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PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTER

PRETAÇÃO DE LEI (TURMA) Nº 0000606


-89.2017.4.01.3905/PA

Web Clip

Poder Judiciário
CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL
Turma Nacional de Uniformização
SCES, TRECHO 3, Setor de Clubes Esportivos Sul - Polo 8 - Lote 9 - Bairro: Asa Sul - CEP:
70200-003 - Fone: (61) 3022-7000 - www.cjf.jus.br - Email: turma.uniformi@cjf.jus.br

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI


(TURMA) Nº 0000606-89.2017.4.01.3905/PA

RELATOR: JUIZ FEDERAL LUIS EDUARDO BIANCHI CERQUEIRA


REQUERENTE: MANOEL DANTAS SOBRINHO
REQUERIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

RELATÓRIO

Trata-se de pedido de uniformização, que chega até esse


órgão julgador por meio do despacho/decisão, verbis:

"Trata-se de agravo interposto contra decisão que inadmitiu


pedido de uniformização nacional, destinado a reformar
acórdão, no qual se discute a fixação da DIB da pensão por
morte.

É o breve relatório.
Conheço do agravo, tendo em vista o cumprimento dos requisitos
de admissibilidade.

No caso vertente, há indícios da divergência suscitada, porquanto


o entendimento do acórdão recorrido diverge, em princípio, da
posição adotada no aresto acostado como paradigma.

Nesse contexto, preenchidos os requisitos de admissibilidade,


a matéria em debate merece ser examinada pelo órgão julgador.

Ante o exposto, com fundamento no art. 15, VI, do RITNU,


admito o pedido de uniformização. Distribua-se a um dos
magistrados integrantes do colegiado.

Intimem-se."

Em breve síntese, a parte autora pleiteia o benefício de


pensão por morte em face do INSS.

A sentença julgou procedente o pedido.

O INSS interpôs recurso, o qual foi conhecido e parcialmente


provido.
Inconformada, a parte autora interpôs pedido de
uniformização. Afirmou que há divergência jurisprudencial quanto a
fixação da data de início do benefício - DIB na data do requerimento
administrativo - DER.

Colhe-se da peça:
É o breve relatório.

VOTO

Pois bem, o acórdão da turma recursal de origem fixou a DIB


do benefício de pensão por morte na data de entrada do primeiro
requerimento administrativo, com base no artigo 74 , II, da Lei 8213/91,
devendo ser observado que o óbito ocorreu em 1996 e o requerimento, em
2016.

Cabe analisar, então, os supostos paradigmas, os quais,


segundo a Requerente, autorizariam que a DIB fosse outra, considerando
que o artigo 74, II, da Lei 8213/91, somente teria entrado em vigor um ano
após o óbito.

O cotejo é feito entre o acórdão da turma de origem e a


Súmula 340 do Superior Tribunal de Justiça, que afirma o princípio
"tempus regit actum".

Em seguida, faz-se referência à aplicação do princípio às


pensões por morte, em aresto do Superior Tribunal de Justiça, que trata de
integralidade de pensão.

Também são mencionados arestos do Supremo Tribunal


Federal, da Turma Nacional de Uniformização e da própria turma de
origem, que aplicam o princípio em diferentes assuntos, mas, não o que é
decidido nos presentes autos, que é o termo inicial da pensão
por morte, quando o óbito é anterior ao artigo 74, II, da Lei 82123/91.

Porém, entende esta Relatoria que é admissível o incidente,


porque o raciocínio empregado no aresto oriundo do Superior Tribunal de
Justiça refere-se a pensão por morte e a óbito do segurado antes do
advento da lei nova.

É o quanto basta.

No mérito, com efeito, aplica-se a Súmula 340 do Superior


Tribunal de Justiça, verbis:

"Súmula 340

Enunciado

A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária


por morte é aquela vigente na data do óbito do
segurado. (Súmula 340, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
27/06/2007, DJ 13/08/2007 p. 581)

Fonte(s)

DJ 13/08/2007 p. 581RSSTJ vol. 29 p. 163RSTJ vol. 207 p.


477

Referência Legislativa

LEG:FED LEI:008213 ANO:1991***** LBPS-91 LEI DE


BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ART:00016
INC:00004(REVOGADA PELA LEI 9.032/1995)LEG:FED
LEI:009032 ANO:1995

Precedentes

AgRg no REsp 510492 PB 2003/0046508-8


Decisão:05/12/2006 DJ DATA:05/02/2007 PG:00325 RSSTJ
VOL.:00029 PG:00177

EmentaInteiro Teor do AcórdãoConsulta Processual

AgRg no REsp 495365 PE 2003/0015740-7


Decisão:14/03/2006DJ DATA:17/04/2006 PG:00217RSSTJ
VOL.:00029 PG:00175
EmentaInteiro Teor do AcórdãoConsulta Processual

AgRg no REsp 225134 RN 1999/0068275-0


Decisão:01/03/2005DJ DATA:21/03/2005 PG:00445RSSTJ
VOL.:00029 PG:00167

EmentaInteiro Teor do AcórdãoConsulta Processual

REsp 652019 CE 2004/0051695-2 Decisão:09/11/2004DJ


DATA:06/12/2004 PG:00359RSSTJ VOL.:00029 PG:00207

EmentaInteiro Teor do AcórdãoConsulta Processual

REsp 266528 RN 2000/0068961-0 Decisão:06/05/2003DJ


DATA:16/06/2003 PG:00365RSSTJ VOL.:00029 PG:00204

EmentaInteiro Teor do AcórdãoConsulta Processual

EREsp 396933 RN 2002/0146641-9 Decisão:26/03/2003DJ


DATA:14/04/2003 PG:00180RSSTJ VOL.:00029 PG:00191

EmentaInteiro Teor do AcórdãoConsulta Processual

AgRg no REsp 461797 RN 2002/0111060-4


Decisão:20/03/2003DJ DATA:19/12/2003 PG:00633RSSTJ
VOL.:00029 PG:00171

EmentaInteiro Teor do AcórdãoConsulta Processual

EREsp 302014 RN 2001/0173417-4 Decisão:12/06/2002DJ


DATA:19/12/2002 PG:00331RSSTJ VOL.:00029 PG:00188

EmentaInteiro Teor do AcórdãoConsulta Processual

EREsp 226075 RN 2000/0058032-5 Decisão:28/03/2001DJ


DATA:07/05/2001 PG:00129RADCOASP VOL.:00022
PG:00028RSSTJ VOL.:00029 PG:00184

EmentaInteiro Teor do AcórdãoConsulta Processual

EREsp 190193 RN 1999/0059869-5 Decisão:14/06/2000DJ


DATA:07/08/2000 PG:00097RADCOASP VOL.:00013
PG:00050RSSTJ VOL.:00029 PG:00180

EmentaInteiro Teor do AcórdãoConsulta Processual


REsp 229093 RN 1999/0080189-0 Decisão:21/03/2000DJ
DATA:17/04/2000 PG:00099RSSTJ VOL.:00029 PG:00201

EmentaInteiro Teor do AcórdãoConsulta Processual

REsp 222968 RN 1999/0062069-0 Decisão:21/10/1999DJ


DATA:16/11/1999 PG:00222RSSTJ VOL.:00029 PG:00197

EmentaInteiro Teor do AcórdãoConsulta Processual

REsp 189187 RN 1998/0069799-3 Decisão:02/09/1999DJ


DATA:04/10/1999 PG:00088RSSTJ VOL.:00029 PG:00195

EmentaInteiro Teor do AcórdãoConsulta Processual

Excerto dos Precedentes Originários

"[...] cinge-se a presente questio iuris na possibilidade de


concessãodo benefício pensão por morte em hipótese que o
ato da designação tenhaocorrido sob a égide do art. 16 da
Lei n. 8.213/91 e o óbito já navigência da Lei n. 9.032/95
Esta Corte de Justiça [...] firmou oentendimento de que o
benefício pensão por morte será concedido com basena
legislação vigente à época da ocorrência do óbito. Dessarte,
aindaque a referida designação do menor esteja revestida de
legalidade, ateor da norma disciplinadora à época, qual
seja, o art. 16 da Lei n.8.213/91, tal situação não é suficiente
à assegurar o benefícioprevidenciário, pois o ato só se
tornou perfeito como advento morte, oqual se deu em 25 de
outubro de junho de 1995, após a alteração doartigo 16 da
Lei n. 8.213/91 pela Lei n. 9.032/95. É cediço que emdireito
previdenciário, para fins de concessão de benefício, aplica-
se alei vigente à época em que forem preenchidas as
condições necessáriaspara tanto, em observância ao
princípio do tempus regit actum.Saliente-se, outrossim, que
os menores sob guarda foram excluídos do rolde dependentes
do art. 16, § 2º, da Lei n. 8.213/91, pela nova redaçãodada
pela Lei n. 9.032/95. Ademais, não há falar em direito
adquirido domenor a percepção do benefício pensão por
morte, pois, in casu, o óbitodo segurado sobreveio à Lei n.
9.032/95, estando, portanto, à época doimplemento das
condições necessárias ao percebimento do benefício, omenor
excluído do rol dos dependentes beneficiários da
PrevidênciaSocial." (AgRg no REsp 225134 RN, Rel.
Ministro HÉLIO QUAGLIABARBOSA, SEXTA TURMA,
julgado em 01/03/2005, DJ 21/03/2005, p. 445)"O fato
gerador da concessão da pensão por morte é o falecimento
dosegurado; para ser concedido o benefício, deve-se levar
em conta alegislação vigente à época do óbito. 2. No caso,
inexiste direito àpensão por morte, pois a instituidora do
benefício faleceu em dataposterior à lei que excluiu a figura
do menor designado do rol dedependentes de segurado da
Previdência Social. 3. O Estatuto da Criançae do
Adolescente é norma de cunho genérico, e inaplicável aos
benefíciosmantidos pelo Regime Geral de Previdência Social
- RGPS. Há leiespecífica sobre a matéria, o que faz com que
prevaleça o estatuído peloart. 16, § 2º, da Lei n° 8.213/91,
alterado pela Lei n° 9.528/97."(AgRg no REsp 495365 PE,
Rel. Ministro NILSON NAVES, SEXTA TURMA,julgado em
14/03/2006, DJ 17/04/2006, p. 217)"É assente o
entendimento no âmbito das Turmas que compõem a
TerceiraSeção deste Superior Tribunal de que, em sendo o
óbito do segurado ofato gerador da pensão por morte
ocorrido após o advento da Lei9.032/95, que excluiu o
menor designado do rol de dependentes dosegurado no
Regime Geral de Previdência Social, não terá o
infantedireito ao benefício. 2. Em tal situação, não há falar
em direitoadquirido, mas em mera expectativa de direito,
uma vez que os requisitosnecessários para a concessão da
pensão por morte ainda não tinham sidoreunidos quando da
modificação legislativa." (AgRg no REsp 510492PB, Rel.
Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA,
julgado em05/12/2006, DJ 05/02/2007, p. 325)"O fato
gerador para a concessão da pensão por morte é o óbito
dosegurado instituidor do benefício. A pensão deve ser
concedida com basena legislação vigente à época da
ocorrência do óbito. 2 - Falecido osegurado sob a égide da
Lei n° 9.032/95 não há direito adquirido aodependente
designado anteriormente, na conformidade de inciso
revogado,que colocara a pessoa designada no rol dos
beneficiários previdenciáriosna condição de dependentes."
(EREsp 190193 RN, Rel. Ministro JORGESCARTEZZINI,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/06/2000, DJ 07/08/2000,
p.97)"[...] a controvérsia gira em torno do fato de que o
dependente dosegurado foi designado quando ainda em
vigor a antiga redação da Lei8.213/91, que em seu Art. 16,
IV, previa: 'Art. 16 - São beneficiáriosdo Regime Geral de
Previdência, na condição de dependentes do segurado:[...]
IV - a pessoa designada, menor de 21 (vinte e um) anos ou
maior de60 (sessenta) anos, ou inválida.' Ocorre que com o
advento da Lei9.032/95, houve revogação expressa do
dispositivo mencionado, retiradodo rol dos beneficiários da
Previdência Social, na condição dedependentes, os menores
de 21 (vinte e um) anos, como o menorinteressado. A
jurisprudência desta Corte inclina-se para o entendimentode
que a exigência de indicação prévia dos dependentes do
seguradoperante a Previdência Social visa tão-somente
facilitar a comprovação,junto a sua administração, da
vontade do instituidor em eleger odependente como
beneficiário da pensão por morte, bem como da situaçãode
dependência econômica. A simples indicação pelo segurado
não importa,entretanto, o direito da pessoa designada ao
recebimento da pensão pormorte, se não preenchidos os
requisitos exigidos à época da concessão dobenefício. Nem
se alegue direito adquirido à condição de beneficiário.
Adependência que decorria da designação, deixou de existir
com a leinova, e não satisfeita essa condição no momento
exato da morte dosegurado, carece de direito à pensão."
(EREsp 226075 RN, Rel.Ministro EDSON VIDIGAL,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/03/2001, DJ07/05/2001,
p. 129)"[...] a questão é a da concessão de pensão por morte
a menor designadosob a égide da Lei 8.213/91, tendo o
segurado instituidor do benefíciofalecido na vigência da Lei
9.032, de 29 de abril de 1995. A matéria járegistra
precedente nesta Egrégia 3ª Seção, que firmou entendimento
nosentido de que o fato gerador para a concessão do
benefício de pensãopor morte é o óbito do segurado,
devendo ser aplicada a lei vigente àépoca de sua ocorrência
[...]. Na espécie, o segurado veio a falecer em15 de
novembro de 1996 [...], quando estava vigente, portanto, à
época,a Lei 9.032, de 28 de abril de 1995 [...]o dependente
designadoanteriormente à instituição do benefício (data do
óbito) não tem direitoadquirido à sua percepção, mas, sim,
mera expectativa de direito [...]Tal orientação, aliás, é a que
melhor se harmoniza com a Súmula nº 359do Supremo
Tribunal Federal, revista no julgamento do ERE nº
72.509/PR,Relator Ministro Luiz Gallotti, in DJ 30/3/73, com
indubitávelincidência analógica na espécie, verbis:
'Ressalvada a revisão previstaem lei, os proventos da
inatividade regulam-se pela lei vigente ao tempoem que o
militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitosnecessários.'
[...]. Ora, a aposentadoria ou proventos de inatividade
éespécie do gênero benefício previdenciário, assim como a
pensão pormorte. E por reunião dos requisitos necessários,
aqui se entende arealização do suporte fáctico do direito à
concessão do benefício.Tem-se, assim, que os benefícios
previdenciários devem ser reguladospela lei vigente à época
da realização do suporte fático que lhedeterminou a
incidência, da qual decorreu a sua juridicização
econseqüente produção do direito subjetivo à percepção do
benefício. E emse tratando de pensão por morte, a lei
aplicável é a vigente à data doóbito." (EREsp 302014 RN,
Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO,TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 12/06/2002, DJ 19/12/2002, p.
331)"Direito à pensão frustrado com a revogação da figura
do dependentedesignado antes do evento morte do segurado.
Ademais, o benefício éregido pela lei vigorante ao tempo da
concessão." (REsp 189187 RN,Rel. Ministro GILSON DIPP,
QUINTA TURMA, julgado em 02/09/1999, DJ04/10/1999, p.
88)"

Ora, partindo-se desse princípio, tratando-se de um óbito


ocorrido em 1996, não seria admissível uma restrição a direitos, com base
em norma posterior, de 1997.

Convém, por conseguinte, verificar se a tal restrição a


direitos - aposição da DIB na data do requerimento administrativo, quando
passado determinado interregno de tempo, entre o óbito e o requerimento
administrativo.

Assim diz a redação atual da Lei 8213/91, verbis:

" Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos
dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a
contar da data: (Redação dada pela Lei nº 9.528,
de 1997)

I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e oitenta)


dias após o óbito, para os filhos menores de 16 (dezesseis)
anos, ou em até 90 (noventa) dias após o óbito, para os
demais dependentes; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de
2019)

II - do requerimento, quando requerida após o prazo


previsto no inciso anterior; (Incluído pela Lei nº
9.528, de 1997)

III - da decisão judicial, no caso de morte


presumida. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)"
Mas, qual seria a redação original, de 1991?

Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos


dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data
do óbito ou da decisão judicial, no caso de morte presumida.

"Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos


dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a
contar da data: (Redação dada pela Lei nº 9.528,
de 1997) (Vide Medida Provisória nº 871, de 2019)

I - do óbito, quando requerida até trinta dias depois


deste; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

I - do óbito, quando requerida até noventa dias depois


deste; (Redação pela Lei nº 13.183, de 2015)

I - do óbito, quando requerida em até cento e oitenta dias


após o óbito, para os filhos menores de dezesseis anos, ou
em até noventa dias após o óbito, para os demais
dependentes; (Redação dada pela Medida
Provisória nº 871, de 2019)

I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e oitenta)


dias após o óbito, para os filhos menores de 16 (dezesseis)
anos, ou em até 90 (noventa) dias após o óbito, para os
demais dependentes; (Redação dada pela Lei nº
13.846, de 2019)

II - do requerimento, quando requerida após o prazo


previsto no inciso anterior; (Incluído pela Lei nº
9.528, de 1997)

III - da decisão judicial, no caso de morte presumida.


(Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 1º Não terá direito à pensão por morte o condenado pela


prática de crime doloso de que tenha resultado a morte do
segurado. (Incluído pela Medida Provisória nº 664,
de 2014)

§ 2º O cônjuge, companheiro ou companheira não terá


direito ao benefício da pensão por morte se o casamento ou
o início da união estável tiver ocorrido há menos de dois
anos da data do óbito do instituidor do benefício, salvo nos
casos em que: (Incluído pela Medida Provisória
nº 664, de 2014) (Vigência)

I - o óbito do segurado seja decorrente de acidente posterior


ao casamento ou ao início da união estável;
ou (Incluído pela Medida Provisória nº 664, de
2014) (Vigência)

II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira for


considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o
exercício de atividade remunerada que lhe garanta
subsistência, mediante exame médico-pericial a cargo do
INSS, por doença ou acidente ocorrido após o casamento ou
início da união estável e anterior ao óbito. (Incluído
pela Medida Provisória nº 664, de 2014) (Vigência)"

Ou seja, por ocasião do óbito, não existia o limite de trinta


dias, que passou a determinar se a DIB será na data do óbito ou na data de
entrada do requerimento administrativo (DER).

Logo, a restrição a direitos foi criada após o óbito da


instituidora, não sendo aplicável ao benefício de pensão por morte em
questão.

Acerca do tema, a contrario sensu, verbis:

Tipo

Acórdão

Número

00007163820104036311
00007163820104036311

Relator(a)

JUÍZA FEDERAL FLÁVIA PELLEGRINO SOARES MILLANI

Data

12/05/2016

Data da publicação
27/09/2016

Fonte da publicação

DOU 27/09/2016

Ementa
reatado após um mês, tendo o sr Jose Valentino falecido em 15/09/2005. Informa que requereu
o benefício em 26/09/2005, que foi concedido (B-21/137540545-1), sendo que em 07/2007 foi
cessado por perda da qualidade de dependente. Apresenta (1) certidão do casamento em
12/06/2004; (2) certidão do óbito de José Valentino Nascimento em 15/09/2005, com
informação de que residia à Ruía Caimoré 101 em São Vicente, que era casado com a Sra
Maria Aparecida do Nascimento e que deixou 4 filhos, a saber, William (26 anos), Wilma (24
anos), Luciana (21 anos) e Wellington (13 anos), sendo declarante Maria aparecida do
Nascimento; (3) carta de concessão do benefício de aposentadoria por invalidez (B-
32/502561704-5) em nome de José Valentim Nascimento; (4) carta de concessão da pensão
por morte (B-21/137540545-1) em nome de Maria Aparecida do Nascimento, com DIB em
15/09/2005; (5) carta do INSS datada de 30/08/2006 para que a autora apresentasse certidão de
casamento recente contendo averbação da separação, comprovante de residência e RG/CPF;
(6) ofício de 10/07/2007 em que o INSS informa constatação de indício de irregularidade na
concessão do benefício (perda da qualidade de dependente); (7) declaração do CREI de São
Vicente referente à internação de José Valentino Nascimento em 06/09/2005, com óbito em
15/09/2005, sendo acompanhante Maria Aparecida do Nascimento; (8) termo de rescisão do
contrato de trabalho por falecimento de José Valentino Nascimento, com residência à Rua
Camaiore 101 em São Vicente. No PA constam (1) cópia da certidão original do casamento de
José Valentino Nascimento com Maria Aparecida do Nascimento em 12/06/2004, sob regime
de separação obrigatória de bens; (2) certidão de inteiro teor extraída pela 4ª Vara Cível de São
Vicente, distribuída em 14/04/2005, em que Maria Aparecida do Nascimento ajuíza ação de
separação litigiosa em face de José Valentino do Nascimento, com homologação de acordo em
29/06/2005; (3) correspondência de 31/10/2006 em que o INSS determina o bloqueio do
pagamento do benefício de pensão por morte (B-21/137540545-1) de titularidade de Maria
Aparecia do Nascimento;(4) cópia do Termo de Audiência datada de 29/06/2005 (fl 72) em
que foi homologado o acordo em que as partes solicitaram conversão do pedido em
consensual, com dispensa recíproca a alimentos e sem patrimônio comprovado a partilhar: (4)
comunicado de decisão administrativa datado de 10/10/2007 (fl 137) em que foi julgado
improcedente o pedido de restabelecimento do benefício; (5) comunicado à autora, datado de
11/10/2007, de que os valores recebidos indevidamente deverão ser restituídos. No PLENUS
constam registros dos benefícios instituídos pelo segurado José Valentim Nascimento (a) B-
21/137540545-1 pago a Maria Aparecida do Nascimento no período de 15/09/2005 a
01/10/2007, suspenso por irregularidade; (b) B-21/135325451-5 pago aos dependentes Eva
Maria da Silva (cônjuge) cessado por óbito em 15/04/2006 e Wellington Nascimento (filho
DN 03/04/1992), que continua sendo pago considerado o desdobramento com o B-
21/137540545-1. A Previdência Social consiste numa forma de assegurar ao trabalhador, com
base no princípio da solidariedade, benefícios ou serviços quando o segurado seja atingido por
uma contingência social. O objetivo da Previdência Social é estabelecer um sistema de
proteção social para proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao segurado e a sua
família. Wladimir Novaes Martinez conceitua a Previdência Social da seguinte maneira:
"como a técnica de proteção social que visa a propiciar os meios indispensáveis à subsistência
da pessoa humana, quando esta não pode obtê-los ou não é socialmente desejável que os aufira
pessoalmente através do trabalho, por motivo de maternidade, nascimento, incapacidade,
invalidez, desemprego, prisão, idade avançada, tempo de serviço ou morte, mediante
contribuição compulsória distinta, proveniente da sociedade e de cada um dos participantes"
Em primeiro lugar, resta saber se o suposto companheiro da parte autora era segurado ou não
do Sistema da Previdência. Reza o art., 11, I “a” da Lei n.º 8.213/91: “Art. 11. São segurados
obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I - como empregado: a) aquele
Decisão

Acordam os membros da TNU - Turma Nacional de Uniformização CONHECER E DAR


PROVIMENTO ao Incidente de Uniformização de Jurisprudência interposto, nos termos do
voto-ementa da Juíza Federal Relatora.

Ou seja, segundo o entendimento desta turma nacional,


espelhado no posicionamento predominante do Superior Tribunal de
Justiça, o que vale para determinar o regime jurídico da pensão por morte é
a data do óbito do instituidor, não a data em que, finalmente, as provas são
produzidas.

No caso do paradigma, o óbito era posterior à entrada em


vigor das restrições contidas no artigo 74, II, da Lei 8213/91, ou seja,
posterior a 1997.

No caso destes autos, a hipótese é diversa, aplicando o


mesmo princípio, porque o óbito é anterior à norma que veicula as
restrições a direito.

Evidentemente, a depender de cada caso concreto, deve ser


verificada eventual prescrição de parcelas.

Observa-se, ainda, que a Instrução Normativa 77/2015, artigo


364-A, do INSS, reconhece o direito.

Não pode o Poder Judiciário ser mais realista que o Rei.

Pelo mesmo motivo, à vista da manifestação do próprio


Relator do precedente julgado em 21/04/2019 (PUIL 0502699-
64.2017.4.05.8105), por esta turma nacional, neste julgado, aquele
precedente resta superado.

Voto por conhecer e dar provimento ao incidente de


uniformização nacional, para anular o acórdão da turma de origem, a fim
de que seja adequado à fundamentação supra, fixando-se a seguinte tese:
"na hipótese de óbito de instituidor anterior à entrada em vigor da Lei
9528/97, não se aplica ao benefício de pensão por morte o termo inicial
mencionado no inciso segundo do artigo 74, da Lei 8213/91, mas a data
do óbito, conforme a redação original do dispositivo.
PREVIDENCIÁRIO. Sessão de 27/05/2021."
Documento eletrônico assinado por LUIS EDUARDO BIANCHI CERQUEIRA, Juiz Federal,
na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006. A conferência da
autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
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Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): LUIS EDUARDO BIANCHI CERQUEIRA
Data e Hora: 27/5/2021, às 17:42:35
 

 
0000606-89.2017.4.01.3905 900000160848.V18

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