3: Tecnologias de reuso e reaproveitamento de água
• Estação 4: Resíduos (Figura 43)
• Estação 5: PRAD e Legislação Ambiental
Em cada uma destas estações os mestrandos prepararam atividades e
explicações acerca dos conteúdos, bem como atividades demonstrativas.

Figura 42: Estação Água Figura 43: Alunos na Estação Resíduos


79

Ainda foram realizadas palestras sobre Água e os Conflitos Mundiais e Água,


Lixo e Cidadania. Participaram deste evento 495 pessoas, entre alunos de escolas
públicas municipais e estaduais, universitários e comunidade em geral.
Além desses dois eventos o projeto CRRA vem realizando semanalmente
desde abril a Agenda Continuada, que é uma agenda de atividades voltada a diversos
públicos, na qual são realizadas palestras, exibição de filmes, gincanas, exposição
cultural, cursos e oficinas. (CRRA, 2010).
Essas atividades procuram sempre abordar temas relacionados ao meio
ambiente. Os filmes escolhidos passam alguma mensagem positiva, com uma
discussão ao final. Nas oficinas é possível obter uma complementação de fonte de
renda, como é o caso das oficinas de reaproveitamento de óleo para produção de
sabão e reciclagem de garrafas pet, além de minimizar danos ao meio ambiente. A
gincana ecológica teve como objetivo promover recreação às crianças associado à
consciência ambiental.
Entre os meses de abril a julho 688 pessoas participaram das atividades da
Agenda Continuada. Em uma avaliação do projeto percebe-se que houve uma adesão
gradual do público. A tabela 17 mostra um resumo do número de pessoas envolvidas
nas atividades de educação ambiental realizadas na Lagoa Encantada.

Tabela 15: Pessoas envolvidas em educação ambiental


Número de
Atividade
participantes
Seminário “Água sabendo aproveitar não vai faltar!” 515
Semana do Meio Ambiente – Meio Ambiente e Sustentabilidade 495
Agenda Continuada 688
Total: 1698

Fazendo-se o comparativo deste número, com a população total atendida, que


é de 42300 habitantes, percebe-se que aproximadamente 4% da população já
participou de algum evento realizado na Lagoa.
A educação ambiental, no desenvolvimento de uma conscientização
ambiental é um processo lento e difícil, que demanda dedicação e continuidade.
Além de envolver conceitos mais amplos como a ética e costumes adquiridos ao
longo do tempo. O projeto de implantação do CRRA, através de suas atividades vem
80

buscando aplicar os princípios básicos gerais da educação ambiental que são a


sensibilização, compreensão, responsabilidade, competência e cidadania. (SMITH,
apud SATO, 2003).
A educação ambiental é uma ferramenta utilizada na Lagoa Encantada no
intuito de realizar uma real interação com a comunidade atendida, que muitas vezes
desconhece que o local é uma ETE, conforme pode ser observado no questionário
aplicado aos moradores. Com a área da Lagoa se tornando uma estação-escola
espera-se que essa interação seja ainda maior, já que as novas atividades a serem
realizadas (reuso, wetlands, análises laboratoriais, etc.) servirão para que não só
estudantes, e até mesmo a comunidade em geral possam se aproximar e estudar na
prática conceitos antes vistos somente em sala de aula, ou até mesmo desconhecidos.
Com relação ao uso da educação ambiental em estações de tratamento de
esgoto, uma das pioneiras nesse campo a ETE Jales, localizada em Jales-SP e
operada pela SABESP – Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo, já
obtém alguns resultados positivos. Na área da ETE foi desenvolvido um projeto
paisagístico, com plantio de mudas produzidas em um viveiro instalado na ETE, o
que tornou o lugar mais agradável, além disto, o local recebe visita de escolas,
população, possui uma horta orgânica, e tanque de peixes com água de uma nascente,
sendo os peixes doados para uma associação.(CORDEIRO, et. al. 2007)
Ainda em São Paulo a SABESP implantou um Programa de Educação
Ambiental nas ETEs Suzano, Barueri, Parque Novo Mundo, São Miguel e ABC.
Com isso vem realizando um trabalho de informação e conscientização à população a
respeito do “ciclo da água”, estimulando a formação de atitudes pró-ativas para a
preservação do meio ambiente e a compreensão dos processos envolvidos,
especificamente afastamento, tratamento e disposição final dos esgotos.
(CARVALHO, et. al, 2000).
Outras empresas de saneamento também têm implantado programas de
educação ambiental, mesmo que de maneiras diferentes essas iniciativas mostram
que a tendência é que a educação ambiental esteja cada vez mais associada às
atividades do saneamento ambiental.
81

4.2.6. Vegetação (recuperação de áreas degradadas)

A vegetação é importante para a manutenção da qualidade ambiental de uma


determinada área, pois protege o solo contra erosão, reduz o fluxo das águas
superficiais, dificulta o assoreamento dos cursos d’água e além de trazer benefícios
paisagísticos.
O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD da área do complexo
da Lagoa Encantada (Figura 44) tem como objetivo a melhoria do meio biótico,
possibilitando a restauração e manutenção dos processos ecológicos.
Visa também a recuperação das áreas de preservação permanente (APP) do
córrego do Caju, dentro do complexo da Lagoa. Definidas pelo Código Florestal
Brasileiro (Lei 4771/1965) como áreas de grande importância ecológica, cobertas ou
não por vegetação nativa, que têm como função preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora,
proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas, as APPs do córrego
do Caju sofreram grande degradação devido a retirada da cobertura vegetal, não só
na área da Lagoa, mas em toda sua extensão.
Segundo a Resolução CONAMA n° 303, de 20 de março de 2002, em seu art.
3º, constitui APP a área situada:
I - em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção
horizontal, com largura mínima, de:
a) Trinta metros, para o curso d’água com menos de dez metros de largura;
b) Cinqüenta metros, para o curso d’água com dez a cinqüenta metros de largura;
c) Cem metros, para o curso d’água com cinqüenta a duzentos metros de largura;
d) Duzentos metros, para o curso d’água com duzentos a seiscentos metros de
largura;
e) Quinhentos metros, para o curso d’água com mais de seiscentos metros de
largura;
II - ao redor de nascente ou olho d’água, ainda que intermitente, com raio
mínimo de cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia
hidrográfica contribuinte;
III - ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de:
82

a) Trinta metros, para os que estejam situados em áreas urbanas consolidadas;


b) Cem metros, para as que estejam em áreas rurais, exceto os corpos d’água com até
vinte hectares de superfície, cuja faixa marginal será de cinqüenta metros;
IV - em vereda e em faixa marginal, em projeção horizontal, com largura
mínima de cinqüenta metros,
Esses foram os requisitos legais aplicáveis ao impacto de recuperação de
áreas degradas na área da Lagoa.

Figura 44: Implantação do PRAD na área da Lagoa Encantada

Outro aspecto importante, é que com a descaracterização desta APP, há um


maior carreamento de sólidos para dentro do córrego, e o solo friável e exposto as
intempéries, o que pode ocasionar processos erosivos.
Na área da ETE pode-se verificar a presença de alguns processos erosivos,
apesar destes não serem significativos conforme constataram Lanoa et. al. (2010), em
um trabalho para identificação de ocorrências erosivas e pontos de assoreamento do
córrego do Caju. Segundo Casara et. al. (2009), ao estudar a mesma área, a litologia
do local composta por filito e metarenito juntamente com a composição do solo
atribui à área de estudo baixa suscetibilidade à instalação de processos erosivos,
tendo ocorrência de sulcos rasos e duas ravinas, sendo uma no estágio mais evoluído.
O número de espécies encontradas na área da lagoa foi de 34. A área total do
complexo é de 31,77 ha, sendo que 14 ha são de lâmina d’água. Então para o uso no
indicador considera-se apena 17,77 ha. A lista das espécies encontra-se no Anexo 5.
O roteiro de implantação do PRAD, estabelecido pela SEMA – Secretaria de
Estado de Meio Ambiente, estabelece a necessidade recuperação de uma área de 7
ha, em um período de 5 anos. Então o indicador obtido mostra que 39% da área está
degradada.
83

4.4. ANÁLISE SOBRE OS INDICADORES

O quadro 7 mostra um resumo sobre os indicadores obtidos.

Quadro 7: Quadro-resumo sobre os Indicadores Ambientais utilizados


Indicador Comentários
Os resíduos gerados na estação que mais impactam
o meio ambiente são os resíduos do tratamento
preliminar e o material sobrenadante acumulado
nas lagoas sendo destinados ao aterro sanitário e
disposição no solo respectivamente. A disposição
Índice de Resíduos no solo é que mais preocupa devido as
47
Sólidos características da escuma e o solo não preparado
para receber este material que pode vir a
contaminar o solo. Outro aspecto importante é a
necessidade de um plano de gerenciamento destes
resíduos, visto a dificuldade de se mensurar tais
impactos e a quantidade de resíduos gerada.

Os odores produzidos na estação estão causando


menos impacto na população vizinha devido a
instalação dos aeradores e da manutenção da área.
Índice de Incômodo Porém vale ressaltar, que muitos moradores ainda
43
causado pelos odores reclamam de odores desagradáveis, conforme
apontou o questionário aplicado junto aos
moradores em que 62% dos entrevistados sentem
algum incômodo com os odores.
Este indicador mostrou que o lançamento não está
atendendo aos padrões estabelecidos pela
OD no ponto de legislação vigente, que é de < 5mg/L. Porém ao
4,43 mg/L
lançamento observar as características do corpo receptor a
montante percebe-se que nesse caso o córrego está
bastante degradado, antes mesmo do lançamento.
A eficiência do sistema mostrou-se próxima do que
é recomendado na literatura, na faixa entre 80-90%
de remoção da DBO. Bem como os outros
parâmetros analisados DQO e E. coli.apresentaram
Eficiência do sistema
resultados satisfatórios., com eficiências de 73% e
em termos de remoção 79%
99,99% respectivamente. No entanto a
de remoção da DBO
concentração de DQO, ainda é bastante elevada,
199,42mg/L, para os níveis aceitáveis de legislação
de outros estados como em Minas Gerais (limite de
90mg/L).
O número de freqüentadores por dia do espaço é
muito grande. E a procura foi aumentando no
decorrer do tempo. Esse indicador serviu para se
Número de usuários/dia 42(un)
ter uma noção dessa quantidade. Porém ao se
verificar as demais atividades desenvolvidas na
área observou-se um elevado número de usuários.
84

Continuação do Quadro 7
O projeto de implantação do Centro de Referência
de Reuso de Água vem realizando diversas
Número de pessoas
atividades voltadas à educação ambiental. Estas
envolvidas em cursos e
1698 (un) ações têm grande importância no sentido de
programas de educação
aplicação de conceitos e teorias de preservação e
ambiental
conservação do meio ambiente, e também para a
interação com a comunidade atendida pela estação.
Considerando a área de 17,77 ha foram
encontradas e catalogadas 35 espécies vegetais.
Número total de Em atendimento ao PRAD serão recuperados 7 ha,
34 (un)
espécies ou 39% desta área. As mudas estão sendo
produzidas no viveiro da estação e também através
de doações do Ministério Público. Essa
recuperação será benéfica para o solo, para a
Área degradada 39% qualidade da água do córrego do Caju, e até
mesmo servindo como barreira natural no controle
de odores.

Após a validação de conteúdo realizada por especialistas da área, os


indicadores foram assim classificados em ordem de pontuação:
1. Eficiência do sistema;
2. Índice de Resíduos Sólidos;
3. Índice de incômodo;
4. OD no ponto de lançamento;
5. Número de pessoas envolvidas em educação ambiental;
6. Área degradada;
7. Número de espécies;
8. Número de usuários/dia;
Percebe-se que as questões relacionadas ao tratamento do esgoto em si, ainda
são vistas como prioridade pelos especialistas. E as questões de lazer e atividades
físicas menos importante segundo os mesmos.

Ao definir os indicadores para este estudo buscou-se uma maneira de avaliar


o desempenho da estação em todas as suas atividades e, sobretudo avaliar os
impactos aos recursos naturais e a população vizinha. Esses indicadores podem vir a
servir de base para a elaboração de um relatório de sustentabilidade pela Sanecap.
Vale destacar que essa é uma tendência já adotada por grandes empresas de diversos
setores, inclusive do saneamento.
85

Os indicadores aqui definidos, não se enquadram como indicadores de


sustentabilidade, que conforme visto anteriormente compreendem informações
relativas às várias dimensões do desenvolvimento sustentável: econômicas, sociais,
ambientais e institucionais.. Nesse caso o objetivo principal dos indicadores foi a
mensuração dos impactos ambientais, entretanto em essência os indicadores apontam
também a sustentabilidade de cada ação.
É importante que na elaboração desse relatório, por exemplo, sejam
adicionados outros indicadores, para uma melhor caracterização, promovendo a
integração dos aspectos ambientais, sociais e econômicos.
Geralmente os indicadores utilizados nos relatórios de sustentabilidade,
analisam a sustentabilidade do tipo “passiva”. Exemplos de indicadores incluem:
cobertura (% da população com acesso a tratamento), remoção de nutrientes (fósforo,
nitrogênio), eliminação de patógenos (agentes patogênicos - % de remoção), o custo
do tratamento. (MURRAY, et. al, 2009).
Entretanto, os esgotos podem ser valiosos recursos, se geridos
adequadamente, com a reutilização dos efluentes, energia e resíduos. Assim a análise
de sustentabilidade deve envolver tanto a sustentabilidade “passiva”, e a
sustentabilidade "ativa", para avaliar como o sistema de saneamento está
contribuindo ou agregando valor ao ambiente local, bem-estar social, e economia.
(MURRAY, et. al, 2009).
Essa já é uma tendência internacional que se pode observar nos trabalhos
desenvolvidos na Europa (Suécia) e Ásia (China). (MURRAY, et. al, 2009; PALME
& TILLMAN, 2008)
A eficiência do uso de indicadores depende de como estes são aplicados.
Deve-se buscar não apenas monitorar ou identificar problemas, mas também
estabelecer metas para melhoria no desempenho.
O anexo 6 traz uma lista de indicadores ambientais recomendados para
avaliar o desempenho da estação de tratamento, inferindo-se a sustentabilidade.
86

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

Ao longo deste trabalho pode-se observar a importância que a Estação de


Tratamento de Esgoto do CPA III – Lagoa Encantada possui no contexto em que se
insere. Com o processo de revitalização que a estação passou nos últimos anos, o
local passou a ser uma área de lazer, com estrutura para o turismo, atividades físicas
e educação ambiental.
As mudanças realizadas na estação proporcionaram algumas melhorias no
sistema de tratamento e também uma aceitação por parte da comunidade, que se
mostrou bastante interada de todo o processo, conforme pode ser observado na
pesquisa de opinião realizada. Esses avanços ocorrem no sentido de minimizar os
impactos causados pela estação tanto ao meio ambiente, devido ao descaso com a
operação do sistema e gestão da área da ETE como um todo, e a população vizinha
que era prejudicada por esses impactos.
A definição e análise dos indicadores ambientais possibilitaram o
conhecimento da magnitude de cada impacto ambiental, ou possível impacto, de
todas as atividades realizadas na ETE.
Os impactos causados mais preocupantes estão relacionados a operação do
sistema. Apesar dos indicadores de eficiência do tratamento de esgoto terem sido
satisfatórios, partindo das características do corpo receptor, com qualidade
comprometida, é possível verificar que o lançamento do efluente tem baixo impacto
sobre o córrego uma vez quem deve-se tomar medidas mitigadoras a montante da
ETE.
Há a necessidade de se melhor gerenciar os resíduos sólidos do tratamento,
que são os mais impactantes, principalmente o material sobrenadante que é disposto
no solo, podendo ocorrer contaminação. E com relação ao odor, deve-se buscar
alternativas para minimizá-lo visto que ainda se tem muitas reclamações a respeito.
87

Ainda são observados alguns impactos negativos, e os indicadores os


caracterizaram quantitativamente. Mas ressaltam-se que as grandes mudanças
ocorridas, por ser um projeto novo, com responsabilidade social e ambiental, e esse
novo modelo de gerenciamento integrado com a comunidade, não só a quantidade,
mas a qualidade também é muito importante, como no caso dos impactos positivos
em que foram mensurados os participantes de cursos, eventos e freqüentadores do
espaço da Lagoa.
Dentre os indicadores ambientais definidos os mais significativos segundo a
opinião dos especialistas foram: Eficiência do sistema, Índice de Resíduos Sólidos,
Índice de incômodo causado pelos odores. Essa validação permitiu identificar a
opinião de profissionais e pesquisadores acerca da avaliação dos impactos
ambientais.
O conhecimento e entendimento da comunidade no que diz respeito a estação,
é um fator muito importante e que deve ser ainda mais difundido, haja vista que
muitas pessoas desconhecem que a Lagoa Encantada é uma estação de tratamento de
esgoto. Apesar de as mudanças causadas pelo projeto de revitalização ser mais
estéticas é preciso essa divulgação para que haja uma maior aceitação.
O cenário futuro da ETE tende a ser ainda mais inovador, com implantação
do CRRA e do reator anaeróbio. Com isso, as novas tecnologias de tratamento e o
reuso do efluente, tendem a trazer ainda mais notoriedade para a ETE. É claro que
este novo sistema também irá ter outros aspectos ambientais, tais como geração de
gases e lodo, que devem ser bem gerenciados a fim de minimizar os possíveis
impactos.
Este trabalho consiste em uma ferramenta importante para divulgação das
informações acerca da Lagoa Encantada na comunidade em geral, e para a
gerenciadora dando suporte na identificação dos principais problemas decorrentes
das atividades desenvolvidas na estação, além de servir como base para a
implantação de um sistema de gestão ambiental na ETE.
88

Diante do exposto, seguem algumas recomendações:


• Elaborar um plano de gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos
na estação;
• Identificar lançamentos pontuais no córrego do Caju a montante para
solucionar os problemas de qualidade de água da microbacia.
• Realizar monitoramento das emissões atmosféricas para mitigação de
odores desagradáveis;
• Instalar mais placas de informações, apontando que o local é uma
estação de tratamento;
• Implantar roteiro de educação ambiental para efetiva participação da
comunidade escolar e em geral;
• Utilização dos indicadores ambientais (Anexo 6) para elaboração de
um Relatório de Sustentabilidade;
• Dar continuidade nas pesquisas científicas, a fim de se aprofundar e
divulgar a experiência, dificuldades e desafios encontrados, tornando
a estação realmente uma referência não só a nível local.
89

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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97

7. ANEXOS

ANEXO 1: Aplicação de Indicadores


ANEXO 2: Lista de espécies encontradas na área da ETE
98

ANEXO 1
Propostas para indicadores de desempenho ambiental de diversas instituições/entidades
Instituição Foco Concepção Usuário Abrangência Indicado Aplicação Quanto à ADA
Efeito Estufa, Camada de
Baseia-se no modelo Ozônio, Eutrofização, Os indicadores sozinhos não
Pressão (das atividades Países Emissões Acidificantes, Permitem uma ADA.
QL Requer adaptação e
OCDE S humanas)-Estado (do meio membros da Contaminação Tóxica, Meio Refletem condições externas à
QN seleção de unidades
ambiente)-Resposta (da OCDE ambiente Urbano, organização. Requer IDAs
Sociedade) Biodiversidade, Resíduos, Água, adicionais
Florestas, Pesca, Solo
Efeito Estufa, Camada de
Ozônio, Meio ambiente
Há definição das
Baseia-se numa lista de Países das Urbano, Biodiversidade,
unidades, propósito,
UNCSD S indicadores testados Nações Agricultura QN Idem OCDE.
relevância e padrões
voluntariamente Unidas (Fertilizantes/Pesticidas), Água,
recomendados
Florestas, Pesca, Zona Costeira,
Solo
Produtos/Serviços, Vendas
Baseia-se na relação valor Líquidas, Energia,
Qualquer Há definição dos Requer IDAs adicionais; faltam
do produto ou serviço x Materiais, Água, Efeito Estufa,
WBSCD S organização QN métodos de medição e indicadores de biodiversidade,
influência ambiental para Camada de Ozônio,
industrial a fonte de dados conformidade e treinamento
definição dos indicadores. Emissões Acidificantes,
Resíduos, Resultados Líquidos
Materiais, Energia, Efeito Estufa,
Baseia-se em indicadores
Camada de Ozônio, Requer IDAs adicionais;faltam
absolutos (senso de escala) Qualquer Alguns IDAs são
Biodiversidade, Água, Ar, QL indicadores da comunidade,
GRI S e relativos (para organização subjetivos
Fornecedores, Produtos e QN atendimento, emergências,
comparação entre industrial e difíceis de medir
Serviços, Conformidade, treinamento.
organizações)
Transporte, Investimentos
Baseia-se na avaliação da Não há definição dos
Os IDAs quantitativos são
Sustentabilidade Qualquer Efeito Estufa, Água, Energia, QL métodos de medição e
DJSGI S insuficientes,
Corporativa, afetando a organização Resíduos QN a
sendo necessário IDAs adicionais
reputação da empresa. fonte de dados.
99

Comprometimento com a
Baseia-se num modelo de melhoria da qualidade ambiental, Os IDAs ilustram o Desempenho
autoavaliação e Qualquer Educação Ambiental, QL Simples e fáceis de Ambiental geral. São apropriados
ETHOS RS
aprendizagem das organização Gerenciamento dos QN aplicar para avaliações comparativas
empresas Impactos de produtos e serviços, entre empresas.
Materiais
Os indicadores expressam
Baseia-se na demonstração Resíduos, Efluentes, Educação
Há instruções para resultados gerais; são ilustrativos
dos investimentos Qualquer Ambiental,
IBASE RS QN determinação dos e informativos para a sociedade.
ambientais internos e organização Despoluição, Conservação de
IDAs Não são apropriados para a
externos à empresa Recursos Ambientais
gestão c/ a melhoria contínua.
Políticas/Programas,
Estabelece critérios para Conformidade, Desempenho Oferece um grande
Avaliação do Desempenho Financeiro, Relação com a número Os exemplos da Norma
Qualquer
Gerencial, Operacional e Comunidade, Materiais QL de exemplos de constituem a lista
ISO DA organização
de Energia, Equipamentos, QN indicadores, mais completa de indicadores
industrial
Condição Ambiental da Produtos/Serviços, Resíduos, com diferentes graus para ADA.
empresa Ar, Solo, Água, Flora, Fauna, de aplicabilidade.
População
A lista de IDAs é orientativa. A
Os IDAs são
Baseia-se na norma ABNT empresa deve desenvolver seus
Energia, Água, Materiais, Custo relativamente fáceis
NBR Qualquer próprios indicadores conforme
do Processo, QL de aplicar. Há
FIESP DA ISO 14031, no GRI e em organização sua especificidade e
Resíduos, Ar, Conformidade, QN indicação das
trabalhos já realizados por industrial necessidades.
Biodiversidade unidades a serem
algumas empresas. Não há IDAs relacionados c/
adotadas.
treinamento e comunidade
100

ANEXO 2
Espécies encontradas na área da Lagoa Encantada
NÚMERO NOME POPULAR NOME CINETÍFICO
1 Tarumã Vitex montevidensis
2 Gonçaleiro Astronium fraxinifolium
3 Nim Azadirachta indica
4 Ipê branco Tabebuia roseo Alba
5 Angico branco Anadenanthera colubrina
6 Periquiteira Trema micrantha
7 Aricá Physocalymma scaberrimum
8 Cumbarú Dipteryx alata
9 Cabelo-de-negro Erythroxylum suberosum
10 Chá-de-Frade Casearia sylvestris
11 Cipó tripa de galinha Bauhinia glavra
12 Amescla Trattinnickis cf. burseraefolia
13 Coração-de-negro Coccoloba mollis
14 Pipera Pipera spp
15 Mama-cadela Brosimum gaudichaudii
16 Chico magro Guazuma ulmifolia
17 Santa Bárbara Melia azedarach
18 Gonçaleiro Astronium fraxinifolium
19 Paineirinha Calotropis sp
20 Louro Cordia glabrata
21 Pau-terra Qualea grandiflora
22 Lixeira Uratela americana
23 Timbó Mascagnia sp
24 Goiabeira Psidium guajava
25 Figueira Ficus spp
26 Sucupira preta Bowdichia virgilioides
27 Veludo branco Guettarda viburnoides
28 Paina Erioteca pubescens
29 Algodão-do-cerrado Cochlospermum regium
30 Açoita cavalo Luehea grandiflora
31 Peroba Aspidosperma macrocarpon
32 Sete casca Samanea inopinata
33 Farinha seca Albizia hasslerii
34 Ximbuva Enterolobium contortisiliquum
101

8. APÊNDICES

APÊNDICE 1: Questionário aplicado com os moradores do entorno da ETE


APÊNDICE 2: Mapa de aplicação dos questionários
APÊNDICE 3: Validação de Conteúdo
APÊNDICE 4: Proposta de indicadores de desempenho
102

APÊNDICE 1
Questionário com moradores do entorno da Lagoa Encantada

Este questionário tem como objetivo avaliar a satisfação dos moradores no entorno
da Lagoa além de avaliar o efeito do odor nos receptores. Os resultados desse
levantamento serão utilizados para elaboração de uma dissertação de mestrado da
UFMT.
Bairro: ______________Setor____________

1) Qual sua satisfação com o espaço da lagoa?


( ) Muito Bom ( ) Bom
( ) Médio ( ) Ruim

2) Quais os pontos negativos que você observa na Lagoa¹


___________________________________________________________________

3) Com relação ao odor, você sente algum odor proveniente da lagoa?


( ) Sim ( ) Não

4) Qual a intensidade do cheiro?


( ) Muito fraco ( ) Fraco ( ) Forte ( ) Muito forte

5 ) Qual o horário em que o odor é mais forte?


( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite ( ) O dia todo.

6) Com que frequência você percebe o odor proveniente da Lagoa?


( ) Raramente ( ) Diariamente ( ) Semanalmente ( ) Mensalmente

7) Você sente algum sintoma ou consequência devido a esses odores?


( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual? ________________________________________________________

8) Observando estas figuras, como você se sente com relação ao odor proveniente da
Lagoa?
103

APÊNDICE 2
104

APÊNDICE 3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE
EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL
Mestranda: Heloisa Pimpão

Validação de Conteúdo – Indicadores Ambientais

Você deve julgar cada indicador atribuindo uma resposta de acordo com a
seguinte escala:
Concordância/discordância
1 – Não importante
2 – Pouco importante
3 - Importante
4 – Muito importante
5 – Extremamente importante

Indicador Concordância/discordância

Índice de Resíduos Sólidos


Índice de Incômodo causado pelos odores
Eficiência do sistema em termos de remoção de
remoção da DBO
OD no ponto de lançamento
Número de usuários/dia
Número de pessoas envolvidas em cursos e de
programas educacionais ambientais
Número total de espécie/área
Área degradada

Comentários:
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APÊNDICE 4
Proposta de indicadores
Indicadores de Desempenho de Gestão – IDG
• Número de iniciativas de prevenção da poluição
implementadas;
Implementação de • Grau de escolaridade dos funcionários;
política e programas • Número de funcionários que participam de
treinamento ou que possuem requerimento ambiental
em sua descrição de trabalho;
• Número de multas e penalidades ou reclamações e
os custos a elas atribuídos;
Conformidade • Licenças ambientais obtidas;
• Certificação ambiental obtida;
• Conformidade com padrões de lançamento
• Custo anual por habitante servido por tratamento de
esgoto;
Desempenho financeiro • Custo anual por tonelada de DBO removida;
• Investimentos em ações compensatórias;
• Especulação imobiliária na área em torno;
• Número de programas educacionais ambientais
fornecidos a comunidade;
Relações com a • Número de iniciativas locais de limpeza ou
comunidade reciclagem patrocinados;
• Índice de aprovação em pesquisas na comunidade;
• Número de reclamações;

Indicadores de Desempenho Operacional – IDO


Materiais • Quantidade de cal/m³ de esgoto tratatado;
• Consumo energético por volume de esgoto tratado
Energia (KWh/m³)
• Quantidade de energia/ano;
Instalações físicas e • Área total da ETE;
equipamentos • Funcionamento do aerador;
• Eficiência do sistema;
Produto
• Perspectivas de reuso;

Indicadores de Condição Ambiental – ICA


Ar • Odor medido a uma determinada distância da ETE;
• IQA do córrego Cajú;
Água
• OD no ponto de lançamento;
• Número total de espécies/área;
Flora
• Concentração de fitoplâncton/clorofila a jusante;
Solo • Taxa de erosão; área afetada;
Resíduos • Quantidade total gerada

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