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Liz
1
Whiskey com sabor de amoras negras.
—Sentimos sua falta por aqui. — Jeff colocou os cotovelos no
balcão e inclinou-se para frente. —É bom ter seu rosto brilhante de
volta.
—Ela era esperta demais para ficar por aqui. — Tia May
empurrou o copo vazio em direção a Jeff. —Ela saiu e conseguiu um
diploma. Estou orgulhosa de você, boneca.
—Obrigada, May. Eu gostei da escola de enfermagem, mas estou
feliz por estar em casa. Não é o mesmo em qualquer outro lugar.
—É claro que não. — Jeff pegou o copo vazio e desapareceu
debaixo do balcão. —Aqui é onde está a sua família. Esta é a sua casa.
Levantando a cerveja do balcão, rodei meu banco e olhei para a
multidão de membros do clube e aqueles que os acompanhavam.
—Sim, é.
Eu cresci nesse ambiente. Um lugar onde todo mundo olha para o
outro e trata um ao outro como família, mesmo que você não seja
sangue. Eu conhecia quase todo mundo na sala, exceto alguns novos
membros que se juntaram enquanto estive fora. Essas pessoas eram
minha família, e era bom estar em casa.
Em frente ao bar, um homem entrou vestindo uma jaqueta preta
de couro com os patches familiares do clube e um boné desgastado.
Não vi seu rosto, mas eu notei o jeito que os outros reagiram a ele.
Várias mulheres ajustaram seus decotes antes de segui-lo como
cachorrinhos apaixonados. Um grupo de rapazes ao lado da mesa de
bilhar acenou com a cabeça e se moveu em sua direção, ignorando as
mulheres como se elas não existissem. Elas fizeram beicinho com seus
lábios vermelhos rubi e voltaram às suas mesas.
Apontando minha cerveja em sua direção, perguntei para tia May
quem ele era. Ela olhou através da multidão para o homem que eu
estava assistindo. Ele tirou sua jaqueta, eu não conseguia parar de
assistir o show. As luzes sobre a mesa de bilhar destacaram camadas
sobre camadas de duros músculos cobertos com tinta preta dos pulsos
aos ombros. Seu peito estava esticado para fora da regata preta que ele
usava enfiada em seu jeans escuro rasgado e cinto cravejado.
—É o Jake Castle. Ele se juntou ao Kings logo depois que você saiu.
—E qual é a história dele?
—Ele é da Geórgia, mas de alguma forma acabou aqui em
Nashville. Ele rapidamente se tornou amigo de Nix e Trevor. Ele se
tornou um membro muito rápido depois disso.
—Huh. — Dei uma olhada para Nix que ainda estava fazendo a
ronda. —Eu deveria levar uma cerveja para Nix. Ele não consegue se
afastar dos seus fãs. — Eu me virei para Jeff. —Posso pegar outra? —
Eu perguntei, acenando-lhe a minha cerveja.
Com um tapinha na minha perna, tia May voltou minha atenção
para ela.
—Nix fez bem enquanto você estava fora. O clube tem se
beneficiado de sua liderança. A loja e o bar estão indo bem, e ele
mesmo construiu uma relação com a lei local. Os Kings ajudam a
manter um olho nas coisas, você sabe, em lugares que eles não podem.
—E quanto a outra equipe? O Wild Royals ainda está por aí?
—Infelizmente, sim. Eles abriram um bar do outro lado da cidade.
Estiveram competindo. A palavra é que eles estão traficando drogas e
usando o bar como fachada.
—Claro que eles estão. Não esperaria nada menos deles. Correção,
sim, eu faria.
Jeff trouxe a outra cerveja e eu deixei tia May para levá-la para
Nix. Ele deu-me um profundo obrigado e envolveu seu braço ao meu
redor.
—Liz, eu quero que conheça Dillon. — Nix apontou com a cabeça
para um cara bonito com um bagunçado cabelo loiro, olhos azuis e uma
grande tatuagem tribal vermelha e preta em espiral em torno do seu
braço direito.
—Nix disse que você acabou de voltar da faculdade de
enfermagem. Parabéns.
—Sim, obrigada. É bom estar em casa.
—Vai ficar para sempre?
—Sim, me inscrevi em alguns aplicativos nos hospitais locais.
Espero que algo apareça.
—Eu vou para o leilão. Eu falo com você mais tarde, Liz.
Deixando-me com Dillon, tornou claro que ele era um dos caras
que Nix esperava que eu pegasse. Dillon era atraente, com uma voz
profunda e um sensual sotaque australiano.
—Quer outra antes que fique louco aqui? — Dillon apontou para a
minha cerveja quase vazia.
—Claro, obrigada. — Eu andei com Dillon para o bar e peguei o
mesmo banquinho de antes enquanto Dillon pegava mais um par de
cervejas.
—Nix disse que você gosta de montar.
—Sim, eu gosto.
—Quer ir comigo algum dia?
—Eu poderia. — levantei minha cabeça e sorri.
Dillon riu. —Nix me avisou que não seria fácil conquistá-la.
—Talvez você possa me persuadir com um jantar e um passeio. —
eu sorri atrás da minha nova garrafa de cerveja.
—Estou definitivamente disposto a isso. O que você gosta de
comer?
—Italiano.
—Eu conheço um lugar. Que tal amanhã às sete?
—Você não perde tempo, australiano?
—Não em um lugar como este, não com você. — Dillon piscou
para mim e deu um sorriso insolente. —E não quando uma mulher é
tão atraente quanto você. Vão ter caras fazendo fila para convidá-la.
—Até agora você está na frente desta linha inexistente.
O sorriso de Dillon virou uma carranca. Segui seus olhos e virei
meu banco para ver o que ele estava olhando. O homem com o boné e
camiseta preta estava ao meu lado pedindo uma cerveja. Ele olhou para
mim e piscou o olho, em seguida mostrou um sorriso branco perolado
com covinhas embaixo de olhos castanhos escuros sobre um rosto que
derretia a calcinha de qualquer mulher. Eu não conseguia tirar meus
olhos deste homem, tatuado, imponente, que estava me deixando
molhada só de olhar para ele.
—Você é a irmã do Nix? — Ele pegou sua cerveja e inclinou-se
contra o balcão.
—Sim, Liz.
—Ele não me disse que você era uma gata.
—Bem, ele não me disse nada sobre você. Deve ter se esquecido.
Jake soltou uma risada e eu assisti seus lábios cheios e beijáveis
puxarem para trás em um sorriso. Até mesmo sua risada era atraente.
—Você vai ficar por aqui um tempo?
—Provavelmente toda a noite.
—Bom. Eu vou pegar você mais tarde, pêssego.
—Pêssego? — Eu disse para as costas de Jake enquanto ele se
afastava. Ele olhou por cima do ombro e piscou para mim, me dando
aquele sorriso ridiculamente encantador que despertou um desejo
sexual e deu um puxão entre as minhas coxas.
Dillon tocou meu braço e olhei para ele, me sentindo
envergonhada por ter esquecido de sua existência.
—Então, amanhã às sete está bom?
—Ah, sim. Sim, sete é bom. Você pode me pegar aqui.
Eu sorri quando vi Nix se aproximando do bar. Ele pôs o braço em
volta de mim e me puxou para longe de Dillon.
—Eu vou trazê-la de volta. Eu só preciso de um momento.
Nix guiou-me para o canto mais distante da sala, longe dos
ouvidos e da música.
—O que está acontecendo? — Eu perguntei, encontrando seu
olhar sério.
—Vejo que você conheceu Jake.
—Sim. Ele é um dos outros que você pensou que eu pegaria?
—Não. — Nix disse friamente. —Ele é um dos que eu quero que
você fique longe. Jake é um idiota e um mulherengo. Não a quero em
qualquer lugar perto dele. Qualquer um, menos ele.
Ouvi-lo dizer isso com tanta paixão, trouxe decepção ao meu peito.
—Tudo bem. Eu vou ficar longe dele. Dillon me convidou pra sair
amanhã à noite. Tudo bem?
Nix correu sua mão pelos cabelos longos e pretos e soltou um
suspiro de alívio.
—Sim, Dillon é um cara legal, mas ainda assim, não deixe ele
tentar levá-la para casa.
—Certo, chefe. Quando o leilão vai começar?
—Agora. Vamos conseguir um lugar.
CApÍTULO DOIS
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Abrindo a porta do escritório do Nix, era óbvio que ele quase não
tinha dormido. Peguei o assento em frente a ele.
—Você está péssimo. Você dormiu?
—Não, eu não consegui. — Nix levantou os olhos cansados de sua
mesa. —Eu estive no telefone com a polícia local e o FBI durante toda a
manhã. Encontraram o corpo de Pat, e o que restou dele vai ser
autopsiado. O investigador não acha que foi um acidente, mas você
sabe que eles não podem confirmar até receberem o maldito relatório.
—Nós sabemos muito bem quem fez isso. Você disse que Otto e
Pat eram irmãos naquela época. Você acha que Tolito, batendo o
inferno fora de um dos membros do clube do Otto, fez ele começar a
apontar os dedos? Você acha que Otto tinha uma ideia de quem era o
comprador anônimo?
—Ele tinha que ter. É a única explicação que eu poderia pensar
que faria sentido. E Tolito não só foi atrás de um dos membros do clube
de Otto. Eu fiz algumas ligações. Ele era sobrinho de Otto, Richard. Ele
está no hospital em estado crítico. Otto ama Richard como seu próprio
filho. Claro, Otto teria dito a Richard suas próprias suspeitas e Tolito
conseguiu o que precisava de Richard.
—Haviam apenas algumas pessoas que conheciam a situação de
Otto. Sem dúvida Otto compartilhou com Richard, e Tolito começou
essa pequena lista. Eu sei que Pat não daria nenhuma informação para
Tolito, e o desgraçado o matou por isso. — O punho de Nix bateu na
mesa. —Quero seu rabo, Jake! Outro bom homem teve sua vida cortada
pelas mãos dos Royals! Pat não merecia isso! — Os olhos de Nix
brilhavam com lágrimas reprimidas. A voz dele caiu enquanto
recuperava a compostura.
—Onde está minha irmã?
—No hospital. Eu a deixei antes de vir para cá. Eles têm dois
policiais trabalhando o tempo todo. Ela está segura lá. Nós dois
sabemos que Tolito não iria atrás dela lá.
—Como ela recebeu a notícia?
—Ela chorou um pouco e não conseguia dormir. Ela teme que algo
possa acontecer com você. Fiz ela beber um pouco de whisky para que
pudesse dormir.
—Eu deveria ser o único a estar cuidando dela. — A preocupação
estava gravada profundamente em suas linhas de expressão. —Eu lhe
devo.
—Você não me deve merda nenhuma. Eu a amo. Ela me pertence.
Ela é tanto minha responsabilidade agora quanto ela é sua.
—Eu ainda lhe devo. Sob toda essa merda idiota, você é um bom
homem.
—Eu sei que você está sofrendo, mas não fique todo sentimental,
porra.
Nix riu. Foi bom ver os olhos dele se aliviarem do peso de seu
stress. Isso só durou alguns segundos antes que os pensamentos dele
mudassem e ele falasse novamente.
—Preciso que você chame todos os Kings. Precisamos contar a
eles o que aconteceu com Pat.
—Quando você lhes contar, precisamos observar suas reações. —
Levantei e puxei meu telefone do bolso. —Há uma chance de alguém
ter escutado suas conversas e saber sobre o negócio. Tolito pode ter
descoberto com eles e não através de Richard. Pêssego disse que ela
ouviu você falar, e eu também ouvi. Isso significa que outro membro
poderia ter escutado, e setecentos mil é incentivo suficiente para
entregar um irmão.
Nix correu a mão pelo cabelo e seus olhos digitalizaram a mesa em
pensamento antes de encontrar o meu olhar. —Ligue para eles.
Todos os membros do Kings estavam sentados à mesa do tribunal
aguardando o que Nix tinha a dizer. Quando ele explicou a morte de
Pat, eu observei as reações de cada um deles. Apenas dois me
preocuparam, os novos prospectos, William e Lucas. Os olhos de Lucas
caíram sobre a mesa e suas bochechas queimaram vermelhas. William
não demonstrou nenhuma emoção. Sua falta de emoção era até
razoável por ser um novo membro do clube. De qualquer forma, ambos
seus comportamentos eram estranhos, colocando-os no meu radar.
—Você acha que Tolito fez isso? — Max perguntou. Sua grande
estatura se recostou em sua cadeira. A tinta escura enrolava no
pescoço flexionado com os músculos tensos.
Os olhos cansados de Nix encontraram os de Max. —Eu acho. A
tripulação do Tolito foi presa terça-feira por posse ilegal de drogas,
armas e várias outras acusações. Tolito acha que sua equipe caiu em
uma emboscada e está em uma caçada. Eu acredito que alguém
apontou o dedo para Pat e Tolito resolveu o problema com as próprias
mãos.
—Por que diabos o nome de Pat seria mencionado? — Trevor
perguntou, seu tom afiado.
Nix desconfortavelmente olhou para mim antes de voltar sua
atenção para Trevor. —Otto Macari participou de um negócio de
drogas com os Wild Royals antes que a tripulação de Tolito fosse presa.
Pat e Otto correram no mesmo clube há um tempo atrás. Pat era uma
conexão. Uma conexão que eu acredito que Tolito testou.
—O que a polícia acha? — Wesley pressionou.
—Eles estão fazendo uma autópsia. Quando o relatório sair eles
terão mais respostas.
Dillon inclinou-se para frente, colocando os cotovelos na mesa. —
Então não sabemos se Tolito realmente teve alguma coisa a ver com o
incêndio?
Nix soltou um suspiro. —Não, não temos nenhuma prova. É um
palpite.
—Precisamos ficar preocupados? Tolito vai vir atrás de mais
alguém? — William perguntou nervosamente.
—Se ele for atrás de mais alguém, será de mim. — Nix correu a
mão pelo cabelo, seus nervos e exaustão tirando o melhor dele. —Mas
eu quero que todos fiquem em alerta e não andem em qualquer lugar
sozinhos até sabermos mais.
Axel, o careca liso com a tatuagem de teia de aranha gravada em
seu pescoço e ombro, inclinou a cabeça. —Quando é o funeral?
Os lábios de Nix torceram, claramente tentando controlar suas
emoções. —Depende de quando seu corpo for liberado, mas estou
planejando para domingo. Vamos fazer um passeio em sua memória e
voltar ao clube para jantar. Quero todos em seus patches para o
passeio.
Os membros entraram em discussões acaloradas, peguei Nix pelo
braço, afastando-o do grupo.
—Você notou qualquer comportamento incomum?
O olhar de Nix varreu o grupo.
—Nossos prospectos William e Lucas pareciam na borda.
—O mesmo aqui.
Nix deslocou o peso de suas botas. —Eu não vou questionar a
lealdade de qualquer membro com suspeitas injustificadas. Cada um
desses homens é leal a menos que se prove o contrário.
—Quando eles saírem, nós precisamos conversar.
Nix e eu nos juntamos aos outros. As perguntas já estavam sendo
levantadas sobre a segurança dos membros e quem substituiria a
posição de Pat. Nix aproveitou o tempo para tranquilizar todos os
membros e explicou sobre o apoio que receberíamos do FBI. Quando a
reunião foi encerrada, Max tinha anunciado que ele concorreria para o
cargo de VP. Vários membros concordaram que as qualificações dele
beneficiariam os Kings.
Depois de mais uma hora o grupo se dispersou, deixando apenas
Nix e eu. Segui seus passos pesados e carregados até seu escritório. Ele
levantou a cabeça quando eu entrei.
—Sobre o que precisamos conversar?
—Nós vamos mais longe neste buraco de merda, e há coisas que
você precisa saber antes de se aprofundar.
Nix cruzou os braços e inclinou-se nos calcanhares. —Vamos ouvir
isso.
—Há uma razão pela qual eu nunca partilhei o meu passado com
você ou qualquer outro irmão.
—Não sei quanto mais dessa merda eu posso levar agora. — Nix
puxou sua cadeira e sentou com um baque ponderado. —Você tem
certeza de que essa é uma boa hora para vir e falar sobre alguma coisa?
—É melhor que você saiba para que possamos avançar. — Puxei a
cadeira em frente a dele. Eu estava prestes a trazer memórias antigas, e
não é algo que eu gostava de fazer. Esfreguei a parte de trás da minha
cabeça, em seguida encontrei seu olhar fixo.
—Antes de me mudar para Nashville, corri com uma equipe de
foras da lei. Eles são criminosos perigosos, imprevisíveis. O mesmo que
os Royals, mas não me juntei a eles voluntariamente. Eu era um agente
infiltrado. Eu estava a fundo nisso, e testemunhei um amigo meu, um
bom amigo ser assassinado por seus próprios irmãos. Irmãos que eu
pensei que eram leais uns aos outros, mas perder dinheiro levou à
desconfiança, desconfiança levou à suspeita, e não havia lugar para
suspeita no Silent Skulls. Após sua morte eu queimei meu patch e fui
embora. Deixei tudo para trás. O trabalho, o ano que eu tinha investido
recolhendo provas. Tudo. Eu entreguei meu distintivo e fui em busca
de um novo começo. Eu não conseguiria mais fazer isso. Ser parte da
gangue me mudou. Eu não me importava com nada e estava à deriva
pela vida, tentando descobrir onde diabos eu pertencia. — Inclinei
para frente nos cotovelos, avaliando a reação de Nix. Seu olhar firme
me esperava continuar.
—Você me ofereceu ser um prospecto e vi o potencial para uma
nova vida aqui, mas ainda não dava a mínima para nada até pêssego.
Sendo presidente do Kings, você tem que olhar para o quadro geral, a
segurança de sua irmã, os membros do clube, a loja e o bar, mas eu não
preciso. A única coisa com a qual eu me importo é manter minha
mulher a salvo. Eu entendo que você não quer acreditar que qualquer
um dos Kings seria capaz de te estregar, mas ambos sabemos que
homens são capazes de fazer muito pior por muito pouco. Você precisa
assumir que cada membro é um rato em potencial. Precisamos
começar a fazer as perguntas certas. Setecentos mil é motivo suficiente
para qualquer um deles se virar contra você.
—Um infiltrado, hein? — Os olhos de Nix se estreitaram enquanto
ele olhava para a mesa, em seguida lentamente para mim. —Isso
explica muita coisa sobre você. Silent Skulls, já ouviu falar deles. Eles
têm um inferno de uma reputação. É melhor que você tenha saído
antes de ir longe demais.
—Eles exigiam lealdade, e eu estava começando a sentir que meu
trabalho disfarçado estava traindo-os, mas ver seu amigo ser
eviscerado e seu corpo queimado pode fazer coisas com um homem. Eu
sabia que eu tinha que sair naquele momento ou eu nunca faria. Não
vivo, de qualquer forma. Estou te dizendo isto porque precisamos
assumir todas as possibilidades. É melhor dizer a Jenna para ficar
longe por um tempo, e eu prometo que pêssego não estará deixando
minha visão.
Com uma inclinação de sua cabeça e pensamentos silenciosos, ele
esfregou os dedos sobre o queixo. —Tenho certeza que não foi fácil
para você me contar sobre o seu passado. Eu respeito isso, e estou
ouvindo o que você está dizendo. Depois desta noite, eu vou dizer a
Jenna para evitar a minha casa e a sede do clube por um tempo. Ela não
vai gostar, mas ela vai ter que lidar com isso. Eu não estou contando a
mais ninguém. Eu estou me movendo para a sede do clube. Aqui é mais
seguro. A última coisa que eu preciso é acordar com uma faca ou uma
arma no meu rosto.
—Isso é inteligente. Eu vou trazer pêssego hoje à noite para pegar
mais coisas dela.
Nix assentiu com a cabeça, seus olhos mal-humorados estavam
escondendo emoções mais profundas do que ele estava revelando. —
Diga a ela que eu sinto muito. Meu erro está colocando todos nós em
risco. Você não sabe o quanto ela significa para mim. Ela é tudo o que
me resta. Confio em você para não deixar que nada aconteça com ela.
—Eu mataria um homem antes de deixar ele machucá-la.
—Eu acredito em você.
CApÍTULO VInTE E CInCO
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Três dias mais tarde, depois que Jake arrumou sua janela e
substituiu seus pneus, todos os membros do Kings e suas namoradas
aguardavam o sinal para começar o passeio memorial em honra de Pat.
Era um dia quente, o calor do sol explodia na minha pele. Ajustei o
capacete e estabeleci meus pés sobre o apoio. Jake esfregou ao longo
da minha perna e me olhou.
—Você está bem?
Colocando as mãos em sua cintura, concordei. —Sim.
Sua mão apertou a minha perna e em seguida ele ligou o motor.
Axel, o capitão de estrada dos Kings, começou primeiro, depois cada
moto avançou. Nix e Jenna decolaram atrás de Axel e depois o resto da
tripulação.
Montar através da brisa em um dia quente fez o percurso
agradável, dado as circunstâncias da viagem. Todos nós precisávamos
disto. Os últimos dias tinham sido difíceis. Todos estavam na borda,
imaginando se Tolito e sua tripulação viriam atrás de mais alguém. Nix
e Jake disseram à tripulação que os Royals provavelmente viriam atrás
de Jake pelo que ele fez com Rex e o outro cara que me atacou, e não
tínhamos razão, até agora, para acreditar no contrário. Nix explicou
que Rex tinha batido em Angela, e por si só foi justificativa suficiente
para as ações de Jake.
O passeio memorial terminaria na funerária onde o serviço de Pat
estava ocorrendo. Seus restos mortais foram cremados e dados à irmã
de Pat, Louise. Nix a ajudou a organizar o funeral e até mesmo pagou
por algumas coisas.
Quando o calor do sol fez suor quente pingar nas minhas costas,
um sentimento triste descansou no meu estômago. Eu temia nossa
chegada na funerária. Pat era o terceiro homem na minha vida que
tinha sido arrancado deste mundo, e meu medo do que Tolito estava
fazendo nos bastidores me atormentava a cada dia. Ainda não
sabíamos se Tolito sabia mais sobre o negócio do que pensávamos.
Nix e Jake tornaram-se cautelosos ao redor do resto dos membros
dos Kings. Não o suficiente para eles notarem, mas eu fiz. Suas
conversas eram mantidas privadas, longe dos outros, e eles pareciam
ter um olhar atento sobre cada membro e suas atividades. Jake estava
em alerta, mantendo-me com ele em todos os momentos, e ele e Nix
continuaram a ficar acordados à noite na sede do clube se revezando.
Axel foi o primeiro a puxar para a funerária, e cada um de nós
paramos alinhados ao longo do estacionamento ao lado dele. A família
e os amigos de Pat e de Louise nos acolheram quando entramos. Jake
me abraçou forte e beijou minha cabeça antes de nos sentarmos.
Lágrimas escorreram pelas minhas bochechas quando Nix e os
outros se revezaram falando sobre Pat e as boas lembranças que
tinham dele. Os dedos de Jake enrolaram no meu cabelo, me puxando
contra ele. Seu beijo suave pressionado contra o meu templo.
—Está tudo bem, pêssego. Deixe sair. — Sua mão esfregou ao
longo da minha coxa enquanto a outra correu pelo meu cabelo.
Quando o serviço terminou, Nix e Louise ficaram na saída, ouvindo
as condolências e agradecendo a todos por participarem. Axel levou os
Kings e os participantes do funeral de volta ao clube para um jantar.
Jake e eu ficamos para trás, esperando enquanto Nix cuidava dos
detalhes finais com a funerária. A equipe começou a retirar as cadeiras
e as rosas, e eu fiquei no arco, olhando a urna de prata de Pat. Jake
envolveu seus braços ao meu redor e descansou o queixo no meu
ombro.
—Você está bem?
—Esta é a nossa casa e estamos vivendo nossas vidas vigiando
nossos ombros. Isso não é certo. Não é certo o que fizeram com ele. Eu
quero que eles vão embora.
Jake beijou meu pescoço e meu rosto. —Deixe essas coisas para
mim. Nada disso é problema seu.
—Claro que é. — Virei para ele. —Eu me preocupo com vocês
todos os dias e agora Jenna está envolvida. Ela é a garota do Nix, o que
também a coloca em risco.
Jake segurou meu rosto em suas mãos. —É só uma questão de
tempo até Tolito foder e cometer um erro que tenha seu traseiro morto
ou na cadeia. Entretanto, deixe que eu cuide das coisas. É meu trabalho
carregar o fardo, não o seu. — Sua mão segurou a minha. —Nix
terminou. Você está pronta?
Olhei por cima do ombro para ver Louise pegar a urna de Pat.
Minha atenção voltou para Jake com meus olhos ardendo das lágrimas.
—Sim.
Jake e eu seguimos Nix e Jenna para fora. Quando eu levantei
minha perna sobre o banco do passageiro da Harley de Jake, notei três
motocicletas estacionadas do outro lado da rua, as cores dos Royals
visíveis nos coletes, seus olhares trancados em nós enquanto
montávamos nossas motos. Bati no braço de Jake enquanto a tensão
enrolava no meu intestino.
—Você os viu?
—Eu os vejo.
—O que eles estão fazendo aqui?
—É um aviso. Eles querem que saibamos que estão nos
observando.
Jake puxou seu colete para trás, revelando a Glock presa dentro e
em seguida disparou o motor. Os três pilotos puxaram para a rua e
foram embora.
O olhar de Nix caiu sobre Jake. —Eles sabem.
—Eles deixaram isso bem claro.
Chegamos na sede do clube e a comida que Nix tinha pedido já
tinha sido servida. Fomos para a fila do buffet e logo depois nos
juntamos aos outros nas mesas.
Tia May me cutucou e sorriu antes de se inclinar para que apenas
eu ouvisse. —Como você está passando, boneca?
—Você sabe que é difícil ver outro membro da família ir embora.
O braço dela esfregou ao longo das minhas costas. —Eu ouvi que
Tolito pode ser o responsável.
—Nix não tem nenhuma prova, mas eu sei que ele está certo.
Uma expressão de dor encheu o rosto dela. —Claro, ele está certo.
Nix puxou seu telefone zumbindo do bolso e nos deixou para ir ao
seu escritório. Jake se levantou e o seguiu. Vários membros assistiram
eles saírem.
—O que foi isso? — Lucas perguntou, parecendo preocupado.
Dei de ombros. —Eu sou a pessoa errada para perguntar.
Eu bati no ombro da Jenna. —Vou ao banheiro.
Ela assentiu e voltou para a conversa com Crystal.
Quando saí do banheiro, Dillon estava encostado na parede
esperando por mim.
—Onde está o Jake? — Perguntei a ele.
—Ainda no escritório com Nix.
Tentei passar por ele, mas ele me bloqueou. —Você realmente
quer ficar com um cara como ele?
—Você obviamente não o conhece bem ou você não me
perguntaria isso.
—Eu o conheço bem o suficiente para ver como ele trata você,
como se você fosse mais um dos seus brinquedos sexuais.
—Você está falando sério? — Meus braços se cruzaram e meu
quadril deslocou meu peso. —Não é assim que ele me trata.
—Do meu ponto de vista é. Você merece alguém melhor do que o
Jake.
—Acho que você quer dizer alguém como você.
—Eu ou outra pessoa. Qualquer um, menos aquele idiota.
—Ele pode ser um idiota para você, mas ele é incrível para mim.
— Empurrei Dillon e me movi para o corredor. Parei e me virei para
ele. —E não deixe que Jake pegue você atrás de mim novamente. Não,
se você quiser manter esse bom aspecto.
Voltando para a sala da frente, peguei meu prato e joguei fora os
restos. Eu tinha perdido meu apetite e precisava de ar. Coloquei
minhas mãos sobre os ombros de Jenna.
—Eu vou lá fora.
—Eu vou com você.
Saímos pela porta da frente e a brisa do início da noite me bateu,
derramando um pouco da tensão dos meus ombros. Encostei na
parede e olhei de relance para o pôr do sol, fazendo sua descida no céu
laranja e rosa.
—O que está errado? — Jenna perguntou.
—Dillon teve a coragem de me encurralar no corredor e me dizer
que eu merecia alguém melhor do que Jake. Ele é um idiota. Ele não
sabe nada sobre Jake. Se ele soubesse, não diria isso.
—Por que deixar algo que aquele idiota diz incomodar você?
—É tudo, a morte de Pat, a ameaça que os homens de Tolito
fizeram hoje, o tijolo pela janela. Eu estou na borda, todos os dias,
constantemente preocupada quando será a próxima vez que
acontecerá alguma coisa e quão ruim vai ser.
—Eu realmente estou preocupada com eles também. — Jenna
mordeu o lábio e juntou-se a mim contra a parede. —Nix não está
dormindo bem. Ele está realmente preocupado com todos. Você em
particular. Ele está grato por Jake. Com quão protetor ele é de você.
Isso tira um pouco da pressão de Nix.
Minha cabeça levantou ao som de Harleys vindo pela estrada.
—Temos algumas chegadas tardias.
Acenei para os caras nas motos e levantei minha cabeça com a
falta dos patches. —Eu não os reconheço.
Me movi para longe da parede para dar uma olhada melhor. Suas
motos puxaram ao lado da rua, mas eles não desligaram os motores,
dois homens. Um era careca e corpulento com uma tatuagem de dados
no pescoço e o outro com cabelos escuros e grossos e um rosto bonito
assentiu com a cabeça pra mim
—Nix está por aí?
—Está lá dentro. — Eu acenei com meu polegar por cima do meu
ombro. —Você pode estacionar aqui e entrar.
O braço do homem estendeu a mão e agarrou a minha, segurando-
a dolorosamente. —Suba na moto.
—Me solte!
Um grito veio de Jenna e eu virei minha cabeça para ver que o
homem de cabelos escuros tinha deixado sua moto e agora estava
cobrindo a boca dela enquanto o outro braço a apertava contra ele.
Braços gigantes envolveram em torno de mim, levantando-me no ar.
Eu chutei minhas pernas e atingi o homem de cabelos escuros no rosto.
Seu aperto afrouxou em Jenna.
—Corra Jenna! Vá buscar o Jake!
Mãos e braços me apertaram, me forçando na moto enquanto
Jenna corria para dentro. Minha mão foi empurrada em algemas e
presa à barra de metal atrás do assento do passageiro. Meu coração
bateu nos meus ouvidos enquanto eu chutava e lutava com eles. Um
punho bateu no meu rosto e sacudiu meu corpo. Eu caí contra as costas
do careca enquanto as imagens e sons que me rodeavam sumiam.
CApÍTULO VInTE E SETE
LIZ
LIZ
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