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06/08/2021 Política ambiental do Brasil na mira do consumidor europeu: UFF integra pesquisa internacional sobre o tema | Universidade Fede…

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POLÍTICA AMBIENTAL DO BRASIL NA MIRA DO CONSUMIDOR EUROPEU: UFF INTEGRA PESQUISA


INTERNACIONAL SOBRE O TEMA

Política ambiental do
Brasil na mira do
consumidor europeu: UFF
integra pesquisa
internacional sobre o tema
MAR Escrito por Assessoria de I...
11
2021

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06/08/2021 Política ambiental do Brasil na mira do consumidor europeu: UFF integra pesquisa internacional sobre o tema | Universidade Fede…

Crédito da fotografia: Unsplash
Apesar de não figurarem como pautas do atual governo, a
conservação da biodiversidade e o combate às mudanças
climáticas têm sido tema de trabalhos desenvolvidos em
diversos centros de pesquisa e universidades públicas do país.
Esse é o caso, por exemplo, do projeto de pesquisa
“Instrumentos de Política Ambiental e Cadeias de Valor:
Governança Multinível para a Biodiversidade e a Mudança
climática em Brasil, Colômbia e Indonésia”, que começa a ser
executado em abril de 2021 e tem a participação da Universidade
Federal Fluminense através do docente do Departamento de
Economia, Roldan Petro Muradian.

O estudo é produto de uma parceria internacional entre grupos


de pesquisa que inclui também a Universidade de Antuérpia
(Bélgica), o Centro de Leibniz para Pesquisa em Paisagem
Agrícola (Alemanha), a Universidade Norueguesa de Ciência e
Tecnologia (Noruega), a Universidade Gadjah Mada (Indonésia),
a Universidade de Lund (Suécia) e a Universidade Federal de
Santa Catarina.

O objetivo central da pesquisa é investigar as implicações das


mudanças dos modos de governança de várias cadeias de valor
entre três países tropicais (Brasil, Colômbia e Indonésia) e a
União Europeia para a conservação da biodiversidade e o
combate às mudanças climáticas nos países exportadores.
Roldan explica que as cadeias de valor seriam as relações
comerciais entre os diferentes agentes envolvidos desde a fase
de produção até o consumo final. Essas cadeias correspondem a
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produtos primários agrícolas ou mineiros, cultivados ou


extraídos nesses três países exportadores e consumidos na
Europa. No caso do Brasil, os dois produtos selecionados são
ouro e carne de gado.

De acordo com Roldan, “a exportação de mercadorias acontece


através de ‘cadeias de valor’, que podem ser muito complexas e
transpassar fronteiras nacionais (e estão reguladas por
diferentes sistemas legais). O intuito do projeto é estudar como
essas cadeias são governadas pelos próprios agentes que delas
participam. Um supermercado na Europa, por exemplo, pode
formular critérios ambientais para decidir onde comprar seus
produtos. Um desses critérios pode ser, por exemplo, que a
mercadoria não tenha sido produzida em zonas de
desmatamento recente. Isso pode afetar de maneira positiva ou
negativa a capacidade de alguns produtores brasileiros de
exportar para esse comprador estrangeiro, dependendo de onde
operam”, explica.

Para o economista, o desmonte atual da política ambiental no


Brasil é vista com muita preocupação mundo fora. “Durante um
longo período de tempo (2001-2014), o país foi exemplo no
mundo com respeito a políticas públicas para reconciliar
objetivos econômicos, sociais e ambientais. Naquele momento, o
país conseguiu ter altas taxas de crescimento econômico, ao
mesmo tempo em que diminuiu a desigualdade social e as taxas
de desmatamento. Uma combinação única na história da
América Latina”, enfatiza.

Porém, como ressalta o pesquisador da UFF, a partir de 2014


houve uma quebra dessa tendência, com um aumento
significativo do desmatamento, processo que foi acelerado desde
2018. “Uma das motivações centrais do projeto, inclusive, é a
preocupação de muitos consumidores europeus de não estarem
contribuindo com o desmatamento ou o extermínio de povos da
floresta no país, ao consumirem produtos exportados pelo
Brasil”, esclarece.

Essa preocupação tem se traduzido, atualmente, em restrições


nas importações por parte do consumidor europeu. De acordo
com Roldan, “considerações ambientais podem causar restrições
nas exportações do Brasil de várias maneiras. Uma é colocando
em risco os acordos de livre comércio UE-Mercosul. Outra é por
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meio de boicotes de empresas importadoras ou de consumidores


europeus aos nossos produtos. Isso de fato já está acontecendo.
Muitas organizações têm anunciado que irão deixar de comprar
produtos brasileiros produzidos em zonas com risco de
desmatamento”.

Além disso, a evolução contínua e progressiva do desmatamento


nos últimos anos chegou a pontos críticos durante o ano de
2020. “Infelizmente a pandemia tem mostrado os possíveis
efeitos dramáticos da negação da ciência: milhares de mortes
que poderiam ter sido evitadas no Brasil e nos Estados Unidos.
Existe uma associação entre preferências políticas autoritárias e
diferentes tipos de negacionismo, contra a vacinas ou as
mudanças climáticas, por exemplo”, pontua o professor da UFF.

O economista complementa afirmando que o negacionismo das


mudanças climáticas que domina atualmente a diplomacia
nacional muito provavelmente vai se confrontar com a
diplomacia climática do atual governo dos EUA. Segundo o
docente, “estudar as causas sociais e psicológicas do
negacionismo é um dos grandes desafios atuais para as ciências
sociais. Não é um fenômeno brasileiro. Na França, o país onde
nasceu a ilustração, a metade da população se declara cética da
vacina contra a COVID-19. Estamos ainda longe de entender
esse fenômeno social mundial”.  

A diplomacia, as empresas transnacionais e os consumidores


fora do Brasil têm um papel importante em todo esse cenário,
explica o professor. “O desmonte das políticas ambientais pode
ter um efeito muito negativo no desempenho do agronegócio.
Paradoxalmente, esse setor, que tradicionalmente tem se
posicionado contra o meio ambiente, agora está ficando mais
próximo dos ambientalistas do que do governo, porque sabe que
uma imagem ruim do país, por causa de seu mal desempenho
nessa área, pode afetar negativamente os acordos comerciais e
as exportações. É muito preocupante que o governo tenha como
uma das suas prioridades atuais na sua relação com o congresso
a liberação da mineração em terras indígenas”, desabafa.

Apesar de a maioria dos brasileiros ser contra o desmatamento,


de acordo com pesquisas recentes apontadas por Roldan, essa
mesma maioria teria votado por uma opção política que sempre
se colocou contra a proteção ambiental. “Nosso papel é mostrar
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a evidência, mas isso não é suficiente. A proteção do meio


ambiente e dos povos da floresta precisa de uma mudança moral
coletiva. Temos que mudar nosso jeito coletivo de estar no
mundo”, conclui.

Autor: 
Fernanda Cupolillo

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