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XXII CONFAEB Arte/Educação: Corpos em Trânsito

29 de outubro à 02 de novembro de 2012


Instituto de Artes / Universidade Estadual Paulista

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AÇÕES INTERATIVAS ENTRE O PERCEBER E O IMAGINAR: ICONOGRAFIA


BRASILEIRA E COMPOSIÇÃO PICTÓRICA

Natasha Norberto dos Santos


UFRRJ
nathynorberto@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/3225267213121672

Luciana Diláscio Neves


UFRRJ
ludilne@ig.com.br
http://lattes.cnpq.br/9002099783022805

RESUMO: Fazendo parte de atividades de iniciação à docência, vinculadas ao Programa


Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID do Curso de Licenciatura em Belas
Artes da UFRRJ, o trabalho a seguir trata-se de uma experiência dos bolsistas-licenciandos
do Programa desenvolvida com alunos do nono ano do ensino fundamental, tendo como
pressuposto o trabalho com o imaginário repercutido através da iconografia brasileira
apresentada pelas imagens pictóricas de artistas viajantes do século XVII e XIX; assim
como o trabalho com aspectos formais da percepção visual, de modo que, na conjunção
destes dois eixos de trabalho pudesse ser conduzida a criação de painéis pictóricos
coletivos, em que a assimilação de novas formas, assim como dos conteúdos teóricos
introduzidos, fundissem-se na percepção e imaginação particular de cada aluno.
Palavras-chave: imaginário; iconografia brasileira; pintura.

ABSTRACT: Making part of the teaching initiation activities, linked to the Teaching Initiation
Scholarship Institutional Program – PIBID of the UFRRJ Beautiful Arts Graduation Course,
the following work is about a scholarship students experience developed with ninth degree
students, based upon working the passed imaginary through Brazilian iconography
presented by pictorial images of traveling artists of the 17th and 19th centuries; as well as
working with formal aspects of visual perception, so by the conjunction of these two working
axis could be conducted the creation of pictorial collective panels, in what the assimilation of
new forms, as well as introduced theoretical background, melt themselves in the perception
and imagination of each student.
Key-words: imaginary; brazilian iconography; painting.

Este trabalho objetiva relatar oficina realizada por alunos do Programa


Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID do curso de Licenciatura em
Belas Artes da UFRRJ, oferecida aos alunos do 9º ano do Fundamental do Centro
de Atenção Integral à Criança, CAIC- Paulo Dacorso Filho. De abrangência prática e
teórica, teve como proposta a realização de pequenos painéis, envolvendo o
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imaginário presente na produção artística do século XVII e XIX, ilustrando através
destas imagens um pouco da história cultural do Brasil. Além de conteúdos relativos
à história da formação do Brasil, a oficina requisitou a participação em atividades de
composição, desenho e pintura, fazendo parte de ações que têm visado interações
entre o fazer (criar) e o compreender; o perceber e o imaginar.

Neste sentido, procuramos destacar a importância da sensibilidade e da


imaginação para a educação; empenhando-nos em salientar o valor de uma
educação poética, de modo que, no caso da proposta deste trabalho objetivou-se
fazer repercutir a imaginação sobre as origens e formação cultural do Brasil através
de uma série de imagens diversificadas, conjugando também a contextualização
sobre esta formação cultural com o processo de criação pictórica que culminou após
atividades perceptivas, mas incentivando – pelo próprio modo de apresentação das
imagens – um espaço interno para imaginar, vinculando tanto aquilo que é
apreendido como “realidade”, como para aquilo que é reinventado.

Planejamento e Processo de trabalho

A primeira parte consistiu na apresentação de inúmeras imagens da


iconografia brasileira: do Brasil colonial, em geral, dos artistas viajantes holandeses
que aqui estiveram no século XVII, Frans Post (1612-1680) e Albert Eckhout (1610-
1666), praticamente as únicas referências visuais do Brasil daquela época – pois
não existia a fotografia e todo restante da produção cultural era voltada para a arte
sacra – sendo responsáveis por quase tudo o que conhecemos do Brasil naquele
período: paisagens, animais, frutas, as construções e os tipos humanos. No século
XIX, foram atraídos para o Brasil inúmeros artistas viajantes que vinham nas
expedições ou que se fixavam no país encantados pela exuberância tropical do novo
continente. Deste período, foram mostradas imagens de Johann Moritz Rugendas
(1802-1855), Nicolas Antoine Taunay (1755-1830), Jean Baptiste Debret (1768-
1848), Thomas Ender (1793-1875), entre outros. A ideia era apresentar um pouco
da feição do Brasil, assim como suas transformações e história cultural contadas
exclusivamente através destas imagens visuais. Foram salientadas também
referências de flora e fauna, tais como ocorriam nas expedições científicas.

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As primeiras imagens apresentadas visaram fazer repercutir as indagações
de como seria o “Brasil” do tempo do descobrimento ou mesmo antes – a partir de
referências visuais posteriores; aproveitando-se, através das imagens, para
contextualizar sobre o processo histórico e cultural da formação do Brasil. As
imagens a seguir são parte destas pelas quais a oficina foi iniciada:

Rio na Floresta Brasileira, Pará, Óleo sobre tela Um Tapir na Floresta Brasileira, Óleo sobre tela

A seguir, apresentamos imagens dos pintores viajantes da Comitiva do


príncipe Maurice de Nassau, no século XVII: Imagens de Frans Post apresentando o
universo cultural do Brasil colonial, com os cenários selvagens, mas já marcados
pelos engenhos de cana de açúcar que começavam a pontilhar os ondulantes
verdes. E de Albert Eckhout, apresentando imagens dos tipos raciais do Brasil e a os
aspectos da flora e fauna:

Frans Post, Paisagem Brasileira com Tatu, Frans Post, Igreja e claustro de Igaraçu,

1649, Óleo sobre madeira Óleo sobre madeira

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Albert Eckhout, Homem tapuia, Albert Eckhout, Frutas Brasileiras,

1643, Óleo sobre tela XVII, Óleo sobre tela

Por vezes, a utilização de algumas “citações verbais” – sejam documentais ou


poéticas – acrescentadas às imagens, nos ajudou a estimular a imaginação sobre a
imagem visual, tal como esta de Domingos Vieira Filho sobre o cenário colonial:

com as boiadas se espraiando sertão adentro, avassalando campos e


brenhas, irmanadas ao próprio homem aventureiro e obstinado que
palmilhava ousadamente as imensidões da terra brasileira para plantar a
semente de vilas e povoados com um escasso aparato civilizatório e uma
vida cercada de perigos e desconfortos, e marcados para sempre pela
saudade de seus maiores, que expressava nas modinhas dolentes e nos
aboios que ecoavam na solidão dos campos perdidos como notas de
profunda confrangedora tristeza (in FRADE et al, 1980, p.41).
Aspectos interessantes foram salientados em imagens de tapeçarias
produzidas na Europa a partir de “motivos” brasileiros levados pelos artistas
viajantes, revelando um possível “olhar” do europeu sobre o Brasil; resultando em
algumas bastante exóticas, com possíveis fusões de espécies típicas no Brasil e na
Europa:

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Tapeçaria Tapeçaria

A seguir foram mostradas imagens resultantes dos pintores viajantes que


vieram para o Brasil no século XIX e também das resultantes das inúmeras
expedições científicas difundidas pelo território brasileiro. Aparecem aí, além das
extensões de terra virgens, cidades e bairros em plena formação, nas imagens
destes inúmeros artistas que aqui estiveram, fossem da missão artística francesa, ou
estrangeiros independentes da missão. Apresentam também os tipos humanos, os
costumes, as formas de trabalho, as manifestações populares expressas nas danças
e cantos, tão claramente notificadas nas imagens de Debret:

Nicolas Antoine Taunay, Largo da Carioca, Jean Baptiste Debret, 1827

1816, Óleo sobre tela

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Inúmeras imagens da iconografia da fauna e flora geralmente referente aos
trabalhos produzidos pelas exposições também são apresentados.

Ilustração Científica lustração Científica

E com o surgimento da fotografia no século XIX, também puderam ser


apreciadas algumas fotos do período.

Fotografia, Igreja do Carmo – Rua 1° de março, Fotografia, Entrada da Baía do Rio de Janeiro,

Rio de Janeiro, 1865 1875

Mostramos aqui uma parcela das mais de 130 imagens utilizadas.


Acreditamos que este procedimento, pela diversidade de imagens apresentadas, as
quais encerram “visões” diversas dos aspectos do Brasil e de sua formação cultural,
estimulam à confabulação e ajudam a “despertar” imagens internas nos próprios
alunos, fazendo-os reverberar em torno deste universo observado. Além disto,
inúmeros conteúdos podem ser introduzidos, assim como a utilização de outros
elementos não necessariamente visuais, como textos documentais, poesias,

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músicas que se relacionem com o contexto das imagens etc, no intuito de colaborar
para a sugestão e “construção” de um universo interno.

Finda a primeira parte, os participantes executaram uma pequena atividade


de desenho - realizada individualmente - a partir da observação das configurações
dos desenhos de flora e fauna apresentados. Nesta etapa, chamou-se atenção para
a percepção das formas. Deste modo, o objetivo foi o enriquecimento do imaginário
visual proporcionado com a observação de formas variadas de expressão. É notório
que, em considerável parte dos casos, os alunos passam a desenhar com as
referências mentais que trazem consigo e, muitas vezes, estas referências se
tornam formas estereotipadas e repetitivas pela falta de contato com referências
diferenciadas e mesmo pela falta do exercício propiciado pela observação
concentrada do mundo ao redor. É comum o fato de “olharmos” as coisas
genericamente, mais com o conceito mental que carregamos das mesmas, do que
as “vendo” realmente, por isso, a observação concentrada em formas ricas em
expressão, possibilitam um espaço distendido desta experiência em que a
assimilação de novas formas se fundem na percepção e expressão particular de
cada um. Segundo Ana Mae Barbosa (2002, pp. 79-82) a respeito de algumas idéias
sobre arte-educação de John Dewey, o trabalho combinado da observação e da
imaginação, aprofunda a capacidade de expressão do indivíduo, na medida em que
amplia os significados da experiência. Para o pensador, o potencial da expressão
criativa não ocorre nem na interpretação como descarga emocional, nem como
imitação ou cópia do real, mas na tensão entre o sujeito e o mundo, entre o subjetivo
e o objetivo. Dewey criticou a livre expressão como pura subjetividade (como
prática-teórica exercida na década de 40), acreditando se tratar de uma experiência
não integrativa da relação homem-mundo, e, portanto, pobre de significação; por
outro lado, a subordinação da imaginação a uma prática mecânica de
representação, resultaria igualmente numa experiência pouco significativa. Segundo
Barbosa, colocando a imaginação como operação central da educação e da
experiência estética, na teoria de Dewey:

A imaginação projeta o significado além da experiência comum, e é uma


característica humana gravada na textura da experiência da criança e do

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adulto. A subordinação da imaginação à racionalização não é um indício de
maturidade, mas sim de mecanização (2002, p. 85).
Com relação ao conceito de “configuração” foi explicitado que a configuração
apresenta aquilo que vemos, e de certo modo, independente daquilo que
conhecemos, de modo que, por vezes, a configuração de um objeto não se identifica
com o que “entendemos” do mesmo, tal como pode ser observado no exemplo
abaixo:

Neste caso, a intenção seria intensificar a percepção da visualidade,


estimulando a percepção da variedade formal para além de um conceito a ela
inerente. Assim, de igual maneira, chamou-se atenção também para os movimentos
e para as dinâmicas direcionais apresentadas nas formas ou nas composições
observadas, tais como nos exemplos abaixo:

Antes de ser iniciado a criação dos painéis pictóricos, trabalhamos com a


proposta de reconstrução de uma das composições observadas – escolhida por
cada grupo – através de um processo de recorte e colagem, tentando captar pelos
recortes as configurações, direções e dinâmicas das composições observadas, tais
como aparecem nos exemplos abaixo:
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Por fim, foram apresentadas também teorias sobre algumas possibilidades de


mistura de cores, tendo sido elaborados cinco painéis coletivos no tamanho de 1,00
x 0,80 m a partir dos elementos observados e desenhados; através de
procedimentos que visaram aguçar a percepção das formas, mas incentivando
também uma integração entre observação e imaginação como princípio das
composições. Buscaram-se basicamente dois objetivos: propiciar um imaginário
brasileiro – tema para os painéis – a partir das imagens apresentadas, aproveitando
para contextualizar sobre elementos da formação cultural do Brasil; por outro lado,
exercer uma atividade envolvendo desenho, pintura, composição, abrindo espaço
para reflexões próprias do meio pictórico, envolvendo atividades de percepção de
formas. As imagens utilizadas, apresentando aspectos e elementos deste cenário
brasileiro, serviram à percepção das formas, buscando convergir na elaboração dos
painéis, a percepção e a imaginação. Seguem imagens dos painéis:

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Justificativas

A primeira argumentação que propomos a respeito do processo utilizado se


baseia na importância de enriquecimento do imaginário dos alunos através do
contato com referenciais culturais diversificados, sejam visuais, sonoros, literários,
audiovisuais etc, e, em especial, do contato com referenciais da arte. Como mostra
Ana Mae, de acordo como John Dewey a respeito do preconceito vindo da
supervalorização da livre expressão do ensino da arte, na década de 40, com
relação às influências sofridas pelas crianças na escola, não há germinação
espontânea na vida mental: “Se ela [a criança] não receber a sugestão do professor,
irá recebê-la de alguém ou de alguma coisa, em casa ou na rua, ou daquilo que
algum colega mais vigoroso estiver fazendo” (in BARBOSA, 2002, p.82).

Barbosa (2005, p. 20) esclarece que ficou comprovado que a percepção da


criança sem influência de imagens não existe realmente, e que grande parte de
nosso conhecimento informal vem através das imagens que recebemos a todo
instante. Tal constatação se confronta com o antigo preconceito do uso de imagens
artísticas em sala de aula e com alunos observando ou se referenciando em
imagens de arte, baseada, em grande parte, numa compreensão superficial de
senso comum que identifica a criatividade com uma pretensa espontaneidade “livre
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de influências”. Segundo Fayga Ostrower, “ser espontâneo nada tem a ver com ser
livre de influências” (1983, p. 147), e se o homem não tem como omitir-se a
valorações do contexto cultural, ele exerce sua liberdade pela possibilidade de as
enfrentá-la seletivamente, de modo que tal liberdade e individualidade se concretiza,
quanto mais ele pode se confrontar com uma amplitude diversificada de significados
externos.

Consideramos que este é um trabalho fundamental da educação: um trabalho


de “construção” cultural e do enriquecimento do imaginário do educando, na
intenção de ampliação dos referenciais do mundo interno do indivíduo. O
procedimento que desenvolvemos na oficina aqui descrita tem sua afirmação dentro
de um conjunto de outras ações que visem sempre mais a colaboração para esta
abertura, preservando as potencialidades do indivíduo para uma crescente e
contínua apreensão de conteúdos e significados revelados na relação sujeito-
mundo.

É um trabalho sempre contínuo da educação: buscar meios de fazer


despertar o interesse do aluno pelo conhecimento e pelo vasto universo cultural e
artístico, trabalhando para um constante interesse do individuo, seja pela realidade
natural com todas as suas implicações, seja pela realidade cultural e artística que
guardam consigo um inesgotável arsenal da vivência e do confabular humano.
Acreditamos que esta função é o meio que a educação tem de construir este
complexo “artefato chamado liberdade”, pois como acrescenta Ana Mae Barbosa,
liberdade ou individualidade “não é ausência de controle, mas implica um longo
trabalho de construção” (2002, p.83).

Com relação ao uso de imagens artísticas como referenciais para uma


recriação, salientamos que todo direcionamento do procedimento utilizado foi no
sentido de que a observação destas imagens pudesse “aprofundar e ampliar a
própria capacidade de expressão e não para desenvolver um modo de
representação realista” (2002, p.80), num processo em que o diálogo entre a
observação e a imaginação se torne princípio condutor deste fazer.

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Referências:
ARNHEIM, Rudolf. Arte e Percepção Visual: Uma Psicologia da Visão Criadora. Editora:
Pioneira, 1998.
______________. Intuição e Intelecto na Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
_______________. Consideraciones sobre la Educación Artística. Barcelona: Paidós, 1993.
BARBOSA, Ana Mae. Jonh Dewey e o Ensino da Arte no Brasil.São Paulo: Cortez, 2002.
_________________. A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva, 2005.
BRASIL. Secretária da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte/
Secretaria da Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BUENO, Alexei. O Brasil do Século XIX na Coleção Fadel. Rio de Janeiro: Instituto Cultural
Sergio Fadel, 2004.
CAMPOFIORITO, Quirino. História da Pintura Brasileira, 5 Volumes, Rio de Janeiro:
Pinakotheke, 1983.
FRADE, Cáscia et al. Brasil: Festa Popular. Pref. De Câmara Cascudo. Rio de Janeiro:
Livroarte, 1980.
HERKENHOFF, Paulo. O Brasil e os Holandeses. Rio de Janeiro: GMT Editores, 1999.
OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1983.
WICK, Rainer. Pedagogia da Bauhaus. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Natasha Norberto dos Santos


Aluna do Curso de Licenciatura em Belas Artes da UFRRJ, bolsista do Programa
Institucional de Iniciação à Docência- PIBID.

Luciana Diláscio Neves


Professora do Curso de Licenciatura em Belas Artes da UFRRJ. Graduada pela Escola de
Belas Artes da UFRJ. Mestre em Ciência da Arte pela UFF. Licenciada pelo Curso de
Formação Pedagógica da UCAM. Coordenadora do PIBID Belas Artes da UFRRJ desde
maio de 2010.

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