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Instituto Médio Politécnico de Engenharia e Negócios (IMPEN)

Nível Médio – Curso Diurno

Qualificação de contabilidade Vocacional/Nível 5

Um dos objectivos da compreensão dos custos é a possibilidade do gestor obter mais e melhor
informação para o processo de tomada de decisão. Desta forma, iremos abordar algumas
decisões empresárias que exigem informação específica em que a compreensão do
comportamento dos custos é bastante importante, designa-se por decisões não-rotineiras,
aquelas que correm esporadicamente, mas que têm um grande impacto na empresa, e que, não
são passiveis de serem tomadas com base em regras apriorísticas e de fácil aplicação.

Neste contexto, incluem-se as decisões de preços para uma encomenda especial ou uma
promoção, implementação ou abandono de uma linha de produtos, negócios ou mercado, a
distribuição de recursos escassos ou a decisão entre produzir e subcontratar.

Relembre a noção de custos relevantes:

Custo relevante é todo o custo, que variando de alternativa, influencia a tomada de decisão,
pelo que a sua ponderação se releva necessidade para a melhor escolha da empresa. E o Custo
irrelevante como o próprio nome indica, é aquele que, não variando de alternativa para
alternativa, não influencia no processo de tomada de decisão, pelo que pode ser ignorado no
processo de escolha.

Decisões de Fixação do Preço

As etapas para a decisão de preço são as seguintes:

Identificação do Objectivo de Analise

Preço Normal? Promoção Lote especial Outros

Calcular os Custos Relevantes

Implícitos na equação do Problema

Fixação do preço

Maior Possível não esquecendo porem a Lei da Procura e da Oferta


Preço Normal

Determinar o objectivo de preço, o passo seguinte será identificar os custos relevantes para a
determinação do preço de venda normal.

Tendo em conta que o objectivo de uma empresa é a criação de riqueza e/ou a obtenção de
lucros, os custos relevantes a considerar serão, nesta situação, todos os custos da empresa,
sejam eles, fixos ou variáveis, de produção ou do período.

Assim, será importante calcular em primeiro lugar os Custos Totais unitários. Após o
apuramento do custo relevante, segue-se a fixação do perco. Para a marcação do preço
definitivo, o gestor deve ter atenção a margem de lucro desejada e o preço de venda da
concorrência.

Se o preço é superior ao da concorrência, a empresa terá a seguintes alternativas: manter a


margem de lucro e marca um preço superior ao da concorrência ou, não mantêm a margem, e
marca um preço igual ou inferior ao dos seus concorrentes.

Para a tomada de decisão a empresa terá que avaliar as consequências de cada uma das destas
alternativas:

Alternativas Consequências
Marca um preço superior a Tendo em conta o comportamento do mercado, poderá ser
concorrência difícil manter as encomendas previstas, caso o produto não
apresente características distintas reconhecidas pelos seus
clientes.
Marca um preço inferior a Neste caso terá que descer a margem de lucro, mas poderá não
concorrência ter dificuldades em atingir as vendas esperadas.

Custos envolvidos na determinação de preços

Pela óptica do produto fabricado podemos distinguir diversos tipos de custos.

Em primeiro lugar, temos o custo industrial que é a parte que lhe respeita nos custos de
produção ou industriais.

Se adicionarmos ao custo industrial do produto a quota-parte que lhe compete em todos os


restantes gastos da empresa (de distribuição, administrativos e financeiros), obtemos o custo
complexivo. O custo complexivo é, pois, equivalente ao preço de venda abaixo do qual a
empresa terá prejuízo.
Convém referir que nos casos de produção múltipla raramente se determina o custo unitário
complexivo dos produtos, dadas as dificuldades - e mesmo frequentemente a impossibilidade -
de distribuírem alguns dos custos não industriais pelos diversos produtos.

Se adicionarmos ao custo complexivo os gastos figurativos, obtemos o custo económico-


técnico, equivalente ao preço de venda normal, pois considera a quota-parte a atribuir ao
produto na remuneração dos capitais investidos na empresa pelos seus sócios - determinada a
partir da taxa de juro corrente no mercado de capitais - e o prémio relativo ao risco decorrente
do exercício da actividade a que se dedica.

Um preço de venda superior ao custo económico- técnico proporciona o chamado lucro puro.

Custo industrial

Dissemos que o custo industrial ou de produção de um produto é a parte que lhe respeita nos
custos industriais ou de produção da empresa.

O ciclo produtivo da empresa começa com a compra das matérias e termina, no que respeita à
fase de fabricação, com o acabamento do produto. O custo industrial deve incluir todos os
gastos referentes a esta fase do ciclo.

No que respeita à matérias, devem considerar-se no custo industrial todos os gastos suportados
para as ter em condições de serem consumidas na fabricação: o custo da factura, gastos de
transporte e outros (direitos, etc.) até à fábrica e de descarga, recepção e arrumação nos
armazéns. Enquanto não são consumidas, as matérias ocasionam gastos de armazenagem que
lhe devem ser imputados e, finalmente, há que considerar o custo do seu transporte até aos
locais de consumo.

Todos aqueles custos relativos às matérias são custos industriais. Mas o custo industrial do
produto não se limita ao custo das matérias, da mão-de-obra e de outros gastos
especificamente ocasionados pelo fabrico do produto, pois inclui também uma quota parte dos
gastos comuns a todos os produtos, como sejam os ocasionados pelos serviços auxiliares ou de
apoio à fabricação. Constituem exemplos os custos relativos à planificação da produção,
oficinas, serviços administrativos da fábrica, direcção fabril, etc.
No estádio final da produção temos os custos com a embalagem dos produtos. Com frequência
acontece que se podem distinguir duas embalagens: aquela em que o produto é acondicionado
logo que é acabado e uma posterior, para expedição.

Se o produto não pode ser armazenado sem a embalagem e esta é feita na fábrica sob a
responsabilidade do director fabril, é considerada custo industrial. A segunda, feita na altura
da expedição para o cliente, sob a responsabilidade do director comercial, é considerada custo
de distribuição.

Os produtos acabados existentes em armazém no fim de cada período contabilístico são


valorizados pelo seu custo industrial.

O custo industrial ou de produção pode ser decomposto em:

- Custo das matérias directas consumidas (MD);

- Custo de mão-de-obra directa (MOD), que respeita aos custos com trabalhadores que se
ocupam directamente do fabrico do produto;

- Gastos gerais de fabrico (GGF), constituídos por todos os restantes custos industriais
imputáveis ao produto.

MÃO-DE-OBRA DIRECTA

Designa-se por Mão-de-Obra Directa – MOD o custo com o pessoal que trabalha
directamente na fabricação do produto. Incluem-se apenas na mão-de-obra directa, os custos
com as pessoas cujas horas de trabalho são imputadas directamente à fabricação do produto.

Tipos de remunerações

Podemos classificar as remunerações em fixas e variáveis

Fixas:

 A remuneração mensal (ordenados)


 O subsídio de férias
 O subsídio de natal (décimo terceiro)
 Subsídio de falhas (caixa e outros riscos)
 E outros subsídios que a empresa poderá prever

Variáveis
 Horas extraordinárias
 Comissões sobre vendas ou compras
 Prémios de produtividade

Excluem-se os encargos com o pessoal de área industrial que tem funções de supervisão
(encarregados, chefes de secção, directores) ou de apoio (direcção fabril, planeamento e
controlo da produção, etc.). Os encargos relativos a este pessoal são englobados nos Gastos
Gerais de Fabrico – GGF e imputados ao produto de forma indirecta.

Fazem parte dos gastos gerais de fabrico todos os restantes custos da função industrial. Entre
as diversas naturezas de custos salientam-se:

 Remunerações e demais encargos com mão-de-obra indirecta


 Matérias subsidiárias, que são matérias auxiliares da transformação das matérias-
primas, como por exemplo, os ácidos e as leveduras na indústria do álcool, os
fermentos no fabrico do pão.
 Materiais de embalagem
 Materiais diversos, como é o caso dos materiais de conservação
 Água (consoante o produto)
 Electricidade (força motriz e iluminação)
 Combustível
 Serviços de conservação e reparação
 Seguros de edifícios e equipamentos
 Impostos (contribuição predial, autarquia, etc)
 Ferramentas e utensílios de desgaste rápido
 Amortizações de edifícios e equipamento

Custos de produtos e custos dos períodos

Para podermos fabricar os produtos que pretendemos vender torna-se necessário consumir,
bens e serviços (matérias, instalações, mão de obra, etc.). Desses consumos e sacrifícios nasce
o produto, cujo custo unitário é necessário determinar, pois, entre outras finalidades, há que
proceder à valorização dos produtos acabados que se encontram em armazém no fim de cada
período.

Por conseguinte, todos os custos que entram na determinação do custo industrial dos produtos
são custos de produtos e não custos de períodos.
São na altura em que os produtos são vendidos é que os custos dos produtos passam a ser
custos de períodos.

O custo industrial dos produtos vendidos é, pois, um custo de período.

Custos fixos

São aqueles que não variam quando se altera o volume ou pelo menos são pouco sensíveis às
alterações deste. É o caso da renda do edifício, das amortizações (calculados pelo método das
quotas constantes), dos seguros de incêndio, etc. São custos que proporcionam a capacidade
para produzir ou vender produtos.

Custos variáveis

São aqueles que variam necessariamente quando o volume aumenta ou diminui, mesmo que
este aumento ou diminuição seja diminuto.

São casos que resultam da utilização da capacidade existente para fabricar ou vender produtos.
Exemplos: energia eléctrica consumida por uma máquina é um caso variável com o tempo de
trabalho; as comissões pagas aos vendedores são custos variáveis com o valor das vendas.

Quando o custo varia proporcionalmente como o volume, tratar-se-á de um custo variável


proporcional (as matérias primas são geralmente custos variáveis proporcionais). Outras vezes,
a variação não é proporcional distinguindo-se dois casos:

- Custos variáveis progressivos;

- Custos variáveis degressivos.

EXEMPLO 1: Para analisar as várias decisões de preço, vamos tomar como exemplo uma
empresa que se dedica a produção e comercialização de um único produto alimentar, que
possui uma capacidade produção mensal de 250.000 unidades que, espera vender
mensalmente 200.000 unidades. A estrutura dos custos da empresa é a seguinte:
Produção Período
Variáveis MD 50,00 Comissões 20,00
(unidades) MOD 30,00 Transporte 5,00
GGF 40,00
120,00 25,00
Fixos (mês) GGF 2.000.000,00 Comerciais 1.500.000,00
Administrativos 1000.000,00
2.000.000,00 2.500.000,00

CVunit = MD+MOD+GGF+CT  CVunit = 50+30+40+25 CVunit = 145, 00

CF = GGF + CA  CF= 2.000.000, 00 + 2.500.000, 00  CF = 4.500.000, 00

CFunit  CFunit = 22,5

CTunit = CFunit + CVunit  CTunit = 22,5 + 145,00  CTunit=167,5

Após o apuramento do custo relevante, segue-se a fixação do preço. Para a marcação do preço
definitivo, o gestor deve ter em atenção a margem de lucro desejada e o preço de venda da
concorrência.

Continuando com o nosso exemplo, imaginemos que a margem de lucro desejada é de 20% e,
que o preço da concorrência é de 200,00 mt.

Para obter uma margem de lucro (ML) de 20%, deverá acrescer ao custo total unitário essa
margem, pelo que o preço de venda seria de 201,00 Meticais, consoante os cálculos:

Pv = CTunit * (1+ML)  Pv = 167,5 * (1+20%)  Pv = 167,5 * 1,2  Pv = 201,00

Tendo em conta que este preço é superior ao da concorrência, a empresa terá as seguintes
alternativas: manter a margem de lucro e marcar um preço superior ao da concorrência ou, não
mantem a margem, e marca um preço inferior ao dos seus concorrentes.

Para a tomada de decisão a empresa terá que avaliar as consequências de cada uma destas
alternativas:
Alternativas Consequências

Marca um preço superior a Tendo em conta o comportamento do mercado, poderá ser


200,00 difícil manter as encomendas previstas, caso o produto não
apresente características distintas reconhecidas pelos seus
clientes.

Marca um preço inferior a Neste caso terá que descer a margem de lucro, mas poderá não
200,00 ter dificuldades em atingir as vendas esperadas.

Atendendo ao risco associado à primeira alternativa, iremos estudar a segunda opção: baixar a
margem de lucro em 2,2%.

Pv = CTunit * (1+ML) Pv = 167,5 * (1+18,8%)  Pv = 167,5 * 1,188 Pv = 198,99

Veja-se, por exemplo a marcação de um preço de 199, 00 por unidade. Com este preço a
empresa iria ter uma margem de lucro de 31,50 meticais por unidade vendida. Assim, o preço
de 199,00 seria uma boa alternativa, pois garante o nível de vendas esperado e, permite uma
margem de lucro próxima da desejada.

Estabelecer um Preço de Promoção

A promoção de um produto, durante um determinado período de tempo, tem como objectivo


aliciar os clientes para a sua aquisição e, posterior fidelização. Neste contexto, os custos
relevantes para a tomada de decisão da marcação deste preço promocional deverão ser o total
dos custos variáveis, já estes são os únicos que variam em função das quantidades produzidas
e vendidas, isto é, o custo adicional de produzir ou vender mais uma unidade.

EXEMPLO 2: Assim, tomando como referência o exemplo anterior, qualquer preço acima
dos 145,00 satisfaz as pretensões da empresa, já que não perde dinheiro por cada unidade
vendida, pós a margem de contribuição é positiva.
Um preço colocado acima do total dos custos variáveis, mais inferior ao custo total unitário,
não cobre os custos fixos, pelo que nunca poderá ser um preço normal do produto. Mas no
entanto é aceitável para um período limitado de tempo durante o qual se pretende promover o
produto para obtenção de ganhos futuros. Esta situação é muito comum na fase de lançamento
de um produto.

Estabelecer o Preço de um Lote Especial

Muitas vezes, para experimentar o novo mercado, ou lançar um novo produto, poderá
constituir-se um lote especial, para qual não se prevê a continuidade para a marcação de um
preço normal. Neste caso, os custos relevantes serão o somatório dos custos adicionais com
esse lote. Em primeiro lugar, é necessário identificar todos os custos relevantes.

EXEMPLO 3: Para melhor compreensão desta questão, voltemos ao exemplo anterior que
tem a hipótese de entrar num novo mercado (África do Sul), no qual já dispõe de contactos. O
operador sul-africano está disposto a realizar esta experiência e ambos são unânimes quanto à
importância do preço para a entrada nesse mercado. Para a sua concretização, a empresa iria
fornecer 50.000 unidades e incorrer nos seguintes os custos:

 Os custos de produção aumentam em 5, 00 por unidade vendida dada a necessidade de


nova embalagem;
 Não iriam existir custos de comissão e transporte (variáveis do período) porque estes
seriam da responsabilidade do operador sul-africano;
 Existência de custos fixos adicionais inerentes a uma campanha publicitária no valor
de 500.000,00 Meticais;
 Pagamento de um fee ao operador sul-africano de 2.50 Meticais por unidade exportada.

Com base nesta informação, qual é o preço mínimo de venda para este lote?

Em primeiro lugar, é necessário identificar todos os custos relevantes:

Custos de Produção (CP) 125,00


Custos Comerciais (CC) Variáveis 2,50
Total dos Custos Variáveis unitarios 127,50
Custos Fixos = 500.000,00

Custos Fixos unitário  CF unit = 10,00


CT unit = 10+127,50  CT unit = 137,50
Assim, a empresa apenas aceitará realizar o negócio se o preço proposto for acima de 137,50
meticais por unidade, caso contrário, os custos relevantes não ficariam cobertos e a empresa
perderia dinheiro. Assim sendo a empresa espera obter 40% da ML.
Neste caso, o preço seria: Pv = 137,50 * (1+0,4)  Pv = 137,50 * 1.4  Pv = 192,50

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