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A IGREJA PRECISA VOLTAR-SE PARA DEUS

Joel 2: 12 – 32.

Um dos sintomas quando estamos enfermos é a falta de apetite. Não temos vontade de comer nada.
Nada apetece.

Lembro-me quando peguei dengue e por uma semana não conseguia

Comer absolutamente nada. Descia somente água, por causa da febre, suco de

laranja batido com inhame e pêssegos.

Como poder um inseto tão insignificante fazer tantos estragos? Deixar-nos

tão debilitados ao ponto de não queremos fazer nada, nem nos levantarmos.

O grande mal desta geração é a apatia, é a perda do apetite de viver, é ser

morno, nem quente e nem frio.

Vemos hoje uma geração com um grave problema:

– A falta de apetite espiritual.

– A falta de apetite pelo mover de Deus

– A falta de apetite pelas manifestações do Espírito Santo.

– A falta de vontade pelo reino de Deus.

Isto é sintoma de que algo está errado, que algo está acontecendo em

nossas vidas e que estamos perdendo a vida e nem percebemos.

Estamos doentes, estamos enfermos espiritualmente.

Estes sintomas não é nada mais e nada menos do que nosso afastamento

de Deus e a isto damos o nome de pecado. O pecado nos deixa debilitados.

O maior problema da igreja não é a presença do inimigo, mas a ausência de

Deus.
Vivemos em meio a uma geração que canta que dança, mas que não sabe

dobrar os joelhos em oração e arrependimento.

Moisés quando teve um encontro com Deus o seu rosto brilhava… Jacó saiu

manquejando… Paulo foi lhe aberto os olhos e serviu a Deus.

Pessoas que tinham um encontro com Deus tinham vontade de viver o

reino. Era uma busca incessante por sua presença e sua palavra.

Hoje existe um verdadeiro descaso por Deus, por seu reino e por sua

presença.

Um verdadeiro descaso por um coração aquecido e avivado… Cheio do

Espírito Santo.

Nada é mais triste do que um povo que foi chamado para ser luz do mundo

perder sua credibilidade e ainda por cima servir de zombaria. (17).

A profecia de Joel está inserida em um período indeterminado da história,

mas certamente foi um tempo em que o povo de afastou do Deus vivo e

verdadeiro.

Os gafanhotos representam ondas de destruição e desgraças sobre um

povo afastado de Deus.

Com o acumulo de desgraça o povo perdeu a vontade de viver, perdeu os

sonhos, perdeu o propósito de vida… Perdeu o apetite por uma vida diferente.

O povo se acomodou com a desgraça e parou de sonhar… Jogaram a

toalha, pararam de lutar.

O ano já começou e muitos fizeram planos de que este ano tudo vai ser

diferente… Mas na metade do ano vão desistir de seus sonhos por causa dos

problemas.

Vou te dar uma notícia triste: A situação não vai mudar, pelo contrário, as
coisas vão piorar.

Por isto mais do que nunca é tempo de nos voltarmos para Deus e isto em

arrependimento.

Onde existe uma porta de arrependimento aberta, existem janelas dos céus

abertas.

Sempre haverá esperança de restauração, onde há sinais de

quebrantamento.

Precisamos como igreja do Senhor Jesus nos voltar para Deus com jejum,

lamento e pranto.

Precisamos voltar a rasgar o nosso coração na presença daquele que pode

mudar todas as coisas e situações e trazer restauração ao seu povo.

A oração é a força mais poderosa da terra. Quando Deus ouve o clamor de

um povo quebrantado ele restaura todas as coisas.

Quando o homem trabalha, o homem trabalha, mas quando o homem ora,

Deus trabalha.

O profeta Joel lança um grande desafio para o povo de Deus… Volte-se

para mim de todo o coração.

Toquem a trombeta… (15). O barulho da trombeta convoca o povo a

despertar do seu sono e ir à luta.

É despertar desta letargia espiritual e voltar a ter fome e sede de Deus.

Você está com medo? (21) – Não tenham medo… Levante-se, desperte e

volte para a luta. Se alegre no Senhor o seu Deus.

Quem sabe estamos cansados de ver tanta roubalheira, tanta corrupção e

engano e por isto perdemos o apetite por mudanças.

… Acabamos crendo que não vale a pena continuar lutando.


Mas a trombeta está tocando para despertar um povo que crê no poder de

Deus!

Não confiamos em carros e nem em cavalos, mas confiamos no poder de

Deus.

A igreja é o último reduto para Deus soprar o seu Espírito e levantar um

povo que não se conforma, mas se levanta e luta no poder do Espírito Santo.

Por isso a igreja precisa se voltar para Deus em arrependimento, com jejum,

choro lamento.

Quem sabe Deus se arrependa… (14) e ao passar deixa uma benção para

nós.

Todos são convocados ao arrependimento… Desde os anciãos (aqueles

mais experimentados na fé) e as crianças que amamentam.

Até mesmo os recém-casados devem deixar a lua de mel e se voltar para

Deus.

Os sacerdotes (pastores) devem chorar diante do altar do Senhor, pois o

povo virou motivo de zombaria.

Deus tem poder para restaurar este povo e derramar sobre ele o seu

Espírito.

Um vislumbre do que Deus pode fazer:

Vejam… As árvores estão dando frutos, a figueira e a videiras estão

carregadas e o povo pode começar a se alegrar no Senhor o Seu Deus. (22 e

23).

Vou compensá-los pelos anos de colheitas… E vocês ficarão satisfeitos. (25,

26).

Mas como Deus vai fazer isto se o nosso coração ainda está longe.
“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”.

Chegamos até a igreja, mas o coração está longe… Louvamos, mas não

existe adoração… Oramos, mas a oração não passa do teto.

Perder todos os privilégios espirituais é a maior de todas as calamidades…

Tá tudo certinho na igreja… Mas se faltar brilho nos olhos… Fervor na

alma… Um coração de adoração… Então certamente perdemos a presença

manifesta de Deus.

Precisamos rasgar o coração… Deixar de termos uma fé medíocre, e uma

falta de apetite espiritual.

Precisamos voltar a oferecer sacrifícios de louvor e voltarmos ao primeiro

amor…

Precisamos nos arrepender dos nossos pecados e da nossa apatia

espiritual.

Lembre-se: A restauração do nosso culto a Deus é mais importante do que

a restauração de toda a economia.

Coração vazio, templo vazio e celeiros vazios.

Existe uma promessa da parte de Deus para aqueles que voltam a ter fome

de Deus…

Depois disto… Depois que tudo for restaurado e nossa vida estiver sedenta

por Deus, Ele certamente cumprirá a sua promessa.

Derramarei do meu Espírito sobre toda a carne.

– Nossos filhos vão profetizar.

– Nossos velhos voltarão a sonhar.

– Nossos jovens terão visões.

– Até sobre os servos e as servas, Deus derramará do seu Espírito.


Precisamos voltar a ter apetite por Deus, fome de Deus.

“E todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”.

Quero Voltar para Deus!


A Palavra da Reconciliação (2 Coríntios 5:19)

Parte 1

A Bíblia fala, freqüentemente, sobre o desejo de Deus que seu povo volte para ele. Deus criou o homem
para gozar a comunhão especial com o Criador, e tem feito tudo para nos dar este grande privilégio.
Deus quer uma relação especial e eterna com você, e comigo.

Jesus veio à terra com o propósito de buscar e salvar os perdidos (Lucas 19:10). Ele dedicou a vida, e até
se sacrificou, para possibilitar a reconciliação de pecadores com Deus (2 Coríntios 5:18-21).

A volta de um pecador é importante para Deus, e deve ser importante para todos os servos do Senhor.
Cada pessoa – cada pecador – precisa saber que a reconciliação é possível. Mesmo se tiver feito coisas
terríveis, você pode voltar para casa – para a casa de Deus.

Todos nós desviamos

Deus nos criou à sua imagem e semelhança, capazes de amar e de obedecer (Gênesis 1:26-27). O amor é
voluntário, não forçado. Deus não criou uma raça de robôs que seriam incapazes de fazer o mal. Ele criou
homens e mulheres com a capacidade de escolher, sabendo que poderiam amar ou odiar, agradar ou
desprezar, obedecer ou se rebelar.

Decidimos pecar: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23). Quando cedemos
à nossa própria vontade ao invés de obedecer a vontade de Deus, pecamos. João disse: “...o pecado é a
transgressão da lei” (1 João 3:4). Quando desobedecemos a palavra de Deus, pecamos. Esta
desobediência pode ser, também, por omissão de coisas que Deus pede (Tiago 4:17).
Paulo descreveu a vida egoísta e errada que vivemos anteriormente: “Ele vos deu vida, estando vós
mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo,
segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os
quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da
carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Efésios 2:1-
3). Com este entendimento do problema do pecado, a questão de voltar para Deus é de grande
importância a todos nós.

Apesar do nosso pecado, Deus ainda quer uma relação especial de comunhão conosco. A mensagem das
Escrituras – de Gênesis ao Apocalipse – é uma história do desejo de Deus de restabelecer este
relacionamento com os homens. Isaías escreveu no VIII século a.C., chamando o povo de Judá ao
arrependimento: “Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o
perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá
dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Isaías 55:6-7). O apóstolo Pedro explicou
que Deus ainda não trouxe o Juízo final porque “ele é longânimo para convosco, não querendo que
nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pedro 3:9).

A vinda de Jesus ao mundo é a maior prova deste desejo de Deus de estar perto dos homens que ele
criou. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Jesus mostrou o mesmo sentimento de
compaixão quando, no final de sua vida na terra, olhou para os judeus rebeldes e disse: “Jerusalém,
Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os
teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!” (Mateus
23:37).

Todos nós desviamos. Deus nos quer de volta. Nós precisamos da misericórdia dele. Como podemos
voltar para o nosso Criador?

Como voltar?

O exemplo de Davi e suas palavras de arrependimento no Salmo 51 mostram as atitudes necessárias


para voltar ao Senhor. Davi, um homem que amava a Deus, caiu no pecado. Cometeu adultério com uma
vizinha e causou a morte do marido dela para poder ficar com ela. Foram pecados gravíssimos, e Davi
chegou a ver o estrago na sua vida por causa da sua desobediência ao Senhor. Neste salmo, ele expressa
o seu desejo ardente de restaurar a comunhão com Deus. Vamos observar alguns pontos importantes
nas suas palavras. Para voltar para Deus, é necessário:

1. Querer estar bem com o Senhor. A coisa mais assustadora no pensamento de Davi foi a real
possibilidade de ficar longe de Deus – até afastado do Senhor para sempre. Ele disse para Deus: “Não me
repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da tua salvação e
sustenta-me com um espírito voluntário” (11-12).

2. Reconhecer o nosso problema do pecado. Numa sociedade em que a maldade é explicada e


justificada de diversas maneiras sociológicas e psicológicas, é fácil esquecer que o pecado é a
transgressão da vontade de Deus (1 João 3:4) que cria uma barreira entre Deus e os pecadores (Isaías
59:1-2). A pessoa que quer voltar para Deus precisa identificar o problema de pecado na sua vida. Davi
escreveu: “Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.” (3).

3. Assumir responsabilidade pelo nosso pecado. Não é suficiente reconhecer que o pecado nos afasta de
Deus. É necessário assumir responsabilidade pessoal pelos pecados que temos cometido. Diferente de
crianças que apontam os dedos para jogar a culpa nos outros, precisamos agir como adultos e assumir a
responsabilidade pelas nossas próprias transgressões. Embora o pecado de Davi tenha atingido várias
outras pessoas (Bate-Seba, Urias, Joabe, a família dele, etc.), Davi entendeu que o principal problema foi
a ofensa contra Deus: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos, de
maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar” (4). O meu pecado não é culpa da
família, da igreja, da sociedade, etc. É culpa minha!

4. Entender que precisamos de ajuda para resolver o nosso problema. Um certo espírito de
independência é bom e necessário em muitos aspectos da vida, mas a pessoa que se acha capaz de
vencer o pecado sozinha está perigosamente enganada. Dependemos da graça de Deus manifesta no
sacrifício de Jesus para alcançar a salvação. Davi, um dos fiéis que confiava na promessa de um Salvador,
disse: “Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas
misericórdias, apaga as minhas transgressões. Lava-me completamente da minha iniqüidade e purifica-
me do meu pecado....Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve.
Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que exultem os ossos que esmagaste. Esconde o rosto dos meus
pecados e apaga todas as minhas iniqüidades.” (1-2,7-9). Deus nos ajuda de muitas maneiras – pelo
sangue de Jesus, pela intercessão do Espírito Santo, pelo encorajamento de cristãos fiéis, pela instrução
da palavra, etc. Precisamos da ajuda dele para voltar ao Senhor.
5. Confrontar e mudar o nosso coração. Talvez o maior obstáculo no caminho à reconciliação seja o
próprio coração. Depois de anos de egoísmo e da busca carnal de prazer, é difícil desejar as coisas boas e
puras que Deus deseja. Davi percebeu esta necessidade: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e
renova dentro de mim um espírito inabalável” (10). A decisão de voltar e o desejo de estar em
comunhão com Deus nos motivam a purificar os nossos pensamentos para deixar o Senhor dominar as
nossas vidas. Jeremias desafiou o povo rebelde de Jerusalém com estas palavras: “Lava o teu coração da
malícia, ó Jerusalém, para que sejas salva! Até quando hospedarás contigo os teus maus pensamentos?”
(Jeremias 4:14). Paulo salientou a importância de um coração espiritual para nos aproximar de Deus:
“Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o
Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida
e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem
mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais
na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito
de Cristo, esse tal não é dele. Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa
do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça. Se habita em vós o Espírito daquele que
ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos
vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita. Assim, pois,
irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver segundo a carne. Porque, se
viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do
corpo, certamente, vivereis. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.
Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes
o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai” (Romanos 8:5-15).

Decidir e Agir

O grande desafio para nos reconciliar com Deus é o próprio coração. Mas o desejo de estar com Deus
nada resolve se não for acompanhado por ação. João Batista disse aos judeus do primeiro século:
“Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3:8). Tiago diz: “Porque, assim como o corpo
sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tiago 2:26).

Na continuação deste estudo, consideraremos mais especificamente o que Deus quer de nós – como
devemos agir para voltar para o Senhor. Mas primeiro, devemos examinar e preparar os nossos corações.

Como Voltar para Deus?

A Palavra da Reconciliação (2 Coríntios 5:19)


Parte 2

Para nos reconciliar com Deus, é imprescindível um coração arrependido que deseje, acima de tudo,
estar em comunhão com o Senhor (veja os comentários sobre Salmo 51 no artigo anterior – Quero Voltar
para Deus). Mas o desejo do coração precisa ser demonstrado. É necessário agir para nos aproximar de
Deus. Neste artigo, vamos considerar a importância da nossa ação e algumas coisas que precisamos fazer
para voltar ao Senhor.

Levantar e Ir

Quando Jesus enfrentou a auto-justiça e falta de compaixão dos fariseus e escribas, ele contou uma série
de parábolas sobre perdidos e achados (Lucas 15). Da terceira destas parábolas, geralmente conhecida
como a Parábola do Filho Pródigo, aprendemos algumas lições importantes sobre como voltar para a
casa do nosso Pai. Nesta história, um filho ingrato pediu a sua herança (enquanto seu pai ainda estava
vivo!) e saiu de casa. Gastou o seu dinheiro numa vida de libertinagem e logo se encontrou passando
fome numa terra estranha (Lucas 15:11-16). Ele chegou ao fundo do poço, e representa a situação de
cada um de nós quando nos entregamos ao pecado. Quando abandonamos o Pai que nos criou e que
nos ama e usamos os nossos recursos – tempo, dinheiro, energia, a própria vida – no pecado, fazemos a
mesma coisa que o filho rebelde fez. Vivemos desperdiçando no pecado as coisas boas que recebemos
do Pai. Reconhecendo ou não a nossa condição espiritual, chegamos ao fundo do poço do pecado.

O filho reconheceu o seu problema, e viu que não era necessário sofrer tanto. Ele lembrou da bondade
de seu pai: “ Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu
aqui morro de fome!” (Lucas 15:17). Antes de voltar para Deus, precisamos chegar ao ponto de
compreender que a vida com ele é muito melhor do que a vida no mundo do pecado. Este entendimento
pode vir por meio de sofrimento e conseqüências que o pecado traz na nossa vida, ou pode vir por
cansar da futilidade de prazeres que nunca satisfazem as nossas necessidades reais. Antes de voltar para
Deus, temos de perceber que estamos afastados dele.

Ele decidiu agir em humildade. Uma vez que encarou o seu problema, o filho se arrependeu; ele decidiu
mudar. Disse consigo: “Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e
diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores”
(Lucas 15:18-19). Nós precisamos da mesma atitude do arrependimento para chegar ao Senhor.
Primeiro, decidamos agir – “levantar-me-ei”. Segundo, busquemos a Deus com humildade – ”já não sou
digno”. A pessoa que se acha digna e merecedora da salvação jamais chegará a Deus (Romanos 10:3;
Efésios 2:8-9).

O filho arrependido agiu, e voltou para o Pai. É importante reconhecer o problema e decidir como agir,
mas precisa seguir o plano. Muitas pessoas lamentam sua situação no pecado e até prometem voltar
para Deus, mas continuam dia após dia sem fazer nada. O filho rebelde fez o que falou: “E, levantando-
se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o
abraçou, e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser
chamado teu filho” (Lucas 15:20-21). Não é fácil nos humilhar para admitir o nosso pecado e nos
entregar à misericórdia de Deus. O orgulho humano luta contra este desejo de nos reconciliar com o Pai.
Mas a nossa salvação e a nossa esperança eterna dependem de Deus, e da nossa decisão de nos
submeter a ele.

Quando o filho rebelde voltou, ninguém tomou a decisão por ele. Ele não foi induzido ou levado por
outros. Este filho tomou a sua própria decisão e se reconciliou com seu pai. Observamos, também, que
ninguém impediu a salvação dele. Mesmo o irmão mais velho, que não o aceitou bem, não foi capaz de
manter este homem afastado de seu pai. Da mesma forma, a decisão sobre a nossa salvação é nossa.
Ninguém nos força a voltarmos para Deus, e ninguém é capaz de impedir a nossa reconciliação com o
Pai. Nós decidimos buscar a Deus ou não. Queremos, mais do que qualquer outra coisa, estar em
comunhão com Deus?

Duas Situações Diferentes

Quem precisa se reconciliar com Deus? Há duas situações em que precisamos voltar para Deus: 1. O
pecador que nunca se converteu a Cristo, e 2. O cristão desviado – aquele que começou a andar com
Deus e desviou. Vamos ver o que cada pessoa precisa fazer.

O Pecador Que Ainda Não Converteu-se

Jesus enviou os apóstolos ao mundo para pregar a mensagem da reconciliação. “E disse-lhes: Ide por
todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15). A palavra que eles falaram e
escreveram tinha um propósito fundamental: “Estes, porém, foram registrados para que creiais que
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20:31). Para
reconciliar-se com Deus, o pecador que ouve a mensagem de Cristo precisa reagir. É necessário:
● Crer em Jesus. “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que
se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.” (Hebreus 11:6).
Jesus disse: “Porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados” (João 8:24).

● Confessar a fé em Jesus. A fé verdadeira nos leva, naturalmente, à confissão aberta. Paulo escreveu:
“Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Romanos
10:10). Jesus disse: “Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o
confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens,
também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mateus 10:32-33).

● Arrepender-se dos pecados. Foi o pecado que nos afastou de Deus, e o arrependimento do pecado é
uma das condições para nos reconciliar com o Senhor. Jesus disse: “Se, porém, não vos arrependerdes,
todos igualmente perecereis” (Lucas 13:3,5). Pedro pregou a mesma mensagem ao povo de Jerusalém:
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados” (Atos 3:19).

● Ser batizado para remissão dos pecados. Para chegar à comunhão com o Senhor, precisamos ser
batizados. Jesus disse: “Quem crer e for batizado será salvo” (Marcos 16:16). Pedro respondeu a
pergunta dos judeus perdidos no Dia de Pentecostes com estas instruções: “Arrependei-vos, e cada um
de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do
Espírito Santo” (Atos 2:38). Três dias depois de encontrar Jesus no caminho para Damasco, Saulo
permanecia no pecado e precisava do perdão de Deus. Ananias o instruiu: “Levanta-te, recebe o batismo
e lava os teus pecados” (Atos 22:16). O mesmo Saulo (mais conhecido como Paulo) afirmou que o
batismo é o sepultamento que precede a nova vida (Romanos 6:3-4). Também disse que é pelo batismo
que entramos em Cristo (Gálatas 3:27). O próprio Jesus disse que o batismo nos conduz à comunhão
com o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mateus 28:19).

O Cristão que se Desviou

Uma boa parte do Novo Testamento foi escrita para ajudar os cristãos manterem-se no caminho do
Senhor. Não devemos desviar, mas existe o perigo real de cair na tentação e se afastar novamente de
Deus. Pedro disse que é pior para o cristão voltar para o pecado do que nunca ter-se convertido (2 Pedro
2:20-22). Tiago disse: “Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter,
sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá
multidão de pecados” (Tiago 5:19-20).
Ese isso acontecer comigo, o que eu preciso fazer? Preciso ser batizado novamente cada vez que
tropeço? Não! Veremos o que as Escrituras dizem, usando o exemplo de um discípulo em Samaria que
caiu. Simão creu e foi batizado (Atos 8:13) e, em seguida, caiu no pecado. Juntando as informações do
caso dele e alguns outros trechos, aprendemos que:

● O pecado do cristão o condena. Pedro disse que Simão estava no “laço da iniqüidade” (Atos 8:23).

● O cristão que peca precisa se arrepender. Pedro lhe disse: “Arrepende-te” (Atos 8:22).

● O discípulo que peca precisa orar e pedir perdão. Pedro disse a Simão: “Roga ao Senhor; talvez te seja
perdoado o intento do coração” (Atos 8:22).

● Quando o cristão confessa seus pecados, Deus os perdoa (1 João 1:7 - 2:2).

● Quando temos pecado contra outras pessoas, devemos confessar e pedir perdão a elas (Mateus
18:15-17; Lucas 17:3-4; Tiago 5:16).

Vamos Voltar!

Todos nós pecamos. Deus é misericordioso e quer nos perdoar. Cabe a nós aceitarmos os termos dele
para alcançar a bênção da vida eterna na presença do nosso Senhor!

Voltando à Igreja Primitiva

Atos 2.42-47 e 4.31-35

Introdução: As primeiras gerações de cristãos, até o segundo século é conhecida como a Igreja Primitiva.
Jesus é a Cabeça (Efésios 5.23) e a Igreja é o seu Corpo (I Coríntios 12.27). Então se a Cabeça é a mesma,
o corpo também permanece, ou seja, a Igreja que está ligada em Jesus Cristo, o Senhor.

O livro de Atos dos Apóstolos traz palavras chave que são repetidas no texto ou estão implícitas em seu
conteúdo. Baseado nestas palavras, podemos perceber qual era a ênfase da Igreja Primitiva. Se
voltarmos a estes princípios, podemos nos aproximar da realidade vivida pelos primeiros cristãos.
É possível voltar à Igreja Primitiva?

Vamos refletir sobre as características principais da Igreja Primitiva baseando nas palavras chave do texto
grego no livro de Atos:

1- DOUTRINA = Didaquê

Atos 2.42 “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, no partir do pão e nas orações”.

A Didaqué ou Didachê (διδαχή) é ensino ou a doutrina1 da Igreja Primitiva. Existe um documento


histórico chamado Didaqué que contém as orientações principais sobre a Igreja e a fé cristã de modo
geral destinada ao ensino de novos convertidos. Este texto foi escrito entre 96 e 100 d.C. e foi
preservado como prova do cuidado que os primeiros cristãos tinham com sua doutrina.

Esta primeira palavra mostra que a Igreja estava baseada na “doutrina dos apóstolos” e não em
novidades, modismos teológicos, costumes denominacionais ou opiniões individuais. Não existe outro
alimento para a Igreja senão a Palavra de Deus (Mateus 4.4).

A Igreja assumia sua missão que Jesus deixou para “ensinar todas as coisas” (Mateus 28.20). Isso nos faz
lembrar a ‘era da Escola Dominical’, período em que as igrejas evangélicas eram marcadas pelo estudo
da Bíblia e formavam comunidades robustas, bem como cristãos preparados. Com o enfraquecimento da
Escola Bíblica, muitas igrejas também enfraqueceram. Enquanto isso, percebemos muitas seitas que
preparam seus fiéis com estudos e capacitação, por isso estão avançando cada vez mais.

Se quisermos voltar à Igreja Primitiva, também precisamos retornar às Escrituras, como disse Martinho
Lutero: “somente a Bíblia” (Sola Scriptura) é suficiente para o conhecimento da Salvação. Uma Igreja
verdadeira precisa estar baseada na Palavra de Deus.

A Igreja precisa voltar ao ensino da Palavra de Deus!

2- PODER = Dynamus

Atos 2.43 “E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos”.

A palavra poder é o termo Dynamus (δύναμις)2 que significa virtude, domínio ou capacidade
sobrenatural. O poder do Espírito Santo proporcionava que sinais, milagres e prodígios acontecessem
com frequência comum (Atos 5.12).

Sem dúvida alguma, a força da Igreja Primitiva era o poder espiritual prometido por Jesus “recebereis
poder ao descer sobre vós o Espírito Santo” (Atos 1.8). Sem este poder a Igreja se torna fraca e
impotente.

Com o passar do tempo, durante a história a Igreja começou a buscar outros poderes, ou seja, com a
institucionalização interna, a Igreja estabeleceu poderes e cargos dentro de sua estrutura e
externamente, a Igreja se tornou poderosa e reconhecida no mundo. Com isso, muitas vezes a Igreja
deixou de buscar e depender somente do poder espiritual para usar de seus artifícios como seus títulos e
influência social.

Infelizmente muitas igrejas começam buscando o poder do Espírito e com o tempo começam a
prosperar, passando a estabelecer seus próprios poderes internos, além de fazer alianças políticas em
busca de poder perante a sociedade. Consequentemente o poder espiritual se esfria.

A Igreja precisa voltar a buscar somente o Poder do Espírito Santo!

3- COMUNHÃO = Koinonia

Atos 2.44 “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum”.

A Koinonia (κοινωνία) significa “tudo em comum”3 com sentido de comunhão. A comunhão é comum +
união ou união comum. Esta vida em conjunto entre os irmãos primitivos era uma marca visível da
Igreja. Não se viam cristãos solitários, sempre estavam juntos.

A forma de cuidado entre os irmãos na Igreja primitiva, chamada de poimênica (poimh/n) 4, que é o
cuidado pastoral, fazia que todos procurassem apoiar uns aos outros e procurar quem precisasse de
ajuda. Com isso, todos os cristãos eram assistidos pastoralmente, não somente pelos apóstolos, mas por
todos os irmãos, formando uma rede de apoio e cuidado.

Sua unidade era tão intensa ao ponto de ser “um o coração e a alma da multidão dos que criam, e
ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns”
(Atos 4.32). Não apenas estavam reunidos, mas realmente unidos ao extremo de compartilhar tudo em
comum.

Todos os domingos a Igreja estava reunida para partir do pão celebrando a comunhão na Santa Ceia do
Senhor, mas todos os dias estavam juntos quando “partiam o pão de casa em casa” (Atos 2.46)

Um dos desafios para a Igreja atual é romper as barreiras de separação entre as pessoas. Jesus prometeu
estar junto conosco onde pelo menos “dois ou três” estivessem em união (Mateus 18.20), e a bênção de
Deus é ordenada onde há unidade (Salmos 133.1-3). A oração sacerdotal de Jesus pela Igreja foi para
que vivêssemos em união “para que o mundo creia” (João 17.21).

Se quisermos retornar à Igreja Primitiva, precisamos deixar de lado nossas opiniões e tudo mais que
possa nos separar das pessoas para viver em comunhão. A Igreja precisará aliviar sua estrutura com
hierarquias que separam as pessoas que equiparar todos como irmãos além de minimizar o ativismo
com excesso de programações priorizando a convivência entre as pessoas com seu próximo.

4- SERVIÇO = Diakonia

Atos 2.45 “Vendiam suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, á medida que alguém
tinha necessidade”.

A Diakonia (διακονῇ) é o serviço5 da Igreja para com as pessoas. O Diácono é o servo ou auxiliar dos
ministérios da igreja. O próprio culto era considerado um serviço ou trabalho, baseado na palavra
Leitourgia (leitourgi/a)6 que é a liturgia, que tem sentido de serviço de um criado ou pessoa inferior.

A Igreja prestava serviço à sociedade provendo socorro para os necessitados. Entre os irmãos “nenhum
necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os
valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à
medida que alguém tinha necessidade” (Atos 4.34,35). Seu serviço ou ministério era radical ao ponto de
abrirem mão de tudo em prol do amor ao próximo.

Para não correr o risco de deixar pessoas sem assistência, os apóstolos promoveram uma eleição de
diáconos que seriam literalmente servidores da igreja. Na eleição dos diáconos os apóstolos orientaram:
“Escolhei, pois, irmãos, de entre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de
sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio” (Atos 6.3). Diáconos deviam ser
homens de boa reputação sempre prontos para o trabalho da Igreja (I Timóteo 3.8-13).

Se quisermos voltar à Igreja Primitiva, precisamos passar a nos dedicar mais a quem está fora da Igreja
sem deixar de atender aos irmãos que estão perto de nós. Como igreja, devemos assumir nossa
verdadeira missão ao invés de investir todo nosso esforço na construção de templos ou quaisquer outras
atividades. A Igreja pode ser útil servindo a sociedade mostrando em prática o amor cristão.

A Igreja precisa voltar a servir a sociedade!

5- GRAÇA = Charis

Atos 2.46,47 “Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa e
tomavam suas refeições com alegria e singeleza de coração. Louvando a Deus e contando com a simpatia
de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”.
A graça, charis (χάρις)7 tem sentido de prazer, favor, generosidade, doação, gratuidade e amor
incondicional entre tantos significados maravilhosos desta palavra. A graça é o presente de Deus doado
por nós (II Coríntios 8.6, 19). O carisma é o amor em forma de poder do Espírito Santo que comove a
Igreja a agir através desta graça.

A Igreja Primitiva dependia tão somente da Graça de Deus para tudo. Não tinham influência, eloquência,
estruturas ou qualquer outra coisa. Entretanto a superabundante graça sempre foi o suficiente (II
Coríntios 12.7).

A graça é o perdão de Deus para o pecador (Atos 14.26). Por isso os cristãos transmitiam graça até
mesmo no meio das perseguições (Atos 7.10). Eles se cumprimentavam anunciando a graça e a paz (Atos
15.23). Através da Graça, manifestavam sua “alegria e singeleza de coração” (Atos 2.46) e simpatia (Atos
2.47) com as pessoas.

Com o crescimento da Igreja, esta passou a agir baseado no seu próprio conhecimento e confiou em sua
própria força. Infelizmente, muitas igrejas deixaram a Graça que Jesus ordenou: “de graça recebestes, de
graça dai” (Mateus 10.8), passando a cobrar pelo que faz ou induzir os fiéis a doar pensando em receber
algo em troca. Isso fez que surgisse uma igreja ‘sem graça’. Para voltar à Igreja Primitiva, precisamos fazer
tudo de forma gratuita e por amor dependendo sempre da misericórdia e bondade de Deus.

A Igreja precisa voltar a fazer tudo pela Graça!

6- PREGAÇÃO = Kerigma

Atos 4.31 “tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos, todos ficaram cheios do Espírito
Santo, e com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus”.

A pregação do evangelho era o centro da missão dos cristãos primitivos. Esta mensagem é expressa pela
palavra kerigma (κηρύσσω)8 que significa “proclamação por arauto”, que é o anúncio da Palavra de
Deus.

Esta mensagem está ligada a outras três palavras usadas muito usadas pelos cristãos primitivos em Atos:

LOGOS (λόγον): É a Palavra viva e encarnada (João 1.1 e 14). Jesus é a origem de toda a pregação cristã.

METANÓIA (μετανοέω) = “mudança de mente”9: a mesma anunciada por João Batista e Jesus quando
pregavam “arrependei-vos” (Mateus 3.2; 4.17; Atos 2.38; 3.19), dizendo Metanóia com sentido de
arrependimento e conversão.
EVANGELHO (εὐαγγέλιον)10: o conteúdo da pregação era as boas novas de salvação em Jesus Cristo.

Pedro havia feito sua primeira pregação após o Pentecostes (Atos 2.14-). O fruto desta mensagem foram
três mil pessoas batizadas. Os que ouviam sentiram o coração arrependido como se estivessem
transpassados (Atos 2.37) pela Espada de dois gumes da Palavra de Deus (Hebreus 4.12). A pregação da
Igreja é transformadora.

Os primeiros cristãos e os apóstolos seguiam “pregando o reino de Deus, e ensinando, com toda a
liberdade, as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum” (Atos 28.31). Esta
pregação do kerigma traz vida para as pessoas. Faz sentido para sua experiência pessoal e muda tudo.

Para voltar à Igreja Primitiva devemos priorizar a pregação como anúncio da Palavra de Deus. Se formos
analisar, a igreja gasta muito tempo com outras coisas como música, apresentações, avisos e tantas
atividades e muito pouco de pregação. A missão deixada por Jesus para nós foi “ide por todo o mundo e
pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15).

A Igreja precisa voltar a Pregar o evangelho!

7- TESTEMUNHO = Martyria

Atos 4.33 “E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em
todos eles havia abundante graça”.

O testemunho vem da palavra Martyria (μάρτυς)11 com significado de depoimento ou declaração de ser
uma testemunha. Os mártires eram “aqueles que dão testemunho por sua morte”12. Os cristãos
primitivos estavam dispostos a morrer para nunca negar sua fé.

Uma das bases da ousadia destes mártires era a sua fé na ressurreição dos mortos, por isso estavam
dispostos a morrer crendo que ressuscitariam com Jesus. Além disso, queriam ser como seu Mestre,
então consideravam uma honra morrer como Jesus.

Estêvão foi o primeiro mártir da igreja (Atos 7.44), pois isso “o sangue de Estêvão, tua testemunha” ou
mártir (Atos 22.20), foi o início de um tempo de intensa perseguição aos cristãos. Estes valentes formam
a galeria dos Heróis da fé que não temeram morrer (Hebreus 11.32-40).

Alguns testemunhos marcantes como o de Policarpo, bispo de Esmirna e provável discípulo do apóstolo
João. Quando foi posto na fogueira para seu martírio, Policarpo disse que acenderiam um fogo que se
apagaria, mas o fogo do juízo eterno jamais se apagará13. Tertuliano de Cartago declarou ao morrer que
“o sangue dos mártires é a semente da Igreja” 14, referindo-se ao crescimento do cristianismo em meio
à perseguição. A Coréia do Sul vive um grande avivamento nos dias atuais, mas muitos pregadores
morreram por isso.

A falta de testemunho é um grande empecilho para a igreja atual. Por causa de qualquer problema as
pessoas abandonam sua igreja e os votos de fidelidade a Deus quando aceitaram a Jesus ou foram
batizadas. Em contrapartida, os cristãos primitivos estavam dispostos a morrer sem negar sua fé.

Para voltar à Igreja Primitiva será preciso investir no testemunho e formação do caráter cristão. A Igreja
deve ser mais criteriosa na escolha de seus líderes que são formadores de novos crentes. O mundo não
precisa ver nossa música, nossos templos ou eventos gospel, mas o nosso testemunho de vida.

A Igreja precisa voltar ao testemunho de sua fé!

Voltemos à Igreja Primitiva!

CONCLUSÃO

A distância entre os primeiros cristãos e a igreja atual não é somente o tempo de aproximadamente dois
mil anos15. Parecer que tudo mudou. Mas se a Palavra de Deus ainda é a mesma e o próprio Jesus não
muda (Hebreus 13.8), então não podemos perder esta força da Igreja Primitiva.

O caminho de volta é o retorno ao ciclo formado pelas palavras que mostram a rotina da primeira igreja:
doutrina, poder, comunhão, serviço, graça, pregação e testemunho. Sendo assim, a Igreja estará
capacitada pelo ensino, cheia de poder, fortalecida em comunhão, ocupada trabalhando para o Reino de
Deus, manifestado e dependendo da Graça, anunciando a pregação do Evangelho e com bom
testemunho de vida.

É possível voltar à Igreja Primitiva!

______________________________

* Citações Bíblicas: Bíblia Revista e Atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil.

1 VINE, W.E., Merril F. Unger e William White Jr. Dicionário Vine. Rio de Janeiro: CPAD, 2006 – 7ª edição.
Página 579.

2 IDEM. Página 879.

3 IDEM. Página 485.

4 IDEM. Página 856.

5 IDEM. Páginas 990 e 991.

6 IDEM. Página 990.


7 IDEM. Página 679, 680.

8 IDEM. Página 892.

9 IDEM. Páginas 415,416.

10 IDEM. Página 629.

11 IDEM. Página 1020.

12 IDEM. Página 1021.

13 FOX, John. O livro dos mártires. São Paulo: Mundo Cristão, 2003. Página 30.

14 BERCOT, David W. O desafio da igreja atual à luz da igreja


primitiva.PDF(http://www.aigrejaprimitiva.com/igrejaprimitivaXaigrejaatual.pdf). Página 9.

15 RODRIGUES, Welfany Nolasco. A evangelização na igreja primitiva. Belo Horizonte: Filhos da Graça,
2015. Página 70-74.

LIVRO: A Evangelização na Igreja Primitiva

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