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IGUATU-CEARÁ
AGOSTO-2017
De acordo com Cunha (2016) as ações iniciais da sociedade no tocante a inclusão de
pessoas com deficiência ocorreram na segunda metade do século XX na qual pode-se notar
mudanças significativas nos feitos do povo com relação a esta clientela. Antes o ensino de tais
alunos acontecia em Instituições ou salas específicas, pois admitia os mesmos como impedidos
de evoluir no meio educacional. Tais ações deixavam esses espaços segregantes, o que deixava o
Ensino Regular e o Especial em confronto. Com relação as políticas administrativas do Brasil
voltadas às pessoas com deficiência certificam a Inclusão como Prática Educacional com a meta
de adequar o Sistema Escolar de acordo com as deficiências dos alunos. Para ocorrer tal ação
deve-se haver formações continuadas para os docentes que assistem esses alunos, bem como
recursos materiais compatíveis a necessidade de cada aluno (CUNHA,2016). Corroborando com
tal pensamento a Política Nacional da Educação Especial prevê que esse ensino deve organizar-
se para assistir os seus alunos, possibilitando ao aluno o Atendimento Educacional Especializado
tanto no Ensino Regular como no Especial na perspectiva de ocorrer a Educação Inclusiva
(CUNHA, 2016).
Vale destacar que o papel do monitor nesse projeto é dar suporte ao aluno com deficiência
no sentido de possibilitar uma maior inclusão a este, ou seja contribuir para que este ambiente
educacional seja mais inclusivo e acessível tanto nas questões atitudinais, quanto nas
educacionais. Todavia, tal experiência, traz à tona a seguinte reflexão que nos parece num
primeiro momento exaustiva, mas que é necessária: que caminhos estão sendo percorridos em
nossos espaços escolares para que a inclusão ocorra de forma efetiva? Como contributo e ainda
no intuito de responder tal reflexão, a presente proposta objetiva apresentar um relato de
experiência registrado a partir das vivências de monitoria com um aluno com Encefalopatia
Congênita, evidenciando assim possibilidades e desafios para que a inclusão de alunos com esta
mesma deficiência venha a ocorrer de forma efetiva, bem como contribuir com um novo olhar
acerca do trabalho realizado pelos monitores da inclusão em Iguatu-Ce. A seguir iniciaremos a
descrição da referida experiência.
Uma primeira percepção registrada durante este processo é que cada escola possui uma
realidade diferente, possui alunos diferentes, profissionais diferentes, logo cada escola precisa e
deve buscar vivenciar uma abordagem diferente para que haja a efetiva inclusão desse aluno. Pois
o aluno com deficiência deve ser acolhido por todos os profissionais da escola, ou seja, desde o
portão da escola à Direção, para dessa forma romper com o mito que o aluno é propriedade e
responsabilidade apenas do monitor. A escola onde ocorreram estas experiências enquanto
monitora, é a E.E.F. Luiza Bezerra de Souza, localizada na Zona Urbana do município de Iguatu.
Os trabalhos como monitora foram iniciados em março de 2017, acompanhando um aluno com
Encefalopatia Congênita1 de 3 anos de idade.
1Genericamente, estudiosos definem a Paralisia Cerebral (PC) ou Encefalopatia Crônica da Infância (ECI) como uma
alteração não evolutiva que afeta o desenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC). Schwartzman (2004, p. 5)
relata que o termo paralisia cerebral (PC) tem sido utilizada desde a segunda metade do século passado para se referir
a um grupo muito heterogêneo de pacientes que apresentam, em comum, prejuízo motor decorrente de uma condição
não progressiva, adquirida antes dos dois primeiros anos de vida. Com um conceito mais sucinto, Rowland (1997, p.
399), define a PC como “[...] qualquer distúrbio motor não-progressivo de origem cerebral ou cerebelar”, dado que tais
distúrbios não atingem a medula, músculos ou nervos periféricos. De maneira mais completa, Rotta (1997, p. 750)
aborda o tema conceituando a PC como: [...] sequela de uma agressão encefálica que se caracteriza, primordialmente,
por um transtorno persistente, mas não invariável, do tono, da postura e do movimento, que aparece na primeira infância
e que não só é diretamente secundário a esta lesão não evolutiva do encéfalo, senão devido, também, à influência que
tal lesão exerce na maturação neurológica.
pares. Para compreendermos melhor cada atividade e seus resultados obtidos, a seguir
apresentarei três atividades realizadas e seus respectivos resultados.
Atividade 01: Jogando com a Bola: Esta atividade foi realizada num primeiro momento fora da
sala de aula, uma vez por semana com duração de 15 a 20 minutos e objetivava trabalhar a
coordenação motora do educando por meio de brincadeiras com a bola, jogando-a e chutando-a,
que objetivava observar a lateralidade2 do pé, bem como o equilíbrio do educando pois este anda
na ponta dos pés. Todavia isso o não impede de correr, andar, brincar e o mais importante: de
evoluir no meio escolar. Ressalta-se que a partir desta primeira atividade percebeu-se que não
estávamos incluindo o aluno ao retirá-lo da sala de aula, mas sim isolando-o da possibilidade de
convívio e brincadeiras com seus colegas em sala de aula. Assim, houve um replanejamento das
atividades para que estas fossem realizadas em sala de aula com a professora e demais alunos.
Posteriormente com a permissão e planejamento prévio com as professoras, realizei atividades de
escrita e de movimento envolvendo toda a turma. Ressalto que num primeiro momento a
realização destas atividades pode parecer algo simples, todavia este conjunto de atividades
entusiasmava e integrava cada vez mais o aluno uma vez que ele se sentia participante e igual aos
demais. A seguir descreveremos algumas atividades que foram realizadas com toda a sala e que
contribuíram de forma significativa
Atividade 02: Labirinto: Nesta atividade objetivava-se trabalhar a coordenação motora, noções
de localização (em cima e embaixo) e lateralidade, atendendo assim as necessidades não apenas
do aluno com deficiência, mas de toda a turma. Para a realização da atividade enfileirou-se três
mesas e em seguida três cadeiras, e a partir desta sequência formou-se o labirinto em forma de
“U” e para complementar ao final colocou-se mais cinco cadeiras para que os alunos andassem
ao redor. No início os alunos foram separadamente, e em seguida formou-se uma fila para que
todos participassem de forma simultânea, incluindo assim toda a turma.
Atividade 03: Brincando com o Dado: Nesta atividade objetivava-se trabalhar a contagem
mecânica de um a cinco, verificando-se a aprendizagem das crianças em conteúdos estudados na
disciplina de Matemática, utilizando nesta atividade um dado grande, confeccionado com
cartolina e EVA e algumas tampas de garrafas pet. Para sua realização formou-se uma roda no
chão e colocou-se o dado e as tampas ao meio, em seguida cada criança em sua vez lançava o
dado e com o apoio da monitora e da professora contava o resultado do dado e buscava a mesma
quantidade de tampas para associar o número com o objeto. Toda a turma participou e apreciou o
2 A lateralidade se indica como forma assimétrica em nosso corpo, sendo em partes do nosso corpo mão, olho, ouvido,
perna, assim nosso cérebro recebe informações do controle de certas funções que ele deve receber. Quando a
lateralidade não esta bem definida, a criança tem dificuldade de assimilar os conceitos de direita e esquerda, pois não
distingue o lado dominante do outro lado, pode possuir, também, falta de direção gráfica. (CARMO, 2007, p. 21.).
desenvolvimento da atividade, pode-se notar que a maioria já identificava os números e realizava
pequenas contagens.
Resultados obtidos
Referências
RORIZ, Ticiana Melo de Sá. Inclusão/exclusão social e escolar de crianças com paralisia cerebral,
sob a óptica dos profissionais de saúde. Net, São Paulo, mar. 2005. Disponível em: Acesso em:
23 ago. 2007.
ROWLAND, Lewis P. Merritt tratado de neurologia. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1997. 805p.