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RESUMO
Um sistema de resfriamento está sendo aplicado na superfície da Mina de Cuiabá, com
objetivo de assegurar que as condições ambientais prevalecentes na parte inferior da mina
permitam condições de segurança e saúde ocupacional.
Para a consecução desse objetivo de forma altamente satisfatória e eficiente, uma série de
etapas mutuamente independentes está sendo implantada visando a atender à performance do
sistema, levando em consideração a gestão de energia com otimização e identificação de
recursos. Modelamento matemático, otimização e validação dos volumes de ar requerido,
simulação das condições ambientais, determinação e estratégia da capacidade de refrigeração
foram às principais etapas mutuamente interdependentes executadas. O projeto foi executado
pela BBE, empresa internacional com base na República Sul-Africana.
ABSTRACT
A cooling system is being implemented on surface of Cuiaba mine with the aim to ensure that
the environmental conditions prevailing in the lower portion of this mine will allow for safe
and occupational health conditions.
For the attainment of this objective in a highly satisfactory and efficient way, a series of
mutually independent stages is being implanted seeking to assist the system performance
taking in considerations the energy management with optimizations and identification of
resources. Mathematical modeling, optimization and validation of the required air volumes,
simulation of the environmental conditions, determination and strategy of the cooling capacity
were the main stages mutually interdependent executed. The project was executed by BBE, an
international company, based on Republic of South Africa
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INTRODUÇÃO
A Mina Subterrânea de Cuiabá está localizada na zona rural a leste do município de Sabará,
distante aproximadamente 35 km da capital do estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, com
acesso pela rodovia MG-05 e alternativamente pelo município de Caeté, pela estrada Olavo
Bartolomeu Vitoriano.
Descobertas do ouro na região da fazenda Cuiabá foram evidenciadas por volta do ano de
1740, onde o processo mecanizado da lavra iniciou-se em 1877 pela St. John Del Rey Mining
Company.
Por certo período, a extração de minério ficou paralisada temporariamente, e sua reabertura
em escala industrial aconteceu no ano de 1985.
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Com a entrada da frota diesel em 1992 nas operações subterrâneas, etapas visando a
expansões foram planejadas e executadas sucessivamente, passando a mina a lavrar 2.430 tpd
de minério a partir daquele ano (Gráfico 01, Cuiabá Mine Production – 2000 a 2010).
CUIABÁ MINE PRODUCTION - 2000 a 2010
Milhares 1400
1200
1000
Tonelagem
800
600
400
200
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
ESTUDO INICIAL
Naquele ano contratamos a BBE (Bluhm Burton Engieneering), empresa sul-africana, para
realizar, em conjunto com a equipe AGABM, estudos ambientais visando a atender ao
planejamento para expansão do aprofundamento da mina até o nível 21.
Esses estudos estabeleciam critérios para produção de 5000 tpd (4.000 minério + 1.000
estéril), empregando uma potência total da frota diesel da ordem de 7.5 MW, temperatura de
rocha virgem de 39,9 ºC no nível 21, a 1.422 metros de profundidade.
Desenvolvido pela CSIR Minigtek e Bluhm Burton Engineering (BBE), empresas sul-
africanas, o Vuma permite-nos criar o ambiente de mina através de uma rede de pontos (nós),
tendo cada elemento empregado, após o cálculo, características aerodinâmicas e
termodinâmicas específicas, visualizadas em 2D e 3D através de gráficos rotacionais com
variáveis do processo em cores (Figura 03, Modelamento matemático Vuma Software ).
Após a utilização desse software, chegamos à conclusão a qual validamos de que a única
alternativa técnica viável seria refrigerar o ar para suprir as operações abaixo do nível 16.
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Portanto, a utilização de sistemas de ventilação somente não atenderia às exigências dos
cenários estudados, indicando um horizonte crítico no nível 16 (1.081 metros profundidade),
aonde o ar de superfície chegaria com capacidade zero de resfriamento para uma temperatura
de rejeição de 28 ºC, como se vê no gráfico 02, Potencial de resfriamento do ar (BBE, May
2004).
Nesta fase, a exigência da ventilação principal foi calculada em 690 kg/s de ar com 340 kg/s
tratado, refrigerado e encaminhado até o nível 11, a 757 metros de profundidade, por um poço
exclusivo de 5.1 metros de diâmetro localizado em superfície, Fridge Shaft, já escavado, cujo
investimento foi da ordem de US$ 3.0M.
Para essas condições do estudo inicial, cálculos determinaram para o sistema uma capacidade
de refrigeração de 8.3 MW(r), utilizando-se 02 unidades de resfriamento de líquido em série de
4.6 MW(r), com custo de implantação desse sistema estimado em US$ 5.8 M.
Novo estudo foi realizado envolvendo a equipe AGABM e a empresa de consultoria técnica,
BBE, incorporando estas novas exigências (AGABM, setembro 2008):
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Segundo o atual plano de produção, as atividades de desenvolvimento chegariam ao
nível 16 no 2º trimestre de 2010, onde, a partir desta data, o desenvolvimento seria
iniciado com a abertura dos corpos de minério.
As frentes de lavra do nível 16 iniciariam sua produção em 2012, porém o
desenvolvimento continuaria a escavar a rampa em 2010 em direção ao nível 17.
A introdução de uma rampa exclusiva para a frota diesel iria impactar de modo
significativo as condições ambientais no fundo da mina, pois iria direcionar para o
retorno de ventilação os gases, fumo diesel e calor gerado, reduzindo assim a carga
térmica com consequente diminuição de temperatura, uma vez mantidas as demais
condições.
Outro fator relevante refere-se à redução das consequências negativas de um incêndio
em veículo, isso à custa de um volume não previsto de ar retirado do caudal principal.
A troca de caminhões AD30, com potência 334 Cv por caminhões A30D, com
potência de 400 cv, representando um aumento de 16% na carga térmica e,
proporcionalmente, no volume de ar requerido nas frentes em desenvolvimento, com
incremento na temperatura.
Outra modificação significativa é a relacionada com a taxa de desenvolvimento
(Jumbo), que passou de 500 m/mês para 600 m/mês, representando um aumento na
demanda de ar fresco da mina.
Maiores profundidades, com temperaturas de rocha virgem, conforme a tabela 02.
A partir desses novos conteúdos técnicos e cenários, nova simulação foi realizada e validada
utilizando-se como uma das ferramentas principais o software aplicativo Vuma, (Figura 03,
Modelamento matemático Vuma Software).
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Diante desse novo cenário verificado, comentamos importantes pontos a comparar:
Total da carga diesel no cenário final é maior do que a considerada no estudo inicial.
A profundidade da mina no cenário final é maior do que no estudo inicial.
Temperatura de rocha virgem no cenário final maior do no estudo inicial.
Taxa de produção no cenário final é menor do que no estudo inicial.
Número de níveis em operação no cenário final é superior ao do estudo inicial.
Os principais critérios de projeto utilizados nos dois cenários são bem divergentes, como é
mostrado na tabela 03.
DESCRIÇÃO
A capacidade de refrigeração final será de 15 MW(r), e, ao longo dos anos, o sistema será
otimizado até sua expansão prevista para o ano de 2019. Portanto, duas fases distintas foram
planejadas, onde gradualmente o sistema será acrescido conforme as necessidades do subsolo.
15 MWref.
10 a 15 MWref.
5 a 10 MWref.
5 MWref.
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Gráfico 03 – Capacidade das máquinas de refrigeração, Life of mine
Dados do sistema de refrigeração:
Capacidade de refrigeração total (fase 1 e fase 2): 5.080 TR (Toneladas de refrigeração)
A fase 1 será compreendida do período de 2011 a 2015, e a fase 2 de 2016 a 2019.
1ª Fase: 3.386 TR equivalentes a 4.062 condicionadores de ar de 10.000 BTU’s.
2ª Fase: 5.080 TR equivalentes a 6.095 condicionadores de ar de 10.000 BTU’s.
Para as reduções das temperaturas de água nas unidades de refrigeração, dois processos
térmicos fazem parte do sistema de refrigeração: o circuito de água gelada, evaporador, e o de
água para rejeição do calor, condensador.
Não existirá operação assistida; toda a lógica para operação do sistema será direcionada para a
sala de despacho da mina, interligada por cabos de fibra óptica.
325 l/s
O ar ambiente de superfície terá contato direto com a água gelada pulverizada dentro da
câmara do Spray Chamber.
As características do trocador no processo para as fases 1 e 2 serão:
• tipo: horizontal com dois estágios;
• fluxo de ar: 370 kg/s;
• temperatura do ar na entrada dos ventiladores: 23.0 / 30.0 °C wb / dB (projeto);
• temperatura do ar de adução no Fridge Shaft : 20,1 / 6,3 / 11,8 °C (saturado);
• fluxo de água: 325 l/s;
• temperatura da água proveniente das unidades de refrigeração: 15,0 / 11,8 / 5,2 °C.
Na câmara de spray, a água fria será pulverizada verticalmente para cima em forma
geométrica “V” (figura 07).
Eliminadores de névoa serão instalados para garantir o não arraste das gotículas de água
para o Fridge Shaft, no subsolo.
Refrigeration
Future ‘refrigeration plant’ Machines
structure
Adduction Bore
Surface Level 11
Mist Eliminator
Air Admission (Efficiency to System)
O sistema de ventilação, composto por três unidades no arranjo paralelo, terá o propósito de
encaminhar o ar ambiente de superfície até o subsolo, nível 11, vencendo as resistências da
câmara do Spray Chamber e do poço vertical de 780 metros de profundidade, o Fridge Shaft.
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REFRIGERATION MACHINES – MÁQUINAS DE REFRIGERAÇÃO
Essas unidades serão instaladas em série e, durante o período de vida da Mina de Cuiabá,
terão características com diferentes funções operacionais, para o controle do processo.
Um dos principais pontos do equipamento é o atuador elétrico externo que irá controlar
automaticamente a posição de pré-rotação das palhetas do compressor centrífugo para
manter a temperatura da água constante.
Os tubos desses trocadores serão de alta eficiência, sendo construído, para o evaporador,
em material cobre (Cu), e, para o condensador, em cobre níquel (CuNi 90/10).
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Inicialmente duas células idênticas, na primeira fase, irão operar, onde, na expansão em 2019,
uma nova célula será instalada.
Embora cada célula irá operar em condições ligeiramente diferentes, o processo térmico terá
as seguintes condições:
• Fluxo de água: 300 l/s;
• Temperatura de entrada da água: 32,7 °C;
• Temperatura de saída da água: 28,0 °C;
• Temperatura de entrada do ar: 25/30 °C wb / dB;
• Fluxo de ar: 230 kg/s;
• Potência absorvida por ventilador: 35 kW;
• Potência motora: 75 kW.
Como o espaço físico no site onde será instalado o sistema de refrigeração é um fator
limitante no projeto, interferências com edificações circunvizinhas poderiam prejudicar o
processo de entrada de ar nas células da torre, interferindo na troca térmica (Figura 10,
Layout Site)
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Importante estudo foi realizado, evidenciando o comportamento do fluxo de ar em
relação a possíveis obstruções físicas encontradas no site, sendo validado o layout.
As figuras 11a e 11b mostram o resultado empregando o software Flo ++ version 2.31,
programa computacional para soluções de fluxo em fluidos e processos de transferência
de calor, que resolve equações e produz resultados gráficos em cores, contendo
velocidades, pressões, temperaturas e outras variáveis.
O circuito de água gelada do evaporador terá dois conjuntos moto-bomba, sendo uma unidade
reserva por onde circulará água proveniente do Spray Chamber para os evaporadores das
máquinas de refrigeração, instalados em série.
Essas bombas terão uma potência unitária nominal de 220 kW, acionadas por variador de
velocidade.
Uma moto-bomba para circular água entre os estágios do trocador de calor será única, com
potência nominal unitária de 110 kW.
O circuito de água do condensador terá três conjuntos moto-bomba, sendo uma unidade
reserva, circulando a água proveniente da torre de arrefecimento.
Essas bombas terão potência nominal unitária de 90 kW.
A água de make-up será necessária para abastecer as células da torre de resfriamento, visando
a suprir, principalmente:
• perdas por evaporação;
• reposição do fluxo de blow-down;
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Esses sais dissolvidos entram na torre de resfriamento pela água de make-up,
mas tornam-se mais concentrados devido ao processo de evaporação que ocorre nas torres de
resfriamento.
Sensores de monóxido de carbono (CO) estão previstos para detectar a ocorrência de incêndio
quando da presença desse gás, situação em que o sistema é desligado automaticamente.
Estes detectores indicarão nível de alarme e o sistema de segurança paralisará o processo de
ventilação.
Conectadas a esses servidores, teremos duas estações de operação cliente, sendo que uma
ficará na sala de controle da planta de refrigeração (local) e a outra na sala de controle do
despacho de carga da mina. Teremos também uma estação de engenharia onde serão
desenvolvidos os aplicativos de controle.
Para comunicação com as áreas remotas de campo e com os PLCs do sistema de ventilação
principal da mina, utilizaremos fibra óptica, que, além de proporcionar maiores distâncias
entre os dispositivos, é imune a interferências eletromagnéticas.
O orçamento original foi de US$ 5.8M, distribuídos em US$ 0.9M para 2009 e US$ 4.8M
para 2010.
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Em junho de 2009, formada a equipe multidisciplinar para desenvolvimento do projeto, nova
consolidação do escopo foi efetuada, na qual constatamos que as condições atuais da mina e
projeções de produção futuras eram diferentes daquelas consideradas pelo Projeto Cuiabá
Expansão.
OBRAS , 36.8%
EQUIPAMENTOS, 42.9%
Todos esses impactos estão diretamente ligados a baixa produtividade aumento no número de
acidentes no trabalho e o não cumprimento de taxas de desenvolvimento e produção abaixo
do nível 16, a 1081 metros de profundidade a partir do ano de 2011.
CONCLUSÃO
Desde o início das operações na Mina Subterrânea de Cuiabá da AGABM, novas tecnologias
eficientes e eficazes são introduzidas com objetivos constantes em promover melhorias no
ambiente subterrâneo.
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O Projeto de Expansão com ênfase na Refrigeração adotou a mais avançada tecnologia
existente para atender aos padrões internacionais e da AGA, e irá proporcionar a saúde geral e
práticas de segurança, aumentando o fluxo de ar em subsolo com climatização.
As metas foram lançadas, e hoje muito do que se pretende para aumento da produção na
AGABM tem que passar pelo crivo da necessidade das condições ambientais em subsolo.
REFERÊNCIAS
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