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Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados
as autoridades consulares brasileiras para lhes no artigo anterior e celebrados pelos cônsules
celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4
e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os
de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido requisitos legais.
no país da sede do Consulado. Parágrafo único. No caso em que a
O artigo 18 da LICC versa sobre a competência celebração desses atos tiver sido recusada pelas
consular brasileira para redigir atos notariais em Estado alienígena, autoridades consulares, com fundamento no artigo 18
possibilitando aos brasileiros que estejam no exterior, domiciliados do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado
ou não no Brasil, possam se dirigir aos representantes consulares do renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias
Brasil para requererem a lavratura de atos de competência normal de contados da data da publicação desta lei.
juiz de casamento, de tabelião ou oficial do registro civil, de acordo O art. 19 da LICC versa sobre a validade do
com sua lei nacional, que é a brasileira. casamento celebrado por cônsul brasileiro no estrangeiro, de
Importante ressaltar que os atos consulares nubentes de nacionalidade brasileira, mesmo que não sejam
constituem exceção ao princípio locus regit actum, já que os domiciliados no Brasil, ou seja, validando também as núpcias de
cônsules, no exercício de seus cargos no exterior, devem seguir as brasileiros domiciliados no exterior.
formalidades prescritas em sua lei nacional, e não as do país onde O parágrafo único do artigo 19 determina um
estão a serviço do Brasil. prazo de noventa dias para que se renove o pedido para a celebração
No que diz respeito ao casamento, o art. 18 da do casamento quando a autoridade consular se recusar a celebrá-lo
LICC, com a alteração do art. 3º da Lei nº 3.238/57, permite que o com fundamento no disposto no art. 18 da LICC.
Oscar Tenório51 entende que o simples pedido de exigência do domicílio e considerando apenas o elemento de conexão
reconsideração no processo de habilitação, quando fundamentado “nacionalidade”, motivo pelo qual brasileiros, domiciliados ou não no
legalmente, já obrigaria o cônsul a celebrar as núpcias, deixando de Brasil, poderão contrair núpcias no exterior perante autoridade
lado a exigência do domicílio no Brasil. consular brasileira
Assim, observa Maria Helena Diniz que a Lei nº
3.238/57 veio a alterar os arts. 7º, § 2º, e 18 da LICC, eliminando a
Notas de Rodapé
1 Raó, Vicente. O Direito e a vida do 14 Monteiro, Washington de 25 Kahn. Die dritte Haager Staaten 42 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.347.
direito. São Paulo: Max Limonad, v.1, Barros. Curso de direito civil; parte geral. Konferenz, in Zeitschrift für internationals 43 Espínola; Espínola Filho. Lei de
p.240-2 e 373-4. São Paulo: Saraiva, 1967, v.1, p.43; Privat-und öffentliches Recht, 1902, v.2, Introdução ao Código Civil comentada, Rio
2 Ferrara. Trattato di diritto civile italiano. Bevilácqua, Clóvis. Teoria geral do direito, p.421. de Janeiro: Freitas Bastos, 1943, v.3, p.
Roma, p. 116-7, v.1, 1921. 4.ed. Ministério da Justiça, 1942, p.59. 26 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.253-4. 274-304; Castro, Amílcar de. Direito
3 Carvalho Santos. Código Civil brasileiro 15 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.173. 27 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.255. Internacional Privado, v.2, p.226; Andrade,
interpretado, Rio de Janeiro, 1934, p. 60-1. 16 Maximiliano, Carlos. Direito 28 Wolff. Private International Law, p.293- Agenor P. de. Manual de direito
4 Diniz, Maria Helena. Lei de Introdução ao Intertemporal, Rio de Janeiro: Freitas 333; Castro, Amílcar. Direito Internacional internacional privado, São Paulo, 1987,
Código Civil Brasileiro Interpretada. 13.ed. Bastos, 1946.Vide também Diniz, Maria Privado, Rio de Janeiro: Forense, 1968, p.321-3; Tenório, Oscar. Direito
São Paulo: Saraiva, 2007, p. 67-8. Helena. Ob. cit., p.191-2. v.2, p.85 e s. internacional privado, Rio de Janeiro:
5 Gèny. Método de interpretación y 17 Diniz, Maria Helena. Comentários ao 29 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p. 262. Freitas Bastos, v.2, p.356; Ráo, Vicente. O
fuentes en el derecho privado. 2.ed. Madri: Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003, 30 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p. 263. direito, v.1, p.530; Batalha, Wilson de S.
Reus, p.250; Capitant. Introduction à v.22, p.163-184. 31 Monteiro, Washington de Campos. Tratado, p.367 e 386; Cavaglieri,
l’étude du droit civil, 1929, p.82-3; Limongi 18RSTJ, v.7, 1991. Barros. Curso, cit., v.2, p.30. Arrigo. Lezioni di diritto internazionale
França. Instituições de direito civil, São 19 Porchat, Reynaldo. Da retroatividade 32 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p. 266. privato, Napoli, 1933, p.365 e s. e 374 e
Paulo: Saraiva, 1988, p.23; Ráo, das leis civis, São Paulo, 1909, p.22. 33 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p. 290. s.; RT, 577:152; RTJ, 45:317.
Vicente. O Direito. cit., v.1, p. 385-6; 20 Ferraz Júnior, Tércio 34 Pillet; Neboyet. Manuel de droit 44 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.363.
Cavalcanti Filho, Teophilo. Ab-rogação da Sampaio. Introdução ao Estudo do international privé, 1924, p.471. 45 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p. 374 e
lei por si mesma in Enciclopédia Saraiva do Direito, cit., p.226-7; Diniz, Maria 35 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.296. 378.
Direito, v.1, p. 481-2. Helena. Lei de Introdução.., cit., p.196. 36 Idem. 46 Bevilacqua, Clóvis apud Batalha,
6 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.68; 21 Carvalho Santos, Código Civil. cit., v.1, 37 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.302-3. Wilson. Tratado de direito internacional
Ferrara. Trattato, cit., p. 189-91; Batalha, p.54. 38 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.307. privado, São Paulo: Revista dos Tribunais,
Wilson de S. Campos Batalha. Lei de 22 Ferraz Júnior, Tércio Sampaio. Ob. 39 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.312. cit., p. 462.
Introdução ao Código Civil, São Paulo: Max cit., p.226. 40 “Art. 1.829, do CC: a sucessão legítima 47 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p. 417-18.
Limonad, v.1, p.118-9; 23Revista de Direito 69:117; Revista de defere-se na ordem seguinte: I – aos 48 Idem, p. 421-23.
7 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.87-8. Crítica Judiciária, 15:393. descendentes, em concorrência com o 49 Russo, José. Casamento perante
8 Coviello. Manuale di diritto civile italiano; 24 Código Bustamante, art. 41, reza que cônjuge sobrevivente, salvo se casado este autoridade consular. Revista Brasileira de
parte generale, 1924, v.1, p.45. se terá : “... em toda parte como válido, com o falecido no regime da comunhão Direito de Família. 23:55 a 65.
9 Ob. cit., p. 93. quanto à forma, o matrimônio celebrado universal, ou no da separação obrigatória 50 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p. 442.
10 Ferraz Júnior, Tércio na que estabeleça como eficazes as leis do de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou 51 Tenório, Oscar. Direito Internacional
Privado, cit., v.2, p. 69-70.
Sampaio. Introdução ao estudo do direito, país em que se efetua. Contudo, os se, no regime da comunhão parcial, o
52 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.445.
São Paulo: Atlas, p.210 e 290. Estados, cuja legislação exigir uma autor da herança não houver deixado bens
11 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.145. cerimônia religiosa, poderão negar validade particulares; II – aos descendentes, em
12 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.171. aos matrimônios contraídos por seus concordância com o cônjuge; III – ao
13 Ferraz Júnior, Tércio nacionais no estrangeiro sem a cônjuge sobrevivente; IV – aos colaterais”.
Sampaio. Introdução, cit., p.265. observância dessa formalidade”. 41 Diniz, Maria Helena. Ob. cit., p.318.