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Seria esse o melhor dos mundos possíveis?

Hoje idealizei alguns, mas


poderia eu questionar as verdades do Criador? Um copo de café, um fumo, um
abajur e algum canto, se possível um clima ameno, um céu nublado, nem
quente, nem frio, um dia sóbrio. Da janela não via Esteves, a Tabacaria ou
qualquer resquício do que Fernando descrevera em sua poesia, mas vivia sua
poesia.
Vivemos apressados, vivemos com fome, vivemos as aventuras do dia a
dia, todo dia é um dia de infinitas possibilidades, sonhos, encontros e contos.
Queria que cada dia fosse com o dia que vi ao adormecer sob as pálpebras do
dia. Poesia, livre arbítrio. Enquanto escrevo sonho sem querer, talvez negue
racionalmente esse meu querer, o querer saber como seriam as expressões,
como seriam as reações e respostas que você me apresentaria.
Queremos ser os melhores, mas melhores em “nem sabemos o quê”.
Nos programamos todos os dias para sermos os melhores. Angústia e
ansiedade, o mal da geração. Será que seremos os melhores? Existe um
movimento contrário a isso, contra essa competição, contra essa forma de ser,
contra o sistema, contra algo. Discursos, muitos discursos tentando provar
suas verdades. Qual é a melhor verdade?
Os jovens, nós jovens vivemos no nosso momento. A juventude é o
momento de realização, o momento da busca, o momento onde os ideais se
tornam mais próximos de nós. Deixamos de ser bronze e nos tornamos ouro,
da mesma espécie de Aquiles e muitos alguns outros. Buscamos identificação,
mas queremos ser diferentes, por isso é difícil dizer nós, o “eu” é o centro
novamente, reafirmação, ou talvez mais, uma afirmação como pré-requisito
para a geração da nossa própria afirmação. Não sabemos o que somos e
queremos que alguém diga o que somos, talvez que todos digam, quantos
mais “likes” mais sabemos o que somos, pois somos aceitos.
Os pais dizem que somos os melhores, os que não tem pais escolhem
pais que digam que são os melhores, os que não escutam que não são os
melhores utilizam isso como energia e fomento para serem os melhores, mas
se existe o melhor, alguém tem que ser pior, não? Alguns dizem que nossos
pais querem que sejamos versões melhoradas deles, um discurso rebelde,
talvez o que queiram é que não passemos por situações desagradáveis que
poderiam ser evitadas caso agíssemos como mais cautela, caso eles tivessem
agido com mais cautela.
Erramos, escolhemos o erro, queremos o erro, queremos arriscar, o
nosso inconsciente age a todo momento e a cabeça confusa encontra a
resposta certa possível. As feridas narcísicas são reabertas constantemente.
O desprezo ou a impaciência com algumas questões nossas dizem mais
sobre os outros do que nós mesmos. Uma série desagradável ou um filme cuja
as expectativas foram maiores do que a entrega podem ser uma frustração
muito grande, e uma conversa pode ajudar o assunto a ser entendido,
absorvido e até esquecido para que assim possamos nos voltar novamente aos
problemas do mundo, que são tantos, todos devem se preocupar com todos os
problemas. Não seria mais sábio nos ocuparmos com alguns ao invés de nos
preocuparmos com todos?
Indagações juvenis.
Idealizei alguns amores, e sofri. Sofremos pela ideia e não pelo fato.
Pela ideia do que poderia ser, do que perdemos antes mesmo te termos. Pior é
quando achamos que seríamos algo e por algum motivo não seremos mais.
Nossa mente é como uma teia, alguns sabem deslizar e andar por ela com
facilidade, outros se perdem em meio a quantidade de caminhos e
possibilidades.
Levantamos questões a todo momento, levamos questões aos nossos
pais, aos nossos amigos, levamos questões a todos os tipos de pessoas, mas
no fim parece que eles não entendem, não querem entender ou talvez não
possam entender. Limite. Limite para aqueles que se sentem ilimitados. Reis
de suas eras. Todos reis. Projetamos no outro a necessidade de entendimento
e mais uma vez, reafirmação das nossas crenças.
Estava inquieto, vivo inquieto, mas ultimamente a inquietação tem
tomado um novo lugar, um novo patamar e novos desenrolares. Hoje sinto
vontade de ser algo que não sou, e sinto o desejo de mudar. Pergunto-me se
as intenções são nobres ou se são apenas caprichos do ente.
Gostaria de sumir por um tempo, indeterminado ao mundo, determinado
para mim, causar sensações, talvez a falta, talvez o desejo, talvez espere
causar algo que ainda não causei. Espírito de artista que busca expressar,
transmitir e compartilhar experiências ou espírito rebelde, infantil, adolescente,
egocêntrico de mesma busca.
“Acredito que se alguma cena é possível na natureza ela é perfeita por si
só.” Observo a lagarta, a lagarta vive sua vida em um ritmo ondulado, os
movimentos são ritmados e como os passos, pouco a pouco a impulsionam
para a frente, ondas e mais ondas. A lagarta caminha lentamente e explora o
mundo ao seu ritmo, fica de cabeça para baixo as vezes, passa pelos mais
diversos perigos, convive e se sobrevive, encontra um lugar para talvez se
encontrar.
O casulo, o isolamento, a transformação interna, onde existe apenas ela
consigo mesma. Um momento de solidão, afastamento e mutação, mudança.
Protegido de certa forma, mas o que serve de proteção quando o adversário é
o tempo?
Depois disso vem a borboleta, que é um dos símbolos mais próximos da
beleza pura, em essência, belo, bela. Já parou para seguir o voo de uma
borboleta? Você nunca sabe quando será a próxima batida de asas ou a
direção, o voo quebrado e seus efeitos.
“Quem tenta ajudar uma borboleta a sair do casulo a mata.”
E as crises ...

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