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Em Getúlio Vargas, Itla Frizzo da Costa, mais conhecida por Dona Itla,
completar 84 anos hoje, viúva, aposentada, católica, zeladora de
capelinhas, tesoureira do grupo da terceira idade Alegria de Viver, é
benzedeira há 68 anos. Ela tem três filhos: Ilse, Vilson e Velci e seis
netos.
Natural de Getúlio Vargas, Itla tinha 16 anos quando foi morar com o
marido na Linha 8, interior do município de Sertão. Segundo ela, o
dom de rezar e benzer veio quando ela havia acabado de se casar
com Belcino Pacheco da Costa, em novembro de 1949.
O segredo
A jovem Itla não havia gostado do lugar onde tinha ido morar, porque
era longe dos seus pais e sogros. Ela vivia triste, chorando
diariamente. Mas, por amar Belcino, permaneceu ao lado dele.
Itla trabalhava na roça e uma vez por semana ficava em casa, para
realizar a limpeza, lavar roupas e fazer pão. Dona Itla lembrou,
emocionada, do mês de abril de ano de 1950. Ela conta que eram
duas horas da tarde, quando tudo aconteceu. Já tinha feito o serviço
da casa e havia colocado o pão no forno, e estava muito cansada. Na
frente da casa havia uma pedra grande onde se sentou para
descansar. O dia estava um pouco frio, mas o sol brilhava. De
repente, se armou um temporal, com vento muito forte, começou a
chover e cair granizo, parecia noite. “Eu, ali sentada, e não caía
nenhuma gota de chuva em mim. Quando me dei por conta, que não
estava molhada e não havia nenhum coberto, comecei a chorar
desesperadamente, pensando no que estava acontecendo. Era um
mistério”, lembrou.
Ela relatou ainda, com lágrimas nos olhos, que a voz dizia assim: “de
hoje em diante você vai mudar, vai fazer o bem sem olhar a quem e
não vai contar a ninguém”. Questionando como poderia ajudar se não
tinha nada, ouviu a resposta: “Na hora certa você vai saber, mas não
esqueça que só o caminho do bem acalma a dor. Semear a alegria,
sempre rezando a oração que Deus nos ensinou, não esqueça estas
palavras. Vai chegar um dia em que você vai precisar de ajuda, só aí
você pode contar todo o bem que você prestou às outras pessoas.”
Itla lembra que começou a tremer e a chorar, pedindo que Deus a
ajudasse. “Eu juro que vou fazer tudo que ouvi sem contar a ninguém”,
disse, lembrando que a música continuou tocando e a voz mais linda
do mundo disse: “Você se prepare. Durante a sua vida vai receber
muitos avisos. Não precisa ter medo.” Naquele dia ouviu as palavras
pela última vez.
Em junho do mesmo ano, quando ela estava fazendo as tarefas da
casa, aconteceu um mistério que nunca esqueceu. “Ouvi gritos,
chamando tia! tia! Eu olhei, era um guri que vinha gritando: o nenê da
minha mãe está morrendo; ela vem vindo aí, pelo amor de Deus, faça
alguma coisa para ele não morrer.” Itla saiu correndo ao encontro da
mãe e do filho, pegou a criança no colo e lembrou das palavras que
tinha recebido meses antes, quando estava sentada na pedra. Orou
pelo menino, que acabou abrindo os olhos instantes depois de estar
no seu colo. A família foi embora e a benzedeira ficou pensando quem
poderia ser aquela mulher e os filhos, pois, naquele lugar, todos se
conheciam e ninguém sabia do recado que ela havia recebido.
A mulher do milagre
Os benzimentos